Jade se olhava no espelho do banheiro, tentando se recompor. O que Cobra fez tinha deixado sua mãe possessa e a dançarina quase não conseguiu conter sua alegria. Se Lucrécia percebesse, as consequências poderiam ser desastrosas. Olhava para suas mãos que não paravam de tremer, quando ouviu o barulho da porta, alguém tinha entrado. Ergueu o olhar rezando para não ser sua mãe e deparou-se com o lutador no reflexo do espelho.

–Oi dama. - estava com aquele olhar intenso e um sorriso perverso.

–O que você faz aqui? Está maluco? A minha mãe pode nos ver juntos!

–Calma, eu só precisava te ver. - se aproximou, empurrando-a em direção de uma cabine. -Te beijar. - afastou o cabelo dela e beijou seu pescoço lentamente.

–Aqui? Nesse banheiro sujo?

–Eu sei que você merece mais. Só que eu não podia esperar.

–Cobra você está bêbado? Tá estranho...

O lutador moveu seus lábios para a orelha dela, a respiração quente causando-lhe arrepios.

–Eu estou apaixonado por você, Jade. – sussurrou.

Os olhos da dançarina arderam com a confissão, mas logo bateu o medo de ser apenas mais uma brincadeira dele. Puxou sua cabeça para trás pelos cabelos e buscou em seus olhos algum sinal de humor, encontrando apenas aqueles olhos negros, queimando nos seus.

Jade enfim rendeu-se ao momento e com um sorriso nos lábios o beijou com voracidade.

A respiração ficou pesada, a língua de Cobra dançava em sua boca fazendo-a querer cada vez mais, ele a prensava contra a parede da cabine. A forma como o lutador segurava firmemente seus cabelos enquanto se beijavam sempre a excitava. Ele ergueu a perna dela até sua cintura e aproveitando o momento Jade ergueu a outra perna, prendendo-se na cintura dele. Cobra deslizou a mão na coxa até o traseiro, apertando e empurrando contra ela que se agarrava a ele com força. A dançarina sentiu o volume pressionado contra ela e voltou a si. Eles estavam em um banheiro nojento e sua mãe deveria estar estranhando a demora.

–Cobra, para.

–Eu preciso de você. - falou com dificuldade.

–Aqui não. Minha mãe pode aparecer, eu preciso voltar.

O lutador não queria parar, mas também não queria ter outra discussão com a megera da Lucrécia caso fossem flagrados.

–Ok. Você está livre por agora.

–Hum vagabundo! O que você está tramando? – perguntou rindo.

–Você vai ver. Amanhã é o casamento.

–Eu não vou nesse casamento Cobra.

–Mas sua mãe vai e por mais que eu respeite o meu mestre, não vou perder essa oportunidade de ter você só pra mim.

–Então você também não vai?

–Te espero no QG. Agora vai, antes que eu te agarre de novo.

–Tá bom. - deram um beijo rápido. – Espera uns minutinhos antes de sair, não quero que minha mãe desconfie.

Depois de um tempo o lutador deu um jeito de passar por trás do palco sem que ninguém o visse e voltou para a mesa partindo do lado oposto ao que Jade voltou.

–Até que enfim. Onde você estava? - perguntou Karina.

Cobra abriu um sorriso envergonhado e não respondeu.

–Já vi tudo! Ao menos estão bem agora?

–Acho que sim. Eu confessei pra ela...

–Ah! Não creio! - deu um soquinho no ombro dele, sorrindo– Eu quero tanto te ver feliz!

O amigo era só sorrisos, sentia-se mais leve após aquele momento e já estava pensando no dia seguinte, quando teriam tempo para se curtir.

–E ela? O que disse?

O sorriso deu lugar à uma carranca.–Nada. Ela não confirmou que sente o mesmo...

–Relaxa, talvez ela só precise de um tempo para processar tudo.

–Pode ser. - mas o lutador não pode evitar a insegurança que se instalou dentro dele.

Sol começou a cantar I Told you so e Cobra comentou:

–A Jade adora essa música.

–Sério? – Karina ficou pensativa.

–Que foi?

–Hum...acho que ela não precisa te falar mais nada.

–Como assim?

–Você não sabe inglês?

–Eu não, você sabe como era minha vida antes do Rio. Nunca tive oportunidade.

–Então veja. - Karina buscou a tradução da música pela internet em seu celular e entregou o telefone para ele ler.

