Alvo Potter e o Jardim Maravilhoso escrita por Yomika


Capítulo 11
Luz e Fogo


Notas iniciais do capítulo

※ No capítulo anterior… Rosa é uma vidente e viu algo que não se realizou completamente. Alvo e sua família chegam no Juperus, o famoso circo que viaja pelo mundo inteiro oferecendo espetáculos inesquecíveis... ※

※ Agradecimentos a Bia Sonserina pelo comentário! E também a Sirena! Valeu, leitoras lindas! ♥ ※

※ Agradecimento especial ao Pedro Carvalho por ajudar a nomear alguns feitiços que apareceram e aparecerão mais tarde! ※

※ Espero que gostem desse capítulo! ※



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Música tema - O Juperus

A primeira sensação que Alvo teve ao adentrar os terrenos de Juperos foi de que ele era um grãozinho de areia em um deserto. A multidão atravessava o chão ladrilhado de pedrinhas de brilhantes, todos seguindo um fluxo enorme, emparedados por aquelas enormidades....

Eram figuras púrpuras de um felino esquisito... Na verdade eram balões inflados que deveriam ter no mínimo seis metros. Os felinos se moviam como se fossem reais, rugindo como se soprassem trompetas para os transeuntes. Conforme se moviam, suas enormes caudas emplumadas varriam o céu, emitindo um rastro púrpura pelas nuvens. Então eram deles que vinham as luzes...

Alvo deixou as fileiras daqueles felinos gigantes de balão de lado para notar as barracas de vendas que estavam aos pés deles. As barracas eram de todas as cores, com lonas listradas sob balaústres enfeitados de estrelas luminosas. Elas vendiam Nugás ectoplasmicos, lesmas gelatinosas, varinhas de alcaçuz, acidinhas, chocolates de formas de dragões, que cuspiam labaredas de fogo rósea, além das Torres de Batidas de leite com morango e creme com nozes-picadas, as quais turbilhoavam em cima do chafariz alto com a bebida que escapava do telhado da barraca...

Crianças saindo equilibrando no palito o algodão doce verde-limão, que tinha praticamente metade do tamanho delas. Outras olhavam desejosas para os sorvetes inderretíveis, com sete bolas ou mais. Havia uma piscina com Vapts de Alcaçuz, cujos quais saltitavam e eram pegos e postos em um saco por um vendedor de cabelo azul, dando para um pai um tanto receoso.

Harry, apesar de ter colocado o chapéu fedora, fora descoberto por alguns fãs. Mas o pai de Alvo conseguiu dar assinaturas em tempo recorde e sair dali com a família, antes que mais alguém o notasse. Continuaram seguindo a multidão, que desviava das figuras estranhas que passavam por eles.

Alguns palhaços vestidos de macacões amarelo-canário andavam sob pernas de paus que esticavam até alturas inacreditáveis, voltando como sanfonas ao tamanho de metro normal para alguém avistar. Outros sobrevoavam a multidão sentados (deveras apertados, para não dizer verdadeiramente entalados) em triciclos infantis, fazendo manobras de fazer o estômago despencar, e o coração ameaçar escapar da garganta. Mas os circenses descabelados gritavam “Uiiiipiiii”, se divertindo nas alturas, rodeando os bichos púrpuras e seguindo as luzes que eles deixavam rastro pelo céu com as caudas pavoescas.

Um homem bigodudo cortava esse mesmo céu com uma carruagem sem cavalos, tocando uma música sanfonada, que Alvo não sabia dizer se era feliz ou macabra. Talvez os dois ao mesmo tempo. Um carrinho encaixado em uma bicicleta de apenas uma roda levava uma mulher sentada no capô. Ela costurava a multidão, espalhando por ela bolinhas de sabão que tomavam formas de castelos, mãos, cachorrinhos, corujas… E outras bolhas levavam circences dentro, pupulando pelo céu cheio de artistas de circo.

Muitos outros gigantes vestidos de roupa a rigor faziam malabarismo com enormes pinos iluminantes. Diabretes da Cornualha totalmente domesticados voavam balançando tiras de cetins azul-elétrico assim como suas peles. Eles faziam um belo espetáculo com as tiras, balançando-as com acrobacias bem ensaiadas.

Outros circences flutuavam dentro de enormes bolhas de sabão, que chegavam a fazer contraste com o sol já quase eclipsado pelo horizonte. As nuvens já eram atingidas pelos raios de sol oblíquos já avermelhados.

