Alvo Potter e o Jardim Maravilhoso escrita por Yomika


Capítulo 16
A Seleção


Notas iniciais do capítulo

※ No capítulo anterior… Alvo foi recepcionado em Hogwarts por Escórpio da pior maneira: sendo empurrado no lago. O Malfoy acabou caindo também, por conta de Rosa, enquando Isobel só observava. Após atravessarem o lago, eles finalmente chegam às portas do Castelo. E a conversa com os garotinhos ricos e esnobes com os quais Alvo se misturou no vagão do trem estimulou o filho de Harry Potter a ter pensamentos confusos em relação a qual casa deveria ficar.... ※

※ Agradecimentos a BiaSonserina! Obrigado pelo comentário! Valeu por sempre estimular este escritor! Beijão! ※

※ Espero que gostem desse capítulo! ※



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Música tema: Entrada do Grande Salão

Todos os alunos prenderam a respiração à abertura do portão. Mas nenhum deles ficou mais surpreso do que Alvo. quando um homem baixinho de barba e cabelos encaralados e ruivos. Usava o inconfundível barrete marrom e a capa de pelo de urso castanho, sob o terno carmim. "Perfeito", pensou o garoto. Era o que faltava para garantir a inimizade do Vice-Diretor de Hogwarts.

— Muito obrigado, Rúbeo — o baixinho ofereceu a mão para um aperto. A diferença de tamanho era tão ridícula que Rúbeo precisou se inclinar levemente para pôr as mãos a alcance de Ravus. Hagrid chamou o professor para o canto. “Ele está falando de mim e do Escórpio” pensou acertadamente Alvo, tentando o máximo ficar fora de vista. Depois, Ravus voltou-se aos alunos — Boa noite. Sigam-me, por favor.

Ele escancarou as portas (com da varinha, naturalmente), levando os alunos adentro. O Saguão de entrada era muito, muito amplo. Tinha paredes altas de pedra, sustentando um teto tão alto que as luzes dos archotes de fogo dançante não alcançavam, deixando acima um vão escuro. A frente de Alvo, via-se escadas de mármore, cujos jogos de degraus iam até uma outra porta de carvalho deveras alta. A direita, outro portão cerrado transpassava o som de centenas de vozes. Mas Ravus não os levou para aquele lado, senão o oposto.

Em um prédio anexo ao saguão, os alunos foram agrupados em uma sala um pouco menor. O professor baixinho acendeu os archotes da sala com magia e subiu em uma caixa emborcada e fez-se ouvir sobre murmurinhos curiosos dos alunos.

— Primeiranistas, bem-vindos a Hogwarts. — ele disse simpático. — Eu sou Aleph Ravus. Podem me chamar de Vice-Diretor Ravus. Dentro de alguns minutos eu os encaminharei para o tradicional banquete de abertura do início do ano letivo. Antes de tudo, vocês precisarão ser selecionados para uma das quatro casas de Hogwarts. E isso será o primeiro grande passo de vocês por aqui.

“Corvinal, Lufa-lufa, Sonserina e Grifinória. Vocês serão selecionados para uma delas. Cada casa é dotada de uma história magnífica e todas produziram bruxos e bruxas geniais. Uma vez selecionados, a casa a qual vocês pertencem será literalmente suas famílias durante todo o período acadêmico de suas vidas. Assistirão aulas com os seus colegas de casa, dormirão nos dormitórios que cada uma delas comporta e se reunirão aos seus iguais no Salão comunal respectivo. Em Hogwarts, cada aluno pode contribuir para a honra de suas casas. Atos ilustres e acertos renderão pontos e os seus erros (quando disse isso, Alvo sentiu-se fuzilado pelos olhos dourados de Ravus), enganos e desrespeitos para com o regulamento interno os farão perdê-los, naturalmente. Desta forma, a casa que acumular mais pontos no fim do ano letivo receberá a Taça das Casas. Vocês irão aprender a amar a sua casa que pertencem e com toda a certeza desejarão que as cores dela enfeitem a festa do fim do ano letivo”

Fez-se um silêncio sepulcral. Os alunos fitavam Ravus, que ficou calado por um tempinho, até continuar.

— Toda a escola presenciará a seleção de vocês. Voltarei daqui a pouco, quando estivermos prontos para recebê-los.

