Mutano ficou um tempo olhando para o teto, ainda deitado. Ele não entendia por que tinha sonhando com Terra. Desde que ele descobriu que estava apaixonado por Ravena, nem se lembrava mais dela. Sim, ele tinha visto ela desde que descobriu seus sentimentos para com a namorada, mas não sentiu nada ao vê-la novamente. Ele ainda a amava, mas descobriu que era apenas como uma irmã, do mesmo modo como ele amava Estelar. Cansado de ficar pensando nisso, Mutano se levantou e foi tomar banho. Ele se surpreendeu quando viu que horas eram, já tinha escurecido e nem Ravena, nem Cyborg tinham ido acorda ele, eles geralmente não deixava que ele dormisse tanto. Ele tomou um banho rápido. Se trocou e saiu do quarto. Todos estavam na sala conversando. Mutano parou na porta e ficou olhando sua namorada que estava sentada no chão brincando com seu irmão. Mutano nunca pensou que Ravena pudesse se dá tão bem com crianças, mas quando ela queria, podia ser um doce.

– Fala, Mutano. – Cyborg disse quando o viu. – Acabei que ganhar de Robin, quer tentar a sorte comigo?

– Agora não. – ele disse indo até a cozinha. – Estou morrendo de fome.

– Quer que eu faça alguma coisa para você comer? – Ravena perguntou olhando para ele.

– Não. Eu me viro. – ele disse abrindo os armários. – Vamos ver o que temos aqui.

– Acho melhor você comer uma salada. – Cyborg disse sem olhar para ele. – Daqui a pouco vamos jantar.

– Salada, então. – ele disse pegando tomates e repolho.

Mutano começou a preparar sua salada enquanto cantava. Ele cantava uma música que tinha dançando com Ravena na festa anual dos titãs dois anos atrás. Ele tinha ficado tão surpreso quando ela aceitou seu convite, que quase saiu pulando. Eles danças para bem dizer a noite toda. Ravena, estava tímida no começo, mas foi se soltando aos poucos.

– Eu me lembrou dessa música. – ela disse parando ao lado dele. – Foi a primeira lenta que passou para a gente dança. Eu me lembro que você ficou bem envergonhado quando ela começou e eu coloquei sua mão na minha cintura.

– Eu estava morrendo de vergonha. – ele disse sorrindo para ela. – Era a segunda música que íamos dançar e era lenta. Fiquei com medo de você me jogar pela janela.

– Eu iria, se você tivesse pisado no meu pé. – ela disse sorrindo. – Venha comer na sala. Não fique ai sozinho.

– Claro. – Mutano pegou sua salada e foi para sala.

...

Os dias se passaram. Os pais dele falaram que iam compra uma casa na cidade, assim poderia ficar perto dele. Mutano no começo não gostou dessa ideia. Além se ser perigoso para eles, Mutano já estava acostumado a não ter eles em sua vida, mas era uma decisão de seus pais, não dele. Mutano tinha começado a fazer fisioterapia e estava treinando com os outros, mas ainda não tinha autorização para lutar. Ravena passava tanto tempo quanto podia com ele, mas mesmo assim ele estava doido para voltar à ativa, ficar sozinho enquanto os outros lutavam contra o crime não era legal. Ele não tinha sonhado mais com a Terra, mas tinha se encontrado com ela por acidente duas vezes. Uma ele estava indo compra um jogo com Robin e na outra estava em um encontro com Ravena. A empata nada disse sobre isso, mas não tinha ficado muito feliz em vê-la.

– Mutano, tenho que ir. – Ravena disse tentado sair do abraço dele. – Mutano, Robin está me chamando.

– Mas tínhamos um encontro marcado. – ele disse fazendo bico. – Deixa esse treinamento para outro dia.

– Não. – ela disse sorrindo. – Você sabe que tenho que ir. Esse ainda é muito puxado para você, sabe disso. Te vejo em duas horas.

