Impossibilidades Perina escrita por Lilith


Capítulo 79
Lágrimas contidas


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! Já estava com saudades de vocês. Apesar da demora, quero agradecer por todos os comentários nos últimos capítulos, fiquei realmente feliz. Vocês sabem como me deixar feliz. Aproveitar e dedicar esse capítulo para Calol, MD e Kathy que fizeram meus olhinhos brilharem com as recomendações. Muito obrigada por todo o carinho!

Boa leitura!



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Karina permanecia sentada na cama, a rosa repousando em seu colo enquanto ela mastigava nervosamente o cantinho do dedão. Pedro estava encostado na escrivaninha e de braços cruzados observava a namorada que conseguia parecer concentrada e em pânico ao mesmo tempo.

–Você está pirando. É só uma pílula Esquentadinha, não tem segredo.

–Shiu! Estou lendo a bula.

–Pela terceira vez seguida. Daqui a pouco você já decorou o que está escrito aí, não te entendo. – Falou calmamente, embora seu tom transparecesse frustração.

–Não precisa entender! E você me colocando essa pressão não ajuda exatamente!

–Como eu disse, você está pirando. É só uma pílula K.

Dirigiu um olhar irritado a ele e abaixou a bula, frustrada. Trocou de posição na cama, encostando na cabeceira e mantendo as pernas flexionadas. Respirou profundamente antes de arriscar responder, sabia que se esbravejasse ele não entenderia o ponto.

–Não é apenas uma pílula Pedro, é uma bomba de hormônio que eu estou prestes a enfiar em meu organismo. Por que você tá rindo? Isso é sério!

–Eu não disse que não é. – Sentou ao lado dela na cama e entregou o copo d’água que estava na mesinha de cabeceira. – Sei que não é o ideal, mas é a única saída agora, Esquentadinha.

A contragosto ela tomou o comprimido e continuou com a expressão séria, Pedro não gostava de vê-la assim. Recordou-se de quando a namorada entrou no quarto na noite passada, algo parecia errado. Algo tinha acontecido e a estava fazendo ter essas reações exageradas e como ela não parecia propensa a falar, teria que sondar com cuidado. Certamente poderia começar colocando um sorriso naquele rosto.

–Agora que tal um segundo tempo? – Propôs com um sorriso malicioso embora a intenção real fosse somente provoca-la. Ele não resistiria mesmo se quisesse, chegava a ser ridículo o quanto essa garota conseguia ser sexy usando apenas uma camiseta dele do Batman.

Karina o olhou incrédula, não era possível que essa era a única coisa que ele conseguia pensar. Quis fechar a cara para ele, mas ao encontrar aqueles olhos castanhos sobre ela e aquele sorriso que lhe tirava o ar não conseguiu reprimir devolver um sorriso. Acertando-o com o travesseiro, declarou:

–Você é ridículo!

Arrancando o travesseiro da mão dela e atirando-o longe, ele mergulhou sobre ela.

–Você só pensa nisso! – Seguiu na tentativa de continuar brava com ele, mas naquele momento já tinha virado apenas uma brincadeira.– Quase tivemos um bebê e..

Distraindo-a de seu drama forçado com um beijo, ele afundou o rosto no pescoço da namorada e respirou fundo. Ela não conseguiu se impedir de agarrar o cabelo dele. Arrastando o nariz por todo o comprimento do pescoço, capturou o lóbulo da orelha com os dentes, enviando um arrepio por todo o corpo dela que ficou imóvel. Com a voz baixa e deliciosamente rouca, respondeu:

–Se você tivesse uma namorada tão gata e tão gostosa quanto a minha, também não conseguiria pensar em nada mais. – Erguendo-se em seus joelhos sem prévio aviso ele colocou a mão atrás dos joelhos dela e puxou, arrastando-a deitada e arrancando uma gargalhada da loirinha. Deitando-se entre as pernas levantou a camiseta dela até os seios e saboreou a barriga com sua boca. Contorcendo-se pelas sensações que a língua dele estava causando em seu corpo, Karina agarrou-o com firmeza pelos cabelos e puxou-o para cima, encontrando seus lábios. Em meio ao beijo falou:

–Eu acho bom você ter proteção.

–Pensei que já estivéssemos protegidos.

–Se tivesse lido a bula saberia que não é bem assim.

–Ouch!

–Você não tem só uma namorada gata e gostosa, ela é inteligente também. – Falou entre beijos.

–Ok, eu mereci essa. – Se esticando para abrir a gaveta da mesinha e tateando dentro dela finalmente encontrou um pacotinho laminado e mostrou para a namorada. – Feliz?

–Ainda não, mas vou ficar. – Sorriu maliciosamente agarrando-o para outro beijo.

*****

Pedro estava deitado na barriga da namorada que acariciava-lhe os cabelos tranquilamente. Se existisse definição para felicidade, aquela com certeza seria a dele.

–Queria ficar o dia todo aqui com você. – Ele declarou.

–Na cama?

–Não tem nada que eu goste mais do que você na minha cama.

–E por que não fica? Não temos aula!

–Não tenho aula na Ribalta, mas tenho ensaio com a banda.