"Você ficou realmente surpreso

Quando ela deixou todas as suas memórias para trás

Ela nunca disse que estava doendo

Mas que garota admite, quando diz estar bem?

E ela está chorando

E ela está morrendo para que você possa levá-la para casa

E ela não quer espaço, ela só quer ser perseguida

Para você mostrar que ela não está sozinha

Portanto, não espere e não a deixe ir

Porque eu não quero ser aquela

Que tem que dizer, eu avisei

Eu bem que avisei

É claro que ela quer atenção porque você nunca diz

O quanto ela significa para você

Não deveria ser novidade que ela quer ser importante para você

Então não banque o idiota

Ela está chorando

E ela está morrendo para que você possa levá-la para casa

E ela não quer espaço, ela só quer ser perseguida

Para você mostrar que ela não está sozinha

Mas se você já sabe, por que ainda está sentado

Esperando ela mudar de ideia

E dizer a si mesma que está tudo bem

Quando você sabe que estou certa

Ela está chorando

E ela está morrendo para que você possa levá-la para casa

E ela está morrendo para que você possa levá-la para casa

E ela não quer espaço, ela só quer ser perseguida

Para você mostrar que ela não está sozinha

Portanto, não espere e não a deixe ir

Porque eu não quero ser aquela

Que tem que dizer, eu avisei

Eu bem que avisei

Você ficou realmente surpreso

Eu bem que avisei"

Cobra olhou meio atordoado para Karina, estava bem em sua frente o tempo todo e ele não percebeu.

–Não me olha assim, você precisa aprender a prestar mais atenção aos detalhes. - e continuou como se não tivesse acabado de dar um "tapa na cara" do amigo.– Estou com fome, vamos pedir uma porção?

–O que você escolher está bom.

A lutadora pediu uma porção de pasteizinhos, bolinhos de carne seca e iscas de tilápia. Depois de mais algumas músicas a banda encerrou o show e foram conversar com os professores da Ribalta. Terminaram de desmontar os instrumentos, sentando com Karina e Cobra em seguida.

–Gostou do show minha linda?

–Vocês foram ótimos! Acho que todos gostaram.

–É o sr. Moraes (pai da Amanda) já nos convidou para voltar na próxima semana. - Luka comentou.

–Que ótimo! Se continuar assim, logo vocês fazem sucesso.

–Queria que fosse fácil assim, mas a estrada ainda é longa. – comentou Rominho.

–Vocês conseguem. Ao menos uma fã vocês já tem!

–Você não conta né K. Namora esse mala do Pedro. – brincou Sol.

–E ficam tão lindos juntos! - comentou Paula (baterista).

–Cobra eu não sabia que você cantava. – Pedro observou, chamando o lutador para a conversa.

–É, eu costumava tocar violão e cantar com meus irmãos lá no sitio.

–Você tem irmãos?

–Você tem família?

–Vocês acham que eu nasci como? Da cegonha?

–O que foi vocês cantando John Legend? A voz dos dois* juntos ficou perfeito! - Karina mudou o foco da conversa, pois sabia que o assunto família machucava o amigo.

Pedro cantou para a namorada:

– Cause all of me – Porque tudo de mim

Loves all of you -Ama tudo em você

Love your curves and all your edges – Ama suas curvas e todos os seus limites

All your perfect imperfections - Todas as suas perfeitas imperfeições

–Lindo Pedrinho, agora deixa que a gente canta porque essa sua voz ninguém merece! – brincou Sol.

Todos riram e Karina beijou o namorado.

Os amigos continuaram conversando, Pedro comia como se não houvesse amanhã, quando o celular vibrou em seu bolso.

–Linda vê pra mim? Estou com os dedos engordurados.

Karina buscou o celular e verificou a mensagem que tinha chegado.

"Que tal um pouco de diversão de verdade? Te espero no corredor dos banheiros. Mandy"

A lutadora respirou fundo e controlou sua raiva, Pedro estranhou o silêncio e perguntou:

–E então, quem é?

–Nada demais, parece que a Amanda precisa de ajuda com algumas caixas. Pode deixar que eu a ajudo, você está com fome.

–E deixar minha namorada fazer trabalho braçal? Pode deixar que eu vou Esquentadinha.

–Relaxa Pedro, eu não me importo de ajudar. Você estava tocando até agora, aproveita para comer.

–Se você prefere assim minha linda.

