Stay With Me escrita por Fenix


Capítulo 15
No Parque De Diversões




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O dia se passa enquanto fico em meu quarto. Penso se ele teria feito uma viagem tranquila de volta ao Rio de Janeiro. Ficar horas sem uma resposta é inquietante pra mim, levanto e ando por cada centímetro do quarto, até me jogar na cama novamente.

Meu corpo está aqui, mas minha mente o acompanha seja lá onde ele estiver. Fecho meus olhos na tentativa estúpida de tentar dormir e relaxar um pouco. As horas são como uma eternidade que me torturam a cada segundo que custa a passar.

Levanto-me já ao entardecer, saio finalmente do meu quarto e entro no banheiro. Encaro a minha horrível aparência no espelho, eu definitivamente não estou nas minhas melhores condições. Minha barba não é feita há três dias e isso é muito pra mim, já que odeio a minha barba.

Respiro fundo e olho a hora no celular, são cinco da tarde e nenhuma mensagem se ele chegou bem. Na verdade eu já não me importo mais com o jeito que ele falou comigo pela mensagem, só quero saber que ele está bem. Que fez uma viagem tranquila e que está seguro em casa agora. A essa altura meus pensamentos já estão incontroláveis. Não os suporto por nem mais uma hora e apelo para os remédios que minha mãe guarda na gaveta da pia do banheiro.

Procuro algo que me possa por para dormir por um tempo, para que eu não pensasse mais nisso e descansasse um pouco. Reviro praticamente todas as caixas, a tensão vai me deixando mais agitado e jogo a gaveta com rijo no chão. Apoio-me na pia do banheiro com os olhos fechados e cabisbaixo.

– Felipe, o que foi isso? - Ouço minha mãe perguntando atrás da porta.

– Nada... - Digo disfarçando meu tom de choro - Eu só... Deixei cair umas coisas aqui!

– Ah... Que susto - Ela afasta-se da porta.

Sento-me no chão em frente a pia, minhas costas ficam frias com os ladrilhos gelados do banheiro. Encosto minha cabeça na parede, minhas forças se foram. Eu não sei como vou conseguir seguir em frente, tudo está se virando contra mim agora. O mundo é engraçado, ele lhe dá todas as coisas boas que pode te oferecer e o tira tudo de uma forma tão abrupta, que você simplesmente se vê de repente sem nada. Isso resume o que aconteceu comigo nesses últimos dias.

Queria ter esperança de que tudo ficará bem agora. Ter Zac aqui comigo depois de tudo que meu Pai falou para mim, ter o aconchego do seu colo, onde eu possa acalmar a minha alma.

Olho para o lado encontrando uma caixa de antialérgico que eu tomo de vez em quando para a minha alergia a poeira. Algo em mim não queria que eu fizesse isso, no entanto eu gritava por ajuda em um local solitário. Você não pode depender dos outros, ou eu aprendo me controlar ou só Deus sabe o que aconteceria depois.

Pego a caixa e levanto-me devagar. Tiro dois comprimidos da cartela e os engulo juntos. Agacho catando todas as coisas que derrubei com a gaveta e ponho tudo em seu devido lugar. Saio do banheiro já não vendo as coisas certas, minha visão está um pouco turva e sinto que preciso deitar um pouco.

– Felipe, o que acha? - Aline me pergunta enquanto dirijo-me para meu quarto. Giro-me para ela com meus olhos apertados, forçando minha vista para que eu possa ver sua roupa.

– Ficou legal!

– A calça é nova, eu comprei ontem - Ela sempre me pergunta como está antes de sair de casa. Acho que gosta de saber que está sempre bem vestida, mas quando eu digo que não está bem, ela troca e confia na minha decisão.

– Gostei... - Viro-me para meu quarto.

Deito na cama e fecho meus olhos, deixando que o remédio faça efeito. Não pretendo acordar mais durante hoje.

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Acordo de repente, desorientado e perdido no tempo. Levanto-me e abro a cortina, encarando a estrelas no céu escuro. Devo ter dormindo bastante por causa do remédio. Vou até meu celular e me espanto com o horário. Três e meia da madrugada, e noto que recebi uma mensagem.

"Preciso te vê, estou com saudades."

Há coisas que você simplesmente não pode entender. Zac me mandou essa mensagem às oito da noite e provavelmente deve achar que eu não quero falar com ele já que não o respondi até agora. Sento-me na cama sem saber ao certo o que deveria fazer agora. Olho o breu que me cerca no quarto e tento achar alguma razão para continuar com isso.

