Impossibilidades Perina escrita por Lilith


Capítulo 7
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!

Reescrevi esse capítulo umas três vezes. Espero que tenha ficado bom!



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Terça-feira, na aula de biologia, Pri estava sentada ao lado de Karina, conversando animadamente, quando Pedro chega:

–Oi Pri! Meu lugar por favor.

Ele soava feliz o bastante, mas manteve seus olhos em Pri enquanto ela se levantava. Parecia que ela não conseguia se mover rápido o bastante; ele passou seu braço pelo corredor, convidando-a para fora.

–Bonita como sempre. - ele disse para Karina que distraída com a amiga respondeu:

–Obrigada.

O garoto se surpreendeu e olhou para lutadora no momento em que ela percebia o que tinha respondido. Eles não aguentaram e gargalharam.

–Eu não queria dizer isso! - Karina comentou

–Relaxa, achei estranho mesmo.

Ela deu um meio sorriso para ele e olhou para frente. O início de uma trégua?

–Você está cheirando bem também.

–Chama-se banho. Água quente, sabonete, shampoo.

–Pelada. Conheço o esquema. –Pedro sorriu.

Karina ia reclamar da resposta dele, mas o sinal tocou, cortando-a.

*****

No intervalo, Karina estava em seu novo lugar habitual, ouvindo música, quando Pedro se aproximou, sentando ao seu lado na grama:

–Ei, e aí?

Karina tirou os fones e olhou inquisidoramente para o garoto.

–Pensei em ficar aqui contigo, aqueles dois estão muito melosos hoje. Nem eu aguentei. (João e Pri)

–Olha só, não é porque não discutimos hoje na aula, que nos tornamos amigos.

–Por que você é sempre tão grossa? Sabe, faria bem sair um pouco da defensiva.

–Não tenho culpa se você é sem noção. Normalmente quando uma pessoa está de fone, é porque não quer conversar.

–Você sempre tá de fone.

Karina olhou para o garoto como quem diz "Eureka".

–Ok. Não vou mais te incomodar. - levantou-se e saiu meio cabisbaixo.

Pedro?! Se você ficar de boca fechada, até posso compartilhar meu som contigo.

–Agora sim!

Eles então conectaram o fone dele e ficaram o restante do intervalo apenas escutando música.

*****

No dia seguinte a galera da academia combinou de jantar no Perfeitão. Karina se olhou no espelho, vestia uma regatinha vermelha, calça preta e tênis. Nada mal, mas parecia faltar algo. Olhou para as maquiagens da irmã que estavam na pia da suíte.

Nos livros as mocinhas sempre dizem que um pouco de rímel e gloss faz toda a diferença, ela então resolveu experimentar. Passou uma leve camada de rímel, o que realçou seus olhos azuis e um gloss bem leve de morango.

A lutadora foi a primeira a chegar no Perfeitão e pegou uma mesa. Delma pediu que o filho fosse atendê-la.

–Olha só. O período na escola não é o bastante? Precisou me ver a noite também? – Pedro falou brincalhão.

–Não tenho culpa se seu pai é dono do melhor restaurante daqui. Infeliz coincidência não?!

–Está esperando alguém?

–Estou esperando a galera da academia.

Pedro então sentou-se de frente para a garota.

–Você não deveria estar trabalhando? – perguntou Karina

–Pausa. Filho do dono tem seus privilégios.

Pedro sorriu, mas Karina somente o encarou. O garoto tocou o lábio da lutadora com o polegar e falou:

–Você fica melhor sem isso.

Karina surpreendeu-se. Normalmente todos insistem que ela se arrume mais, mas aqui está ele dizendo que prefere ela sem maquiagem. Não soube como responder a isso, então optou por não falar nada.

–Então, o que você vai fazer amanhã a noite?

–Está me chamando para sair?

–E se eu estiver?

–Pra onde?

–Cinema. Tem um filme legal passando e....

–Não acho que eu gostaria do que você considera "legal".

–Qual é? Nem falei qual filme é.

–Não é isso, é que eu gosto de filmes de ação e você está mais para comédia romântica se é que me entende.

–Só porque eu sou músico? Você acha que não gosto de explosões?

–É por aí.

–Não achei que eu precisasse te falar isso, mas eu sou homem Esquentadinha. Gostar de filmes assim está na minha natureza.

–Se você diz.

–Se eu quisesse poderia até lutar esse negócio que você faz.

–Hahaha piada essa hora não, moleque.

–Você duvida? Começo amanhã se quiser!

–Não por favor! Não estraga meus treinos com essa sua voz irritante.

–Começou! Não dá para ter uma conversa civilizada com você, já parte para a ofensa. Fica aí sozinha!

Pedro sai marchando em direção a cozinha. Delma:

–Ué filho, não atendeu a Karina?

–Ela está esperando uma galera. Mãe, tudo bem se eu for para casa? Não tô muito legal.

–O que você tem meu filho?

–Um pouco de dor de cabeça.

–Tudo bem então, toma um banho e deita um pouquinho que você melhora tá?