Dizendo isso, o Vice-diretor Ravus virou-se, sem nem fechar a porta. Ele abriu o portão à direita e várias vozes por um instante aumentaram de intensidade, e baixaram novamente, quando ele a fechou. Então os primeiranistas começaram a murmurar inquietos, sobre a perspectiva de serem escolhidos e a dúvida de como seria a cerimônia. Alvo pode ouvir Nelson se gabando “Obviamente meu pai me falou como é que somos selecionados, mas não vou falar, não adianta insistir. Não vou estragar a surpresa”.

Alvo também sabia. Seu pai tinha contado na noite, após o incidente em Juperos, mas não estava nem um pouco a fim de falar ou ser visto por ninguém. Olhou para si mesmo. Continuava completamente ensopado. Alguns alunos ainda lançavam olhares risonhos para ele e Escórpio, que estava do outro lado, balançando a capa para ver se conseguia secar à tempo antes de serem chamados novamente. Isobel não estava a vista, mas Rosa estava ao lado de Alvo, olhando apiedada para o primo e quase rosnando para Escórpio do outro lado.

Um grupo de estudantes relativamente numeroso de repente passou pelo lado da porta onde os primeiranistas se estatavam. Eram veteranos, com toda a certeza. Eles portavam violinos, violoncelos, flautas de prata e papéis nas mãos, que deveriam ser partituras e letras. O homem alto, com as roupas roxas berrantes e o cabelo vermelho de topete branco disse, com uma voz agudinha e histérica:

— Vamos, Calliu, pare de rir dos garotinhos e ande logo! Pé a pé, pé a pé, vai vai! — e o grupo de musicistas entrou pela porta que Ravus também tinha passado.

Isso era ótimo. Alvo esperou muito o momento de ser selecionado e agora ia ter que enfrentar a gargalhada geral, não só de Calliu, mas de todos os outros alunos. Tiago não ia deixar ele se esquecer disso nunca. Todavia Escórpio não tinha conseguido se enxugar a tempo — no máximo molhara um grupo de meninas indignadas que se afastaram dele quando ele balançara as vestes na esperança de secá-las, revelando uma Isobel com a cara azul de quem havia comido algo que não lhe caíra bem.

— Bem, estamos prontos — disse uma voz. Era Ravus, ele tinha votado — Façam uma fila indiana e aguardem só mais um pouco. Preciso falar com dois alunos — o baixinho se referia a Escórpio e Alvo. O menino engoliu a seco.

Ravus acompanhou um Alvo nervosíssimo e um Escórpio desafiadamente plácido para de volta a sala que todos os alunos estavam a pouco. Ele fechou a porta, deixando tudo escuro. Então fez um movimento circular e todos os archotes acenderam novamente, refletidos na poçinha de água debaixo dos pés dos dois garotos.

Muito bem. — começou o vice-diretor, contraindo as sobrancelhas, rígido, obtendo um impressionante efeito de respeito, apesar de estar olhando os garotos quase da mesma altura — Rúbeo me informou parcialmente sobre o ocorrido. Quando o banquete acabar, peço que aguardem. Vocês visitarão a minha sala, onde conversaremos melhor, garotos. — Alvo olhava para baixo, incapaz de encarar Ravus e Escórpio não fazia outra coisa senão fitá-lo, topetudo. Alvo pensava que já não bastava a pré-opinião do vice-diretor sobre “O bisbilhoteiro Alvo Potter”, agora ele completava a ficha com “O desordeiro Alvo Potter”. O homem continuou — Mas, por enquanto acho que isso deve bastar...

Ravus apontou a varinha para Alvo. A sobrancelha do garoto foi às alturas de susto e Escórpio recuou por instinto. Alvo não podia fazer nada. Fechou os olhos, esperando o impacto do feitiço-castigo...

Impervius — disse o vice-diretor. As roupas de Alvo secaram por completo, até seu cabelo, rosto, enfim, toda o aguaceiro que era o menino se foi. O baixinho também secou Escórpio, dizendo — Vocês não podem ser selecionados com roupas molhadas dessa forma.

