Impossibilidades Perina escrita por Lilith


Capítulo 54
Capítulo LIII


Notas iniciais do capítulo

Que saudades de vocês!!!
Depois de quase um mês sem postar, retorno para dar continuação a nossa fic.
Peço desculpas à todos que aguardaram esse tempo todo, tive complicações de saúde e precisei mesmo desse tempo.
Maaas agora já me sinto bem melhor e muito muito empolgada para escrever! O único probleminha é que meu notebook está no conserto, quebrei a tela, devo pegá-lo amanhã.
A vontade de postar era tanta que editei esse capítulo no celular, é trabalhoso, mas espero que gostem do resultado!
Até o final da semana saem o restante dos capítulos prometidos e muito mais.
Aproveitem!!!



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A festa de casamento estava acontecendo em um lindo salão, com a decoração composta por flores brancas e meia luz, dentre outras coisas. O aluguel do local fora presente de Delma e Marcelo e os noivos adoraram.

Depois de deleitarem-se com as delícias que estavam sendo oferecidas, a atenção geral voltou-se aos noivos que dançavam em um misto de alegria e emoção.

Pedro sempre achava inspirador ver casais apaixonados. O amor era assim, algo realmente bonito de se contemplar. O encontro de duas almas.

Quando foi abraçar sua própria fonte de inspiração, percebeu que ela já não estava ao seu lado. Olhou em volta, mas sem sinal de Karina em qualquer lugar. Perguntou para Bianca e Duca, João e Pri, Tomtom...ninguém notara sua ausência até aquele momento.

–Talvez ela só tenha ido ao banheiro. – comentou Bianca, voltando sua atenção para os noivos.

Talvez, mas algo lhe parecia errado. Ele estava mesmo com essa sensação estranha no estômago desde que chegaram à festa.

–Eu vou checar.– comentou Pri ao perceber que algo estava acontecendo, mas voltou sem encontrá-la.

Combinaram então que Pri e João ficariam por ali, caso a lutadora aparecesse, enquanto Pedro e Tomtom procurariam nos outros lugares.

Cobra estava de saída quando ouviu a conversa dos amigos. Ele tinha um talento natural para prestar atenção em tudo, principalmente sem que percebessem que o fazia.

Pensava em verificar ele mesmo se a lutadora estava bem, quando recebeu uma sms, desviando seus pensamentos:

"Indo para o QG agora. Não me faça esperar, vagabundo."

–Droga.

Tinha planos com Jade, entretanto ali estava o lutador, preocupado com sua amiga. Resolveu verificar um local que ainda não tinham cogitado: o lado de fora. E teve sorte.

O lutador percorreu o caminho de palmeiras que demarcava a entrada para o salão, chegando à uma gloriosa fonte. Reconheceu a lutadora recostada na borda.

Karina ouviu os passos de alguém se aproximando, embora não tenha se dado ao trabalho de verificar quem era.

–Loirinha? O que faz aqui sozinha?

–Nada demais. Tava só pensando.

–Todos estão te procurando. Aconteceu alguma coisa?

–Eu só precisava de um pouco de ar.

–Tem certeza que está bem?

–Estou. – ensaiou um sorriso.

–Sendo assim...já marquei presença, agora eu preciso mesmo ir. Fica de olho na Lucrécia para mim?

–Pode deixar, qualquer sinal dela indo embora, eu te aviso.

–Você é a melhor! – a abraçou. - Mas volta para a festa, ficar aqui pode ser perigoso.

–Sem essa, eu sei me def...

–O que tá rolando aqui? aparentemente Pedro tivera a mesma ideia de verificar o lado de fora.– Fique sabendo que a única pessoa que a Esquentadinha pode beijar e depois afogar na fonte, sou eu!

Cobra olhou sem entender para Karina que apenas acenou com a mão, reprimindo um sorriso:

–Ignora.

–Acho que essa é a minha deixa. Cuida dela, doido! – e correu para o local onde estacionara o carro, estava atrasado.

Cuida dela doido!imitou com uma voz engraçada– As pessoas realmente acham que precisam me dizer isso? - Pedro resmungou.

–Até porque eu sei me cuidar sozinha né, moleque!

–Poxa te procurei pelo salão todo. - comentou um pouco chateado. - Por que você sumiu sem avisar?

–Precisava de um pouco de ar.

–Está tudo bem? - olhou em seus olhos com tanta intensidade, que por segundos ela se esqueceu de respirar.

–Tudo ok.

–Estou te achando meio triste. Quer me falar o que está rolando? – apoiou as mãos na borda da fonte, prendendo-a entre os braços.