— Precisamos encontrar com sua Tia Hermione, Rony, Fleur e seu tio Jorge... — disse a mãe de Alvo — Eles precisam pegar cadeiras próximas às nossas... Al?

O garoto estava hipnotizado olhando para a gigante toda maquiada, vestida de camponesa russa, que carregava algumas crianças para a entrada dos brinquedos mais à frente do festival. Quando encontrasse os primos, iria pedir para a mãe levá-los para dar uma volta no carrossel de Pégaso (as crianças montavam em cavalos alados de madeira, mas que se comportavam como ciraturas de verdade, voando em círculos nos bichos selados em um Mastro enorme). Ou talvez eles poderiam ir no Navio fantasma, o qual simulava os movimentos de uma maré violenta, com direito ao circense capitão (barbudo e acabado) gritando “Abandonar o Navio!” quando ele dava uma volta de 360 graus no ar.

Os pais encontraram os tios Rony, e Fred conversando em frente a uma loja que disparava fogos de artifícios de dragonetes de purpurinas (Alvo olhou para Tiago, que confirmou o que o menino estava pensando através de uma piscadela). Os fogos multicoloridos voavam pelas cabeças das pessoas, zunindo nos ouvidos. Iam disparados, comprimidos em rastros purpurinados, até subirem em uníssolo e explodirem em uma supernova de cores. As dragonetes voavam, vermelhas e azuis, até se unirem e explodirem em lilás, formando a palavra YUPERUS no céu.

Rosa, Roxanne e Dominique caminhavam com Alvo pelo festival, apontando para os fogos do tio Jorge, mascando chicles que não estouravam não importa o quanto eram soprados, tentando pescar flores galopantes em uma areninha, apontando varinhas de mentirinha que estalavama foguinhos inofensivos. Ted seguia um tanto distante, junto a uma Victória sorridente, que comia uma maçã do amor de tripla camada: chocolate, caramelo e glacê.

Louis, Lily e Hugo pediram para ir no trem em formato de minhoca gigante, que perfurava o chão, seguindo os trilhos até uma certa parte, depois abandonava-os e continuava a flutuar em loops por todo o festival. Gina acompanhou Alvo no Carrossel de Pégaso. Tia Fleur acompanhou Dominique, assim como a tia Angelina dividiu um cavalo com a filha Roxanne. Tia Hermione fora também, mas com certa relutância, acompanhar Rosa. Todos viram que era uma má ideia quando a mãe da menina pediu para os cavalos alados pararem, tocando no chão com um suspiro de alívio. Alvo pôde ouvir a mulher dizer “Nunca mais...Desde o Bicuço... Eu sabia... Nunca mais”.

Já Fred e Tiago preferiram apostar um jogo de Tiro ao Alvo, onde eles apontavam o dedo indicador fazendo uma pistola imaginária, que, pela mágica do jogo, atirava de verdade em plaquinhas de patos cada vez mais assustados com os tiros. Alvo perguntara a Rosa e as outras se elas não gostariam de tentar capturar um Vapt de Alcaçuz, mas a prima balançou a cabeça e apontou para o céu meio azul marinho, meio lilás, com o sol já disparando seus últimos raios oblíquos através de um horizonte distante, perfurando as nuvens enegrecidas pelo contraste.

— Já tá quase na hora do Espetáculo. Se a gente for muito tarde, as pessoas vão encher o saco dos nossos pais.

Alvo concordou. É verdade, a o Show principal. O menino tinha se esquecido, porque o festival já era maravilhoso em si. O espetáculo provavelmente seria maravilhoso! O garoto lembrou-se de olhar para o fundo do festival. Agora que notara... Via-se um pedaço da enorme tenda do circo se sobressaindo sob o céu do oeste. Na ponta da lona uma bandeira ruflava lentamente, com uma certa elegância. Ela era amarela e tinha o desenho do mesmo olho sob a Estrela.

Todos foram seguindo até poder verem completamente a tenda. Ela estava pousada majestosamente sob a grama fofa, sua cor dourado brilhante. A noite já havia caído, mas a lona reluzia como ouro sob as luzes do festival. Era como se fosse o sol de tão iluminada. Ela se estendia e prendia-se nos oito pontos cardeais. Tinha uns quatro andares e outras torrezinhas feitas de lonas vermelho-carmim. Todas as torrezinhas tinham a mesma bandeira com a estrela e o olho.

Um homem com a metade da face coberta por uma máscara pediu os ingressos quando os Potter-Weasley chegaram à porta acortinada da tenda, seguidos por uma fila de pessoas.

