Ao chegarmos a sala de música Peeta examina o local com os olhos enquanto eu me dirijo ao banquinho do piano, não que eu vá tocar, só estou afim de sentar mesmo.

–Legal aqui. – ele diz quando termina de examinar a sala.

–Eu adoro essa sala, foi aqui que eu aprendi a amar a música, era o cantinho especial meu e do meu pai. – digo lembrando de momentos vividos ali, com um pequeno sorriso no rosto.

–Você parece gostar muito dele.

–Sim, meu pai era meu herói, eu sinto muito a sua falta, mas se ele estivesse vivo não gostaria que eu parasse a minha vida devido a sua morte, então eu me acostumei com a dor e a saudade, ao invés de ter as memorias como algo ruim, vejo uma maneira de me aproximar de meu pai, então eu vou seguindo a vida assim. Mas meus amigos e meu irmão me ajudaram muito na época, se tornaram meu porto seguro. – por quê que eu estou falando disso com ele? Não sei, mas eu não tenho mais controle sobre o que eu falo.

–Hum – ele diz se aproximando. O que esse doido está fazendo? – Eu sinto muito. – ele diz quando já estamos cara a cara.

–Tudo bem, já passou. – ele se aproxima mais e eu vou jogando o meu corpo para trás, até que sinto o piano em minhas costas, seja lá o que ele quer fazer, eu não tenho saída.

–Medo de mim? – ele pergunta com os lábios quase roçando nos meus.

–Nã-ã-ão – eu gaguejo.

–Não é o que parece. – ele abre um sorriso cafajeste e se aproxima mais ainda colocando os lábios em meu ouvido – Mas não se preocupe, porque eu não mordo... A menos que você queira. – ele sussurra em meu ouvido me deixando arrepiada. Ele volta a se afastar ainda com o sorriso em seus lábios e me encara.

Quando consigo recuperar meus sentidos eu digo: -Não obrigada, estou muito bem aqui... A uma distância segura de você e desses seus lábios de galinha.

Ele solta uma risada maliciosa: -Não é o que parecia a segundos atrás.

–Eu não tava pensando direito! Você me distraiu! – digo fazendo bico

–Eu te distraio é? – ele diz com um sorriso malicioso.

–Não! Não foi isso que eu disse... eu... eu... Argh! Eu não te devo satisfação! – digo já com raiva, quem esse garoto pensa que é?

Ele começa a rir feito um louco da minha situação embaraçosa, e eu o encaro com uma cara de serial killer, e aos poucos ele vai parando de rir, acho que fico com medo da minha cara.

Katniss 1 X Peeta 0.

–Ótimo! – digo com um sorriso irônico – Será que agora podemos ensaiar?

–Claro. – acho que ele finalmente percebeu que eu acabaria o matando se ele continuasse com a “brincadeirinha”.

(...)

–Kat? Vocês já estão terminando? – pergunta Mad entrando na sala e interrompendo nosso ensaio.

–Hum... Tem quanto tempo que nós estamos ensaiando? – eu a pergunto.

–Quase duas horas.

–DUAS HORAS? – gritamos eu e Peeta juntos.

–Sim... – ela diz cautelosa e assustada com o nosso grito.

–Nossa nem vi o tempo passar. – digo para ninguém em especifico.

–Nem eu... – Peeta murmura.

–Mas já tem duas horas. – Mad afirma.

–Bom acho que já deu por hoje né? Vou indo. – diz Peeta.

–Claro. – eu olho para ele. – Eu te levo até a porta. – ele assente com a cabeça e nós caminhamos em silêncio.

–Bom acho que é isso... – eu digo, sem saber ao certo o que falar.

–É... Então... Até segunda. – ele diz e se aproxima para me dar um beijo na bochecha, só que eu me viro nesse exato momento fazendo que ele me dê um beijo no canto da boca. Eu fico super constrangida e ele... ele, bem, abre o seu tão conhecido sorriso safado.

–Tchau! – ele diz ainda sorrindo, abre a porta e vai embora, me deixando encarando o nada. QUE RAIOS ACABOU DE ACONTECER AQUI?!

–Kat tá tudo bem? – pergunta Mad me tirando dos meus devaneios.

–Claro. Por que não estaria? – digo tentando soar normal.

–Sei lá, o Peeta já foi embora e você ficou ai... Encarando o nada.

–Tá tudo bem. – digo sorrindo para ela que ainda está desconfiada, mas resolve deixar para lá – Vamos lá em cima ver onde o pessoal quer ir?

–Claro.

Nós subimos e passamos no meu quarto para chamar as outras meninas e vamos para o quarto de Cato. Adivinhem o que eles estavam fazendo? Jogando vídeo game, reviro os olhos, mas estou feliz em ver o Nathan no meio deles, fico feliz que eles estejam se dando bem.

As pessoas normais nessa ocasião falariam alguma coisa para chamar a atenção deles, mas como não tem nada de normal na minha vida, muito menos eu sou normal, eu vou até a tomada, que fica um pouco atrás de onde eles estão, assim eles não me veem, e puxo a tomada da Tv e do vídeo game. Resultado, todos viraram na hora com olhares mortais para mim e eu comecei a rir. Eu amo irritar esses meninos! Meu passatempo favorito!

