Alvo Potter e o Jardim Maravilhoso escrita por Yomika


Capítulo 13
Os Luduans


Notas iniciais do capítulo

※ No capítulo anterior… Alvo e Isobel encontram-se sozinhos frente a frente a um perigo inimaginável. Com o feitiço proibitório de aparatações e desaparatações na área do circo, eles estão mais vulneráveis que nunca. E em meio a floresta, um monstro de fogo surge. ※

※ Agradecimentos novamente à Bia Sonserina, a dona de todas as estrelinhas de primeiro comentário xD ※

※ Espero que gostem desse capítulo! ※



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/541489/chapter/13

Música tema - Contra fogo

As chamas do rosto do colosso dançavam intrépidas. Alvo notou o círculo na testa do ser, algo como uma tatuagem, lembrando uma serpente. De repente ele abriu no rosto uma fossa, ao que parecia ser uma boca e emitiu um grunhido monstruoso, que fez todo o ar vibrar e a copa das árvores se incendiarem com aquele som terrível. O céu negro era salpicado por fagulhas do fogo que suspendiam pelo seu assanhar. E uma coruja sobrevoava a região, solitária e alheia à tragédia que ocorria ali embaixo.

Alvo estava novamente paralisado de pânico. Isobel apontava sua varinha para o monstro, como se querendo fazer alguma coisa. Mas a menina não sabia para o que recorrer, diante daquela situação calamitosa. O encapuzado de branco então revelou as mãos calçadas com luvas brancas grossas: sem varinha.

Levou as mãos para o alto e Alvo sentiu-se um prego sendo atraído por um grande imã. Perdeu o chão e foi sendo levado lentamente até uma distância de três metros no ar, focalizado na direção da mão espalmada do encapuzado. Ele apontou a outra mão para Isobel. A garota sentiu-se vibrar da cabeça aos pés, porém ele, não se sabe por que, cessou a influência imediatamente, baixando a mão como se tivesse tocado em algo quente.

Mas o garoto continuava a flutuar ao compasso da mão direita. O feiticeiro disse:

— Vamos fazer um pequeno passeio, Alvo Potter. Seu pai irá...

De repente um raio de luz vermelha voou pelo ar, em direção ao lado esquerdo do encapuzado. Porém, com um movimento rápido do braço livre, ele dissipou o feitiço. Mais dois raios vermelhos vieram do fundo escuro da floresta para flanquear ambos os lados do feiticeiro, que precisou mover ambos os braços para defender-se a tempo. E nesse milésimo de segundo mais um raio branco acertou, dessa vez Alvo. O Garoto caiu dos três metros de altura, mas...

Aresto momentum! — uma voz conhecida ecoou da escuridão. Alvo parou segundos antes de espatifar-se no chão, deitando macio na terra. Um homem loiro tomou a frente de Alvo e Isobel, foi quando o colosso de fogo grunhiu ameaçadoramente e levou sua mãozorra em direção ao bruxo. Ele se protegeu do primeiro impacto com um escudo transparente enorme, porém o monstro era mais forte. Com um segundo golpe violento, empurrou com escudo e tudo, fazendo-os espalharem-se a metros adiante.

Uma luz vermelha saltou da varinha do homem de óculos redondo que apareceu do escuro, ladeado por um ruivo que também lançara um feitiço vermelho em uníssolo com o de Harry: direto para o encapuzado. Ele, no entanto, defendeu o feitiço com muita facilidade, rindo-se. Rony estava boquiaberto: “Pelas meias usadas de Merlin, ele não está usando nem varinha!”.

O colosso de fogo investiu mais uma vez contra o homem loiro. “Aqua eructo!” uma pequena barreira surgiu, porém ela não era suficientemente forte para impedir todo o fogo da enorme mão. O homem abraçou Alvo e Isobel. Nesse milésimo de segundo, os garotos sentiram uma leve e engraçada puxada no umbigo quando ele começou a falar “Harmonia Necterie...”, porém foi interrompido.