— Entrada vip! — o homem olhou para Gina e sorriu-lhe com os dentes podres. — a esquerda, Mademoiselle Potter... Subindo as escadas, o primeiro andar no camarote.

“A esquerda também, Monsieur Derwent. Primeiro andar, naturalmente...”

Alvo olharia para trás para ver quem também tinha entradas vips para o circo, mas assim que entraram na tenda, ficaram em breu durante algum tempo. Mas os pais continuaram seguindo, sabe-se lá deus para onde. Alvo ouviu tio Rony sussurrar enquanto andava “Lumus”. Uma luz efêmera surgiu da ponta de uma varinha na frente de Alvo, pois ela sumiu em direção as paredes da lona, como se alguém tivesse soprado um fogo. Tio Rony insistiu: “Lumus! Lumus! Mas que droga, por que não está funcionando?”

“Solemcorpus” recitou tia Hermione. Uma onda de luz dourada emanou por um segundo do corpo da mulher, como se ela fosse um vagalume, porém logo se dissipou para a lona, assim como o Lumos do marido. “Esse é o feitiço do Dumbledore! O bruxo que encantou o circo sabe fazer algumas mágicas bem poderosas.”

Eles continuaram seguindo. Pareciam estar em um corredor, por que Alvo sentiu lonas de seus dois lados. Ouviu a voz de um garotinho: “Deby, você pisou no meu pé!”. “Então vai mais rápido, Nelsinho!” a tal Deby respondeu. Após um tempinho, eles viram os degraus da escada, pois eles brilhavam em luz verde, que não se dissipava. Subiram e encontraram o camarote exclusivo.

Era espaçoso e bem localizado. Podiam ver o palco do show de uma posição ótima. Podiam também ver as centenas de pessoas que já iam se sentando cadeiras, se ajeitando para o espetáculo. Dava para ver também os outros camarotes ao lado. O picadeiro estava coberto por uma cortina amarela com o mesmo símbolo do olho com a estrela, fazendo mistério para o que se passaria ali.

À direita, Alvo identificou a professora Aileen. Ela estava com o rabo de cavalo e incríveis óculos vermelhos estilo nerd que caiam muito bem com sua roupa jeans despojada. Abraçado a ela, um jovem alto de cabelo emaranhado castanho, pele pálida e lábios avermelhados. Tinha o jeito de esportista. Deveria ser o namorado dela. Quando ela notou que Alvo a fitava, deu um “oi” balançando a mão. Harry respondeu, mas Gina fingiu que não tinha visto. A mulher sorriu para Alvo e depois voltou a falar com o rapaz.

Alvo então olhou para o camarote da esquerda. Tinha um homem bem pálido e de cabelos lisos e negros sedosos. Ele usava um casaco branco e uma gravata preta. Tinha o jeito de alguém muito culto e importante. Ao lado dele estava o filho. Alvo pode afirmar isso, porque o garotinho branquelo de cabelo espetadinho era a cópia cuspida e escarrada do homem, só que deveria ter a idade de Alvo. Ao lado dele, uma menina de cabelo cacheado cheio conversava concentradamente com uma outra menina maior (da idade da prima Molly), ela tinha o cabelo lisérrimo e preto, com uma franja longa. Alvo seguiu olhando e tomou um susto.

Isobel estava lá também, ao lado da menina de partinha. Ela mirava o palco, parecendo bem entediada, mas atenta a tudo e todos ao seu redor. Alvo imediatamente afastou-se da sacada da arquibancada. Ele puxou Rosa e falou baixinho:

Rosa! Rosa! A Isobel, a menina da loja de varinhas, que tacou fogo em tudo! Ela ta aqui do lado!

Rosa foi lá espiar um pouco e voltou até Alvo.

Al, aquele homem é o professor Vogelweide que você me falou?

Não... O cara dos ingressos chamou ele de Monsier Derwent...

Derwent... Dilys Derwent foi uma das diretoras de Hogwarts. Ela também foi curandeira chefe do St. Mungus, o hospital dos bruxos. Esse cara desse ser descendente dela. Mas se o professor Ravus nem o Vogelweide estão aí, então não tem pra que...

Eu sei — precipitou-se Alvo. Ele pensou consigo “Só é estranho eu me encontrar com essa menina de novo”.

Então relaxa e curte o show. — disse uma Rosa sensata. — Os feitiços vão ser incríveis.

Alvo mirou o palco coberto por uma grande cortina amarela.