Ela o beijou e saiu voando. Robin teve a brilhante ideia de que eles escalassem uma montanha sem poder. Como Mutano ainda não estava cem por cento, o líder achou melhor que ele não treinasse com eles, o que o tinha deixado triste, principalmente por Robin ter marcado o treinamento justo para o dia que Mutano tinha marcado para sair com a namorada. Derrotado, Mutano decidiu levar seu irmão para brincar no parque. Eles estavam se dando bem, já que esse sempre foi o sonho de Mutano. Ele sempre sonhou em ter um irmão. Mutano foi para a casa dos pais e pegou o irmão e alguns brinquedos. Os dois foram para o parque.

– Vamos jogar bola? – John perguntou animado. – Eu jogo e você pega.

– Certo.

Mutano se transformou em um cachorro e se colocou em posição. John pegou uma bolinha dentro da bolsa e jogou o mais longe que podia. Mutano correu e pegou a bolinha ainda no alto, depois levou para o irmão, que jogou novamente. Eles ficaram nessa brincadeira por um tempo, depois, Mutano começou a correr atrás de John. Eles passaram a manhã brincando. Mutano comprou soverte para eles e ensinou John a imitar alguns cantos de pássaros, igual seu pai tinha ensinado para ele quando ele era pequeno. Depois os dois passaram a brincar de pega-pega.

– Mutano? – John chamou.

Eles estavam deitados no chão olhando para o céu e falando com o que as nuvens se pareciam.

– Oi?

– Como foi crescer sem a mamãe e o papai?

– Por que está me perguntando isso?

– Eu vi a mamãe chorando, esses dias atrás, falando que você tinha sofrido muito e ela não pode te proteger.

– Eu acho que mesmo que eles estivessem comigo eles não poderiam. John, é difícil você se virar sozinho. Encontra comida, um lugar para dormi. Um lugar seguro. Pessoas más tem em todos os lugares, e fazem coisas terríveis. Não pense só por um minuto que eles serão mais compreensivo com você por ser uma criança. Eu sofri muito, sim. Conheci pessoas muito más, cruéis, que me machucaram muito. Passei fome, frio e medo. Muitas vezes ia dormi sentindo dores horríveis, mas mesmo assim eu seguia em frente. Eu sabia que a mamãe e o papai não iam querer me ver desisti ou abaixar a cabeça. Todos temos momentos de provações e eu tive os meus. Tive momentos que quis jogar tudo para o alto e deixar minha dor de lado, mas não o fiz. Ergui a cabeça e segui em frente. Sempre assim. – Mutano olhou para o irmão. – Eu consigo falar com crianças de rua, fazer com que ela confiem em mim, por que sei o que elas passam, sei o medo que elas tem. Quando você mora na rua aprende que todos podem querer seu mal, que se for fraco se machuca, apanha e coisas piores. Nunca pense que a vida foi ou será fácil, em algum momento as coisas podem dá errado. Isso é a primeira coisa que aprendemos. Eu aprendi a contar piadas para esquecer a dor, e sou feliz com isso. Aceito quem sou, quem fui e quem serei. Não me envergonho do meu passado, por que sem ele, eu não seria a metade do que sou agora.

– Ninguém nunca me diz o que aconteceu quando você era criança.

– Quando você for maior, eu te conto. Vou te contar tudo o que aconteceu comigo. Feito?

– Feito. – John sorriu para ele.

– Mutano? – eles escutaram uma voz feminina chama-lo.

Quando olhou para cima, Mutano viu Terra parada.

– Terra? – ele disse surpreso.

– Oi. Será que...

– Cuidado. – Mutano gritou vendo um banco vindo na direção deles.

Mutano pulou e tirou Terra e John na frente. Ele se levantou rapidamente e viu Adonis ali parado em forma de Besta.

– Chegou a hora. – Adonis disse e correu em direção a Mutano.