Aequora Teggo!

Da ponta da varinha de Harry, uma lufada criou uma parede considerável de água. Aquela cachoeira particular se manteve erguida entre a mão de fogo e o homem loiro, que pegou as crianças e afastou-se dali até ficar lado a lado de Harry e Rony. A barreira caiu, formando uma grande poça que separava os combatentes.

Com a varinha apontada diretamente para o feiticeiro de vermelho, o pai de Alvo ele moveu-se como um lince, buscando uma posição estratégica.

— Pai! — Alvo conseguiu dizer. Se sentia um tanto aliviado, mas ainda tinha o coração a tamborilar loucamente e uma cara pálida de susto. Porém Harry respondeu com um novo feitiço na direção do encapuzado. Duas energias metálicas fugiram da varinha de Harry e cortaram o ar.

— Não conheço esse feitiço, — disse o feiticeiro, quando defendeu o ataque com uma barreira vermelha repentina. — mas creio que seja das artes das trevas... Vocês, Bruxos, sempre tão monocromáticos...

— Fique longe do meu filho — a voz de Harry estava embargada por uma ira fria.

O que fará? Harry... Fique sabendo que não temo cicatrizes... Também prefiro não apelar para artes das trevas. Porém... Devo admitir que é um bom feitiço. Como se chama? Quebraria uma de minhas regras só para ver o efeito dele sobre seu filho Alvo...

SECTUMSEMPRA! — e novamente o chiado metálico cortou o ar, porém, dividindo-se em duas lâminas incorpóreas. O encapuzado abriu os braços e defendeu-se com o escudo vermelho novamente pelos dois lados. Com essa brecha, Harry lançou um raio vermelho rápido, que fez um caminho nítido em direção ao peito do feiticeiro branco.

Mas a mão do colosso de fogo foi mais rápida. Com uma rajada de vento flamejante, a mão se interpôs entre o feitiço e o encapuzado. O monstro retirou a mão sob as ordens do feiticeiro e ficou de quatro logo atrás do dele, destruindo no mínimo dez metros quadrados de floresta. As chamas dele dançavam violentas sob a noite da floresta.

— Isto é um Heliopata — foi a primeira vez que o homem loiro e uniformizado falou. Era uma roupa negra com uma armadura de botões prateados e o brasão de duas varinhas cruzadas sob um escudo na ombreira esquerda. Na direita, cinco estrelas sob a letra “A”. Alvo reconheceu esse uniforme e também o homem. Era Joxer Paracampus, o Aurores sênior, braço direito de seu pai na Sede do Ministério Londrino.

— Espera, eu já ouvi falar nisso em algum lugar — disse Rony, apontando a varinha ainda para o feiticeiro, o qual era costeado por aquele guarda colossal de fogo — Luna, é, ela citou “Heliopaticas” uma vez. Mas eles não existem, quer dizer, é coisa da cabeça dela...

— Graças a deus! — exclamou um Joxer irônico — Me sinto aliviado. Acho que isso que eu estou vendo e que tentou me esmagar é só “coisa da minha cabeça”, Weasley!

— Deixa de ser babaca, pode ser só um Fogomaldito — respondeu Rony irritado.

— Ele está certo — começou a voz sepulcral — O rapaz loiro está certo. Este é o meu Heliopata. O ruivo descerebrado e inútil devia calar-se para assuntos militares e resguardar-se na franquia Weasley, onde o mundo é cor de rosa e os covardes tem espaço para desperdiçar tempo e magia em logros e brincadeiras idiotas...

— Ora seu...

— Você provocou o incêndio — começou Harry, calando Rony com um gesto de mão — e você roubou o ministério — não era uma pergunta.

O Encapuzado riu-se descontrolado.