–Então eu ajudo vocês K. - Cobra ofereceu, mas recebeu um olhar da amiga e captou que algo estava errado.–Quer saber, você gosta dessas coisas, então divirta-se.

–Eu vou. - respondeu colocando o celular do namorado no bolso e dirigindo-se ao local combinado.

Quando Amanda percebeu que Karina viera no lugar de Pedro, não disfarçou sua cara de desgosto.

–Não era bem você que eu esperava.

–Por que você não me mostra qual tipo de diversão estava falando?

–Não leve para o pessoal, mas você não faz muito o meu tipo.

–Sabe como eu me divirto? Lutando Muay Thai. - esfregou uma mão fechada na palma da outra.

–Está me ameaçando? Vai me bater?

–A escolha é toda sua. Não quero ter que perder meu tempo contigo novamente. Tá avisado. – a lutadora entrou no banheiro para enrolar um pouco antes de voltar para a mesa.

Depois voltou para a mesa e resolveram ir embora, pois já era mais de meia-noite.

Cobra os deixou na casa de Pedro, a pedido da amiga.

–Pensei que estivesse ficando tarde. - o namorado brincou enquanto subiam escondidos para o seu quarto. Tomtom estava dormindo e os pais ainda estavam no restaurante, mas um pouco de cautela nunca era demais.

–E está. Mas o mestre não sabe que voltamos, para ele ainda estamos no bar.

–Hum estou entendendo. Bem que você podia dormir aqui, seu pai deve estar pilhado com o casamento e nem vai perceber.

–Eu já vou dormir aqui amanhã e sábado. Melhor não arriscar.

–Poxa que pena. Amanhã não vamos na aula e eu estava planejando passar a noite toda te beijando.

–Só beijando?

–Essa minha namorada anda bem saidinha!

–Isso é ruim?

–De maneira nenhuma. Eu posso pensar em mais algumas coisas para fazer.

–Tipo o quê?

–Tipo jogar xadrez. – Karina olhou incrédula para o namorado que começou a rir.– Não falei sério Esquentadinha. Mas sua cara foi hilária!

–Babaca.

–Babaca e fedido. Posso tomar um banho rapidinho? Estou todo suado e você toda cheirosinha.

–Vai lá, eu te espero. Mas rápido hein?

–Vou num pé e volto no outro.

Enquanto o namorado não voltava, Karina tirou o tênis, deitou-se na cama e colocou o celular para executar músicas - nada muito alto.

Cumprindo o prometido, Pedro voltou logo, encontrando a namorada dançando "Proibida pra mim" de costas para ele. Ficou admirando a cena.

"Como ela consegue ser tão bela mesmo nos momentos mais idiotas?" - pensou.

–Se não é eu quem vai fazer voc.....Ain... faz tempo que você está aí? - coçou a nuca envergonhada.

–Continua.

Karina percorreu com o olhar o corpo do namorado, que vestia apenas uma toalha enrolada na cintura.

–O que?

–O quê o que?

Trocaram olhares e riram.

–Você falou alguma coisa? - tentou novamente a lutadora.

–Perguntei se está gostando da vista.

Ela sorriu em resposta e se aproximou:

–Quero ver se você continua convencido assim... sem toalha! - em um rompante ela arrancou a toalha dele que se assustou e puxou o travesseiro da cama, cobrindo-se. Ele foi até o guarda-roupa e pegou uma boxer, vestindo-se de costas para ela.

–Se queria me ver nu era só pedir Esquentadinha.

–Queria era tirar aquele seu sorriso presunçoso. Além do mais sua cara foi impagável.– respondeu rindo.

–Sei.

Pedro olhou para o lado.

–Ficou bravo? - perguntou aproximando-se dele.

–Depende. Você vai ficar brava se eu fizer um...ataque de cócegas!

O namorado a derrubou na cama, fazendo cócegas até ela chorar de tanto rir em meio a pedidos para que parasse.

Quando finalmente parou, se entreolharam e Pedro roubou-lhe um beijo. Ajeitaram-se na cama, pois estavam quase caindo, Karina colocando a cabeça no travesseiro e Pedro deitado ao lado, com o corpo inclinado sobre o seu. Beijaram-se por longos minutos, com as pernas entrelaçadas e abraçados, colando seus corpos até que não restasse um centímetro entre eles.

Aos poucos o beijo foi tornando-se apressado, urgente. Precisavam de mais, precisavam sentir um ao outro.

