Stay With Me escrita por Fenix


Capítulo 26
Mudanças - Parte 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/541218/chapter/26

– Que gracinha - Ouvimos alguém dizer.

Abro meus olhos devagar e vejo Narayani e Carla paradas na porta observando a gente.

– Vai embora Carla - Zac fala ainda deitado.

– Vocês estão tão fofos juntos - Narayani comenta.

Dou uma risada um pouco envergonhado. Carla puxa o edredom quando se aproxima da cama, deixando Zac um pouco irritado e fazendo-o jogar o travesseiro nela.

– Olha aqui seu gayzinho, não vai fazer isso comigo não - Ela pega o travesseiro, pula na cama e bate com ele em Zac.

Quando percebe que não o faria levantar, nossos olhares se cruzam e os pensamentos se alinham, juntos empurramos ele para fora da cama.

– Isso é um complô? - Ele diz.

Eu e Carla ficamos em cima da cama olhando para ele caído no chão. Logo levanta-se e de repente batem com o travesseiro nas minhas costas, Narayani está rindo com o travesseiro em mãos.

– Então é guerra isso aqui - Digo - Dois contra dois!

– Isso é injusto... - Carla fala segurando o travesseiro que estava no pé da cama - Pra eles!

E começamos a mais idiota e divertida guerra de travesseiro da história das guerras de travesseiro. Nunca pensei que fosse fazer algo tão bobo, mas que fosse ser tão engraçado. Depois de exaustos e com esse ótimo despertador, nos arrumamos para irmos ao mercado fazer compras para ter algo para comer.

Conversamos durante o caminho até o mercado, principalmente Carla e Narayani que ficavam animadas com os garotos bonitos que estavam indo à praia. Confesso que alguns eram bem bonitos, mas só tenho olhos para uma pessoa.

Durante as compras, Carla estava mais preocupada com que tipo de banana ela iria comprar do que com o resto das coisas. Eu e Narayani vamos para o setor de coisas para banheiro. Durante sua analise as prateleiras, eu empurrava o carrinho.

– O que você acha de levar isso? - Ela brinca pegando um sabão em pó.

– Claro - Respondo com uma risada - O que ta achando?

– Do que?

– Disso... Da viagem até agora...

– Ah, Felipe... Eu to achando legal.

– De verdade? - Eu não queria que ela pensasse que a trouxe para segurar vela, às vezes fico desconfortável por ficar com Zac e achar que ela também esteja desconfortável.

– Sim! - Narayani vira-se para mim - Eles são legais... A Carla é meio louca, mas eu to gostando dela.

– É, ela é - Dou uma risada - E o que ta achando do Zac?

– Vocês são fofos - Ela diz.

– Eu não sei... Eu acho que estou realmente gostando dele, sabe?

– Olha, quem diria, você está apaixonado? - Então sai de frente do carrinho e fica ao meu lado - Ele te faz feliz, então tudo bem pra mim!

– Fico feliz em saber que está gostando dele.

Abraço-a dando um sorriso e em seguida continuamos a caminhar pelo corredor.

–-----------------------------------------

O resto do dia nós passamos na praia, onde fiquei mais dentro da água do que na areia. Narayani me fazia companhia algumas vezes. Enquanto conversávamos, Zac mergulha pondo meus pés em seus ombros e levanta-se abruptamente, fazendo-me saltar da água e cair de costas. Ao submergir, o avisto gargalhando com Narayani, apenas para me vingar jogo água neles e pulo em cima de Zac.

Como sempre, eu não podia sair dali ileso. Enquanto saíamos da água, eu paro um pouco para olhar a criança que rolava da areia até o mar, e nesse instante uma onda estoura atrás de mim, me derrubando. Quando dou por mim, estou na areia, com a mão de Zac esticada para me ajudar a levantar.

– Eu estou sempre te ajudando, já reparou nisso? - Ele diz.

– Idiota - O empurro no chão de brincadeira. Ele da uma risada e olha para mim, sei o que esse olhar significa, é a deixa para que eu saísse correndo feito um louco.