–Você não pode faltar?

–Com você me olhando assim...para! Eu não posso faltar, eles são minha banda. Não se deixa a banda na mão.

–Vocês tocaram a semana toda passada.

–Yep. Só que tem música nova na área e estou sentindo que coisa boa vem por aí.

–Sério? Por que isso?

–Não sei. O Nando quer nos levar para um estúdio de um camarada dele na sexta, acho que algo bom pode acontecer.

–Vou aproveitar e dar uma passadinha na academia então.

–Karina você não ouviu o médico? Pelo menos mais cinco dias sem treinar! Você já não está usando a tipoia e...

–Não vou treinar. – Interrompeu-o no meio do sermão. – Só dar um oi para o meu pai, eu ainda não o vi, lembra? Por que me olha assim?

–Pensei que estivesse chateada com ele.

–Estou. Mas não é como se eu pudesse ignorá-lo, ele é meu pai.

–Foi porquê ele te deixou trancada para fora ontem?

A garota ficou em silêncio pensando sobre o assunto, a irritação por ter sido esquecida na noite anterior tinha sido rapidamente substituída pelo medo, pela insegurança. Quando foi que se tornou uma garota tão medrosa? Nem parecia mais a mesma, a Karina que entrava na academia e desafiava os colegas para o ringue, que não tinha medo de alguém que era comprovadamente mais forte por aspectos fisiológicos. E ali estava ela, aterrorizada por um ser tão pequenininho, que mal estava formado.

–Não. – Admitiu. – Foi porque fiquei sabendo que tem um irmão vindo aí. – Ao ouvir a declaração, Pedro levantou sobre os cotovelos olhando-a surpreso e ela continuou, agora olhando em seus olhos.– Um novo primo para você. Isso é estranho, não é?

–Estar na cama com minha prima em potencial?

Riram até perder o fôlego.

–É legal ter irmão mais novo, você acostuma.

–Você só diz isso porque sua irmã é a Tomtom. Não tem como não a amar.

–Minha mãe conta que eu não gostei no começo.

–Ela comentou ontem mesmo.

–Esquentadinha você já está pronta?

–Para? – Perguntou confusa, já que ainda estava deitada na cama e com a mesma roupa que dormira na noite passada.

–Conversar com ele sobre...você sabe, o seu...o meu...a tia Dandara...

–Meu irmão? Relaxa, é só um bebê que vai chorar o tempo todo e fazer caquinha. – Ou pelo menos era o que ela queria se convencer. Levantou-se e procurou uma roupa decente para vestir em sua mochila.

Pedro ficou mais alguns minutos deitado enquanto a observava e pensava sobre a notícia que ela acabara de dar. Ele a conhecia, Karina estava tentando parecer bem só que por dentro não estava. Ele estaria atento e disposto a provar que ela não estava sozinha mais.

–Vamos? – Ela o chamou, atraindo sua atenção.

–Vamos!

Depois de tomarem café da manhã despediram-se na escada da Fábrica e Karina entrou na academia que parecia funcionar a toda. Logo Gael que treinava uma turma percebeu sua presença e ironizou:

–Ah! Até que enfim ela resolveu dar o ar da graça. Posso saber o que fizemos para enfim merecer sua ilustre presença?

–Sai dessa pai, só vim falar oi.

–Ainda está chateada comigo filha? Eu juro que queria ter te esperado ontem, mas...

–Relaxa mestre. Tá tranquilo.

–Você está doente então? Não se sente bem?

–Por que? O que você ouviu? – A loirinha perguntou com os olhos arregalados, naquele momento tudo passava pela sua cabeça, que o pai tinha descoberto sobre o afogamento ou pior, que tivesse visto Pedro na farmácia.

–Sobre o que? – Olhou-a desconfiado.

–Nada não. Estou ótima. Perfeitamente bem.

–Karina me dê um motivo razoável para você recusar treino? Porque em anos acho que é a primeira vez que vejo isso. – Perguntou cruzando os braços.

Soltando o ar lentamente em alívio, a lutadora respondeu:

–Vestibular. Preciso estudar pai, nós temos um acordo lembra?

–Se você entrar para a faculdade, eu aceito te preparar para lutar profissionalmente. Não imaginei que fosse levar a sério.

–Aprendi com o meu pai a honrar minha palavra. Eu não vou perder essa chance mesmo.

–Você quer muito isso né filha? – Agora foi a vez de ele suspirar ao presenciar a empolgação da filha. –Uma vida toda protegendo e minha filhinha vai logo querer entrar em uma arena de leões!

–Sua filhinha é a Bianca. E sim, é o que eu mais quero pai. Quem não quer virar profissional pelas mãos do grão-mestre Gael?

–Uma garota com juízo!

–Meu ciso ainda não nasceu! – Brincou. – Estou liberada?

–Se é pelo estudo como posso impedir?

–Vou indo! – Beijou o rosto do pai e foi saindo quando ele a deteve.

–Espera, tem mais uma coisa.

–O que?

–Ontem eu tive uma notícia maravilhosa e foi por isso que tivemos que comemorar imediatamente. Eu te conheço desde que você ainda era uma sementinha K e sei que não vai reagir muito bem a isso, mas...