As coisas estão cada vez mais difíceis. Tudo está lutando contra mim, contra a minha felicidade, que eu tento mantê-la em pé apesar de tudo. Os últimos acontecimentos foram o bastante para me deixar com medo novamente de tentar algo com Zac. Acredito que ele seja realmente a pessoa certa para mim, mas não posso seguir com isso, ele não merece alguém que tem que ficar se escondendo pelos cantos com medo de que contem as coisas para seus pais.

Me sinto cada vez pior quando penso que talvez seja melhor não vê-lo mais, mas não aguento... Não posso suportar a dor de não vê-lo mais. O coração quer o que ele quer, não podemos lutar contra isso.

Desligo meu celular e o ponho debaixo do travesseiro. Ás vezes nem eu entendo minhas ações, mas sei o que é melhor para todos. Respiro fundo e mantenho-me calmo.

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Passei o resto da noite acordado. Pensando nas coisas e na mensagem. Não sei o que aconteceu para ele ter me mandado a primeira mensagem, mas sentia que ele precisava de mim. Intuição, talvez, ou apenas uma paranoia, mas posso sentir em mim que algo mudou com ele.

Decidi aceitar o convite e marcamos de nos encontrarmos no parque de diversões que está na cidade por um tempo. Me arrumo em frente ao espelho enquanto arrepio meu cabelo com gel.

– Vai sair?- Meu pai pergunta ao me vê me arrumando no banheiro.

– Vou ao parque com a Ana - Respondo.

– Ih, vai ao parque com a Ana, é?

– É, tanto faz... - Falo de modo frio e sem tirar seu olhar do espelho.

– Vai precisar de dinheiro?

– Não, eu tenho!

– Quer que eu te busque?

– O Vinícius vai fazer isso pra mim, obrigado.

Ele confirma com a cabeça e afasta-se da porta. Paro de arrumar meu cabelo e me apoio na pia de cabeça baixa. Falar com ele assim é algo que nunca pensei que eu fosse ter que fazer, mas depois do que aconteceu no carro naquela noite... Eu não consigo mais ficar sozinho com ele. Medo, eu acho, mas não consigo.

Lavo minhas mãos e saio do banheiro.

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Saio do carro e caminho para a entrada do parque. Olho para os lados procurando-o ao meio da multidão. Algumas crianças passam por mim correndo com seus balões de gás, eu as sigo com o olhar e dou uma risada de canto. As coisas são tão mais fáceis quando se é criança.

Volto meu olhar para frente observando o parque com suas luzes coloridas vindas dos brinquedos. A fila para ir à roda gigante está kilométrica, com certeza é um dos pontos altos do parque. Minha respiração começa a ficar ofegante ao não conseguir ligar para Zac, seu celular está fora de cobertura, apenas para aumentar a minha agonia.

Não é possível, não acredito que ele marcou comigo e não vai aparecer. Menti para os meus pais para poder vir aqui, ele sabe que eu odeio mentir para eles. Ponho as mãos no bolso e caminho pelas pessoas como se soubesse exatamente aonde ir.

Paro próximo a cabine de ingressos e pego meu celular no bolso da calça. Logo sou surpreendido por um algodão doce entrando em minha frente, olho para o lado e Zac está sorrindo segurando-o para mim. Dou uma risada boba e o abraço ao vê-lo novamente, aquele abraço que você pode sentir o sangue percorrendo pelo corpo da pessoa, o braço que dá ao você reencontrar a sua outra parte.

– Achei que não fosse vir - Digo, ainda abraçando-o.

– O que? Achou que eu ia te dar bolo? - Ele diz, rindo.

Afasto-me para encará-lo novamente. Ele é tão lindo, nunca me canso da forma que seus olhos verdes se iluminam a qualquer luz, e ficando ainda mais radiante a luz do luar.

– Bom... Vamos entrar? - Ele pergunta.

– Podemos comer o algodão doce enquanto esperamos na fila? - Digo, dando uma risada.

– Vou pensar!

– Malvado você.

Vamos caminhando para a fila que assim como as outras dentro do parque, está imensa. Dividimos o mesmo algodão doce enquanto esperávamos para comprar os ingressos, dou uma risada de algo engraçado que ele disse e levo meu olhar para o lado, onde avisto uma mulher não deixando que sua possível filha, não nos veja juntos. Me sinto mal e volto meu olhar para frente um pouco sério.

