Stay With Me escrita por Fenix
Caminho com ele pela rua, a minha timidez é tão grande que não me deixa dizer uma palavra se quer. Ele por sorte não tem muito e puxa a conversa a hora que bem entender, mas acredito que Zac está respeitando um pouco o momento... Ou tentando aproveitá-lo do mesmo modo que eu.
Eu tenho o costume de estragar tudo e não queria isso agora, porque essa noite é aquela noite que você vai lembrar por muito tempo, que vai ficar voltando em sua memória nos momentos mais difíceis, para que você tenha um foco e te ilumine quando estiver escuro. De todas as meninas e meninos que já olharam para mim, nenhum deles mexeu comigo deste jeito.
– Já estamos chegando! - Ele diz, um pouco a minha frente e virou o rosto para me olhar.
– Tudo bem! - Respondo com um sorriso bobo no rosto.
Eu o acompanho ficando ao seu lado, tento disfarçar olhando para o chão, e então eu reparei que meu tênis estava desamarrado.
– Hey, deixa eu só amarrar meu tênis - Aviso ao parar abrupto.
– Deixa comigo - Ele rapidamente se agacha em minha frente e pega os cadarços.
– Ei, não precisa... Eu posso fazer isso sozinho - Digo.
– Agora já foi - Ele diz, com seu tom de voz mais meigo e irresistível possível.
– Estou me sentindo um inútil - Brinco com Zac.
Ele da uma risada negando a cabeça e levanta me olhando diretamente em meus olhos.
– É, hm... Vamos?! - Eu digo, desviando o olhar para o lado.
– Ah, claro... - Ele diz como se tivesse despertado de um transe.
Retornamos a caminhada até o carro dele. Ao chegarmos próximo do carro, lhe noto indo em direção à porta do carona, tomo sua dianteira e encosto na porta.
– Não! - Falo com um sorriso - Você não vai fazer isso, pode dando a volta.
Ele inclina levemente a cabeça para o lado me encarando com um sorriso de canto e da à volta no carro. Sinto-me mal com ele fazendo tudo isso pra mim, não sei se um dia vou encontrar alguém tão gentil quanto ele, mas algo em mim me deixa desconfortável com tudo isso.
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Durante o caminho de volta para minha casa, tento quebrar o gelo e ligo o rádio, para variar está tocando "Till The World Ends" da Britney Spears, eu devo ter feito uma expressão muito engraçada que ele chegou a rir de mim. Meus pés logo começaram a se mexer no ritmo da batida, ele começa a cantar de repente, sua voz é muito bonita, mas acho que ele desafina só para ser engraçado, e está funcionando.
Não ia deixá-lo sozinho nessa, acompanho-o na medida do possível, e nós dois começamos a gargalhar das nossas vozes terrivelmente escrotas enquanto tentávamos chegar ao tom da Britney Spears.
– Você gosta dela? - Ele pergunta.
– Está brincando? Ela é a maior artista que já existiu... Depois de Michael Jackson claro - Eu falo.
Ele da uma risada.
– O que?
– Eu escuto a Britney, mas prefiro Katy Perry!
– Eu gosto da Katy, mas prefiro da Britney - Retruco com um tom gentil.
– Você já fez curso de inglês? Sua pronuncia é ótima.
– Estou cursando, mas faz pouco tempo... O que sei é graças às músicas que eu ouço.
– Acho legal, Inglês é importante para tudo, eu pretendo viajar o mundo... Sabe, conhecer outros lugares, outras culturas...
Cada palavra que ele dizia me deixava cada vez mais fascinado, eu certamente deveria me jogar do carro agora e torcer para não sobreviver com a queda, mas por um segundo... Por apenas um pequeno momento, eu não liguei para os outros, eu não esquentei com o que vão pensar, porque parecíamos existir apenas nós dois no mundo, e nunca me senti tão vivo e tão bem em toda a minha vida.