Mas Alvo não teve tempo de agradecê-lo. Subitamente um grupo de pessoas irromperam as paredes, transpassando-as como se não fossem nada. Mais de vinte fantasmas brancos-aperolados e ligeiramente transparentes atravessaram a sala à vôo. Alvo levou um susto tremendo, no entanto Escórpio mais uma vez recuou instintivamente, pondo-se em posição de defesa. Aleph apenas mirou-os, dando um olá vago. A maioria ignorou os três, passando a outra parede em direção ao Saguão ao lado (alvo ouviu os gritos de susto dos outros alunos). Mas um deles olhou para Alvo e estacou no ar.

— Não acredito. Harry Potter? — o fantasma que usava gola de tufos engomadinhos e uma roupa da nobreza clássica, com meiões e tudo, se aproximou de Alv.o — Não, não pode ser, claro. Fazem exatos dezenove anos que eu não vejo... — O fantasma falava para si, como que atribulado e confuso. — Não pode ser, é muito parecido... Venha cá menininho, qual o seu nome?

— Alvo... Alvo Potter — disse o garoto, muito acanhado.

— Alvo Potter... Alvo? Alvo, igual ao Professor Dumbledore é? Só podia ser o filho de Harry Potter... Os olhos, o jeito... E veja só, a miniatura de Draco...

— Sir. Nicholas, vamos nos atrasar. Eles precisam se juntar aos outros para serem selecionados.

— Ah! — Sir. Nicholas abriu um sorriso ainda maior para Alvo — Bem, então, Alvo... Nossa, é tão estranho chamar de Alvo a cópia de Harry... Bem, Alvo, sou o fantasma da Grifinória, hm? A mesma casa que seu pai foi e que seu irmão Tiago está. Vejo você lá, então? — Alvo concordou meio amuado — Excelente!

O fantasma então atravessou a parede.

Escórpio e Alvo se juntaram ao fim da fila. Os alunos quase quebraram o pescoço para olhar para eles e cochichar sem pudor algum. Alvo podia sentir a energia negativa vindo de trás, emanando de Escórpio Malfoy. Neste momento, apenas queria se enterrar e desaparecer da vista de todos...

— Bem, chegou a hora! — exclamou o vice-diretor, posicionado na cabeça da fila de alunos nervosamente cochichantes — Sigam-me!

Alvo seguiu o garoto gorducho a sua frente (o que tinha caído no trem). Parecia que ele tinha engolido três pedras de gelo. Foi andando pouco à vontade, seguindo o fluxo de alunos que já atravessava a porta dupla de mogno talhado. Iam dizendo “noooosssa”. Quando ele passou por ela também, sentiu sua mandíbula desligar levemente da maxila.

Era um salão muito amplo e longo, iluminado por centenas, milhares de velas que flutuavam muito acima, mas não alcançavam o céu, quer dizer, o teto... Não. Não havia um teto. Os garotos miraram abobados acima, vendo a noite nebulosa e azulada, com estrelas cintilantes no céu anil-escurecido. O teto do salão abria-se para o infinito.

Alvo também observou que as velas acimavam quatro mesas longuíssimas, já lotadas de alunos, todas prontas com pratos, taças e talheres dourados, cintilantes à luz imponente das velas. O vice-diretor Ravus levou os garotos pelo caminho largo entre as duas mesas mais centrais, até a ponta destas. Eles puderam ver que mais no fundo do salão, encontrava-se uma outra mesa longa, em um patamar acima do nível das outras quatro, as quais os professores ocupavam, de costas às janelas de vitrais belas e longas. Os fantasmas flutuavam desparelhados pelo salão, conversando com alguns estudantes, professores, um com uma aparência particularmente assustadora conversava com uma velha corcunda de óculos escuros que também não parecia nada amigável.

Os alunos do primeiro ano esperaram, nervosos. Alvo procurou Rosa ou Dominique, encontrando encarão de Isobel, um pouco mais à frente da fila. Ele também tentou achar o irmão Tiago, mas apenas conseguiu dar de cara com Escórpio, com expressão de quem lhe daria um soco se ele não ficasse quieto. Alvo então fitou mais a frente, procurando ver o que acontecia.