– O que foi? - Zac pergunta ao notar minha mudança repentina de expressão.

– Nada! - Respondo, com um sorriso forçado no rosto.

– Tem cer...

– Então, como foi à viagem? - Não quero estragar a noite por causa dessa coisa besta, então o interrompo antes que ele possa continuar a frase.

– Foi legal... Olha, sobre a mensagem, eu sinto muito, eu...

– Ta tudo bem, não esquenta.

– Não. Eu fui idiota, me desculpa.

– Eu só queria entender porque não deixou eu ir.

– Eu estava voltando com a minha família e...

– Espera! - O encaro estranhando-o - Achou que eu fosse fazer o que ao te encontrar?

– Nada... É que eles não são tão mente abertas assim.

– Achei que já tivesse saído do armário.

– E saí... Mas...

– Mas eles não entendem, não é?

– É! - Ele responde respirando fundo, levando seu olhar para frente.

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Fomos a alguns brinquedos totalmente bobos, mas que nos divertimos muito. Jogamos um que precisa acertar a bola de basquete na cesta enquanto ela se move, eu como não tenho uma boa coordenação motora, era difícil acertar alguma vez, enquanto Zac parecia ter nascido para jogar basquete.

– Como faz isso? - Pergunto, rindo enquanto jogo.

– O segredo está nas mãos - Ele diz - Vem cá, deixa eu te mostrar - Zac me puxa para próximo dele, segura minhas mãos e me ajuda a lançar a bola, que certamente passa pela cesta.

– Wow... - Digo, com uma risada alegre.

– Eu disse - Ele diz, ainda segurando minhas mãos.

Olho para o lado e tem dois garotos rindo olhando para gente. Puxo minhas mãos rapidamente e as coloco no bolso da calça.

– Então... Vamos para outro lugar - Digo, aflito.

– Por quê? Ainda nem vimos os outros jogos desse lado - Zac fala.

– É, não parecem legais... - Tento disfarçar meu desconforto com meu tom de voz.

– O que? Mas você nem deu uma olhada - Zac fala dando leves risada.

– Por favor, vamos sair daqui.

– Ta bem, o que foi?

– Nada demais... - Viro-me andando, quando ele me segura com calma pelo braço e giro para sua frente.

– Lipe, o que foi?

Dou uma risada abafada ao ouvi-lo me chamar de "Lipe". Foi de modo tão carinhoso e preocupado, que se não fosse as outras pessoas, eu juro que eu poderia beijá-lo agora. Quando estou com Zac, é como se eu estivesse com meu mundo e não preciso mais nada.

Os garotos caminham em nossa direção com copos de cerveja nas mãos, respiro fundo e evito contato visual olhando para baixo.

– Bichas! - Eles dizem ao passarem pela gente.

– É o que babaca? - Zac diz ao se vira para eles.

– Não, Zac... - Eu seguro seu punho e o faço parar - Deixa eles... Não vamos criar confusão aqui!

– Idiotas! - Ele diz, irritado.

Fiquei um pouco surpreso com sua reação. Eu nunca o vi tão irritado assim antes e acho que ele poderia se meter uma grande encrenca se eu não o tivesse parado.

– Não vale apena, são uns retardados - Digo - Não da atenção... Uma hora eles param, acredite em mim!

– Desculpa... - Ele diz olhando para os garotos que se afastam rindo.

– Ei... Tudo bem - Toco em seu ombro.

– Foi por causa deles que você queria sair daqui, não é?

Confirmo com a cabeça bufando.

– Quer ir embora? - Zac me pergunta.

– Não. Claro que não! - Encaro a roda gigante - Não antes de andar ali!

Ele da uma risada e vamos juntos em direção à fila que ficaríamos no mínimo uns vinte minutos esperando a nossa vez.

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Depois de minutos esperando, chegou a nossa vez. Entramos na cabine e a funcionária fecha a porta. Dou um sorriso olhando para ele em minha frente.

– Essa noite ta sendo perfeita - Ele diz.

– É... - Respondo-o com um sorriso tímido.

– Posso te falar uma coisa?

A roda gigante passa a funcionar dando um repentino balanço na cabine que me assustou um pouco.

– Calma - Zac diz me encarando enquanto da uma risada.