— Não, Harry. Você roubou, não lembra? Eles acharam a sua marca no Laboratório de Mazociência Britânico. “O Eleito” não passa de um ladrãozinho... “A mão que captura” dos Aurores é a mesma “Mão que rouba”. Tsk, tsk, tsk, que feio Harry... Mas sempre há uma vaga em Azkab

— Você... — começou Rony — você não vai escapar.

— Por enquanto, só estive me defendendo. Mas se vocês quiserem brincar com fogo...

O monstro abriu a fossa que era sua boca e soltou o grunhido ensurdecedor, fazendo seu fogo se assanhar, violento e incontrolável. Ele pegou o vilão e o pôs em seu ombro (o encapuzado não sofreu nenhuma queimadura. O fogo simplesmente se afastava dele). O ser colossal fez-se de quadrupede, então ouviu-se a voz do feiticeiro vermelho do cangote do Heliopata: “ESH!”.

O monstro acatou a ordem. Harry não sabia que língua o encapuzado estava falando, mas entendia a intenção da criatura, pois gritou:

— BARREIRA DUPLA!

Harry, Rony e Joxer lançaram ao mesmo tempo “Aequora teggo! Salvia Hexia!”. Uma cúpula de água cobriu os três homens e os dois garotos, impedindo que eles fossem amassados pela mão de fogo. Alvo e Isobel apenas observavam, tão alheios e estupefatos com toda aquela magia, todo aquele perigo... Tão vulneráveis, que mal podiam entender o que estavam fazendo ali.

O Heliopata desferia mãozadas na barreira. Eram ataques tão violentos que faziam o chão tremer.

— Chefe Potter, isso não vai aguentar por muito tempo! Devemos recuar, desaparatar e chamar reforços...

— Não! — gritou Harry — Yi Jun protegeu o terreno contra desaparatações! Só a caverna está disponível.

— Mas então o que faremos quando a barreira ceder? Talvez, eu possa usar o feitiço de passagem...

— Não, Joxer, é muito perigoso. Eu tenho um plano. Façam tudo o que eu mandar a partir de agora.

— Finalmente. Fogo é fraco contra água, realmente… Mas água é fraco contra…

E deixando o resto da frase óbvia por atos, o encapuzado mirou a ponta do dedo, de onde uma corrente elétrica saiu da ponta do indicador e despencou com toda a violência na bolha, fazendo-a estourar com o alvejar do trovão. Mas o trovão não antigiu os outros, pois Harry o contradisse com um feitiço vermelho que o fez dispersar para o lado, acompanhando o movimento rápido de sua varinha.

— Calma, Alvo, vai ficar tudo bem — dizia Joxer enquanto eles se afastavam.

— Alvo, seu pai vai se ferrar! — exclamou Isobel, apontando para uma árvore de fogo que tremia, ameaçando voar.

O garoto se desvencilhou do auror, correu de volta para o campo de batalha e gritou:

— PAI! ATRÁS DO SENHOR!

Enquanto Harry e Rony estouravam bombas de água no Heliopata (“Aqua Bombarda!”), o feiticeiro deslocava uma árvore em chamas, fora da visão deles, preparando para atingi-los de guarda baixa.

Harry olhou para trás, porém não fez o que Alvo imaginava. Ele gritou “SAIA DO CAMINHO!” e com um movimento da mão sem varinha, empurrou Alvo com telecinese, um segundo antes que o tronco de fogo esmagasse o filho.

Alvo caiu sentado, pálido de susto. Ficou parado sem conseguir se mexer, olhando com os olhos esbugalhados para o tronco de fogo, meio metro do lugar que estava. Ele estaria morto, se não fosse seu pai... Morto...

— JOXER, MANTENHA ALVO LONGE DAQUI. SERÁ QUE EU NÃO FUI CLARO?!

Joxer correu e puxou o menino pelo cangote. Ele ia se defendendo da bola de fogo que vinha como um meteoro acertar ele e o garoto enquanto eles batiam em retirada.