Foi de repente que elas se abriram, revelando nada além da mesma negritude que invadia todo o local. Então algo brilhou no teto da tenda. Todas as pessoas olhavam para ele, então não havia mais teto, mas sim um céu tão estrelado, com as marcas embranquecidas de galáxias cortando o espaço. E de repente uma chuva de meteoros se iniciou... Uma tempestade de estrelas caindo em direção ao público. Por um segundo Alvo assustou-se com uma estrela cadente que vinha em sua direção, porém quando a luz se aproximou o bastante, o garoto notou que se tratava de fadinhas. Elas se reuniram em um enxame de luz e se concentraram no palco, brilhando mais forte, a ponto de cegar...

A luz dissipou-se... E então lá estava o picadeiro, iluminado por uma luz de holofote, porém sem holofote. E em cima de um palquinho no centro dele, um homem velho, muito velho (ele tinha surgido do nada!) com a coluna mais torta que o garoto já tinha visto. Ele curvava-se para frente, vestindo aquele conjunto de maestro alaranjada, com uma cartola também laranja com o macabro olho do Mímico a mover-se e observar o público. As mãos estavam cobertas por luvas pálidas, uma das quais digiteava como o andar aractídeo da figura animada da porta do circo; a outra segurava a sua varinha anormalmente longa. Ele tinha os cabelos prateados deveras desgrenhados e a face pintada de branco, com as sobrancelhas marcadas numa expressão de dúvida eterna, os olhos eram apenas um traço, puxadinhos... E o sorriso, de batom vermelho que nunca se desfazia.

— Senhoras e Senhores — começou ele, com aquela voz profunda, rouca e misteriosíssima que ecoou por toda a arquibancada. — Rapazes e senhoritas, jovens, meninos e meninas, ora, sim, ora pois! Todos, todos aqui presentes! — disse isso tudo muito rápido e deu uma gargalhada lunática — Bem-vindos ao Fantástico Juperos! Aqui as mágicas são eternas, e nunca são esquecidas...

Ele soltou mais uma gargalhada e sumiu-se novamente.

As pessoas ficaram procurando o velho na escuridão além do picadeiro, até ele aparecer planando lentamente do espaço até o centro do picadeiro, com um guarda-chuva também laranja até pousar no palquinho novamente. Continuou o discurso:

— Meu nome é Yi Jun. E eu serei o capitão de vocês para essa viagem onde realidade é ilusão. — vários circenses foram surgindo das trevas até o picadeiro, vestidos de peixes e maquiados de azul-mar. Eles rodearam o velho, fechando o círculo para cobri-lo e depois aumentaram novamente a roda. O velho tinha desaparecido. No lugar do palquinho, havia uma fonte. Um jato de água ia saindo dela. Um jato abundante que logo fez o picadeiro virar um laguinho. Então transbordou...

O jato de água explodiu e tudo ficou escuro... Alvo queria ver o que estava acontecendo agora com a piscina do picadeiro. Mas quando a luz voltou, viu na sua frente um golfinho lilás nadando.

Todo o circo tinha se tornado um grande aquário. E as pessoas estavam mergulhadas em água! Alvo notou que seu cabelo balançava ao movimento da água, porém ele não se sentia molhado, nem teve que prender a respiração. E sua visão não estava turva pela água, mas podia ver as bolinhas saindo de seu nariz. A cortina do picadeiro balançava lentamente, também não parecia estar molhada. Que tipo de mágica era essa? Tentou falar para Rosa, mas bolhas saíram de sua boca. A menina apontou para Alvo olhar para o picadeiro.

Música tema - Espetáculo submerso

Os circenses maquiados com colam de escamas nadavam, junto aos golfinhos lilases, às Ramoras, e às peixes Reques espinhosas, fazendo acrobacias sob uma luz fantasmagórica que brilhava verde não se sabe de onde. Eles tinham uma sincronia incrível... Subiam, nadavam graciosamente, faziam abertura, giravam e desciam novamente, pegando carona com um golfinho.

De repente, vozes invadiram os ouvidos de Alvo. Eram vozes lindas, cantando em uma língua que lhe era estranha, mas com certeza falava sobre uma magia muito antiga e indecifrável. O garoto identificou de onde vinham as vozes. Sereianos com olhares focados e cruéis. Os seres iam cantando, uma dúzia deles, todos montados em Cavalos do lago, belos equinos marinhos com ccaudas longas navegantes...