–A gente pode só voltar para a festa?

–A gente pode conversar sobre o que está acontecendo? Combinamos que seria assim minha linda.

–Eu sei.

–Então? Fiz algo que você não curtiu? Foi por que eu roubei comida do seu prato? Desculpa mesmo, eu pensei que não se importasse. Eu te dou a minha parte do bolo e...

–Não precisa Pê, eu realmente não ligo. Olha só...não é nada contigo.

–Então o que é?

Karina suspirou.– Estava pensando na minha mãe. Bateu saudade. – respondeu virando-se e brincando com a água.

–A que você nem conheceu? - a garota o olhou surpresa com a pergunta. - Desculpa, eu não quis dizer assim. Quero dizer, deve ser difícil pensar em alguém que você nem conheceu pessoalmente.

–Talvez a razão seja essa mesmo, saudade dos momentos que eu não pude ter. Nós nem temos muitas fotos dela, sabe?

–Por quê não? – beijou o ombro dela e acariciou seus braços.

–Meu pai trancou tudo quando eu tinha uns quatro, cinco anos. Disse que ficar olhando para ela doía.

–Deve ser difícil. Não sei como é crescer sem mãe. Se eu já fiquei mal quando eles quase se separaram...graças a sua ideia que tudo se resolveu.

–Qualquer coisa para esse sorriso não se apagar. - acariciou o rosto dele.

–Você é meu combustível. Enquanto você estiver bem, então eu também vou ficar. – respondeu acolhendo as pequenas mãos da garota nas suas.

Uma lágrima intrusa escorreu pelo rosto de Karina, que em vão tentou disfarçar.

–Ei.

–Não quero te machucar Pê. Não quero te decepcionar. - respondeu com a voz embargada, enquanto ele a puxava para um abraço, apoiando o queixo no topo de sua cabeça.

–De onde veio isso Esquentadinha? - perguntou preocupado.

–É só que... se minha mãe não existe é meio que culpa minha né...e se o Lobão for mesmo o meu pai, Pedro?

–Ah não K. De novo essa história?

– Imagina eu ter roubado uma das coisas mais importantes da vida do meu pai e nem ser filha legítima dele? Você acha que ele conseguiria me amar mesmo assim?

–Por que você tá pensando nisso agora? Não prometeu esquecer isso? Depois de todo rolo que deu!

–Eu sei Pê, mas tenta me entender poxa. Ver meu pai feliz como ele está hoje...eu só não me senti...sei lá...digna?

Pedro respirou por alguns segundos, absorvendo as palavras. Precisava pesar o que iria falar, não queria machucá-la ainda mais. Estava tão acostumado a ver a Karina autossuficiente, não que não gostasse de ter contato com esse lado mais "humano" de sua namorada, mas era nesses momentos de fragilidade que ele sentia a responsabilidade de ser importante para alguém. Ele queria cuidar dela, queria lhe tirar essas angústias.

–Esquentadinha, independente se você tem ou não o sangue daquele mestre Leitão, quem te criou foi o seu pai. Digo, o Gael. Independente de sangue, pai é quem cuida.

–Mas você acha que ele ainda iria me amar se eu não fosse filha biológica dele? Às vezes eu sinto meu pai tão distante de mim. Queria que ele gostasse de mim como gosta da Bianca.

–Ele já não te disse que sim? O que demonstra isso são atitudes e não uma folha de papel impresso de um laboratório.

–Você ainda iria me amar Pedro? Se eu tivesse o sangue do mestre do mau?

–Enquanto você continuar sendo a garota do sorriso assim de lado, eu vou te amar. Agora esquece esse assunto, por favor?

–Desculpa. Eu sempre acabo jogando minhas inseguranças em você.

–Não.

–Não?

–Eu não quero que você pense que precisa se desculpar. Namorar é isso K, é dar apoio quando o outro precisa. Eu que te pressionei para me contar o que estava te incomodando e não quero que pense que precisa se desculpar por se sentir assim. Te entendo. E estou aqui contigo.

–Você não existe cara.

–Existo. E na verdade estou com fome de novo. Podemos entrar? Tá cheio de coisa gostosa lá dentro.

–Vamos!

*****

Bianca e o namorado dançavam uma música lenta, conversando sobre a festa, quando repararam na irmã/cunhada.

–Aqueles dois competem para ver quem come mais, não é possível! – Bianca brincou.

–A K comer bem até é compreensível por conta do metabolismo e tals, agora o Pedro...

–Eles se completam.

–Assim como nós.

–Estou tão feliz Du. Meu pai e a Dandara casados e reconstruindo a vida, Pedro e Karina gamados e nós...