–Obrigado mãe. Te amo.

Uns minutos depois Tomtom avistou Karina sozinha e foi conversar com ela. Os meninos começaram a chegar, mas a garota gostava tanto da menina que continuou papeando com ela. Até que João veio atendê-los e a lutadora estranhou.

–Ué Tomtom, não era o Pedro que tava atendendo?

–Ele pediu para minha mãe deixá-lo ir para casa. Disse que estava com dor de cabeça. Mas se quer minha opinião, acho que ele estava mesmo é chateado.

–Chateado? Será que...não, acho que não.

–Vocês brigaram, não foi?

–E isso por acaso é novidade?

–Bom, seja lá o que foi que você falou, magoou ele bastante. Porque você não vai lá falar com ele?

–Lá? Na sua casa? Não acho uma boa idéia.

–Por favor K., não gosto de ver meu irmão assim.

–Tá bom vai, mas faço por você.

Karina virou para os meninos: -Zé, pede o de sempre pra mim? Já volto!

E foi com Tomtom pelo caminho que dava acesso a casa pelo restaurante.

–Ele deve estar no quarto, é a última porta a direita. Vai lá.

Karina estava meio insegura, mas resolveu ir. Estava implicando com ele como sempre, não percebeu que foi grossa além do normal. Que garoto mais sensível.

Bateu na porta duas vezes, mas não teve resposta. Pedro tinha acabado de sair do banho e tinha colocado os fones no ouvido. Por isso não ouvira quando Karina bateu.

–Pedro, posso entrar?

A garota testou a maçaneta, não estava trancado. Então resolveu entrar mesmo sem resposta.

Entrou, fechou a porta e virou-se, passando os olhos pelo quarto que era bem espaçoso. Quando se depara com Pedro próximo da porta do banheiro, de costas para ela e só com uma toalha azul enrolada no quadril.

Karina ficou paralisada, titubeando entre sair correndo e fingir que nem tinha entrado ou chamá-lo. Sair correndo, óbvio– pensou. Mas Pedro virou-se bem nesse momento, assustando com a presença da garota.

–Caraca! Quer me matar de susto, doida?

Karina não conseguiu falar nada, estava hipnotizada, percorrendo os olhos pelo corpo de Pedro, ainda com algumas gotinhas de água pelos ombros, peito e barriga.

–Desculpe, eu bati, acho que você não ouviu.

–O que você quer? - o garoto parou na frente dela e cruzou os braços, o que chamou mais atenção para seus músculos magros.

–Você não se seca? - falou ainda encarando. Por mais que Pedro estivesse com raiva, não pode deixar de se divertir com o olhar da garota.

–Quer alguma coisa aqui, Esquentadinha?–falou.

–Quero...não, quer dizer...vim aqui dizer que você não precisava ter saído do seu restaurante por minha causa.

–Me rejeita e depois vem atrás? Não te entendo!

–Eu não rejeitei você! Eu sequer respondi sobre o encontro!

–E acha que ainda precisa? Você deixou bem claro que não quer perder seu tempo comigo, pois não sou tão viril quanto os caras da sua academia!

–Eu não disse isso!

–Eu entendi bem, Você prefere os caras como o tal Cobra. E além disso, não queria estragar seu jantar com minha voz irritante!

Karina riu. Ele parecia uma criança fazendo birra.

–Onde está a graça?

–Pensei que esses insultos fossem tão normais entre nós, que nem ofendessem mais.

–Você é uma garota - embora às vezes não pareça - e eu não queria ser estúpido contigo. Por isso vim pra casa.

A boca de Karina despencou. Como assim embora às vezes não pareça?! Pedro não perdeu a reação dela:

–Pensei que as palavras não ofendessem mais.

–Você adora esfregar minhas palavras na minha cara né?!

–Se veio para brigar, pode dar meia volta. Estou cansado.

–Não vim brigar. Vim...pedir desculpas. Mas não sou boa nisso.

–Isso é inédito. Vou te ajudar, é só falar o que estiver sentindo aqui. - e tocou o peito dela.

Karina queria muito beijá-lo, ele estava uma tentação assim, tão perto. Quão errado isso seria? Ela não sabia, mas no momento estava disposta a descobrir. Pedro percebeu que a lutadora o estava admirando novamente e ficou quieto, com ela nunca sabia o que esperar, qual seria o próximo passo.

A lutadora percorreu uma gotinha d'água com seu dedo indicador. Ela o olhou nos olhos e enfim o beijou. Pedro levou uma mão a sua cintura e a outra em sua nuca, guiando o beijo. Karina percorria as costas dele com suas mãos.

O garoto se animou, prensando-a na porta do quarto e erguendo a coxa dela até sua cintura. Karina percorreu o peitoral dele, arrastando as pontas dos dedos pela barriga do músico. Ele a soltou rapidamente, dando as costas para ela. Ambos respiravam pesadamente.

