Impossibilidades Perina escrita por Lilith


Capítulo 70
A esperança de um amanhecer


Notas iniciais do capítulo

Olá meus leitores favoritos! Depois de praticamente 20 dias, venho trazer esse capítulo e esperanças para vocês (para nós hahaha).
Completamos 6 meses de fic e para comemorar, tenho uma sequência para finalizar e liberar até sexta, podem esperar. E na semana que vem tenho planos de liberar um capítulo por dia, aproveitando esses meus últimos dias em casa.
Como vocês podem perceber, estou pensando em colocar nomes nos capítulos, aos poucos vou editar os anteriores.
O capítulo de hoje quero dedicar á Laís Martins, como agradecimento pela dedicação linda que ela fez de IP. E também quero dedicar à todos vocês, que estão firme e forte aguentando minhas ausências.
Obrigada por serem sempre incríveis! Espero que gostem...



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Após um longo banho quente e ainda enrolada na toalha, Karina procurava algo dentre as coisas da irmã com todo cuidado para não acordá-la. “Onde será que ela guarda?” Voltou a vasculhar, mas não encontrou. De volta ao banheiro, resolveu olhar no armário.

–Achei você! – falou para o objeto– Agora posso te secar. – voltou-se para o leãozinho de pelúcia que estava em cima da pia, ensopado pela chuva. –Eu quase te esqueci no banco da praça. Quase. Eu não iria me perdoar. Você precisa de um nome! Que tal...Simba? Gostei! – ligou o secador e passou a secar o bichinho, enquanto as memórias do dia percorriam sua mente:

Hoje definitivamente é um dia do qual não quero me esquecer, preciso lembrar de escrever na caixinha de lembranças. A primeira vez que brincamos na chuva!

–Fica tranquila Esquentadinha, São Pedro é meu parça. – ironizou imitando a voz do namorado e terminou rindo. –Ele é mesmo um maluco não é Simba?

Alguém abriu a porta do banheiro, assustando-a.

Era Bianca.–K? Com quem você tá falando?

–Falando? Eu tava cantando. – disfarçou envergonhada. - Te acordei?

–E isso lá são horas de ligar secador? – a irmã reclamou.

–Foi mal, é que eu precisava secar o Simba.

–Quem? Ah que fofinho esse bichinho! Mas não dava para deixar ele secando na lavanderia? Amanhã eu tenho ensaio cedo na Ribalta!

–Desculpa. É que eu queria dormir com ele...

–Você ligando para um bichinho de pelúcia?

–Qual o problema?

–Apaixonado fica bobo mesmo!

–Ah me erra!

–Vou colocar o travesseiro na cabeça e ver se consigo dormir de novo! Anda logo com isso hein.

–Tá bom Bichata. – chamou pelo apelido comum de quando discutiam na infância.

–Bobona. Te amo irmã. – beijou a testa de Karina e fez menção de sair.

–Tá bom.

–Nossa que grossa.

–Também te amo.

–Melhorou. Beijo. – agora sim saindo do banheiro e fechando novamente a porta.

–E se eu te deixasse molhado e você estragasse? Eu não ia correr esse risco né.

Voltou a se perder em pensamentos, enquanto continuava a tentativa de secá-lo.

Pedro estava tão triste quando nos encontramos, pelo menos até a hora que entrei ele já parecia mais animado.

FLASHBACK ON

–Você está bem? Tá meio estranho...

–Só um pouco chateado com uns lances lá de casa.

–Quer me contar?

–Posso?

–Ai Pedro e precisa perguntar? Você sabe que pode se abrir comigo.

–Ah sei lá. Eu não gosto de ficar despejando os meus problemas em você.

FLASHBACK OFF

Estamos juntos a tempo suficiente para ele aprender a confiar em mim. Se bem que acho que nem seja isso, o Pedro não gosta muito de compartilhar os problemas. Teve aquela vez pouco antes do baile de máscaras, agora novamente. Só queria que ele tivesse liberdade para se abrir, sem eu precisar insistir antes. E se algum dia ele estiver mal e eu não perceber? Preciso pensar em uma forma de fazer ele entender que pode contar comigo. Mas como?