Aqua eructo! Alvo, não faça isso, deixe seu pai cuidar das coisas.

O fogo tomava conta da floresta. Ele já circundava a clareira a qual o pai e o tio Rony batalhavam contra o monstro. “Isso tem que acabar” pensou Alvo. “O papai vai ganhar... Porfavor”...

A luta contra o monstro se desenvolvia violentamente. As bolas explosivas de água não estavam funcionando como Harry imaginava. Rony conseguiu desviar por um triz de uma árvore de fogo que o feiticeiro tinha lançado sobre ele, ao mesmo tempo que o Heliopata desferia uma saraivada de meteoros de fogo.

— Harry, a gente tem que pensar... Ignis exumai... Em como derrubar quem controla essa coisa... — disse Rony apagando uma árvore em chamas a sua direita.

— EU ESTOU PENSANDO, RON. Nós temos que capturar ele vivo, isso dificulta muito as coisas — exclamou o pai de Alvo, enquanto contra-atacava com um feitiço que fazia de sua varinha um chicote gigante. O encapuzado do alto da costa do Heliopata lançou uma luz violeta no chão, então as raízes das árvores desprenderam-se e começaram a tentar agarrar Rony e Harry.

— Reducto! Reducto! — ambos falavam, cortando as raízes. Nessa distração, o Heliopata tentou acertar uma mãozada em Harry. Ele usou um feitiço que o fez desviar da mão, pousando um pouco distante para ouvir Rony dizer:

— ...Algum jeito de apagar o fogo...

Harry continuou a defender-se dos ataques, sem conseguir acertar um único golpe, até que...

— O que apaga o fogo? — Harry perguntou de repente.

— Água? Mas a gente já tentou...

Outro meteoro de fogo. Uma árvore recebeu-o e imediatamente brilhou em chamas. Mais árvores foram sendo incendiadas. Tinha muita fumaça e calor...

— Não, água não...Ron, vamos usar o feitiço do professor Snape.

Aquele? — surpreendeu-se Rony, desviando de outra árvore. O fogo já cercava-os e os feitiços de extirpação de fogo já não eram suficiente. Rony de repente sorriu — É, pode dar certo.

Ambos ficaram um de costa para o outro, em meio ao círculo de fogo. As chamas estava se fechando ao redor deles. Iam ser assados como frangos em uma fogueira... Mas Harry foi quem falou primeiro:

Abaffiato máxima!

Rony repetiu o feitiço, fazendo um movimento circular no ar com a varinha.

O efeito do feitiço não se notou no primeiro momento. Mas em seguida, as chamas ao redor foram enfraquecendo, até apagarem-se por completo. O monstro de fogo avançou o braço em direção a dupla, porém primeiramente a chama da mão do ser enfraqueceu-se até apagar. Ele perdera a mão.

O Heliopata gritou com aquela voz de vento cortante, como se sentisse dor.

Harry e Rony apontaram o feitiço de vácuo diretamente para o peito do monstro e um buraco escuro surgiu. O ser protestou, levantando-se, procurando se afastar. Mas foi Harry que deu a cartada final. Estendeu a área sem ar para a cabeça do ser e pouco a pouco as chamas foram bruxuleando e ela apagou-se. Em seguida, todo o corpo do monstro sumiu. O que aconteceu em seguida fez Rony exclamar.

— Isso não é possível... É como o...

O feiticeiro de branco flutuava no céu escuro, a mais de vinte metros do chão, com a capa branca balançando à brisa noturna.

— Voldemort. — completou Harry, também boquiaberto.

— Quanta honra… — a voz sepulcral do encapuzado estava embargada de ironia. —   Eu sequer sou um bruxo... Não me comparem a este mago negro. Vou mostrar a magia que os bruxos nunca conheceram.

Ele apontou o dedo para o céu que começou a formar nuvens vermelhas, porém ele parou de repente. Olhou para o lado e disse:

— Talvez uma outra hora.