–KATNISS!! – gritaram juntos.

–Presente! – disse levantando uma mão e retomando a minha crise de risos.

Eles bufaram, mas não falaram mais nada, esperam eu conseguir voltar ao normal.

–Já que vocês já estão aqui, o que querem? – perguntou Cato.

–Saber quando vamos sair e para onde vamos. – respondeu Mad.

–Já terminou seu ensaio Kat? – perguntou o Nat.

–Acabou sim, agora eu sou toda de vocês, não precisam mais brigar. – disse fingindo que sou a pessoa mais cobiçada do momento. Ainda fiz pose de esnobe, empinei o nariz e joguei o cabelo. E o que os bobões fizeram? Começaram a rir, e quando eu fiz cara de indignada para eles, os mesmos riram mais ainda. Bufei e fiquei encarando-os com uma cara irritada até eles pararem de rir.

–Falando sério agora, aonde a gente vai? – perguntou Clo.

–Não faço a mínima ideia, só estou afim de sair. – disse Gale.

–Bem que a gente podia ir no shopping né? Tô precisando fazer umas comprinhas. – tinha que ser a Mad, vejo os meninos revirarem os olhos e então uma ideia me ocorre, reprimo um sorriso diabólico e digo.

–Ótima ideia Mad! Também estou precisando fazer umas comprinhas... – digo como quem não quer nada e vejo Mad quase sair dando pulinhos de alegria por alguém estar a apoiando.

–Mais roupas Katniss?! – pergunta Cato me olhando como se eu estivesse falado algum absurdo, e eu somente assinto com a cabeça – E todas aquelas roupas que a mamãe traz para você? Seu closet está cheio!

–Mas umas comprinhas sempre fazem bem.

Ok, eu assumo, eu tenho muitas roupas, não preciso fazer “comprinhas”, sempre que sai alguma nova coleção minha mãe me traz roupas da loja dela, ou seja, estou sempre muito bem vestida, porque a marca da mamãe é famosa mundialmente, mas eu vou ensiná-los a não rir da minha cara! E qual melhor jeito de fazer isso do que fazendo eles irem comprar roupas com mulheres?

–Vocês não podem estar falando sério! –diz Finnick.

–Pois estamos sim amor, também estou precisando fazer umas comprinhas. – diz Annie, valeu amiga!

–Já que vocês querem, eu topo! – diz Clo.

Agora, estamos empatados, 4 meninas contra 4 meninos, e como quem tem o poder de persuasão somos nós, as mulheres, adivinhem onde estamos agora? Isso mesmo em uma loja de roupas!

–Não estou acreditando que aceitei isso!

–Não sei pra que tanta roupa, elas são só uma pessoa!

–Onde que eu tava com a cabeça quando me deixei levar pela lábia delas?!

–Annie vai ter que fazer algo muito bom para retribuir essa tarde horrenda!

Esses são só alguns dos murmúrios de indignação deles. Bem feito! Agora aprenderam, que nunca, em hipótese alguma, irrite uma mulher, nós somos ótimas em tudo, inclusive nas vinganças!

Bom, deixando meu feminismo de lado, nós já estávamos a duas horas nessa loja, se só estivéssemos provando roupas estava tudo bem, mas temos que ficar ouvindo o quão infelizes os meninos estão, isso já está me irritando!

–Se vocês calarem a boca, a noite a gente vai em uma balada, ok? – Oi? Eu ouvi o que eu acabei de dizer? Como assim balada? Eu devo ter me ouvido errado, mas esses meninos não servem nem para me deixarem fantasiar, ao olhar para eles vejo um sorriso gigante em seus rostos, e logo após escuto um coro de “ok” e eles não falam mais nada.

Parabéns Katniss! Você conseguiu fazer eles calarem a boca, mas agora vai ter que ir em uma balada. Eu e minha boca grande! As meninas me encaram abismadas, logo eu que sempre fui a mais caseira, proponho uma balada? Se eu não tivesse ocupada me martirizando por ter feito isso, eu com certeza estaria igual a elas.

–Por favor, não falem nada, eu precisava fazer eles calarem a boca. Não estava mais aguentando! – sussurro e elas assentem com a cabeça.

A notícia boa é que eles não falaram mais nada, e a ruim, nesse momento estou em um taxi, junto com o pessoal indo para a balada. Preferimos ir e voltar de taxi, assim poderíamos beber sem nos preocupar.

Ao chegarmos no local vejo que está lotado e com uma fila gigante para entrar, modo vantagem de ser filha de Clara Everdeen on. Eu e Cato chegamos e falamos nossos nomes, e também o nome de nossa mãe, resultado, conseguimos entrar, afinal quem não conhece a marca de roupas de Clara Everdeen?

Ao entrarmos somos guiados a uma mesa mais ao fundo, longe da pista que estava lotada.

–Olha só quem está por aqui, se não é Katniss santa Everdeen. – eu reconheceria essa voz irritante em qualquer lugar.