Karina você é a pessoa mais insensível do muito que existe também, onde já se viu falar que ele está falido? O Pê é todo orgulhoso nesse sentido. Cabeça dura!

Sério, qual o problema em dividir a conta? Qual é a desses garotos? Pensam que isso faz deles menos homens? Não entendo.

Igual meu pai quando eu era criança, juntava meu dinheirinho toda feliz e quando íamos até o mercado eu sempre pegava algo que queria. Chegava no caixa, ele nunca me deixava pagar. Não adiantava eu explicar que juntei o dinheiro para aquilo, ele não aceitava. Uma vez coloquei o dinheiro no bolso da calça enquanto ele dormia, mas ele deve ter percebido o peso, a maioria era moeda mesmo. Dai quando fui dormir peguei ele colocando o dinheiro de volta na minha mochila.

Homens são todos iguais!

Mas o Pê vai ter que deixar esse orgulho de lado, ainda mais agora. Acho que vou pedir ajuda para a Bi, ela que saca mais sobre a cabeça desses meninos.

Ele não me escapa, a partir de amanhã Karina não aceita mais que paguem a conta dela. Só tem um probleminha, para isso eu preciso ter dinheiro né, coisa que eu não tenho muito. Já sei, será que meu pai deixa eu arrumar um emprego? Ou ele que se vire para me pagar uma quantia digna na academia, porque essa merrequinha não dá para pagar nem o cinema direito. Tá exagerei, mas a pipoca não dá. Acho que a pipoca, estudante também tinha que pagar meia, negócio maior caro.

Hum isso me deu uma ideia para o Perfeitão. Aí tem isso também, preciso pensar em como ajudar. Essa ideia já é um começo, mas o que mais poderíamos fazer?

–Você vai me ajudar a pensar em algo né Simba? Agora vamos dormir.

*****

No ringue Karina encarava o adversário, o suor fazendo um caminho por seu rosto, enquanto ela lembrava de controlar a respiração. Nat investiu e ela conseguiu bloquear o golpe, revidando em seguida. Assim seguiram uma sucessão de golpes, a luta parecia equilibrada. Então Nat desferiu um round kick, desequilibrando a oponente e derrubando-a. A cabeça bateu no chão e ela fechou os olhos por um segundo, apenas o momento do impacto. Ao reabri-los era Lobão quem estendia a mão para ela:

–Levanta filha. Na Khan não tem moleza.

Ela recusou a mão, levantando sozinha e olhou em volta confusa. –Khan?

–Ih Karina, uma quedinha dessa e já perdeu a noção? – ele debochou, com aquele sorriso nojento. Nojo, era isso o que ela sentia do próprio pai. Como a mãe dela pôde?

–Meu pai é o Gael. – afirmou, encarando-o.

–Ficar repetindo isso não vai fazer ser verdade. Anda, deixa de moleza. Luís! Vem mostrar para a Karina porquê ela não pode se distrair em uma luta.

–Sim mestre.

Uma música começou a soar e reconhecendo-a, ela passou a procurar pelo celular.

“Cut open my heart right at the scar

And loosen up

Gonna do what I'm told go where I'm told

And loosen up

Take a shot in the rain one for the pain

And loosen up

I tried all the way”

–Karina atende logo esse celular! – esbravejou Lobão.

Ela acordou assustada e percebeu que o celular realmente tocava. Atendeu antes que a irmã acordasse, observando a escuridão pela janela.

–Alô?

–Bom dia Esquentadinha!

–Pedro?

–Você tem cinco minutos para jogar uma água no rosto, vestir um biquíni e descer.

–Do que você tá falando Pedro? Que horas são?

–5h30. Cinco minutos, estou aqui embaixo.

–Na minha porta?

–Cinco minutos! Corre. – encerrou a chamada sem se despedir.

–Ele enlouqueceu! – ainda no escuro pegou o primeiro biquíni e a primeira roupa que viu e correu para jogar uma água no rosto e escovar os dentes.

Quando estava saindo passou pela mesa da copa e confiscou duas maçãs. Abriu a porta e lá estava seu namorado maluco, com uma bermuda de tactel azul, com uma regata presa ao short e o boné virado para trás.