–Eu vou ter um irmãozinho. – Ela o cortou, querendo escapar logo daquela conversa. Por mais que quisesse estar bem, sabia que ainda não tinha digerido completamente o assunto.

–Como você sabe? – Perguntou confuso.

–Relaxa. Quem sabe agora não vem o menino que sempre esperou?! – Ao sugerir a segunda parte sua voz tremeu um pouco, mas o pai ficou tão surpreso pela reação que pareceu não notar.

–Você não... sem gritos? – Gael mal conseguia formar uma frase, definitivamente aquela não era a reação que ele esperava da caçula.

–Se você está feliz eu fico feliz pai. Te amo. – Queria muito correr para os braços dele, mas o risco de não conseguir mais segurar o choro seria maior. Entretanto não teve escolha quando ele a puxou para um abraço de ferro.

–Filha! Você sabe o quanto eu te amo não sabe? Isso não vai mudar. – Falou emocionado.

–Você tá me esmagando.

Virou-se com os olhos embaçados pelas lágrimas e um nó na garganta que doía. Andou rapidamente até o banheiro e aliviou-se ao sentir a sensação fria da água que jogou no rosto. Com as mãos apoiadas na pia, respirou fundo.

“Mesmo que não seja fácil ainda Karina, vai ser. É só uma criança. ” – Pensou encarando o espelho.

–Eu sou uma lutadora, eu não me entrego.

Recompôs-se e foi para a casa, onde passou as próximas horas do dia estudando. A distração veio em boa hora, ocupando a cabeça e desviando-a de tudo aquilo que a garota não queria ter que pensar ou lidar naquele momento. Teria pelo menos mais 6 ou 7 meses para digerir o fato.

Era o meio da tarde quando Karina ouviu uma batida na porta, estava tão concentrada que se assustou. Olhou o relógio que marcava 16 horas e coçou os olhos cansados enquanto anunciava para quem quer que estivesse do lado de fora do quarto entrasse. Era Dandara.

–A Beth me contou que você estudou o dia todo. Trouxe um lanchinho.

–Obrigada. Estou mesmo faminta.

A professora de música esperou ela dar algumas mordidas para entrar no assunto que a levara ali.

–Seu pai me contou que você já sabe da novidade.

–Verdade. Meus parabéns Dandara, agora sua família estará completa! – Saiu um pouco mais rude do que ela planejara.

–Nossa.

–O que?

–Nossa família. Você falou sua família, mas é nossa família K. É meu filho, filho do seu pai, seu irmão, assim como o João é seu irmão e você e a Bianca são minhas filhas. Eu sei que está um pouco confuso para você agora, assim como está para o João também, mas é importante vocês saberem que nada vai mudar. Exceto que teremos um novo integrante para amar.

Karina encarava o copo de suco, não conseguia olhar nos olhos daquela mulher de fala suave que em pouco tempo conquistou uma importância tão grande para ela. Não sem chorar e revelar o quanto ela sentia medo de perder tudo aquilo que agora parecia tão essencial para ela. E sabia que se chorasse iria preocupar ou mesmo magoar Dandara e não queria que a mãe pensasse que o filho era indesejado. E foi por isso que ela deu o seu máximo para controlar o bolo que formou em sua garganta e concentrar todas as suas forças para falar:

–Tem razão. Eu estou bem com isso, não precisa se preocupar.

–Tem certeza K? Eu só quero que você saiba que pode falar qualquer coisa comigo.

–Como eu falei para o meu pai antes, se vocês estão felizes, eu estou feliz. – Finalizou com um sorriso forçado, daqueles que os olhos não acompanham.

–Eu sei que tem mais coisa aí. Mas vou respeitar o seu tempo. Estou lá embaixo se precisar de algo. – Deu um beijo na testa da filha e saiu.

Assim que a porta se fechou as lágrimas tão contidas escorreram desesperadamente e Karina correu para o chuveiro, buscando privacidade para o seu momento. De nada adiantaria o teatro de antes se a ouvissem chorar. Sentando sob a água entregou-se ao choro e pensou no quanto seria mais fácil se ela fosse egoísta e pudesse falar sem pensar em como afetaria os outros, dessa forma ela não estaria ali, com os próprios sentimentos a consumindo. Crescer machucava.

Após o banho já se sentia mais calma. Jogou-se na cama, ficando cara a cara com Simba que lhe despertou uma lembrança. Pegando o celular, mandou uma mensagem para o namorado:

“Fazendo? ”

“Praticando a música nova na guitarra. Pq? ”

“Acabei de me lembrar de uma coisa. Vem para cá quando puder? ”

“Vou só tomar um banho antes e vou então.Tá tudo bem? ”

“Sim. Só lembrei de umas ideias que quero te mostrar”

“Ok. Beijo”

“Beijo”

O que será que a loirinha estava tramando?


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Notas finais do capítulo

Prevejo xingamentos por não ter continuado o hot hahahahahahahaha me perdoem, coloquem a imaginação de vocês para trabalhar.
Não deixem de comentar!

Beijos, sabem onde me encontrar:

Twitter > @vittinspirar