–Marlee! -disse abrindo sua sala do ateliê das minhas roupas.

–Oi? -disse levantando em um pulo.

–Marlee, o que eu faço? -perguntei caindo em uma poltrona preta confortável.

–O que faz com o que America? -perguntou se sentando ao meu lado com a expressão preocupada.

–Estou suspeitando de uma coisa -disse passando a mão nos meus cabelos nervosamente.

–Sem rodeios America! Diga tudo agora. Está me deixando preocupada -Marlee disse com a voz firme.

–Eu acho que eu estou... -fiz uma pausa, mas ela me fuzilou com os olhos. -Eu acho que estou grávida.

Ela me olhou sorrindo animadamente.

–Que maravilha! -gritou ela saindo saltitando pela sua sala.

–Calma! -gritei.

–O que? -perguntou se sentando novamente ofegante.

–Eu disse “acho” e não “tenho certeza”. -disse meio triste.

–Por quê você ainda não fez o exame com o doutor Ashlar? -perguntou indignada.

–Eu queria que você fosse comigo -disse sorrindo fraco.

–Ah... por quê você não disse antes? -perguntou se levantando e ajeitando os cabelos. -Vamos agora! -disse sorrindo.

Levantei sorrindo e também ajeitando os meus cabelos. Ela pegou na minha mão e foi me arrastando até a ala hospitalar. Quando estávamos quase entrando, uma voz me tirou dos meus pensamentos “grávida ou não”.

–Você está bem, meu amor? -Maxon perguntou chegando perto de mim.

–Eu? -perguntei me fazendo de desentendida.

–Tem mais algum “meu amor” aqui? -perguntou ironicamente.

–Ah sim, me desculpe. É a Marlee, ela está com uma dor de cabeça terrível -disse falando a primeira coisa que me veio à cabeça e olhando para Marlee que assentiu e fez uma cara horrível.

–Sendo assim, melhoras Marlee. -Maxon disse lhe abraçando. -Tchau meu amor -disse me dando um selinho e desaparecendo na mesma velocidade com que apareceu.

–Ufa, foi por pouco -disse arrastando Marlee e entrando na ala hospitalar.

–Por quê você não quer contar pra ele? -perguntou franzindo a testa.

–Não quero dar falsas esperanças à ele -disse me sentindo triste repentinamente.

–Entendo -disse por fim.

Entramos na sala do doutor Ashlar e ele estava examinando alguns papéis. Tirou os olhos dos papéis e viu que era eu e se levantou, fazendo uma reverência.

–Majestade -disse meio surpreso.

–Olá doutor -dissemos eu e Marlee em uníssono.

–O que as traz aqui? -perguntou se sentando e fazendo gesto para que nós nos sentássemos também.

–Eu queria fazer um exame -disse meio envergonhada, me sentando.

–Qual especificamente? -perguntou, apesar de eu já desconfiar que ele sabia muito bem qual era; puft.

–Exame de gravidez -disse Marlee sorrindo.

–Qual das senhoras precisa? -perguntou dr. Ashlar.

Perguntação do caramba!

–Eu doutor Ashlar -disse meio irritada, mas dando o melhor dos meus sorrisos.

–Ah sim, claro. Poderia me acompanhar, por favor? -falou se levantando.

–Claro -disse e me levantei. -Você poderia me esperar, Marlee? -perguntei.

–Claro, vai em paz -disse fazendo graça. -Boa sorte -acrescentou sorrindo.

–Obrigada -disse sorrindo e acompanhando o dr. Ashlar.

O doutor Ashlar fez um exame de sangue que sairia em trinta minutos e pediu que aguardasse, já que eu parecia muito ansiosa.

***

Estava sentada com Marlee na sala do doutor Ashlar, quando um Carter todo preocupado entrou na sala todo apressadinho. Logo eu pensei o pior. Será que tinha acontecido alguma coisa com meus filhos ou com Maxon?

–O que aconteceu, Carter? -perguntei com a voz trêmula.

–Nada com que você tenha que se preocupar America -disse e se virou para Marlee. -Você está bem, meu amor? -perguntou abraçando-a.

–Estou ótima -respondeu e eu lhe lancei um olhar reprovador, porque até para Carter ela estava com uma terrível dor de cabeça. -O doutor Ashlar já me medicou -acrescentou sorrindo fraco.

Marlee servia até para ser atriz se quisesse. Olhei para o doutor Ashlar e balancei a cabeça afirmando discretamente.