–Nós?

–Mais apaixonados que nunca.

–Tudo está perfeito na corte da princesa Bianca. Não esquece que agora eu faço parte da família real. - João que dançava com a namorada próximo a eles não pode deixar de prestar atenção.

–Tá mais para bobo da corte. – Provocou o lutador.

–Há há há nossa Duca você é TÃO engraçado!

–Troféu jóinha para você. – completou Pri.

–Que bom ver que você também está feliz por nossos pais, maninho!

–Ô! Explodindo de felicidade!

–Agora vocês vão morar todos juntos!– Pri comentou.

–Como uma grande família feliz!

–Deixa de onda João, você vai curtir morar lá em casa.

–Qualquer coisa é melhor que morar com o René.

–Não fala assim do seu pai!

–Meninooos! Hora das fotos! – convocou Delma.

–Obaaa! Vou chamar minha irmã.

Com Karina:

–Fotos? Sério?

–Vamos Esquentadinha, é uma das partes mais divertidas!

–Não sei onde, aquele monte de gente te olhando, mandando você fazer pose disso, pose daquilo. Sempre tem alguém que não sai legal e aí tem que repetir a mesma foto umas 50 vezes. É flash na cara...Sem falar que parece que a câmera espera o segundo exato para capturar minha pior feição e eu saio com cara de retardada. Tô fora.

–Como assim, K?! Não pode! – Bianca reclamou.

–Não quero!

–Karina é o casamento do nosso pai!

–Bianquinha, vai indo que a gente já vai.

–Mas a K...

–Confia em mim. Vai.

–Ok. Olha lá.

–Não adianta Pê, eu não gosto. - viu o garoto rindo e descruzou os braços, intrigada. - Tá rindo de quê?

–Imaginando uma coisa aqui.

–Fala! Vai fala!

–Sua festa de quinze anos e os fotógrafos suando para conseguir tirar uma foto sua sem levar um soco em troca.

–Seria mais ou menos isso, se eu tivesse uma. Eu não quis!

–Não? Mas tipo, é o sonho de todas as garotas! Ser princesa por uma noite...tá entendi.

–É. Mas foi muito louco, meu pai me levou para assistir o UFC aqui no Rio, foi demais! Nunca vou esquecer aquela noite.

–Que legal.

–É, foi aí que eu tive mais certeza, sabe? Um dia eu quero pisar naquele octógono, provar meu valor, ver a torcida vibrando...cara deve ser muito emocionante.– os olhinhos azuis até brilharam com o pensamento.

–Você vai conseguir minha linda. E vai ser a melhor lutadora que eles já viram!– levantou-se–Ladies e gentlemen, esse é o evento que todos estavam esperando! IIIIIIIT'S TIIIIIIIIIIIIIIME! Ela é pura brasa! Para incendiar esse octógono e aquecer essa noite, KARINA A ESQUEEEENTADINHAAA!

–Pedro, está todo mundo olhando! – reclamou envergonhada, mas deixou escapar um sorriso.

–Agora bora tirar aquelas fotos!

–Ah não...

–Olha gata, fica tranquila. Não tema, com Pedro não há problema.

–O que você sugere?

–E se fizermos caretas?

–Tá falando sério?

–Claro, não tem como sair feio na foto se a ideia é sair feio. Sacou? Embora eu duvide que você consiga ficar feia.

–Você se surpreenderia hein. Mas eu curti...e nas fotos que você não sair? Não rola fazer careta sozinha. – fez bico.

–Aí você respira fundo e olha para mim. Esquece que tem outras pessoas, esquece fotógrafo, esquece flash. Só olha pra mim.

–Acho que eu consigo fazer isso.

–Vamos descobrir.

*****

Karina e Tomtom dançavam de mãos dadas, ao som de Really Don't Care - pedido feito pela garotinha ao DJ. Os amigos aproveitavam a festa de casamento e o clima de harmonia e felicidade que tinha se instalado. Alguns aproveitavam o momento para paquerar, o que era comum cada vez que juntavam os alunos da academia com os da Ribalta.

–Será que agora posso dançar com minha namorada? – pediu para a irmã, que foi dançar com Pri.

–Ah Pê. Nem sei dançar música assim. - tinha começado a tocar Black do Pearl Jam.

–Sem essa Esquentadinha. É só se deixar levar.

–Ok, mas só porque eu adoro essa música.

–Minha namorada tem bom gosto.

–Nem tanto, eu namoro você.

–Ai, essa foi direto no coração. Então eu não sou uma boa escolha?

–Não.