– Isso é incrível! - Falo animado e tentando incentivá-lo de seus objetivos. Bem, eu não tive muitas pessoas para me fazer isso, então acho importante fazer com as pessoas que eu gosto.
– É o que eu mais quero... E você? Qual seu grande sonho?
– Meu grande sonho...? - Eu olho pra frente ficando sério por uns instantes, então dou um sorriso de canto e respiro fundo - Meu grande sonho é viver no Estados Unidos!
– Jura?
– Sim! Realmente amo o Estados Unidos.
– Isso é fascinante... Também pretendo viver lá!... Depois de viajar o mundo.
Eu dou uma risada e olho para ele, a luz do poste ilumina meu rosto e posso vê-lo mudar de expressão, não sei bem o que ele pensou, mas ficou com um olhar suave me olhando, eu sempre fico encantando com seus olhos verdes, não me canso de citá-los porque são realmente lindos.
Depois de alguns segundos, fiquei sem jeito e me ajeito no banco, aponto para onde é minha casa e ele estaciona em frente. Eu encaro a porta da frente, sei que a partir do momento que eu passar por aquela porta, tudo isso vai deixar de existir, será como acordar de um sonho, daqueles que você não quer acordar de jeito algum.
– O que foi? - Ele me pergunta ao notar que minha expressão mudou de um instante para o outro.
– Nada... - Respondo-o com um rápido sorriso de canto e volto a ficar sério. Olho para ele pela última vez, tento gravar seu rosto em minha memória, desde então será a única que terei de você, apenas uma boa lembrança. - Obrigado!
– De nada...!
Retiro o cinto e toco na maçaneta da porta, olho novamente a porta de minha casa.
– Tem certeza que está tudo bem?
– Tenho... Obrigado mesmo! - Eu estico minha mão para me despedir, Zac desce o olhar para ela e a aperta.
– Tchau! - Ele me diz como se não fosse a última vez que iríamos nos ver, eu queria acreditar que não seria.
– Tchau!
Saio do carro e vou em direção à porta com a chave nas mãos, paro em frente e respiro fundo, sinto o carro se afastar e fecho meus olhos, ponho a chave na maçaneta e entro em casa.
– São três horas da madrugada, onde você estava? - Minha mãe me pergunta saindo da cozinha com uma caneca em mãos.
– Estava na festa da Narayani... - Me dirijo logo para a escada.
– Quem te trouxe aqui? Aquele carro não é o da Ana - Ela me segue e para no início da escada.
– Boa noite, mãe!
– Felipe, quem era no carro? - Seu tom autoritário soa alto, fazendo-me parar de andar.
– Era um amigo ta legal?... Você ligou e pediu pra eu vir logo pra casa, a Ana quis ficar e ele se ofereceu em me trazer, vai voltar a controlar as minhas amizades agora? - Falei irritado.
– NÃO FALA ASSIM COMIGO! - Minha mãe grita furiosa.
Retorno a caminhar enfurecido e bato a porta de meu quarto, encosto-me nela e respiro fundo, o cômodo está escuro, a luz da lua iluminava por algumas brechas da cortina fechada, eu dou um sorriso lembrando do rosto de Zac, sento-me na cama e deito-me em seguida, olho para o teto e de repente começo a sorrir. Na verdade nem eu sei o que me deu agora, só que meu corpo inteiro está tremendo, eu não consigo tirar esse sorriso do rosto.
É como se fosse um carma, se estou feliz agora a vida dá um jeito de me deixar para baixo, justo no momento em que eu não podia estar mais feliz. Foi então que eu tive o sonho, ou melhor... O pesadelo, o pior que uma pessoa poderia ter agora!
Estou no cinema que geralmente costumo ir com meus amigos, não vejo o rosto das pessoas em minha volta, são borrões como se estivessem em movimento. Ouço me chamarem e quando me viro avisto meu amigos, corro até ele e recebo logo um abraço de Narayani.
– Parabéns! - Ela me diz sorridente.
