Capitulo I – Estrada da Vida

Todas as manhas eu tomava meu café sozinho em casa, o sol reluzia lindo dentro de minha casa, tudo se tornava belo em um rápido momento. Eu simplesmente me levantei e fui ate a porta, depois de trancar-la eu parti em direção ao trabalho. Por incrível que pareça eu estava trabalhando com crianças abandonadas, pessoas que não tinham nada, principalmente no Orfanato em que Jamie me ensinou o valor do amor ao próximo. Nunca esquecerei.

Eu entrei devagar pela porta do orfanato antes de ir ajudar meu pai em seus assuntos políticos. Elas me olhavam com seus olhinhos alegres e me abraçavam aos montes. “Tio Landon!” elas diziam e me perguntavam onde estava Jamie. “Ela esta com Deus, e me deixou aqui para cuidar de vocês”. Elas me abraçavam novamente, a diretora do orfanato se encostava à porta e ficava observando nossos momentos juntos.

Eu havia trazido livros novos e coloridos para elas, meu pai conseguira um apoio do governo ao orfanato que abrigava crianças que não tinham para onde ir e nem onde ficar. Todas as vezes que entrava no orfanato pude ver Jamie sorrindo para mim do outro lado do salão, desaparecendo de repente.

Todas às vezes eu olhava sorrindo e quando ela desaparecia depois de acenar meus olhos ficavam vermelhos, as crianças notavam e me abraçavam e sentavam comigo para brincar, conversar.

Eu fui imediatamente para o gabinete de meu pai, no caminho a cidade já não era mais a mesma, tudo estava claro, o dia ensolarado e crianças a brincar, mas... Eu não tinha o que mais amava. “Deixe de ser dramático Landon” dizia Eric “Jamie iria querer que você encontrasse outra garota e vivesse feliz homem!”. Mas e se eu não quisesse? A Lembrança dela ainda era forte em mim. “Foram os três anos mais marcantes da minha vida” eu dizia.

Toda a noite eu ia ao Cecil Dinner’s para ficar sentado tomando um bom copo de refrigerante, tentando talvez e momentaneamente esquecer-la. Aquela noite era diferente, alguém que nunca vi em minha vida entrou e se aproximou de mim. “Tu aparentas estar triste” dizia ele.

-estou bem – eu respondia sem muita alegria.

Era um homem de idade que passava pela cidade em busca de um lugar para morar, ele estava se mudando de São Francisco, mas por que optara procurar abrigo na Carolina do Norte? E por que em Beaufort? Não existiam cidades melhores? Talvez para mim.

-você é casado filho – perguntou ele sentado frente a frente comigo.

-viúvo – eu respondi em um tom baixo.

-perdão jovem – disse o velho – talvez seja por isso que você esta com esse rosto franzino.

-minha mãe diz a mesma coisa.

-prazer, sou o Sr. Grey – disse ele esticando a sua mão para mim.

-sou Landon Carter – respondi apertando a mão dele.

Passamos um bom tempo conversando sobre coisas diversas, em um momento passamos a nos entender melhor, éramos parecidos em algumas formas de ser, ate que ele me perguntou.

-quem era ela?

Em fiz um breve silencio e respondi – Jamie Sullivan.

-sei... A filha do Reverendo Sullivan – disse ele – eu fiquei sabendo que ela sofria de Leucemia, mas eu e meu velho amigo perdemos o contato quando me mudei de Chicago para São Francisco. Você deve ser especial para passar os últimos anos de vida casado com ela. Ela devia amar muito você...

-e amava... Agora apenas me restam vagas lembranças – respondi sem saber o que estava dizendo – foi difícil estar ao lado dela na hora de sua morte... Vê-la morrer, com lagrimas nos olhos, ela tinha medo. Eu não queria ver-la partir, preferia partir antes dela... Senti-me impotente.

-filho – disse ele tomando um gole do seu café – os desígnios de Deus são perfeitos. Ele decidiu que Jamie deveria ir, pois ele a amava muito, não foi você que foi agraciado com o amor dela... Ela que o agraciou, não sabemos muitas vezes como agir.

-ficar pensando em como recomeçar...

-muitas vezes não conseguimos superar a dor – disse o Sr. Grey fitando os olhos em mim – também perdi quem mais amava na juventude... Ela me deixou uma filha que criei com todo o amor do mundo.

-talvez seja por isso que o senhor e o Reverendo Sullivan são tão amigos – resmunguei afinal.

-eu poderia apresentar Ashley para você qualquer dia desses – disse o velho – ela precisa de novos amigos.

-uma mudança sempre afeta tudo.

-de fato... – resmungou o Sr. Grey se levantando devagar – pois bem... Você sabe onde eu moro.

Olhei-o por um momento e disse – não. Não sei...

-se você olhar, eu sou seu novo vizinho – disse o velho colocando dez dólares em cima da mesa – me mudei para frente da sua casa depois que os Hudson saíram. Tenha uma boa noite.

Ele abre a porta e desaparece. Eu ficara assustado por um momento, mas ainda sim estava sem saber o que acontecera exatamente. “Talvez eu esteja enlouquecendo...” pensei comigo mesmo, o tal Grey conhecia minha vida e eu nem sabia exatamente de onde ele vinha o imbecil Landon Carter contou sua vida para alguém que nunca havia visto em sua vida.

Levantei-me devagar e paguei a conta do Cecil Dinner’s, depois parti para o Orfanato.

Continua...