–Então aproveita, macho te secando aqui não falta. É só escolher. – reclamou calmamente, abrindo os braços.

–Calma, estou só brincando.– abraçou a cintura dele.

–Sei.

–Seu bobo. Você mesmo todo maluco, é a escolha perfeita para mim.–admitiu, desviando o olhar para baixo.

–Eu adoro quando você fica assim, toda vermelhinha.

–Para, assim eu fico com mais vergonha ainda.

–Você é muito tímida.- sorriu , fechando os olhos e perdendo-se em pensamentos por alguns minutos.

–Acho que eu quero usar aquele vale seus pensamentos agora. - a garota o interrompeu.

A música já tinha acabado e começado uma mais calma - The way You look tonight (http://youtu.be/sIj5sBgyYDg)

–Acho que você não quer, não.

–Desembucha. Ficou sério do nada.

–Obrigado, mas não estou a fim de apanhar.

–Eu tenho um vale Pedro! Você não tem escolha.

–Então promete que não vai me bater.

–Fala logo que eu já estou pensando as piores coisas possíveis!

–Caramba. Ok. É que eu acho irado quando a namorada faz strip-tease para o namorado. Só estava pensando se algum dia você perde essa vergonha para fazer para mim.

–Pedro...

–Não precisa responder nada K. Meu pensamento, eu não te perguntaria isso. Só falei porque você me forçou.

–Você pensa muito nisso não é?

–Em quê Esquentadinha?

–Você sabe...

–Você sem roupa? Ai! – apanhou da lutadora– Eu não tenho culpa! Agora por exemplo, se eu fechar os olhos e... - desceu as mãos lentamente pelas costas nuas da namorada, que o empurrou e tentou sair dali.–Espera, não foge.

–Você não quer apanhar, mas está pegando pesado! Tá cheio de gente aqui Pedro, incluindo meu pai. Eu não gosto disso!

–Desculpa. Às vezes eu perco o controle. - abraçou-a novamente e terminaram de dançar a música em silêncio.

Karina pensando sobre o que o namorado confessara. A cada dia que passava não lhe restava dúvidas de que era capaz de muito por ele, mas nessas questões que envolviam o corpo...ela era muito insegura. Como poderia pensar em algo assim se sequer tiveram sua primeira vez? Lembrou-se de respirar, um passo de cada vez. Não adiantava se desesperar.

–Eu tenho pensado nisso.

–O quê minha linda?

–Nós. O próximo passo. E eu quero isso.

Pedro ficou sem fala, certamente não esperava por isso após a reação dela a poucos minutos atrás. Queria sair pulando pelo salão...não, queria pegar ela no colo e fugir com ela dali o mais rápido possível...mas não, não queria demonstrar tanto contentamento e deixar ela pensando que ele é um tarado. Karina às vezes age como uma gatinha, que quando assustada, foge.

Foi salvo (ou não) por Dandara e Gael, que pediram a atenção dos convidados.

–Queremos agradecer a presença de todos vocês, que nos ajudaram a fazer com que cada momento dessa noite se tornasse especial.

–Esse dia está sendo muito importante, marca uma nova fase em nossa vida e estamos felizes por dividir esse momento com vocês. Precisamos pegar nosso voo, mas fiquem à vontade para continuar festejando por nós. Mas antes, eu gostaria de propor um brinde.

–Tsc, tsc. Que feio Gael. Ia brindar antes que seu grande amigo estivesse presente?

O corpo de Karina congelou por inteiro ao ouvir aquela voz, tão presente em seus pesadelos nos últimos dias. Fechou os olhos e implorou para que aquele fosse apenas mais um de seus pesadelos. Mas ao abrir os olhos, ele ainda estava lá.

–Lobão.


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Notas finais do capítulo

Empolgados para o próximo? Espero que retornem ao ritmo de antes.
Quero aproveitar para agradecer à todos que me procuraram seja aqui ou no twitter, enviaram mensagens de apoio e me incentivaram a voltar.
É muito bom receber um carinho tão grande por algo que é prazeroso de fazer. Vocês são incríveis!
Ah e um beijo para a minha amiga Mari Bineza, que deu a sugestão da segunda música que é linda por sinal - olha só a tradução da primeira estrofe:
"Algum dia, quando eu estiver terrivelmente chateado
Quando o mundo estiver frio
Eu sentirei bem só de pensar em você
E como você está essa noite"

Ah e não fiquem chateados cmg, eu não coloquei aviso de quando retornaria pois da última vez recebi uma advertência (está nas regras, eu sabia e fiz msm assim hihi) e o correto é respeitar não é?! Um beijo!