O bruxo então elevou-se ao céu mais e mais até desaparecer no horizonte escuro.

— Ele... Simplesmente... voou! — repetiu Rony.

Harry correu e deu um abraço em Alvo. Perguntou talvez umas trinta vezes se lhe fizeram algum mal, se estava machucado. Mas Alvo só tremia levemente, afirmando estar bem. Isobel sentia-se deslocada e Rony e Joxer suspiravam aliviados, um pegando no ombro do outro, cansados. Demorou um pouquinho para notarem que não estavam a sós. Harry assustou-se, apontando a varinha com um globo de luz na ponta para a presença que surgia à sombra do feitiço de luz.

Música tema - Valsa de Integra Waldorf

Ela veio com aquela conhecida roupa de funeral, toda negra, contrastando com pele pálida de cadáver. O Cabelo era longo negro levemente ondulado e o batom vermelho. Sem o chapéu, viu-se aqueles olhos cansados, cheios de olheira, mas muito marcantes.

Ao lado de Integra Waldorf, estava uma mulher com o cabelo vermelho-cereja em Chanel, os óculos pontudos e o queixo um tanto proeminente, vestida com um traje executivo azul majoreli. Ambas empunhando as varinhas acesas com aquela luz pálida invadindo a floresta densa. Atrás delas, meia dúzia de bruxos e bruxas, todos com um uniforme azul marinho. A Waldorf foi quem falou primeiro.

— Senhorita Geyer, por gentileza, traga Isobel para mim.

A bruxa de cabelo vermelho-cereja foi até próximo a Joxer apontando-lhe a varinha na fuça, pegou Isobel e trouxe-a para trás dos bruxos de azul, não antes do loiro dar-lhe uma encarada rígida. Pôs-se ao lado de Integra, que não parou de apontar a varinha para Harry nenhum segundo sequer.

— Eu diria que é um prazer vê-lo, senhor Potter — começou Integra — mas, acima da classe, eu zelo pela verdade.

— Ninguém aqui lhe suporta, madame, faça o favor de engolir esse seu comentário e caso se engasgue, melhor ainda. — disparou Joxer, trincando a mandíbula. Rony também avançou, mas Harry o parou.

— Baixe a varinha, Milhomina — Integra ordenou — os cães d’O Eleito chegaram. E eles não são bem treinados.

Um tropel de gente chegou na floresta. Todos tinham o mesmo uniforme negro e prata de guardião. Os aurores prostraram-se ao lado de Harry. Começaram a murmurar perguntas, porém Harry fez um gesto para silenciá-los.

— Onde está o monstro de fogo? — Integra questionou, com aquela voz gélida e contida. A expressão dela era dura e segura.

— Foi destruído. — Harry respondeu, segurando a mão de Alvo. — Acabamos de enfrentar o causador dessa tragédia, um bruxo encapuzado e o monstro de fogo que ele dominava.

— Entendo. E onde estaria tal ilustre criminoso?

Harry engoliu a seco. Olhou para o chão, depois, decidido, sustentou o olhar de Integra.

— Ele fugiu.

— Muito conveniente — ela disse.

Um auror moveu-se incomodo atrás de Harry. Outros murmuraram entre si, escandalizados. Um em especial disse “O que a madame insinua, por acaso...?”. A bruxa ruiva a qual chamavam de Senhorita Geyer, interrompeu-o.

— Nos diria como isso aconteceu? Pois sei que os aurores bloquearam a saída da caverna e nos encontramos em um campo selado para desaparatações. Como ele fugiria?

— Voando. — respondeu Rony. Senhorita Geyer não segurou a risada de deboche.

— Vejo que “A mão que captura” anda furada ultimamente, não? — os funcionários de azul riram-se. Integra continuou dura, fitando Harry — Primeiro o Ministério, sob sua guarda, é furtado. E agora, um suposto bruxo chega, incendeia um circo, faz tudo o que quer e Harry Potter o deixa escapar em uma vassoura?