Por sorte, a praia não está tão cheia, então corro o mais rápido possível para o mais longe que eu conseguia. As risadas vão tirando meu fôlego a cada passo, até que paro exausto apoiando-me em meus joelhos. Uma pressão toma conta de meu peito da forma que não podia mais respirar. Zac põe a mão em minhas costas e nota que tem algo errado, rapidamente ajoelha-se ao meu lado, dizia coisas tentando me tranquilizar, mas que eu não podia ouvir direito com tanto nervoso. Meus olhos estão arregalados por socorro, essa sensação de não poder respirar é agonizante.

Aos poucos vou retornando ao normal e minha respiração foi sendo liberada. Narayani e Carla se aproximam em seguida ao perceberem algo estranho.

– Eu não sei o que aconteceu - Diz Zac, com seu braço em volvido em minha cintura e ainda agachado comigo.

– Nossa, eu não o via ter um ataque de asma desde o colégio - Narayani comenta.

– Asma? - Carla olha para ela.

– Pelo o que me contou, ele tinha princípios de asma. A Tia dele é asmática e ele é propenso a ser também.

– Ele não me disse - Diz Zac.

Eu só não queria ser mais esquisito do que já sou! Eu não sou asmático, mas quando estou muito agitado, às vezes acontece isso. Tento não dizer a todos que conheço, pois não é certamente verdade, apenas uma coisa que não achei necessária contar. Enquanto estou ainda fraco, sentado na areia com Zac me abraçando, fecho meus olhos e penso que as coisas podem ficar diferentes agora. Droga, eu realmente odeio isso! Não gosto quando se preocupam atoa comigo.

–----------------------------------------------------

Logo depois disso, voltamos para casa. Fiquei sentado na cadeira da varanda dos fundos, com meu laptop no colo e um copo de suco ao lado na mesa. Zac, Narayani e Carla aproveitam o resto do dia na piscina. Não estou escrevendo nenhuma história, estou apenas expondo todas as coisas que aconteceram hoje. Para que eu pudesse ler e lembrar com mais rijo.

Eu queria poder estar com eles na piscina, mas ainda estou me sentindo um pouco cansado, então assim que cheguei, fui direto tomar um bom banho morno, que deixou embaçado até os ladrilhos do cômodo.

– Você quer alguma coisa? - Zac pergunta, agachando ao lado da cadeira, um pouco ofegante por estar na piscina e literalmente todo molhado.

Essa é a quarta vez que ele me faz essa pergunta. A forma como ele se preocupa é tão gentil, não sei se eu mereço tudo isso, se eu realmente mereço estar com ele, porque eu sinto que ele é alguém tão único e eu sou tão sortudo por tê-lo aqui comigo.

– Não, eu estou bem - Digo com um sorriso simpático.

– Qualquer coisa pode me chamar, qualquer coisa mesmo - Ele diz.

– Tudo bem, eu estou bem.

– Okay - Ele passa as mãos no cabelo me molhando com alguns respingos e volta rindo para a piscina.

– Gente, eu to ficando com fome - Narayani se pronuncia dentro da piscina - Vocês não estão não?

– Eu estou, mas estou com uma preguiça de ir pra cozinha - Diz Carla, deitada na beira da piscina, tentando ficar bronzeada com o sol de uma hora da tarde.

– Eu ajudo - Diz Zac.

– Oi? - Me pronuncio - Não quero que a cozinha pegue fogo!

– Foi só um macarrão! - Ele diz.

– A cozinha ficou cheirando a queimado durante uma hora - Respondo rindo.

– Acontece! - Zac fala.

– Bom, você pode ajudar, mas fica longe do fogão - Narayani diz durante sua saída da piscina pela escada lateral. Ela pega a toalha em cima da cadeira, a enrola no corpo e caminha em direção a casa. Antes de entrar, para ao meu lado e pergunta como estou me sentindo!?

Eu fico um pouco sem jeito com essa preocupação deles, me sinto mimado, o que é um pouco engraçado. No entanto não aconteceu nada demais, eu estou bem e estou cansado de dizer isso.