A apresentação era mtica, bela, artística. No fim dela os circenses estavam sentados em uma raia gigante, que desapareceu no além-escuro. A luz novamente apagou-se e quando voltou, não havia sinal de água, de golfinhos, circenses nadadores, nem sereianos nem nada. Só o picadeiro focado pela luz. Alvo olhou para Rosa, que também sorria abobalhada.

— Acho que eles lançaram um feitiço de ilusão em massa — disse a Tia Hermione. — isso pode ser muito difícil e perigoso, porque...

— Mione, para de ser estraga prazeres e aproveita o espetáculo. — disse um tio Rony, que sorria também, procurando pistas de onde vinha o próximo número do circo.

Foi de uma fumaça estranha que se concentrou no palco do picadeiro de onde saíram a mulher de olhos puxadíssimos, maquiada de branco e os cabelos de trança até a cintura. Ela vestia uma roupa muito colada azul e prateada. Ela acenou para o público. Fez uma cambalhota singela para trás, depois deu um mortal para sair de cima do palco. Então, uma projeção luminosa gigante repetiu os movimentos da mulher. Era como uma marca espiritual gigante acima dela, que a imitava no escuro. Ela fez outros movimentos complexos e acrobáticos, e sua projeção os repetiu, fazendo um espetáculo lindo de rastros de luzes no teto espacial da tenda. Alvo ouviu tia Fleur exclamar: “Superbe!”.

Ela fez uma pose que lembrava um ser equino. Então sua projeção se tornou um centauro, como o da constelação. Ele saiu galopando conforme os movimentos da mulher. Ela fez outra pose, imitando a cabeça de um cão, fazendo o animal surgir na projeção de luz enorme bem acima. A imagem ladrava e logo libertou-se correndo por toda a extensão do circo, de acordo com a vontade da acrobata. Logo em seguida ela fez a pose da serpente e uma naja arrastou-se pelo céu, enrolando-se em uma dança estranha e hipnotizante.

A última pose da mulher foi a de um falcão, que desprendeu-se da projeção e saiu voando. A acrobata de repente abriu os braços e penas luminosas surgiram. Ela as balançou e voou junto com o pássaro de luz, ambos fazendo movimentos de vôo gêmeos. Então ela finalmente pousou, curvando-se para o público para agradecer as palmas com as asas morenas.

A outra apresentação foi ainda mais impressionante. Ao apagar e acender das luzes, surgiu uma caixa preta realmente enorme. Um grunido feroz vinha de dentro dela; sons de garras arranhando e o balançar ameaçador da caixa. Alguma coisa bem grande, irritada e selvagem estava ali dentro.

Meia dúzia de artistas de circo começaram a desprender os cadeados da caixa (“Alohomora!”). Quando faltava apenas a parte da frente para destrancar, fez-se um silêncio sepulcral. O público observava petrificado. Ouvia-se uma respiração áspera e agourenta vindo da caixa. Aquilo que estava dentro dela havia se aquietado, esperando... Os circenses se afastaram e de longe, um deles lançou um último “Alohomora”. Alvo engoliu em seco.

Um forte estrondo e a caixa quebrou em mil pedaços. Um enorme dragão adulto saiu da caixa, grunhindo para os circenses, mostrando aqueles dentes enormes para o público, que entrou em pânico naquele momento. Um dragão de verdade no meio do picadeiro!

Ele tinha vários espinhos ameaçadores, como cristas saindo de sua costa, além das enormes asas, as quais o bicho balançava, demostrando odiar toda a movimentação de pessoas que acabaram de se levantar, cair uma por cima das outras, fugindo do bicho. Eis então que uma voz ecoou por todos.

— Não temam! — era a voz de Jun — Esse dragão não é nada em comparação aos meus poderes — As pessoas viraram-se para ver onde estava o louco dono do circo. Assim que descobriram, soltaram uma exclamação, totalmente impressionadas. Alvo também achou aquilo totalmente assombroso.

Jun encontrava-se sentado na cabeça do enorme dragão, acariciando-lhe o chifre. E o dragão fechou o olho, como que gostando do carinho. As pessoas explodiram em palmas, lentamente voltando aos seus lugares, algumas sem óculos, com os cabelos desarrumados e as roupas viradas pela pressa da fuga.

— Um Dragão Dorso-Cristado Norueguês... Raro e legítimo, que se encontra sob meu poder. Adestrei-o, ele responde aos meus comandos.