–Hoje é domingo! – ele anunciou.

–Posso saber porque me acordou tão cedo? Ainda nem amanheceu Pedro!

–Esse é o ponto. Vamos ver o nascer do sol na praia. – respondeu com um sorriso enorme, ao qual ela não retribuiu, ainda mal humorada pelo sonho.

Aceitando o skate que ele oferecia, partiram em direção à praia do Flamengo, que ficava a uns quinze minutos dali.

Karina sentiu a brisa fresca daquela manhã nublada. Pedro andava a frente, guiando-a. Ele parecia feliz, uma criança brincando com o seu skate.

–Vem! – o namorado chamou ao chegarem na orla, mas a garota parou, descalçando o tênis.

–Eu gosto de sentir a areia nos meus pés. – explicou. Areia que por sinal estava fria, aguardando o sol para aquecê-la.

De mãos dadas, buscaram um local em meio a areia para sentarem juntinhos e aguardar o espetáculo que estava para começar.

–Com sono? – perguntou ao vê-la bocejar.

–Não dormi muito. Você podia ter me avisado ontem né?

–Eu não planejei. – desculpou-se.

Ficaram um tempo em silêncio, apenas observando o balanço das ondas.

A lutadora começou a cantar suavemente:

“Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz
Dias a mais
Dias que não deixaremos para trás

Vivemos esperando
O dia em que seremos melhores
Melhores no amor
Melhores na dor
Melhores em tudo

Vivemos esperando
O dia em que seremos
Para sempre
Vivemos esperando
Dias Melhores pra sempre
Dias melhores pra sempre
Pra sempre”

–O que foi? – perguntou Karina ao perceber o namorado a observando.

–Essa música. Mexe comigo.

–Comigo também. Algumas pessoas podem interpretar como um alerta de que não adianta só esperar. Afinal a mudança parte de nós e se não começarmos, quem vai? Mas para mim é como se ela me lembrasse de acreditar sabe?

Pedro puxou a namorada mais para perto e ela recostou a cabeça no ombro dele.

–Ela traz esperança. Assim como o nascer do Sol. – ele concluiu, sério.

Os primeiros raios de sol surgiram no horizonte, criando uma faixa de variados tons que iam do amarelo pálido, passando pelo rosa e diversos tons de alaranjado até mesclar-se com o azul que já começava a desbotar. Então o sol começou a despontar no horizonte, inundando o céu de dourado.

O amanhecer Inicia-se como um lance de luz em meio a escuridão da noite e aos poucos vai colorindo todo o céu, criando essas nuances em azul, alaranjado e dourado. Um verdadeiro espetáculo que nos é proporcionado todos os dias, entretanto com a correria do dia-a-dia poucos observam tamanha beleza.

Karina quebrou o silêncio:– Eu amo noite, o escuro. Ela é silenciosa, é confortável. Mas é tão bom quando amanhece e a luz vai invadindo tudo, trazendo esse calorzinho para dentro de nós.

–Ambos têm sua beleza e um não existe sem o outro. – o namorado respondeu, ainda maravilhado com o espetáculo no horizonte. O barulho do mar era como um tempero aos ouvidos dele, complementando essa obra de arte. Não lhe passou despercebido a risadinha da namorada: - Do que você está rindo?

–Bobeira.

–O quê?

–Nada, se eu te falar você vai rir. – desviou o olhar do dele, embaraçada.

–Pode me contar, prometo não rir.

–É que eu pensei aqui que para mim você é como o Sol. Foi surgindo lentamente na minha vida e me inundando com sua luz, essa sua alegria. Enchendo a minha vida tão cinza de cor. Você tem essa presença brilhante. É bobo, eu sei. – respondeu timidamente e olhando para baixo, as mãos desajeitadas no colo.

–Isso é uma das coisas mais bonitas que você já me disse. – capturou o rosto dela com a mão, obrigando-a a olha-lo. – E eu preciso dizer que você tem muito da Lua e eu não estou falando só do humor. – sorriu.

–Como assim do humor? – ela riu, agarrando a mão dele. – Tá me chamando de inconstante?