– Obrigado - Estou feliz e animado por todos estarem aqui. Em seguida sou abraço por Ana, Joe, Carol, Michele e outros amigos - Caramba, obrigado mesmo por virem pessoal!
– Não perderíamos seu aniversário né, Fê? - Diz Michele, que está ao lado do namorado.
Estou realmente contente com todos aqui, portanto vamos para fila e discutimos sobre o filme que iríamos assistir, eu na verdade não queria assistir filme de comédia como todos, então opinei para assistirmos qualquer um de Terror. Carol e Ana ficaram com medo e reclamaram da escolha, porém usei o meu discurso de que sou o aniversariante e acabamos indo assistir o filme que eu queria.
Um pouco antes de sermos os próximos a comprar os ingressos, um "Ei" soa de repente, eu reconheço essa voz, dou um grande sorriso e viro-me sem acreditar, e então lá está ele se aproximando da fila com um presente na mão e braços abertos. Me adianto com alguns passos e então ele me abraça forte e eu podia até sentir o calor de seu corpo, nos afastamos sorrindo.
– Zac, você veio... Você veio mesmo - Digo sem acreditar.
– Não perderia por nada, agora abra, comprei para você! - Ele diz me entregando o presente que não era muito grande - Acho que você vai gostar... Feliz Aniversário!
– Não precisava.
– Não ia vir para seu aniversário de mãos abanando.
Eu abro o presente e me deparo com mais novo CD da Britney Spears , arregalo meus olhos e o encaro.
– Não... - O sorriso fica estampado em meu rosto - Meu Deus, você é demais! - Eu o abraço novamente - Obrigado, obrigado, obrigado, obrigado...
Zac parece estar mais feliz que eu, pela primeira vez eu o vejo sem ter o que dizer. Quando nos afastamos, ele me encarou nos olhos, eu retribuo-o, e então aconteceu... Nos beijamos pela primeira vez, podia sentir seus lábios levemente rosados tocarem os meus, essa sensação não tem como descrever, é algo de outro mundo.
E quando nos afastamos, viro-me animado para apresentá-lo para meus outros amigos e me deparo com todos sérios e alguns com olhares enojados me encarando. Minha expressão muda momentaneamente, Zac não sabia ao certo o que fazer nessa hora.
– Hm... Então, eu só vim te desejar parabéns, tenho que sair com a minha mãe daqui apouco! - Diz Carol, ela passa por mim como se eu tivesse alguma doença contagiosa.
– Pois é, eu também tenho que resolver algumas coisas do meu carro...! - Joe é o segundo a sair.
Não, eu não podia acreditar que eles estão me deixando sozinho no dia do meu aniversário, isso... Isso não pode ser real! Ana passa pelo meu lado e nem se quer tem coragem de olhar no meu rosto, meus olhos já estão cheios de lágrimas, meu nariz está em chamas e começo a fungar.
– Por favor... - Digo olhando para Narayani.
– Desculpa... Não dá - Ela afasta-se em seguida e logo depois sai Michele.
Meus olhos segue Narayani passando ao meu lado, a lágrima escorre por meu rosto, e então desabei, meu mundo realmente caiu. Zac me abraça por trás e cola sua cabeça na minha, fecho meus olhos chorando sem parar, a dor que eu estava sentindo nesse momento é totalmente insuportável, eu tentava me conter, mas não conseguia, quando eu vi Narayani se afastar foi como se eu tivessem atravessado a mão pelo meu peito e sufocado meu coração. Viro-me para Zac, ele me abraça o mais forte que conseguia, e me deixa chorar em seu ombro, eu puxo o ar tentando fazer com que meu pulmões funcionassem.
Abro meus olhos acordando desse pesadelo, encontro-me chorando de verdade, sento na cama e seco as lágrimas que escorriam pelo meu rosto.
– Droga... - Fecho meus olhos e ponho a mão na nuca, respiro fundo e tento me tranquilizar - Droga... - Minha voz quase não sai, estou ofegando ainda.
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