Havia um banquinho de quatro pernas um pouco diante deles, o qual o vice-diretor aproximou-se e colocou em cima um chapéu marrom pontudo de bruxo. Era cheio de rasgos e remendos, todo engelhado. Alvo sabia exatamente do que se tratava. Mas notou que nem todo mundo, pois surgiram novas conversas paralelas. Porém, todos calaram-se e até Alvo se assustou quando o chapéu se mexeu. Um rasgão na base como uma bocarra mal costurada, ele cantou alto um poema para todo o salão:

Há muitos anos atrás, quando seus bisavôs nem sonhavam em existir

E os bisavôs dos seus tataravôs não sabiam nem andar ou falar

Aqueles quatro que criaram essa escola muito antiga, milenar,

Criaram o chapéu dos chapéus, ninguém mais, o papaizinho aqui.

Vocês podem me ter como decrépito, velho e acabado

Podem pensar que não sirvo para nada, estou fora do prazo.

Mas nesse castelo nada envelhece, nada fica ultrapassado

E dou de dez a zero em qualquer chapéu bonito e bem bordado.

Eu sou o Chapéu Seletor de Hogwarts e já passei por poucas e boas

Já vi tudo ruir e tudo reconstruir de novo, tudo se levantar e cair

Mas aqui estou eu, fazendo o meu trabalho: espiar a cabeça das pessoas

E dizer para qual das quatro casas de Hogwarts deverão ir.

Ah, podem apostar que eu sei quando vejo um Grifinório

Pois sei discernir muito bem quem é valente ou inglório

O ousado ou covarde, o nobre ou sangue-de-barata

Só os de verdadeira coragem podem habitar essa casa.

Ou será Lufa-Lufa, o próximo que verei e selecionarei?

Justiça, lealdade, paciência e sinceridade na cabeça encontrarei?

Pois se tudo isso tiver na cabeça, há também de suportar a dor

Se da casa do texugo, de fato, sem dúvida alguma, for.

E se for um crânio o próximo a passar em minha avaliação?

E da sábia-anciã, viva e talentosa Corvinal atrair a atenção?

Mente veloz e afiada, guardando tudo, sem esquecer nada

Os sábios encontrarão no ninho da Águia uma morada.

Ah, mas quem pode esconder o seu coração Sonserino?

Aqueles que tem grandeza e poder como verdadeiro caminho?

As astutas serpentes são capazes de tudo e nunca desistirão

De provar o seu valor, o desejo puro de um Sonserino coração.

Tudo o que precisam fazer é sentar no banco, e ficar parados

Me coloquem em suas cabeças e aguardem o resultado

É bem fácil, não precisam se preocupar, será rápido!

(Na maioria das vezes, mas demora muito em alguns casos)

Todos aplaudiram o poema do chapéu seletor. O chapéu baixou a ponta para cada uma das quatro mesas e depois manteve-se parado novamente, como se fosse apenas um chapéu velho comum. Alvo pode escutar alguns alunos suspirando aliviados, comentando, sibilando entre si, cutucando uns aos outros para falar que "Ah, então é só experimentar o chapéu velho". Mas Alvo não queria que ninguém falasse com ele nesse momento, por que ele não queria pensar no que o poema dizia, ele não queria pensar... Não queria. E foi com um certo alívio e ao mesmo tempo um enorme “Q” de pânico que Alvo ouviu Ravus dizer, segurando um pergaminho que ia até o chão.

— Vou chamar vocês em ordem Alfabética. O aluno chamado deverá colocar o Chapéu e se sentar no banquinho, naturalmente.

— Alikanderix, Elliot.

O garoto gorducho que caíra no trem correu até o banquinho. Ele sentou-se nervosamente e o banco rangeu perigosamente (os alunos caíram em gargalhada, mas Ravus mandou eles fazerem silêncio). Elliot pôs o chapéu até cobrir os olhos. Passou-se um bom tempo até ele anunciar alto e em bom tom:

GRIFINÓRIA!

A mesa na extrema esquerda prorrompeu em aplausos. Elliot correu sorridente até ela e sentou-se. O fantasma de gola engomada apressou-se a aproximar-se do garoto, dando os parabéns para o mais novo membro da Grifinória. Tiago desarrumou o cabelo de Elliot e Letícia deu um tapão forte na costa do menino, fazendo-o massagear depois que ela tinha ido embora.

Foi quando Alvo viu Tiago pela primeira vez entre a mesa dos Grifinórios. Ele ocupava um espaço de destaque, todos falando com ele, centralizando-o, buscando sua atenção. Seu grupinho (Letícia, Caerulleu e Fred) ladeavam-no. Eles eram o centro da atenção, os mais famosinhos da Grifinória. Sem admitir, ele sentiu uma pontada no estômago, que era, no fundo, inveja.