E no momento os dois estavam envergonhados e não sabiam como agir. Pedro nunca esperou uma reação dessa, ele desejava, mas nunca imaginou que ela o faria assim. Aparentemente ela o desejava tanto quanto ele o fazia. Karina por sua vez, estava morrendo de vergonha por ter se deixado levar, esse tipo de conduta não batia com ela, ela não era assim. O que ele iria pensar?

Balbuciou um "Desculpa" e saiu correndo porta afora.

Pedro sentou-se na cama, uma mistura de êxtase e vergonha.

Karina teve de parar atrás da porta do restaurante recobrar o fôlego. Olhou em um espelho que estava ali, ajeitou o cabelo, mas não tinha como fazer as bochechas agora coradas, voltarem ao normal. Esperou alguns minutos e encarou. Sua vontade era pular uma ponte, de tanta vergonha. Mas os meninos iriam estranhar se ela passasse direto para casa. Sentou-se ao lado de Zé.

–Ô K., até que enfim. Onde você tava? – questionou Zé.

–Demorei? Nem percebi, estava ajudando a Tomtom com um trabalho no computador dela.

–Aqui seu hambúrguer com fritas, chegou agora pouco. Será que já esfriou?

–Tá bom assim Zé, obrigada!

Os meninos seguiram conversando, mas a lutadora não conseguia se concentrar, tampouco comer. Sua mente não saia do que tinha acabado de acontecer. Karina experimentara uma emoção que nunca tinha sentido...

Chegou uma sms em seu celular:

"Pedro- Se essa eh a sua forma d pdir desculpas, espero q vc me magoe mais vzes!"

A garota corou novamente.

–Ai galera, eu já vou. Estou morrendo de sono.

–Quer que a gente te acompanhe?

–Não, tá tranquilo. Ainda é cedo. Podem continuar aí.

Se despediu deles e foi até o caixa acertar sua parte. Tomtom estava com a mãe:

–E aí, conversaram?

–Sim. Acho que está tudo certo agora.

Elas sorriram e Karina foi para casa.

*****

Uma semana se passou, Karina evitou Pedro de todas as formas possíveis. Nem no Perfeitão foi, mesmo o pai e a irmã indo jantar lá. Deu uma desculpa referente a escola, nessa o pai sempre caía.

Mas hoje tinha aula de Biologia, seriam obrigados a passar quase uma hora sentados juntos. Karina estava sofrendo por antecipação.

Já na sala, Pedro murmurou um "Oi" tímido para a garota, que respondeu da mesma forma. Ambos estavam desconfortáveis, mas Karina se recusava a conversar sobre o assunto, por mais que ele insistisse.

Mais alguns dias se passaram e a vergonha de Karina foi se diluindo. Se antes eles brigavam sempre, agora quase não se falavam. Karina não entendia bem o que estava sentindo.

Pedro por sua vez, queria ficar com a garota, mas ela só dava indícios de que tudo fora um engano.

E nessa semana, o skatista acabou ficando com outra garota na Ribalta. Karina estava saindo do treino quando viu os dois juntos em frente a praça. Seu estômago revirou e seus olhos arderam. A lutadora voltou correndo para o banheiro. Ver sua irmã com Duca não fora tão terrível quanto ver Pedro com outra garota agora. Ela tinha visto ele com tantas, desde que ele foi para a escola dela. O que havia mudado? Por que doía tanto agora?

Bianca que estava descendo da aula, viu Karina correndo para o banheiro e pensou que talvez a irmã estivesse passando mal. Foi atrás dela então. A loirinha estava fechada em uma cabine tentando se controlar. Bianca entrou no banheiro:

– K. você está aqui? K? Tá tudo bem, maninha?

Sem obter resposta Bianca foi se preocupando.

–K, me responde. Aconteceu alguma coisa?

–K por favor!

Karina abriu a cabine e se atirou nos braços da irmã, se permitindo chorar. Bianca não fez perguntas, somente a abraçou de volta e fez carinho até que sua irmã se acalmasse.

–Está melhor maninha?

Karina assentiu.

–Vem, vamos jogar uma água no rosto e ir para casa.

–Sem perguntas, Bianca?!

–Só quero cuidar de você. Quando achar que deve me contar, estarei aqui para você. Eu te amo maninha.

–Também te amo Bi. Desculpe por toda confusão com o Duca...acho que eu nem gostava dele tanto assim.

–Isso é passado, não se preocupe. Vamos.

Já no quarto, Bianca levou um lanche natural para a irmã e suco de laranja com mamão que ela adora, mas ela quase não tocou. Seu estômago estava revirado. Tudo por causa de um garoto.

Bianca pediu ao pai para deixar Karina faltar da escola, pois a irmã não estava bem. Gael não gostou muito da história, queria levá-la ao médico. Mas Bi conseguiu convencê-lo.

E com isso mais algumas semanas se passaram.

Karina já estava se sentindo melhor e já conseguia olhar para Pedro novamente, até voltaram a se implicar. A raiva que ela sentia por ele, só fez aumentar. Não sabia ao certo porque.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do beijo Perina?
Beijos e amanhã tem mais!



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