Os dois vão para cozinha para iniciar os preparativos do almoço. Eu fico sentado na cadeira por mais um tempo, até que o silêncio me irritar e forçar-me a por alguma música para tocar. Assim começa a introdução de 'Work Bitch', só escuto o grito de Narayani para que eu tirasse a música.

– Aaaahhh Não! - Ela diz.

– Qual é? - Digo.

– Outra música, Felipe.

– Ta beeeeem... - Então coloco uma música 'Summer' de Calvin Herris.

Não demorou muito para que eu cansasse de ficar na varanda e levanto-me para cozinha. Narayani está no fogão fazendo macarrão e Zac lavando tudo que usavam. Fico encostado na porta olhando para eles.

– Que isso, ótimo trabalho em equipe - Comento me aproximando de Zac e ajudando-o a lavar a louça.

Estou quieto e olhando para ele concentrado enquanto enxaguava o prato. Não consegui resistir e espirro um pouco de água nele com a mão. Zac olha pra mim e faz o mesmo. Dou uma risada e lhe jogo água novamente, ele por sua vez abriu a bica e espirrou toda a água em mim.

– Você me paga! - Digo totalmente molhado.

– Vai fazer o que?

Corro até ele e o abraço molhando-o. Narayani gargalha quando caímos no chão e o jato de água ensopava a área perto da bica. Fico em cima dele, puxo seus braços para cima e o seguro no chão.

– Isso não vale! - Ele diz.

– Aaaahh vale sim - Respondo.

Aproximo-me de seu rosto e o beijo devagar. É tão bom poder fazer essas coisas, realizar momentos que eu sempre sonhei em fazer com alguém que eu realmente amasse.

–--------------------------------

Assim que anoiteceu, saímos um pouco de casa. Fomos para praia onde estava tendo um show de alguma banda local. A orla está bem movimentada, com pessoas que estão empolgadas cantando as músicas que pra mim são totalmente desconhecidas. Caminhamos para a areia e ficamos sentados conversando por um tempo.

– O que você faria se fosse seu último dia de vida? - Carla pergunta a mim.

– Eu não sei...

– Ele iria vê a Britney Spears– Zac brinca.

– Talvez - Dou uma risada e os encaro suavemente - Acho que eu iria querer aproveitar cada segundo que eu tivesse.

– Isso é bonito - Zac me abraça forte que quase desloca meu ombro do lugar. Okay, não tão forte, mas foi bem apertado. Não disse que não gostei!

– E você Zac, o que faria? - Narayani pergunta.

– Eu falaria com a pessoa que eu mais amo no mundo... Iria querer ouvir a voz dessa pessoa até meu último segundo de vida - Ele responde.

O silêncio prevaleceu por alguns instantes. Seguro a mão dele que repousava em seu joelho, ele um pouco surpreso, levanta seu olhar a mim e dou um sorriso de canto. Sinto um rápido frio na barriga, quando você conhece alguém que sabe exatamente como você se sente, conhece seu pior lado, sabe de todos os seus defeitos, esteve presente nos piores e melhores momentos, alguém que o ama sem pedir nada em troca e já não sabe mais onde começa a sua história e termina a dele, você não quer perdê-lo. Ainda que isso signifique lutar contra o que você sente porque, afinal, a única coisa que importa a você é que ele esteja bem. Ouvi-lo dizer o que faria se fossem seus últimos momentos de vida, apesar de uma brincadeira, me fez sentir um medo que eu nunca mais quero sentir na minha vida.

Perder uma pessoa nunca é fácil, perder uma pessoa que você tem amado mais e mais a cada dia, é devastador. Não quero ter que pensar nisso, ele é a grande parte de mim, não sei como explicar exatamente, mas ele é basicamente tudo o que eu sempre quis.

Um rapaz se aproximou da gente e perguntou se a Narayani queria ir comer algo com ele. Ela olhou pra gente sem saber direito o que fazer. O rapaz é bonito, cabelo raspado, corpulento e pele bronzeada com seus lábios rosados. Não poderia deixar de comentar sobre seus olhos tão pretos que chamam atenção.

– Vai garota - Diz Carla.

– Divirta-se um pouco - Digo.