–Ah sim, claro -disse dr. Ashlar.

–Então está bem -disse Carter meio desconfiado. -Vou voltar para o meu serviço -disse saindo pela porta meio frustrado.

–Salva pelo gongo duas vezes -disse suspirando.

–Desculpe-me perguntar -começou o dr. Ashlar- mas porque as senhoras mentiram?

–Não quero dar falsas esperanças para Maxon, então só contarei, se eu estiver grávida, no dia do nosso aniversário de casamento, que inclusive é amanhã -completei sorrindo.

–Entendo -disse o dr. Ashlar se levantando.

Ficamos mais uns dez minutos sozinhas na sala do doutor Ashlar, até que ele chegasse com os exames. Ele me entregou os exames e sorriu. Não sei se esse sorriso era tipo “Parabéns, você está grávida” ou “Sinto muito, mas você não está grávida”, então peguei os exames, agradeci e sai seguida de Marlee.

–Abre -disse sorrindo.

–Só no seu ateliê -disse escondendo o exame debaixo da manga do vestido e saindo da ala hospitalar.

Ela assentiu e fomos em silêncio até seu ateliê. Sentei na mesma poltrona e fiquei olhando para o exame em minha mão. Marlee se sentou ao meu lado impaciente.

–Vai abrir ou não? -perguntou.

–Não, abre você, por favor -disse com medo e lhe entregando.

–Tá bom -disse abrindo o exame.

O meu coração parecia uma bateria, de tão forte e rápido que batia. Marlee abriu o exame e fez uma cara de decepcionada. “Eu não estou grávida”, minha consciência falou.

–Parece que Amberly e Cameron vão ganhar mais um irmãozinho ou irmãzinha -disse fingindo cara de decepcionada.

–O que? -gritei.

–Isso mesmo... -disse Marlee sorrindo e me abraçando. -Você está grávida, gravidíssima! -gritou Marlee saltitante pelo ateliê.

–Eu estou grávida? -perguntei emocionada.

–Sim, America! -gritou feliz da vida.

–Eu estou grávida -falei feliz e me juntando à Marlee.

Eu estava feliz, pois estava podendo realizar mais um desejo de Maxon.

*****

Entrei no quarto e tratei de esconder o exame dentro de uma caixa de sapatos no meu closet. Sai do meu closet e me joguei na cama sorrindo.

–Posso saber o motivo dessa felicidade? -Maxon perguntou entrando no quarto e se jogando ao meu lado sorrindo.

Pensa rápido. Pensa rápido.

–Amanhã é o nosso aniversário de cinco anos de casamento -disse ficando em cima dele e sorrindo maliciosamente.

–Verdade -disse rindo. -Esse é o total motivo da felicidade?

–Claro, teria outro motivo? -perguntei rindo.

–Sim -disse sorrindo maliciosamente. -Como por exemplo eu estar todo lindo aqui na sua frente e pronto pra te agarrar -completou rindo.

–Ah é? -perguntei e ele assentiu. -Que privilégio! -disse lhe dando um beijão.

Aquela tarde foi muito agradável e eu estava imaginando sua reação quando soubesse que seria pai novamente.

***

Estávamos jantando e conversando. Amberly parecia uma dama, de tão comportada, já Cameron era mais travesso. Amberly, digamos, se metia em menos confusão do que Cameron.

–Ansiosos para a festa amanhã? -perguntei sorrindo.

–Claro, mamãe -disse Amberly sorrindo.

Apesar de seus quatro anos, Amberly e Cameron sabiam falar muito bem e tinham dificuldade só em algumas palavras.

–E você Cameron? -perguntei rindo baixinho.

–Sim, mamãe -disse sorrindo.

Eu achava muito lindo eles nos chamarem de “mamãe” e “papai”, tomara que isso fosse para sempre. Imaginem eu e Maxon velhinhos e sendo ainda chamados de “mamãe” e “papai”... é um sonho.

Após o jantar, subimos e colocamos as crianças para dormir, como fazíamos sempre. Depois que fizemos elas dormirem, fomos para o quarto e eu tive uma grande surpresa.

Tinha uma mesa na sacada de nosso quarto com champanhe e com algumas velas.

–Surpresa -Maxon disse baixinho perto do meu ouvido.

–Obrigada -disse me virando para ele e lhe dando um BEIJÃO (huahauhauahua).

E assim começou mais uma noite de mais comemorações...

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