— Archimenes, Walfran!

CORVINAL!

A mesa do canto à Direita que comemorou dessa vez. Alvo reconheceu o rapaz alto, esguio e de cabelos acajus meio ondulados, que tinha conhecido no aniversário de casamento dos seus pais. O gêmeo Lissandro apertou a mão de Walfran. Tiago tinha dito que ele era o monitor... Então era o monitor da corvinal.

Enquanto Alvo estava prestando atenção em Lorcan, Beatriz Bathory foi selecionada para a Corvinal. Era uma menina pálida, muito magra e pequena, parecendo que ia desmontar na primeira lufada de vento (o que parecia muito promissor, pois seu jeito desligado sugeria que a menina pertencia a outro planeta e deveria imediatamente se reunir a voo com seus conterrâneos de marte). Beatriz tinha os cabelos lisos pretos e picotadinhos, e uns óculos enormes pretos, que lhe somavam definitivamente sua aparência marciana, além de sua expressão fática de “To nem aí”. Quando ela notou que Alvo a fitava, deu um encarão feio, fazendo o menino assustar-se e desviar o olhar.

Beatriz sentou-se ao lado de Walfran, no momento que Reggie Boot era escolhido para a Grifinória também. Já April Brandlewis foi a primeira escolhida para ser da Lufa-Lufa, causando uma onda de vivas dos alunos da mesa à direita mais próxima.

A medida que os alunos iam sendo selecionados, Alvo ia se sentindo ainda mais inquieto. O nervosismo piorou quando Lexie Carmina foi escolhida para a Sonserina. A Mesa mais à esquerda felicitou-a. O outro gêmeo, Lissandro Scamander, que era monitor também, deu os parabéns para a menina e ela sentou-se ao lado dos companheiros.

Alvo não viu nada de mais na mesa dos Sonserinos. Pareciam como os demais estudantes, nem melhor nem pior. Quem sabe Nelson estava certo ao dizer que era “Opinião de babaca” taxar os sonserinos como “mau-carateres”. Mas Alvo voltou a atenção à seleção, para ver Umma Charlies ser selecionado para a Grifinória. Ele não queria pensar numa coisa dessas nessa altura do campeonato.

Ele percebeu que, como dito, não havia um tempo padrão para o chapéu seletor escolher a casa do aluno. Icarus Squild foi rapidamente levado para a mesa da Lufa-lufa. Já com Yohana Coy-bonhart, ele levou um bom tempo até decidir colocá-la na Grifinória. Alvo ia se aproximando de pouco em pouco do início da fila. Ele viu Nelson Derwent ser selecionado para a Sonserina. O menino foi sentar-se com os demais Sonserinos com um sorriso estampado no rosto.

Raphael Für-Riddley foi para a Corvinal... Alvo já queria que chegasse a sua vez... Mallone Hirase era da Corvinal também... Afinal, quantos alunos novos iriam entrar em Hogwarts esse ano?... Dedâmia Lethveely era da Sonserina... Que bom para ela... Juliana Licaster também... Ótimo, as duas poderão ser melhores amigas...

— Malfoy, Escórpio! — chamou o Vice-diretor Ravus. Alvo observou o menino loiro de óculos vermelho sair de trás dele e experimentar o chapéu, que demorou um tempo anormal para finalmente dizer:

SONSERINA!

Alvo não ficou nenhum pouco surpreso quando Patrichio e Mathew também foram para lá. Era o que eles queriam, afinal de contas. Mas... O que ele queria?

Bem, ele sentia uma certa ‘obrigação’ de ir para a Grifinória, a casa que toda sua família ocupou em várias e várias gerações. Mas será que ele tinha as qualidades que o chapéu seletor cantara? Com certeza ele não era um garoto corajoso como o irmão. Nem era inteligente como Rosa, muito menos prático e impetuoso como Isobel. Alvo era uma ameba: covarde, chato e caricato. O pobre filho do meio de Harry Potter... Um fracassado. Se todos os boatos estivessem certos, de fato ele seria um ótimo aluno da Lufa-Lufa...

— ...Otter, Alvo. POTTER, ALVO!