— Ele saiu voando sem precisar de vassoura nem nada — cuspiu Rony. — E era muito poderoso. Nos deu trabalho continuar vivos!

Foi um murmurar sem limites. .

— A situação toda é muito conveniente e suspeita. E todas as provas são aliadas da testemunha, o que torna incerta a veracidade dos fatos — disse Milhomina, com a voz de deboche. Joxer rangeu os dentes, Rony avançou. Harry suspirou e disse:

— Por acaso a senhorita insinua que eu..

— É tudo verdade!

Todos os adultos se viraram para alvo, que tomou a frente e continuou:

— Pergunte para a Isobel! Ela é do lado de vocês.

Todos voltaram-se à garotinha. Ela começava a falar nervosamente:

— E-eu...

— Silêncio — cortou Integra. — lamento informar que seu filho de onze anos não é parâmetro de confiança. Os Luduans não devem tardar a chegar aqui. Estão fazendo a busca nas redondezas, seguindo o rastro do ladrão. Potter poderá nos levar no lugar onde ele diz que enfrentou o suposto criminoso.

— Ladrão? — quis saber Joxer.

— Dois animais mágicos raros que eram propriedade do circo do senhor Yu Jun desapareceram durante o incêndio e outro foi morto. E o próprio Yu Jun foi sequestrado. — explicou Milhomina Geyer. — Quando os Luduans... Ah, chegaram.

Música tema - Os Luduans

Alvo estacou de medo. O bicho que veio saltando entre a mata era do tamanho de um cavalo, mas a forma do corpo lembrava mais um enorme tigre. O pelo era malhado de azul e dourado e a face, aquela face de feição medonha, amassada junto com o focinho apertado. Tinha uma expressão, resumidamente, enrugada e feroz. Os olhos eram amarelos vivíssimos, puxados e muito delineados num olhar triangular terrível de selvageria fria.

Tinha três Chifres de ouro, um no meio da testa enorme e dois atrás daquelas orelhas pontudas e pregadas à nuca, coberta por uma espécie de crina vermelha. Vermelho também eram os bigodes longuíssimos, que balançavam sob uma brisa mágica... Os três Luduans começaram a patear, arranhando as unhas enormes e letais no solo, rangendo a fileira de dentes enormes e pontudos para o grupo de aurores, balançando as longas caudas douradas, com plumas vermelhas na ponta. Um deles deu três latidos poderosos de fazer o coração pular para fora da garganta.

— Intrigante... — disse Integra, indo em direção aos três seres. — o Luduan diz que o Ladrão está entre nós.

A afirmação de Integra foi um choque para todos que estavam ali. Olharam para os lados, como se procurando alguém a mais, querendo saber se não tinham prestado atenção na presença do ladrão. Apontavam as varinhas iluminada para as árvores e as trevas floresta adentro.

Os bichos rangiam os dentes para o grupo de aurores. Por reflexo, quase todos os oficiais empunharam as varinhas. Harry continuou impassível, segurando no ombro de Alvo. O menino estava apavorado com a presença daqueles seres. Perguntava-se quanto tempo se aguentaria antes de se aliviar ali mesmo, na frente de todo mundo. Só que, ao que parecia, não era apenas Alvo que estava incomodado com aqueles bichos.

— Madame Waldorf, tenha a bondade de pedir para eles tomarem a outra forma. — disse Joxer, apontando a varinha para o Luduan que o encarava a poucos metros de distância.

Integra apenas olhou para um deles e o bicho concordou.

A transformação aconteceu num instante. Num momento eram aqueles bichos ferozes, no outro estavam totalmente diferentes.

Eram seres bípedes humanóides de pele azul, altos, devendo ter quase dois metros de altura. Eles vestiam uma bata transparente com detalhes dourados, porém através da roupa via-se apenas o outro lado. Era como se dentro do vestido, o corpo não existisse.