O homem apontou para o alto e ordenou “Fogo!” e o dragão, obediente, cuspiu labaredas de fogo às alturas, fazendo um rastro de luz com as chamas. O Rastro ia se mantendo, formando a palavra YUPERUS no ar. O dragão parou e recolheu a asa direita e baixou a cabeça, num claro gesto de reverência. Maravilhado, Alvo aplaudia tanto que já sentia a palma da mão dormente.

Antes de se retirar, o Dragão Norueguês grunhiu para o público, mostrando os dentes, e bateu as asas causando uma lufada de vento poderosa. As pessoas continuaram aplaudindo quando as luzes apagaram e reacenderam.

Alvo sentiu uma brisa violenta assoviando. De repente sentiu um frio cortante e viu a neve se acumular sob o palco por completo. Os circenses vestidos de branco, com detalhes vermelhos, faziam uma dança em meio a neve, escalando uma montanha de gelo que aparecera no fundo do picadeiro. E no topo da montanha...

Um bicho enorme, com talvez oito metros de comprimento e uns quatro de largura. Lembrava uma baleia cachalote, flutuando sob os circenses... Sim, era uma baleia voadora, peluda, fofa, branca como a neve que se acumulava em suas costas. E ela expulsava o acúmulo da cabeça com uma lufada de vento que saia do buraco de sua cabeça (como se estivesse espirrando). Os circenses alcançaram a baleia e montaram nela, parecendo minúsculos nas costas do bicho, pegando carona no flutuar lento da Cachalote peluda, pulando no jato de ar pressurizado que saia da cabeça da baleia, e voando no topo do lufar, dando mortais no ar e formando danças sincronizadas sob os flocos de neve que caiam do teto da lona que imitava o espaço sideral... Então novamente as luzes apagaram.

Dessa vez elas ficaram apagadas por mais tempo. Mas o silêncio ansioso foi cortado pelo soar de uma melodia. Uma melodia estranha, misteriosa, que fez o coração de Alvo apertar. Ela era muitíssima bela, era o canto de algum pássaro. Um canto que ecoava dentro da cabeça de Alvo, um tom enigmático, singular. Alvo sentiu uma vontade indefinível. Era como se quisesse, quisesse muito, por favor... Ele queria demais que já não se aguentava, mas não sabia o que queria. Alvo ficou ouvindo aquele canto, até conseguir identificar o seu pai falando ao lado “Não pode ser...”

Mas o que não poderia ser, provavelmente era, porque quando as luzes acenderam com um brilho flamejante, Harry disse “Fawkes!”.

No centro do picadeiro, apoiada a um poleiro de ouro, lá estava ela... Linda... Uma magnífica fênix adulta, com as penugens douradas-avermelhadas, cada pena brilhando, fazendo todos se sentirem em uma alvorada particularmente mágica. Ela continuava a cantar, continuava a brilhar... Um canto cada vez mais profundo e particular, um brilho cada vez mais quente e avermelhado...

Então ao redor do poleiro da fênix, surgiu um círculo de fogo. O fogo era forte e rebelde. Dançava, fazendo sombras estranhas... A fênix parou de cantar e começou a bater as asas, sem sair do lugar. Batia as asas... O fogo aumentava... Ela parecia não poder sair do lugar... O fogo já estava se alastrando por todo o picadeiro... Ela queria sair dali, Alvo podia sentir o desespero da fênix...

O fogo tomou conta da cortina, subindo em flamulas cruéis, comendo sem limites o tecido. Ele tomou o fundo da lona do circo, e logo já estava no teto. O céu de estrelas desapareceu, Via-se a lua do verdadeiro céu escuro lá fora, para onde a fumaça subia voluptuosa...

As pessoas olhavam um tanto assustadas para o fogo que já tinha escondido a fênix por completo. Mas não fizeram nada, pois aquilo fazia parte do espetáculo. Um tanto assustador, é verdade, mas deveria ser apenas mais uma ilusão...

Mas Alvo já começara a tossir com a fumaça e se incomodar com o calor de brasa que já estava atingindo os camarotes. As chamas começaram a cortejar o lado das cadeiras. Mestre Jun, junto com dúzias de circenses lançaram feitiços de água nas chamas, porém elas não apagavam... Eram famintas e irredutíveis.

O primeiro grito de horror surgiu quando três dos circenses foram engolidos pelo fogo maligno, tornando-se imediatamente rastros pretos de cinzas e pó no chão: as primeiras vítimas do fogo insaciável que já queimava os assentos da primeira fila do público e deslocava-se em direção às arquibancadas... Aquilo definitivamente não fazia parte do espetáculo.

 


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Notas finais do capítulo

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