O garoto voltou a terra com o susto de ter ouvido seu nome. Ele arregalou os olhos e ficou pálido, estacado no lugar. Todas, Todas, TODAS as pessoas do salão olhavam para ele ("Ele disse Potter? O outro Potter?). Ele sentiu que iria vomitar. Não estava preparado... Não estava mesmo.

— Por favor, senhor Potter — Ravus disse. — você poderia vir?

Alvo engoliu a seco e concordou. Fazia um silêncio mortal. Ele andou duro como uma tábua, seus passos ecoando horrivelmente no salão. Sentou-se no banquinho. Antes de pôr o chapéu na cabeça ele viu as primas Rosa e Dominique no grupo de estudantes que restara. Também identificou Tiago no meio da mesa da Grifinória, acenando para ele, fazendo “O.K” com o polegar. As pessoas falavam coisas para o irmão, que sorria petulante. O que estariam dizendo? O fantasma Nick dera um "Olá" de lá da mesa também. O resto dos alunos apenas o fitava, provavelmente tentando dar uma boa olhada no recém-conhecido outro filho de Harry Potter. O coração de Alvo batia a mil.

As pessoas cochichavam muito. Alvo desejou que elas parassem de apontar ou fuzilá-lo com os olhos. Talvez por isso que ele pegou o chapéu e o afundou até os olhos verdes ficarem totalmente cobertos, de modo que só o que viam era uma semi-luz atravessando o forro escuro do Chapéu seletor.

Interessante... Interessante, interessantíssimo. — a voz do chapéu adentrava seus miolos, como um eco que só ele podia ouvir. Isso não foi novidade para Alvo. Os luduans falavam da mesma forma, mas não tinham esse tom de curiosidade — Hmmm... — continuou a voz do chapéu. — Ah! Muito bom. Não é nenhum gênio, mas vontade de ser é o que não falta. Onde será que eu devo colocá-lo?

Alvo sentiu a cabeça indo a mil, tentando sentir-se corajoso, tentando pensar que não era um medíocre, louco para provar que merecia ser da Grifinória...

Pensando na Grifinória? — de repente a voz mental do chapéu perguntou. — Sem dúvida alguma é um lugar para grandes bruxos. Mas será que é esse o seu lugar? Pode ser, muito embora, neste momento... Eu não estou lendo nada de indômito nessa sua cachola oca...

Alvo ficou em pânico. Ele sabia o que ia acontecer! O chapéu ia colocar ele na Lufa-Lufa a qualquer momento! Isso não podia, ele não ia deixar. Lembrou-se do que seu pai havia lhe dito e apelou para sua última esperança.

— Por favor... — Alvo disse baixinho, de modo a não deixar ninguém mais ouvir, somente o chapéu — Por favor, eu não sou da Lufa-Lufa, eu quero...

Não é da Lufa-lufa? — A voz do chapéu veio à tona novamente — Ah, e não é mesmo. Querer o que você quer não o faz um bom texugo... — Alvo, ao ouvir isso, suspirou aliviado. — Alvo Potter, sei exatamente o lugar que o tornará grande, famoso, lendário, tão lendário... E até mais que o próprio pai, veja só. Sim, sim, sim, está tudo dentro da sua cabeça. Hmmmm, é. Eu sei exatamente o que fazer com você. Seja muito bem-vindo à...

SONSERINA!

Alvo perdeu o chão.

Parecia que ele estava caindo eternamente.

Caindo, caindo, com aquele frio que vinha do peito se espalhando por todo o corpo, de modo a congelá-lo por completo, terminando num terrível arrepio ascendente. Ele não podia acreditar que isso tinha acontecido. Ouvira o engasgar incrédulo e uníssolo de todos os outros alunos, que também estavam estupefatos, porque Alvo, Alvo Potter era agora da... Não queria tirar o chapéu seletor da cabeça. Queria desaparecer, explodir, virar pó, sumir e reaparecer em outro lugar.

Por favor, para qualquer outro lugar...

Porém os pés do vice-diretor Ravus se aproximavam pela fresta do chapéu. Ele o fez flutuar para fora da cabeça do menino, revelando a cara perplexa de Alvo para quem quisesse ver. Mas ela não era nada comparada a expressão de puro choque e pânico de Tiago Potter, pregado na mesa dos Grifinórios, agora tão distante e alheia à Alvo....


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Notas finais do capítulo

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