Apenas amor escrita por Michely Maia


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, obrigada por todos os comentários e mensagens, fico muito feliz que estejam gostando e logo logo respondo a todos.

No capítulo de hoje teremos alguns spoilers do filme Para Sempre Alice e quem ainda não assistiu, só pular o pequeno parágrafo.

Ótima leitura e espero que gostem.



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A muito os afazeres referente a festa de aniversário de Henry haviam acabado e Regina, o pai de Emma, Henry e a própria loira estavam jogados pela sala em volta de uma pizza portuguesa gigante.

Senhor Swan e Henry se divertiam no vídeo game e as duas mulheres conversavam agora.

Embora estivesse curiosa para saber mais sobre Regina, e ficara de olho nela a noite inteira, Emma não lhe perguntou nada, achou que pareceria indelicado, mas ela não era burra e sabia que Regina não tinha mais um filho. Só a expressão desolada da morena a fizera concluir isso.

Depois de um curto silêncio após uma conversa sobre o fracasso das eleições, o candidato que apoiavam perdera e as coisas não estavam muito boas na cidade, Regina diz do nada:

– Hoje, se estivesse vivo, meu filho Owen estaria completando dez anos.

– Eu sinto muito, Regina.- A loira tinha uma expressão surpresa e triste.- O que foi que houve?

Como a morena permanece em silêncio, Emma logo se apressa a concluir:

– Não precisa falar se não se sentir a vontade.

–Nunca vou me sentir confortável ou a vontade ao falar sobre isso. - Ela lança um sorriso forçado e ainda assim lindo a Emma. A loira parecia realmente preocupada. - Há quatro anos sofremos um acidente de carro. Owen, meu marido e eu. Kurt e eu discutíamos por uma idiotice sobre o haras, ele reclamava sempre que eu passava tempo demais lá e eu estava tentando ajeitar isso. Nosso casamento já não ia muito bem também. Estávamos tão envolvidos na discussão que só vimos o alce na estrada quando Owen gritou do banco de trás e aí já não dava tempo de mais nada. Ainda assim tentei desviar e bati na anca do animal, indo parar muito mal estacionada no acostamento do outro lado da pista. Isso foi bem em uma curva e o caminhão que vinha na direção oposta não teve tempo de parar quando invadi a pista dele. Acertou em cheio nosso carro e nos arrastou por quilômetros até parar. Daí eu não me lembro de mais nada, só o que me contaram quando acordei no hospital no dia seguinte com um curativo na testa. - Ela havia dito tudo em um único fôlego, para não perder a coragem e só agora dá uma profunda respirada e fica em silêncio por algum tempo. Emma respeita isso, sem interrompê-lo, a morena parecia recordar-se de algo, mas logo continua: - O caminhão atingiu o lado do Kurt e do Owen. Meu marido morreu na hora segundo os paramédicos e Owen não acordou por quatro longos anos. Fisicamente, segundo os médicos, não havia nada que o impedisse de acordar, mas ele não havia obtido melhora alguma ao longo desses anos e eu me recusava a desligar os aparelhos dele, mas quando seus órgãos começaram a falhar há cinco meses atrás e me disseram que isso só iria piorar, eu não consegui imaginar meu filho sofrendo mais...

Ao ver as lágrimas rolando pelo lindo rosto da morena e a expressão mais sofrida que já vira na vida, Emma não consegue se segurar mais e faz o que estava sentindo vontade desde que ela começou a contar a história, a abraça. Ela a puxa para si num abraço forte e protetor, querendo poder fazer toda aquela dor que ela demonstrava sentir ir embora.

Regina se deixa abraçar e logo a abraça de volta, forte. Descansa a cabeça no ombro da loira e se permite chorar a perda do filho mais uma vez.

Por esse motivo detestava falar sobre isso, nunca terminava bem. Todos os anos em que ele passou em coma, ela não suportava a data do aniversário dele se aproximando e hoje era ainda pior. Era a primeira data que nem esperança tinha mais de tê-lo de volta, pois havia desistido dele.

– Eu desisti dele, Emma. Eu desisti do meu filho e desliguei aquelas máquinas.

Emma aperta ainda mais a morena em seus braços ao sussurrar para ela:

– Não, Regina. Você o protegeu, tentou evitar que ele sofresse mais, mesmo que isso tenha acabado com você.


Emma não fazia ideia de quanto tempo Regina e ela estavam abraçadas e a morena chorava silenciosamente com a cabeça apoiada em seu ombro, só sabia que vê-la daquele jeito a incomodava e precisava tirá-la daquele estado, nem que fosse por aquele dia.

– Você quer sair daqui?- Ela sussurra, já que o pai e o filho estavam tão distraídos com o vídeo game que mal davam pela presença delas.

Regina apenas afirma com a cabeça e Emma se levanta estendendo a mão para ela. A loira espera ela se aprumar, ajeitar o cabelo e então diz baixo, ao tocar de leve o ombro do pai:

– Regina e eu vamos dar uma volta.