Ela da um sorriso tímido e levanta-se com a ajuda dele. Os dois caminham se afastando de nós.

– Bom, eu não nasci pra ficar segurando vela, então nos encontramos em casa - Carla levanta e anda em direção à multidão na rua.

– É, agora é só a gente - Comento - Você já sabe o que vai fazer nas férias de fim de ano?

– Ainda não, mas eu estava querendo ir ao cinema... O que você acha?

– Pode ser... Seria legal!

– E seus pais, como você está em relação a isso?

– Eu to bem... - Digo depois de um suspiro - Eu estou aguentando.

– Você algum dia pretende...

– Sim - Digo rapidamente - Eu vou me assumir! Só acho que ainda não é a hora.

– Não se pressione, isso precisa vir de você, espere até ter certeza que é a hora certa pra isso.

– Eu sei.

Ele envolve seu braço em meus ombros e aproxima-se de meu corpo. Aconchego-me em seu ombro e pude relaxar, ficar tão bem comigo mesmo que eu não sabia que ter essa sensação era possível.

– Se você quiser ajuda pra contar... Eu posso ir com você!

Era o que eu precisava, eu precisava de alguém ali comigo, para poder me segurar quando eu definitivamente cair. Alguém que pudesse me trazer de volta quando eu não tivesse mais esperança em nada. Eu preciso de alguém que me ame de verdade para poder ter a quem recorrer na hora em que tudo irá mudar.

– Faria isso? - Pergunto.

– Eu faria qualquer coisa por você!

Podem chamar de burrice, mas quando eu amo alguém, eu me jogo totalmente. Não sei amar pela metade, comigo, ou gosto da pessoa ou não gosto, nunca tive meio termo. Então cada vez eu ficava mais perdidamente apaixonado por esse garoto que se torna único a cada palavra. Não me considero burro, me considero a pessoa mais sortuda desse mundo.

– Você é especial pra mim... Você não sabe o quanto! - Ele diz.

– Vamos ficar elogiando um ao outro pelo resto da noite - Digo - Eu posso citar exemplos infinitos de quanto eu gosto de você.

Ficamos abraçados por um tempo, observamos as pessoas, ouvimos a boa música da banda que está tocando no palco neste momento. O mais engraçado é que as pessoas não olhavam pra gente, não julgavam e nem olhavam torto, simplesmente agiam como se nada estivesse acontecendo.

Foi surpreendente pra mim e acho que ele pra ele também. Meus olhos ficam caçando algum olhar que estaria punindo nós dois, mas não encontrei nenhum. As pessoas não ligam ou disfarçam muito bem.

– A gente podia ir assistir aquele filme de ação que você queria assistir no cinema - Digo.

– Podemos ir semana que vem.

– Sim, eu não tenho aula na quarta-feira.

– Quarta-feira do beijo? - Ele brinca. Tem uma promoção no cinema perto da minha casa, toda quarta-feira se algum casal se beijar, os ingressos saem pela metade do preço.

– É, eu acho que não - Respondo rindo - As coisas são bem diferentes lá.

– Aqui é bem mais tranquilo.

– Sim... Eu não me importaria de vir morar aqui.

– Será se a tia da Carla quer vender a casa? - Zac olha pra mim com um sorriso de canto.

– Bobo - Falo rindo e dando um leve tapa em seu ombro.

Algumas vezes eu pensava que isso não poderia estar acontecendo comigo, fala sério, como eu poderia imaginar que eu viria parar aqui? Com alguém tão especial como Zac ao meu lado, tendo esse final de semana maravilhoso, no qual eu não preciso me esconder, não preciso fingir quem eu não sou para apenas sobreviver mais um dia. Eu poderia dizer muitas coisas, ficar falando com alguns amigos sobre como é difícil ser quem sou, aturar todas as encaradas e fingir que você não as percebe. Dizem que ser homossexual é ser fraco, frouxo, mas convenhamos, tem que ser muito forte para poder aturar tudo isso e continuar de pé.