A face dos seres era estranhíssima. Eram carecas, e não tinham olhos, sobrancelhas ou narinas, apenas uma boca contraída e um par de orelhas enormes. As mãos escapando do vestido transparente tinham os dedos finos e longuíssimos, os pés descalços eram igualmente azuis e anormalmente longos.

Os Luduans abriram a boca e começaram a movê-la, porém o som profundo e ecoante vinha de dentro da cabeça, como um pensamento. Era de fato uma sensação muito esquisita.

“O ladrão até esse ponto veio, sentimos. E sua energia nesse momento aqui está.”

O segundo Luduan continuou a fala do parceiro:

“Ele, em meio ao grupo de cavalheiros a nossa frente, está”.

Os aurores entenderam que o bicho estava se referindo a eles, reagindo com mais um burburinho inquieto. Olharam uns para os outros, nervosamente. A sensação de culpa que aqueles seres causavam era quase insuportável.

“A presença dele vamos farejar. Licença nos deem”.

Os seres estranhos espalmaram as mãos. E bem no meio das palmas haviam dois buracos, como se fosse as narinas que não tinham na cara. Começaram a caçar pelo ar com as mãos servindo de antena. Alguns tocaram no chão. Foram se aproximando cada vez mais do grupo de aurores…

Estavam mais perto, mais perto… Até que disseram sem dizer:

“Ele”.

O longo dedo azul do Luduan apontava diretamente para a face de Alvo.

Todos soltaram exclamações abismadas. Até Integra parecia ter sido pega de surpresa. Alvo prendeu a respiração sob aquela acusação. Isso não podia estar acontecendo. Harry puxou o filho para trás de si e baixou o dedo do Luduan, que o encarou (pelo menos pareceu, pois não tinham olhos) do alto dos seus quase dois metros de altura.

— Isso já foi longe demais. — foi o que o pai de Alvo disse.

“O mesmo ladrão, que um rastro, ao os animais do circo roubar, deixou... A presença impregnada nesta criança tem, afirmamos”.

Neste momento, mais quatro Luduans tigreformes surgiram saltando das trevas e prostraram-se ao lado dos outros três, tornando-se também na versão humanoide. O grupo de sete tinha a cabeça voltada na direção do garotinho de onze anos em meio aos adultos.

Rony exclamou:

— Isso é uma babaquice, o menino tem onze anos, mal segurar numa varinha sabe, imagina provocar um incêndio para roubar uns bichos de circo!

Alvo abria a boca, como que pretendendo falar algo, porém o som não saia. Seu coração tamborilava muito rápido. Ele sentia que ia desmaiar... Mas seu pai segurava seu ombro, o que o dava uma certa segurança.

— Madame Waldorf... — Harry começou. Integra o interrompeu.

— Os Luduans nunca falham. Não discutiremos isso novamente, Potter. Discutiremos?

— Deixe meu filho longe disso. O seu problema é comigo.

Integra Waldorf calou-se, respirou fundo...

— O meu problema é com o ladrão. Esse garoto é mais uma prova para o que venho dizendo à todo o Ministério... Ele será levado ao interrogatório.

— Só por cima do meu cadáver. — Harry tinha a varinha guardada num coldre anexo ao cinto, porém notou-se que ele a apertava a base com toda a força.

— Deixe a criança em paz! Harry vai colaborar com a investigação, ele nunca se negou! — disse um auror jovem, de barba e cabelo longo do grupo de trás.

— Waldorf, você é só uma mulher amarga e mal-amada que vive querendo espalhar a tragédia que sua vida é por tudo quanto é canto... — um outro auror de cabelos encaracolados cuspiu.

— Meça a língua para falar da Senhorita Waldorf, Osgood — disparou Milhomina Geyer, apontando a varinha para o homem. As nove varinhas dos aurores foram em direção a mulher e as seis varinhas dos bruxos de azul também subiram para apontar na face dos aurores. Harry e Integra não mexeram nas varinhas, porém encaravam-se sem cessar. Foi um momento muitíssimo tenso.