– Ok!- O senhor Swan diz com um aceno de cabeça.

Por mais que o senhor Swan estivesse concentrado no jogo com o neto, a certa altura ele notara que algo estava errado com a amiga da filha e percebera que se as coisas continuassem como ele previa, logo não seriam mais somente amigas e ele continua pensando a respeito depois que elas saem.


Regina cruza os braços assim que passam pela porta, o ar da noite estava frio. Nem sabia que horas eram, mas tinha certeza que era tarde.

Emma, que seguia silenciosa ao lado dela, apenas tira sua jaqueta vermelha e coloca sobre os ombros de Regina.

– Emma, não precis...

– Eu não estou com frio.- A loira a interrompe ao passo que afaga os ombros dela, a impedindo de tirar a jaqueta e Regina apenas sorri enquanto continuam caminhando.

Elas permanecem por algum tempo em silêncio e ao passarem direto por sua casa, Regina pergunta numa voz de quem acabara mesmo de chorar:

– Se importa se andarmos um pouco? Por aqui é calmo a noite e eu gosto.

Emma sorri e após negar com um meneio de cabeça, que não se importava, completa:

– Hoje você pode escolher fazer qualquer coisa e eu só vou te acompanhar.

Regina sorri com o carinho e companheirismo dela e confessa a olhando de canto de olho enquanto descem pela rua de sua casa:

– Eu adoro a sua companhia, sabia!? Nem que estejamos juntas apenas pelo telefone.- Ela dá um outro sorriso.- Nos conhecemos a pouco, eu sei, mas você tem algo que prende...algo que faz qualquer um querer ficar perto.

A detetive sorri envergonhada e Regina a acha uma graça daquele jeito, pena estarem passando por um trecho mal iluminado agora e o rosto rosado da loira não ser mais tão visível assim.

– Eu também sinto isso em relação a você.- Emma confessa.

Mais alguns instantes de silêncio e Regina o quebra ao continuar:

– Desculpe te alugar com o assunto do...

– Eu gostei de saber mais sobre você.- Ela sorri.- Afinal você não tem uma ficha criminal e há certas coisas que nem o Google informa.

Ela fica feliz por conseguir arrancar um sorriso genuíno de Regina, que completa:

– Nos últimos meses não tenho sido uma boa companhia e nem gostado muito das pessoas, Henry e você são exceção.

– Não faço ideia pelo que você passou e passa ainda, mas toda e qualquer hora em que quiser conver...

– Obrigada.- A morena a interrompe.- Um dia te conto toda a história.

Emma afirma com a cabeça e elas continuam caminhando, dão a volta ao quarteirão enquanto Regina fala sobre o namorado atleta e Emma sobre a namorada veterinária, ambos viajando a trabalho agora e sem data de retorno prevista.


Ao passarem novamente por sua casa, após a caminhada reconfortante, Regina diz se detendo de frente sua porta:

– Que tal entrarmos e terminar de assistir “Para Sempre Alice”?

– Certeza?- Emma diz olhando o relógio em seu pulso.- Você comentou que iria até o haras antes da festa e não quero te fazer perder a hora.

– Como Henry disse, eu sou a chefe, então eu mando.- Ela diz sorrindo.- Decidi que nada de trabalho amanhã.

– Ok! Como você quiser.- E Emma a acompanha até em casa.


Após Regina preparar uma pipoca e pegarem refrigerante, as duas mulheres se dirigem á enorme e confortável sala de televisão de Regina e se acomodam no chão entre as fofas almofadas, ignorando o sofá.

As duas assistiam ao filme trocando opiniões o tempo todo e claro, lamentações. Não era possível nem saber quem chorara mais nos momentos marcantes do filme. Emma se condoera toda por dentro quando Alice, a personagem de Julianne Moore, se esquecendo onde ficava o banheiro, acaba por urinar na roupa e Regina no momento em que ela se esquecera como dar o nó nos cadarços e quando lia seu discurso para a filha, com o marcador de texto; mas sem sombra de dúvidas fora o discurso definitivo da personagem que acabou derrubando-as, fazendo as duas caírem no pranto.

No fim do filme chegam a conclusão de que todos os prêmios que Julianne Moore recebera por esta atuação, foram bem mais que merecidos. A interpretação da atriz havia sido fantástica e a história era maravilhosa, não deixara nada a desejar em relação ao livro. Uma adaptação que não as decepcionara.


Quando já haviam se despedido e Emma já estava parada á porta da frente para voltar para a casa do pai, onde ela e o filho passariam a noite, Regina diz animada:

– Me lembrei que preciso que você assine uns documentos.

Como Emma a olha curiosamente, ela já continua antes que a loira lhe questione algo:

– Já disse não se tratar de nada demais, apenas autorização para as aulas do Henry, termo de responsabilidade e mais algumas coisas chatas.- Ela sorri.- Ficaram na minha bolsa e eu já vou pegar, assim você pode dar uma lida e me entregar o quanto antes, para que ele comece logo.