Enquanto fico sentado nessa areia levemente fria, aos braços calorosos de Zac Monteith, eu lembro que por muito pouco me deixei cair por toda essa tensão e cobrança que fazem em cima de nós. Agora me vejo como uma pessoa mais forte que ontem, mas ainda não totalmente segura de si, ainda tenho medos, inseguranças, mas sei que algum dia isso irá passar.

Seria fácil você escolher quem quer amar. No entanto, não é assim que funciona. O coração tem razões que a própria razão desconhece. E sou muito grato por ter me apaixonado por alguém tão incrível como Zac.

Algumas horas depois, Zac está bem cansado e apesar de que eu poderia continuar ali até o amanhecer, sei que ele precisa voltar para casa agora. Levanto-me e lhe ajudo em seguida.

– Tem certeza? Podemos ficar mais um pouco - Ele diz com seus olhos semicerrados.

– Não, tudo bem, você está quase caindo de sono - Digo - Eu te levo pra casa!

– Vai me levar pra casa? - Ele da um sorriso debochado.

– Cala a boca - Brinco virando ele e empurrando em direção ao calçadão.

Chegamos à multidão que ia ao delírio com a música que começaram a tocar no palco. Sigo Zac e desvio das pessoas que não se importavam se tinha alguém passando na sua frente, nas suas mentes eles estavam sozinhos no local. Olho para o chão e tento não tropeçar em nada, mas quando levanto o olhar e não avisto Zac em minha frente, meu coração começa a se acelerar de repente. Paro de andar e tento encontrá-lo em meio às pessoas que pulavam e cantavam loucamente a música.

Eu não lembro o caminho da casa de Carla, não sei para onde eu devo voltar. Nessas horas eu sempre fico sem saber o que fazer, eu não gravo os caminhos de nada. Até hoje eu ainda não lembro o caminho da minha sala de aula nas terças-feiras.

Sinto uma mão segurar a minha e viro-me rapidamente para o lado. Zac está olhando pra mim e assente com a cabeça, me tranquilizando e vendo que ele não tinha me deixado pra trás. Olho para nossas mãos, nossos dedos perfeitamente entrelaçados, aquela sensação que eu não sei como explicar exatamente, é como se seus mundos se alinhassem, se nos tornássemos um só.

Não preciso enfatizar coisas do tipo para escrever uma boa cena quando foi exatamente isso que você sentiu, quando você de verdade ama uma pessoa. Você, que já se apaixonou por alguém de modo tão ingênuo e puro, sabe do que estou falando.

Não conseguia mais olhar para nenhum lugar, apenas para ele que me guiava ao meio da multidão, com seu braço esticado para trás segurando a minha mão.

–----------------------------------------

Por sorte Zac estava com uma cópia da chave da casa, senão teríamos que esperar Carla voltar para podermos entrar. Tranco a porta da frente, dou uma rápida caminhada para dentro da casa e fecho a porta. Zac retira a camisa e observo suas belas costas, olhei para elas como uma criança olha para um doce.

– Quer comer alguma coisa? - Ele pergunta virando-se para mim.

– Não, eu preciso de um banho mesmo - Digo indo para a escada com meus passos longos e rápidos.

Pego minha roupa na mala e vou para o banheiro, a imagem de seu corpo não saia da minha mente. Tentava pensar em tudo para tirar o foco, até mesmo os passos de 'I'm Slave 4 U', mas a imagem de seu abdômen definido continua fixa, assim como se ele estivesse na minha frente agora mesmo.

Tudo bem, eu sou jovem, meus hormônios estão à flor da pele, mas preciso me controlar. É difícil resistir a ele, não digo apenas porque eu de fato gosto muito dele, mas que seu corpo chama muita atenção.

Entro debaixo do chuveiro e deixo que a água quente esquente meu corpo, embace o box e cubra o banheiro com a aquela fumaça.

–-------------------------------------

Volto para o quarto e Zac está deitado na cama, apenas com a bermuda surrada azul, que acostumava dormir com ela. Dou uma risada abafada e coloco minha roupa na parte separada da mala.

– Eu vou pro meu quarto - Ele diz, sentado na cama e coçando os olhos.

– Desculpa, eu não queria te acordar - Respondo-o - Não precisa, pode ficar!