– Eu só me assustei seu bobo!

Evito olhar para os lados e respiro fundo.

– Você... Você tem medo de altura?

– Tenho, ta legal?!... Isso não é engraçado - Digo, sem nem se quer me mover.

– Calma - Ele segura minha mão, me encarando suavemente nos olhos.

Meu coração desacelera gradativamente enquanto vou me perdendo sem seus olhos perfeitos. Sinto-me seguro de um jeito que nunca me senti antes.

– Você não precisa ficar com medo - Ele diz, com seu tom suave e aconchegante.

Dou um sorriso de canto e aperto sua mão quando a roda gigante para de repente. Ele da uma risada da minha reação e levanto uma sobrancelha encarando sério.

– Desculpa, é que foi engraçado.

– Idiota! - Digo rindo.

– Não deixarei nada de ruim acontecer com você, pode confiar em mim - Ele diz acariciando minha mão.

– Eu confio!

Nos inclinamos para frente, deixo-me levar pelo momento por um instante. Eu só queria tê-lo agora, poder senti-lo novamente depois de tantos dias longe. Tão próximos que posso sentir sua respiração, a roda gigante volta a funcionar e nos faz nos afastarmos. Olho sem jeito para baixo e Zac da uma risada abafada do quanto irônico às coisas são.

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Enquanto caminhamos para a saída, passamos por uma barraca de tiro ao alvo, avisto uma prancha de surfe de pelúcia como um dos prêmios para quem derrubasse com três tiros, as três latinhas empilhadas na prateleira longe das armas.

– Ai, vem aqui - O puxo correndo para a barraca.

Pego uma das armas vagas e o funcionário se aproxima com as balas de borracha. Três balas para três tentativas.

– O que ta fazendo? - Zac me pergunta curioso.

– Você vai vê!

As latinhas estavam empilhadas com duas juntas embaixo e uma única em cima das duas. Miro na de cima e pra variar não consigo acertar de primeira. Miro no meio das latinhas juntas e com um disparo, consigo fazê-las caírem da prateleira.

– UHUL - Grito levantando os braços animado. Afinal eu realmente não acreditava que eu conseguiria assim tão rápido.

– Parabéns! - Zac diz sorridente, ele me abraça forte de lado, tocando meu ombro esquerdo. Aquele abraço que você vê apenas os casais românticos de filme fazerem, e que eu não podia acreditar que estava acontecendo comigo.

– Qual o seu prêmio? - Pergunta o funcionário.

Encaro a única prancha de surfe de pelúcia, com tecido azul e listras verticais no centro. Sei o quanto ele gosta de surfar e fiz isso por ele, queria presentea-lo de alguma forma.

– A prancha! - Digo, apontando.

– Está bem! - O senhor afasta-se para pegá-la.

– Feli...

– Hãhã... - Digo sem olhar para ele e esperando ansiosamente o senhor me entregar à prancha.

Uma vez com ela finalmente em minhas mãos, viro-me para ele e afastamos um pouco da barraca.

– Que legal, ótima escolha! - Diz Zac.

– É... Assim, sei que não é grande coisa, mas... Peguei pra você - Posso sentir minhas bochechas pegando fogo agora mesmo.

– O que? - Zac da um dos sorrisos mais lindos e alegres que eu já vi. Não esperava que ele fosse ficar tão feliz com uma prancha de surfe de pelúcia de um parque de diversões.

Aquele sorriso foi algo que me deixou tão bem e tão vivo. Eu queria realmente dá-lo algo de valor, mas vi que não importa o valor real que o objeto tenha... Ele só se importa com o valor sentimental que vem com ele.

– É pra você! - Digo, lhe entregando a prancha - Sei que você gosta de surfe e achei que fosse gostar.

– Essa foi a coisa mais linda que alguém já fez por mim - Ele diz, com um sorriso bobo no rosto - Será meu amuleto da sorte. Assim vou estar sempre com você pertinho de mim.

Dou uma risada sem jeito, mais uma vez deixando-o roubar minhas palavras.

– Obrigado - Ele agradece com um sorriso encantador - Sério, obrigado mesmo, lindo.

O abraço de repente sem ligar para os olhos que provavelmente irão julgar a gente agora. Por esse instante, não me importo para o que as pessoas falam, eu só quero mostrá-lo que eu realmente me importo com ele, que eu... O amo de verdade!


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