— Minha nossa, que cena, que situação, que drama, que coisa maravilhosa! FOTOS, ROYSTON, AGORA!

Flashes descontrolados invadiram o ambiente. Alvo sentiu a pupila arder à claridade escandalosa e repentina. O cheiro da fumaça do magnésio queimado era insuportável, porém, não mais que a voz da mulher.

— Olha esse grupinho animado! Harry e Integra, os cabeções do Ministério numa baixaria clássica! Ai que coisa deslumbrante, estética, dramática...

Ela usava um vestido tremembeque longo todo estampado de flores amarelas, que contrastavam erroneamente com sua pele morena. A mulher arriscava alcançar a altura dos Luduans, usando aqueles tamancos plataforma. Ela coçou cabelo laranja no estilo “soul-power” e veio gingando com uma expressão de êxtase estampada na cara maquiada. Apoiou-se nos ombros do fotografo e disse:

— Isso foi divino, TDB: Tudo De Bom! Primeira capa, com toda a certeza. Acho que até vou ganhar aquele aumento da Senhora Skeeter! E até você, Royston, quem sabe, se tiver capturado as varinhas se apontando nesse gesto claro e óbvio de enfrentamento, ódio e ressentimento. Já consigo ver até a chamada — a mulher abriu os braços, balançando a dezena de braceletes dourados (os anéis, alternados a cada dedo, cintilando sob as luzes das varinhas), ia abrindo um jornal imaginário no ar — “Os Aurores e os Inomináveis se enfrentam na tragédia do Juperus. Reportagem exclusiva de Rita Skeeter, com a colaboração de Adelaide Junarwink”.

— Madame, queira DAR O FORA, por gentileza? — disse Joxer, acompanhando a mulher pelo ombro para a direção oposta da que ela tinha vindo.

— Hmmm, o auror bonitão... — disse ela, passando a mão no cabelo loiro do homem. — não quer dar uma entrevista particular para mim? Aí você me conta tu-di-nho. E mais tarde, quem sabe até um jantar e sabe-lá-deus mais o que? Hm? Topa?

— Madame, não me obrigue usar a varinha... — ameaçou Joxer.

— Hmmmmm, olha que eu obrigo, seu danadinho...

— FORA! — gritou o auror, empurrando a mulher para longe e fechando a lente da câmera do fotografo com a mão, enquanto ele tentava tirar mais fotos do grupo de trás.

— Ai, ai, calma! Mas é dos grossos que eu gosto... Bate uma foto dele Royston, espera, bate três, ou melhor, trinta. — o fotografo deu mais uma rajada de Flashes na cara do Auror irritado — eu quero essa cara de gatinho selvagem na minha parede — e riu-se descontroladamente, acrescentando “Já vou, já vou” quando Joxer retirou a varinha do cinto e os sete Luduans (que haviam tomado a forma de tigre) rosnaram furiosos. Ouviu-se ela ainda perguntando ao fotografo de longe “Está com aquele filme de tudo pegando fogo e indo pro brejo, Royston? O povo gosta disso, é desastre que o povo quer!... Sim, sim, excelente...”.

— Eu preferia dez encapuzados daquele a ver essa manchete de amanhã... Se ela tiver ouvido a acusação sobre seu filho...Vai ser um mesmo um desastre — disse um Rony excepcionalmente preditivo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

PRÓXIMO CAPÍTULO É HOGWARTS!!!

※ Obrigado por ler! ※
※ Se puderem dar uma força pra história, comentem e favoritem! ※
※ Quem comenta primeiro ganha estrelinha ★ ※
※ Me adicionem no Facebook para conversarmos melhor! ※
https://www.facebook.com/yomikles ※
※ Até o próximo e YO! ※