– Ta bem - Ele deitada novamente já de olhos fechado.

Levanto-me e deito ao seu lado, puxo o edredom cobrindo-me. Fico olhando-o enquanto dorme, e penso quando poderei vê-lo assim novamente?! Às vezes você não pode explicar o que viu em uma pessoa. É simplesmente a maneira que a pessoa te faz se sentir e que ninguém mais consegue. O final de semana já está terminando e sinto como se não tivesse aproveitado como deveria.

As horas ao seu lado passam como minutos, tão de pressa que quando percebo já está na hora de nos separarmos novamente. Só queria poder continuar assim, apenas por mais alguns dias, antes de ter que voltar para casa.

Passo minha mão por debaixo de seu braço e me aproximo de suas costas. Relaxo minha cabeça atrás da sua, onde podia sentir o aroma do perfume que vinha do seu pescoço, e então fechei os olhos. Diria a ele que eu o amei desde a primeira vez que o vi. Ele era simpático e gentil. E olhou pra mim. Ele não hesitou, nem um pouquinho. E, naquele momento, senti que podia encarar tudo com ele ao meu lado.

–-----------------------------------

Acordo no dia seguinte com ele sentado no chão, uma toalha de mesa esticada e um café da manhã montado da forma mais bonita e pratica que já vi. Ergo-me dando uma risada, surpreso com isso, e Zac levanta seus belos olhos verdes e me observa com um sorriso. Já pensou como seria acordar e ver o amor da sua vida ali, do seu lado, te dando bom dia com o sorriso mais lindo no rosto? Eu já, mas nem nos meus melhores pensamentos, sonhos e fantasias, eu veria isso... Sentiria isso.

Desço da cama e sento ao seu lado, pego o pão e conversamos enquanto tomávamos o café da manhã. Um de frente para o outro, em lados opostos da mesa arranjada no chão. Ele contou como foi sua primeira noite nessa casa, e que caiu na escada quando foi na cozinha de madrugada. Esses momentos simples são os melhores, ao menos pra mim. Eu nunca pedi nada grande, eu só quero momentos verdadeiros e simples, aqueles que ficam gravados no seu coração.

Depois de alguns minutos, arrumamos as coisas e levamos tudo para cozinha. Carla está pondo o café na caneca e Narayani lavando o copo na pia.

– Que horas vocês chegaram ontem? - Pergunto, sentando no banco em frente a bancada e observando as duas.

– Chegamos juntas, era o que...? Duas da manhã eu acho - Responde Carla.

– Por ai - Responde Narayani.

– E como foi à saída com o cara lá da praia? - Pergunto a Narayani.

– Foi legal - Ela responde.

– Mas e ai, rolou alguma química?

– Acho que sim, ele me deu o número do celular dele.

– Isso é uma coisa boa - Digo.

A sigo até o sofá, onde sentamos e ficamos assistindo televisão. Zac se aproxima debruçando-se do balcão.

– Terminando tudo, vamos arrumar as coisas para ir embora... Não quero pegar a estrada de noite.

– Tudo bem! - Respondo - Eu preciso reorganizar minha mala, senão ela não vai fechar - Dou uma risada levantando do sofá e indo subir as escadas.

–-----------------------------------------------

As horas passam rapidamente enquanto voltávamos para casa. Estamos exaustos de um final de semana tão incrível que tivemos. Eu mesmo não aguentei e dormi algumas partes da viagem.

Por causa do transito sem fim, ficamos mais tempo do que esperávamos na estrada. Com o carro parado ao meio do engarrafamento, tivemos o privilegio de assistir ao pôr do sol nas montanhas. Todos ficaram olhando pela janela, quando o último raio de sol ainda era visível, Zac toca em meu ombro, eu olho pra ele e dou um sorriso. Ele inclina-se levemente em minha direção, toca em meu rosto que está se aquecendo com a adrenalina, e então me beija. O beijo ao último raio do pôr do sol, no banco da frente de um carro esporte, não tinha como ser mais perfeito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que gostem do cap de retorno do hiatus! =D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Stay With Me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.