Me viro dando de cara com Glimmer vadia e suas seguidoras, Cashmere e Enobaria, e adivinhem? Também vadias. Essas garotas estão me seguindo por favor né?!

–Eu não tenho paz nem fora da escola! Até em uma balada Glimmer já-dei-para-todo-mundo e sua trupe me seguem.

Cashmere e Enobaria fazem cara de ofendidas, enquanto Glimmer fica vermelha de raiva e revida.

–Qual é Everdeen? Resolveu largar os livros, enjoou? Agora tá saindo da casinha?

–Quem sabe queridinha, mas você não cansa de ser vadia né? Não consegue ficar um dia sem ir na balada! Já não deu para homens suficiente não?

–Cala a boca garota! – ela diz ficando ainda mais vermelha – Você fala assim porque tem inveja de mim, que tenho o Peeta na hora que eu quiser.

Forço uma risada para mostrar que aquilo não me afetou, mas afetou sim, de algum modo, por algum motivo que eu não conheço, ao ouvi-la falando daquele modo sobre Peeta, eu fiquei chateada.

–Me poupe né garota? – digo me fazendo de indiferente – Tá se achando a última bolacha do pacote, mas ninguém te contou não? A última bolacha é sempre a mais amassada. – as meninas começam a rir e Clo me manda um joinha e eu pisco para ela fazendo Mad e Ann rirem ainda mais – Pois então querida, pode abaixa a bola que você não isso tudo ai não! E sobre o Peeta, faça bom proveito, enquanto durar, afinal, maior galinha que aquele nunca conheci! Aposto que ele chama por você em um minuto e está chamando pelo nome de outra no minuto seguinte, talvez até uma dessas suas amiguinhas.

Glimmer abre a boca para me responder mas nada sai (Katniss 1 X Glimmeranha 0).

–Isso não vai ficar assim Everdeen! – ela bufa e sai batendo salto, sendo seguida por suas cachorrinhas.

Quando ela sai todos nós caímos na risada, essa garota não tem noção de limite!

–Bom gente, depois dessa vou beber alguma coisa. – digo me levantando – Até daqui a pouco meus fãs. – quando eu digo isso eles riem ainda mais e eu saio de lá antes que possam dizer alguma coisa.

Chego ao bar e peço ao barman alguma coisa com álcool, mas não muito forte e rapidamente ele me entrega uma batida.

–Quem diria que um dia eu encontraria Katniss Everdeen em uma balada, ainda mais bebendo. – sussurra alguém em meu ouvido e os pelos da minha nuca se arrepiam, eu sei de quem é essa voz.

–Não basta eu esbarrar com Glimmer, ainda tenho que me encontra com você Peeta? – eu digo exasperada e ele ri.

–Pois é, sou muito disputado, baby. – convencido!

–Sinto em dizer, mas eu não estou nessa lista, de você eu quero distância.

–Não é o que pareceu hoje quando estávamos ensaiando.

Cachorro! Ele tinha que falar logo disso? Foi um momento de fragilidade ok?

–Eu estava frágil, então não conta. – eu disse de cara fechada.

–Eu te deixo frágil? – ele disse abrindo o seu sorriso safado.

–Não foi isso que eu quis dizer. – me defendi.

–Mas foi o que deu a entender.

–Argh! Vai pro inferno garoto!

–Não. Estou muito bem aqui.

Bufei e resolvi ignorar, talvez ele percebesse que não é bem-vindo e fosse embora. Voltei minha atenção para minha bebida, ignorando completamente o fato de Peeta está ao meu lado, mas eu acho que, se ele percebeu o que eu queria se fingiu de desentendido, já que ele se sentou ao meu lado e pediu um whisky.

Eu sou muito, mas muito, fraca para bebida, a prova disso é que depois do quarto copo daquela bebida eu já estava “alegrinha”. Eu não estava bêbada, mas não estava sóbria, estava no meio termo, o suficiente para não ter controle sobre os meus atos e nem me lembrar deles amanhã.

–Não vai dá o fora daqui não garoto? – pergunto a Peeta que ainda estava ao meu lado e também estava bem “alegrinho”.

–Repito. Estou bem aqui.

–Vai irritar outra pessoa!

–Não. Irritar você é mais legal. – ele diz me olhando nos olhos.

–Posso saber por quê?

–Pode sim, porque você se irrita muito fácil, além de ser muito gostosa, tornando mais prazeroso estar ao seu lado. Além de que eu posso fazer isso.

Antes que eu pudesse entender ele colou seus lábios nos meus. Mas o que esse garoto está fazendo? Por que ele está me beijando? Não sei, mas não posso negar que seu beijo é bom, muito bom! Céus esse garoto beija muito bem! Por que tem que ser tão idiota? Mas como eu não vou lembrar de nada disso amanhã. Foda-se. Eu vou é aproveitar, e caso alguém me conte que isso aconteceu eu jogo a culpa na bebida, o que não é mentira, eu não estou pensando, se eu estou beijando Peeta, a culpa é da bebida!

Quer saber? Vou deixar de me preocupar e ligar o modo “foda-se” e curti o momento enquanto posso.