"Agora vem pra perto vem
vem depressa vem sem fim, dentro de mim
que eu quero sentir
o teu corpo pesando sobre o meu,
vem meu amor vem pra mim,
me abraça devagar,
me beija e me faz esquecer..."

Bem Que Se Quis - Marisa Monte

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Acordei com minha cama encharcada e gritando seu nome. Marco pulou da cama menor, assustado e veio em minha direção. Eu estava chorando, ele me abraçou sem que eu pedisse, como se lesse meus pensamentos. Ficou acariciando minhas costas e beijando meu rosto, carinhosamente.

'Calma, foi um sonho, já passou. Você tá bem, tá tudo bem, você tá acordado.' cerrei os punhos em torno de sua blusa, balançando a cabeça negando. 'Tá tudo bem, Jean...' continuei calado, tentando me acalmar, tentando lembrar que havia, de fato, sido só um sonho.

Tinha parecido tão real.

Marco encostado em uma casa destruída, no meio de uma cidade destruída, mas o lado direito de seu corpo não estava lá. A expressão em seu rosto era perturbadora, era claro que ele havia sentido dor.

Tateei seu corpo e seu rosto, me certificando de que ele estava intacto, de que Marco era ele todo. Beijei sua bochecha direita demoradamente.

'Foi outro sonho daqueles, não foi?' assenti, o abraçando mais forte e escondendo meu rosto em seu pescoço. 'Jean, eles são sonhos, a realidade é outra. Você tem que separar os dois, tá?' ele pegou meu rosto entre suas mãos e me fez olhar para ele. 'Eu to aqui, eu to bem. Tá tudo bem.'

'É que parece sempre tão real...' respirei fundo, tremendo um pouco, ele sorriu para mim. Não que eu acreditasse em reencarnação ou qualquer coisa desse tipo, mas aqueles sonhos eram sempre muito reais e eu acordava sentindo como se eu realmente vivera aquela situação. 'Eu não consigo tirar da minha cabeça a imagem de você, lá... Tão... Morto...' mordi meu lábio inferior. 'Me ajuda a esquecer, Marco?' pedi baixinho, seu sorriso aumentou. Ele assentiu e colou nossos lábios.

No fim das contas era sempre assim. Depois de todo pesadelo eu tinha Marco para me confortar. Ele me abraçava, me beijava, unia nossos corpos em um só. Ele me fazia tremer e suspirar do melhor jeito possível e eu conseguia retribuir todas as sensações - o que fazia eu me sentir ainda melhor.

Era difícil esquecer totalmente daquelas imagens, daqueles sonhos malucos e, geralmente, horríveis. Era difícil continuar a vida quando aqueles pesadelos ficavam mais frequentes a cada dia.

Mas enquanto eu tivesse Marco comigo, enquanto nada daquilo se provasse real, ficaria tudo bem. Mesmo quando toda noite eu sonhava algo diferente, mesmo quando eu não dormia por diversas horas para não ter qualquer sonho ruim. Porque ele estava lá, ele estava comigo. Enquanto ele estivesse lá estaria tudo bem.