A lutadora acariciava o peito e barriga dele, enquanto as mãos do músico passeavam por sua cintura. Logo Karina pode sentir a umidade dos lábios do namorado em seu pescoço, beijando e sugando levemente, enviando-lhe arrepios de uma maneira inexplicável. Com a respiração ofegante, ela passou as unhas nas costas dele, pedindo por mais.

Pedro sentou-se na cama, puxando-a com um sorriso nos lábios que a fez sorrir também. As mãos dele percorreram seu corpo naquele abraço frenético, enquanto ele continuava os beijos pelo pescoço.

Ela se agarrou a ele com todas aquelas sensações incontroláveis que lhe causava e mordiscou sua orelha, sussurrando em seu ouvido:

–Eu te amo.

–Você é tudo que eu preciso. Tudo que eu quero.

Seus lábios encontraram-se novamente em um beijo de tirar o fôlego. As carícias foram aumentando, cada toque com tal intensidade que a lutadora se perguntava se seria capaz de continuar respirando. O garoto tirou lentamente a blusa dela, deixando o top preto a vista. Distribuiu beijos por toda a barriga durinha da namorada - ele adorava aquela barriga, poderia passar horas somente beijando-a, acariciando-a.

Cada toque, cada sensação daquele momento estava sendo único.

Sem tempo para se arrepender, a lutadora tirou seu top, eles se encararam por pouco tempo e Pedro desceu lentamente o olhar por seu corpo. O olhar de desejo a fez morder os lábios.

–Você...você...é tão linda. - gaguejou, fazendo-a buscar seus lábios, beijando-o lentamente.

A mão do garoto deslizou pelo rosto dela delicadamente, acariciando ombro, braço, cintura. Os seios roçaram levemente em seu peito, fazendo-o morder o lábio da lutadora com desejo. Ela levou sua boca para o pescoço dele, distribuindo beijos e mordidinhas e ele percorria suas costas nuas com as mãos.

Voltou a beijar sua barriga, fazendo-a se inclinar para trás e fechar os olhos. Logo ele passou para os seios, beijando e apertando delicadamente, fazendo-a respirar erraticamente.

As carícias foram aumentando e logo a calça jeans da garota também foi parar no chão.

Ela queria lhe proporcionar o mesmo tipo de sensação que sentia, mas não sabia ao certo o que fazer. Continuaram beijando-se e ele deitou-se por cima dela, os corpos se tocando em todos os lugares possíveis.

Olhando em seus olhos Pedro se pressionou contra ela, arrancando-lhe um suspiro. Encararam-se, ambos carregados de desejo e com o coração pulsando, repleto de amor.

Então eles perceberam que o momento em que se tornariam um só acabara de chegar.

Pedro beijou novamente seus lábios e Karina deslizou suas mãos pela lateral do corpo do músico, quando estavas prestes a se livrar da última peça de roupa do garoto.... o celular tocou, cessando a música e assustando-os.

O namorado sentou-se e a lutadora alcançou o telefone.

–Alô.

–K? Onde você está? - era Bianca.

–Vendo a banda do Pedro tocar, mas já estamos chegando em casa.

–Está tarde, fiquei preocupada.

–E o pai? Tá muito bravo?

–Nada, ele já está dormindo. Amanhã o dia vai ser longo, não demora tá?

–Ok. Beijo.

–Beijo maninha.

Desligaram e a menina levantou-se buscando suas roupas e as vestindo.

–Era a Bianca. – contou.

–Justo agora?

–Preciso ir para casa.

–K, espera. Calma.

–Ô Pedro, amanhã a gente se fala.

–Por que você está fugindo de mim?

–Não estou fugindo, só que está tarde e eu preciso ir.

–Espera. K...você tá assim pelo que aconteceu? Quer dizer pelo que ia acontecer?

–Pedro por favor...

–Se arrependeu? - ela negou com a cabeça, sem olhar para ele.–Você está com vergonha?

–Estou.

–Minha linda. - abraçou ela que escondeu a cabeça no peito dele.– Não precisa ficar assim.

–Desculpa.

–Nós dois queríamos, não tem porque ter vergonha. Eu te amo.

–Eu também te amo Pedro. Podemos ir?

–Claro, deixa só eu vestir alguma coisa.

O garoto a acompanhou até em casa e pouco depois ela adormeceu, relembrando com um sorriso o momento que tiveram.