–Também. – ele riu de volta e quando voltou os olhos ao seus, a olhou de uma forma que a fez sentir estranha, aquele calorzinho dentro dela dando as caras novamente. Ele continuou:– Você é tão bela quanto a Lua, repleta de mistérios a serem desvendados. Além do que a Lua é uma bola de luz em meio a escuridão e é assim que me sinto em relação à você às vezes. Quando parece que tá tudo indo mal, eu sempre tenho você ali para me fazer acreditar. Sabe que a Lua é sempre fonte de inspiração para o poeta né? Você é a Lua, eu sou o poeta.

–Sou a Lua e você o Sol. – ela refugiou o rosto no peito dele, que a abraçou. Ficaram em silêncio refletindo sobre a conversa, enquanto o Sol terminava de preencher o seu espaço no céu. Então a garota quebrou o silêncio, brincando:– Essa conversa foi muito gay.

Pedro riu alto. –Você que começou. Isso dá poema, sabia?

–Aí já é contigo, eu não sei escrever essas coisas.

–Como não? Eu acho que você tem potencial.

–Prefiro deixar isso para você. A minha arte é dentro do ringue. – levantou e se espreguiçou, sentindo a brisa do mar contra a sua pele. O Sol já brilhava, absoluto.

A lutadora iniciou uma sessão de alongamentos, enquanto o namorado só a observava. Parecia uma gatinha, esticando cada músculo do corpo.

Comeram as maçãs que ela tinha trazido, enquanto conversavam sobre assuntos leves. Com o passar dos minutos o calor ganhou vez e ela retirou a blusa, revelando o biquíni preto e arrancando mais alguns olhares dele. A praia ainda estava vazia, apenas uma meia dúzia de pessoas espalhadas.

–Vamos aproveitar um pouco o mar? – ela sugeriu, olhando para o namorado ainda sentado na areia.

–Na verdade eu estou pensando em aproveitar outra coisa.

–O que?

–Sua boca. – declarou puxando-a sem aviso, trazendo-a para baixo. Ela bateu nele, sorrindo.

–Você só pensa nisso?!

–Em beijar sua boca? Não. – com um meio sorriso malicioso, ele continuou – Penso em beijar sua bochecha. – depositou um beijo suave no rosto dela e seguiu – Seu pescoço. – sugou sem pressa o local e foi percorrendo um caminho com os lábios na pele – Ombro. – depositou alguns beijos molhados e até uma mordida sutil e continuou o caminho – Bracinho. – deu vários beijos até pular para outra parte –Barriga. – os beijos ali foram um pouco mais ousados, com toques da língua, o que a arrepiou por completo.

–Pedro. – advertiu com a voz trêmula.

–Eu posso continuar, lugares que eu quero beijar em você não falta.

–Eu acho melhor ficarmos com a boca...

Ele se divertiu com a reação dela e provocou: - Ou o quê?

–Ou eu vou querer fazer contigo algo que não é apropriado aqui.

Ele engoliu em seco. Apesar de provocar, não esperava que ela verbalizasse realmente. Calor o inundou e ele tomou os lábios da namorada. Beijaram-se freneticamente, as mãos dela em seu ombro enquanto ele a acariciava levemente nas costas.

As coisas começaram a sair da linha depois de vários minutos, então ele a afastou.

–Eu acho que preciso daquele banho de mar agora.

Agora foi a vez dela rir de sua reação, enquanto ele arrancava o tênis, correndo em seguida. Tirando o short jeans, ela correu atrás dele em direção ao mar.


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Notas finais do capítulo

"Beijaram-se freneticamente" - desculpem por isso hahahahahaha essa notícia de SantoVitti não saia da minha cabeça.
Espero que tenham lido a nota inicial e que estejam empolgados tanto quanto eu!
Até lá posso contar com vocês comentando? Assim que eu liberar essa sequência, vou responder os comentários atrasados, prometo.
Comentem, favoritem e recomendem - por que não? hahahaah

E se quiserem bater um papo ou saber algo da fic, já sabem onde me encontrar:

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Beijos e até mais tarde