– Garanto a você que ele vai querer começar no momento em que receber o presente.- Emma brinca enquanto a morena a deixa no hall e vai para dentro da casa, na intenção de achar a bolsa.

– Não demoro.- Ela fala um pouco mais alto de algum cômodo.


Emma esperava por ela na entrada, com a porta aberta e sorrindo feito uma boba, nem sabia o porque do sorriso, mas sorria assim mesmo. O que faz com que o sorriso suma é um barulho logo ás suas costas, fazendo com que se vire rapidamente.

– Que susto!- Diz o homem no passeio da casa, com uma pequena mala de mão, mas apesar do susto ele sorria.

– Que susto digo eu.- Emma diz de olho nele.- Quem é você?

Ele fica admirado, aquela era uma pergunta que normalmente as pessoas não faziam a ele e por incrível que pareça, gostou de não ser reconhecido. Queria que algumas vezes mais pudesse ser assim.

– E então?- Emma indaga novamente.- Ainda espero uma resposta.

– Robin.- Ele estende a mão em forma de cumprimento a ela, ainda sorrindo.- Namorado da Regina.

– Ah, oi.- Ela aperta a mão dele.- Ela está brava com você.

– Eu até que mereço dessa vez.- Ele sorria de forma engraçada, mostrando os dentes cerrados.- Só não diga a ela que eu assumi isso.

– Mas mesmo assim ela precisa de você hoje.

– Ignorei a encrenca que isso vai me causar com os diretores e vim para cá o mais rápido que pude. Hoje é um dia exclusivamente dela e eu estava garrado com outras coisas. Como ela está?

– Ela vai ficar bem agora.- Emma sorri ao se lembrar de Regina dizendo que seu namorado era seu pilar, que ele a fizera passar de forma ainda sã por tudo o que enfrentara, mas apesar do sorriso ser sincero, ela não conseguia não sentir um pouco de raiva dele, nem sabia identificar o motivo.- Eu vou indo e deixar você fazer uma surpresa para ela... Amanhã teremos uma festa de aniversário aqui mais a frente, do meu filho e vai ser ótimo se você acompanhá-lá.

– Com certeza estarei lá.- Ele volta a brinda-la com aquele seu sorriso simpático.- Obrigado pelo convite...

– Emma.- Ela completa ao notar que ele esperava por seu nome.

– Obrigado pelo convite, Emma e amanhã estaremos lá sim. Regina me falou muito sobre Henry e você.

–Até amanhã então.

Os dois se despedem com um sorriso e menear de cabeças e Emma segue pela calçada rumo a casa do pai.


Regina vinha pelo Hall, colocando os documentos em um envelope branco.

– Emma, desculpe por demorar tanto, eu...

– Ela cansou de esperar e foi embora.- Robin a interrompe.

Regina olha surpresa para a porta e lá estava o namorado lhe sorrindo. Ela sorri de volta e quando ele larga a mala no chão e abre os braços para ela, a morena deixa o envelope cair e corre em direção a ele, literalmente pulando nos braços fortes do namorado.

– Meu amor.- Robin diz a abraçando forte e a rodopiando segura pela cintura.- Me desculpe por ser um idiota e...

– Só importa que você está aqui agora.

Ela o agarra forte pelo pescoço.


Emma volta para a casa do pai e tanto ele quanto o filho já estavam em seus quartos. Após um beijo no filho e um rápido banho, ela também vai se deitar.


Depois de muitos beijos, troca de carinhos e pedidos de desculpas, Robin vai tomar um relaxante banho enquanto Regina lhe prepara um lanche. Ela aproveita a demora do namorado e pega o celular para falar com Emma.

Ei, ainda acordada?

Sim. Como você está?

Estou bem

Que bom, fico feliz

Mas posso contar um segredo, detetive?

Deve, agora que já me deixou curiosa Emma envia seguido de uma carinha sorridente.


Regina envia a mesma carinha sorridente e logo responde:

Por mais que eu tenha gostado de Robin aparecer na última hora, dele ter se importado o suficiente para vir, eu não precisava mais disso. Eu tinha você.

Em seu quarto Emma sorri sozinha e apenas envia um coração pulsante para Regina, que logo responde.

Obrigada por hoje. Fez com que eu me sentisse completa novamente. Com você tudo é tão fácil, flui tão naturalmente e você me faz tão bem. Parece que sempre te conheci, que sempre esteve ali para mim. Obrigada mesmo por isso. Significou muito.

Parece que você sempre esteve ali também. Não é a mesma coisa quando não falo com você.

Regina sorria lindamente e feliz sentada em sua cozinha e responde:

Hoje VOCÊ e só VOCÊ foi o meu porto

Emma não saberia definir exatamente o que sentira com aquela mensagem, só sabia que não deveria sentir o que quer que fosse com aquela intensidade, então apenas responde com um outro coração pulsante.


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que tenha conseguido entreter um pouco vocês e logo logo teremos mais.
Bjus!