The Seventh Zone escrita por Isa Chaan


Capítulo 21
O garoto do capuz negro -parte 2


Notas iniciais do capítulo

HELLO, EVERYBODY!
Por favor, não atirem ovos!xD
A essa altura do campeonato vocês já me conhecem o bastante. Eu sou a rainha dos updates atrasados u-u
De qualquer forma, não vou me estender, já que vocês têm uma longa jornada pela frente, então aqui vãos as informações básicas.
Esse capítulo deu um total de 13.000 e outras tantas palavras (É palavra pra chuchu). Portanto, para não ficar muito cansativo decidi dividir em mais duas partes. Mas não se preocupem, o capítulo já está finalizado e revisado, então não acontecerá como da última vez (que eu falei que traria em alguns dias e no final, levou quase um ano).
Enfim, tenho um AVISO IMPORTANTE para quem NÃO é leitor novo.
Junto a esse capítulo, eu escrevi um à parte, contando sobre a lenda da história - que já foi citada várias vezes por Lucy, e eu nunca de fato a apresentei a vocês. Algo que já deveria ter feito a muito tempo. Mas enfim, eu resolvi a atualizar o antigo capítulo de Informações (nº 15), que trazia apenas alguns avisos e uma nova sinopse, para um capítulo especial contando sobre a lenda. Agora o título é Relatos de um velho ancião.
É extremamente importante que vocês leiam a ele primeiro para compreender os diálogos deste novo capítulo. Então, por favor, voltem ao capítulo 15 e depois retornem para este ;)
E isso é tudo. Tenham uma boa leitura!

Ps: Para melhores experiências, ouçam a música recomendada para o capítulo. ;D



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LEIAM AS NOTAS INICIAIS ANTES DE LER O CAPÍTULO. INFORMAÇÃO IMPORTANTE.

 

Música do capítulo.

Ano x777 – 11 anos atrás.

 

Quando entrou na cozinha e viu as migalhas espalhadas pelo chão, não teve dúvidas de que tudo o que a mãe contara era verdade. Seguiu a prova do crime até chegar à porta dos fundos, que dava acesso ao pátio de abastecimento. A trilha continuava por baixo da fresta e provavelmente delataria o suposto culpado. Pensou um pouco antes de prosseguir, quando uma ideia lhe iluminou. Na ponta dos pés, muito silenciosamente, esgueirou-se até a janela entreaberta ao lado da porta. Ao abri-la, com cuidado, e enfiar a cabeça para fora, olhou para baixo. Não pode conter o sorriso que se formou lentamente nos lábios ao confirmar sua suspeita.

— Nunca brincou de pique-esconde?

O garoto sentado engasgou-se com o pão ao ser pego no flagra. Ergueu a cabeça sob o capuz negro e encontrou a menina debruçada descontraidamente sobre o parapeito da janela acima de si.

— Se já brincou, então deveria ser o primeiro a perder em todas. Mas não se preocupe, eu sou especialista nisso. Se quiser posso te ensinar algumas táticas infalíveis. – disse, confiante.

O garoto permaneceu quieto, o que encorajou a menina continuar.

— A primeira delas é nunca deixar uma trilha de migalhas de pão. – riu, apoiando o queixo nas mãos. – Bom, a menos que seu objetivo seja enganar o perseguidor. Aí é uma boa.

O jovem a observou por alguns instantes, avaliando a situação, até retomar seu foco para o alimento, aparentemente mais calmo ao concluir que a menina não oferecia perigo.

Lucy analisou aquela figura encapuzada e misteriosa que devorava o lanche tão ferozmente. Mais parecia que o pão fosse fugir por entre seus dedos na mínima hesitação, como se não se alimentasse a dias. O que muito provavelmente era verdade.

— Você não é muito de falar, né?

Ao perceber que tudo o que arrancaria do outro era o ruído de seu mastigar faminto, escalou o parapeito e se sentou na beirada do peitoril com as pernas balançando livremente pelo ar frio da noite, permitindo-se ficar em um silêncio confortável.

Uma imensa e maciça nuvem ocultava a lua e com a pouca luminosidade não era possível enxergar muito além. O pátio dava para a floresta ao fundo – uma silhueta sombria que balançava ao ritmo da brisa.

Apesar do clima taciturno, aquele cenário não assustava a pequena Lucy, que não sentia mais medo do escuro. Era uma menina "crescida", como dizia à sua mãe. Passara muitas noites deitada ao relento, admirando o céu noturno, mesmo quando a lua e as estrelas estavam tímidas demais para se revelarem.

Além disso, estava em casa. A vila do Phoenix era sua casa, e conhecia muito bem cada canto daquele lugar com a palma de sua mão. De olhos vendados ainda encontraria a vivenda charmosa da tia Anastasia, e o sobradinho do vovô Makarov. Mesmo agora, sem poder enxergar claramente, sabia que, a alguns cinquenta metros estava o quarto de armazenagem e logo ao lado o estábulo. Sorriu quando um relincho ecoou pelo ar soturno. Ágata reclamava por suas amadas cenouras.

Mal reparou que o jovem já havia acabado sua refeição, e só foi tirada de seus devaneios quando este começou a se remexer, levantando-se. A princípio se assustou com a altura do garoto, e percebeu que deveria ser vários anos mais velho do que ela. A capa negra cobria seu rosto quase por completo, e a escuridão da noite tornava impossível decifrar o que se escondia por baixo do capuz. O tecido era fino de tão gasto, e não deveria proteger muito do frio rigoroso que se fazia durante as madrugadas de inverno na região. Inúmeros rasgos na bainha evidenciavam os muitos anos de uma vida nômade e selvagem. A única coisa que a vestimenta não encobria era seus pés, descalços e cheio de calos e ferimentos. Mas visivelmente experientes. Pés habilidosos e, com certeza, muito velozes, que poderiam escalar facilmente a mais alta árvore e o mais íngreme dos terrenos.

Sem nenhuma palavra, o jovem começou a se afastar, seguindo em direção à floresta. A curiosidade formigava pelo corpo de Lucy para saber mais a respeito daquela pessoa misteriosa. Ela não queria deixá-lo partir.

— Espere, aonde vai? – desceu da janela em um pulo e se apressou a alcançá-lo. – Haverá muita comida gostosa na celebração do Phoenix. As empadas de carne da tia Adelaide são de outro mundo, você tem que prová-los! Eu posso trazer para você, ninguém vai suspeitar.

Apesar da insistência de Lucy, ele continuou seu caminho, deixando a menina para trás, sem hesitar. A capa negra ondulava misteriosamente atrás de si, como se sussurrasse segredos tenebrosos. Os tipos de segredos que uma criança pequena como Lucy nunca entenderia.

Lucy assistiu enquanto o rapaz desvanecia na escuridão, sem deixar rastros de que um dia houvera passado por ali, ou mesmo existido. A aparição e o sumiço tão repentinos e surreais que, se alguém lhe dissesse que tudo não passara de um sonho, ela estaria tentada a acreditar. Se não fosse, é claro, pelas migalhas de pão – bem reais – que ainda continuavam espalhadas pelo chão quadriculado da cozinha.

Apertando os olhos para enxergar melhor, a garota observou por um longo tempo o ponto onde o vira pela última vez, imaginando se, em algum momento, ele ressurgiria da penumbra. Mas o rapaz não voltou.

Percebendo que havia se demorado por demais, e que a hora sagrada já deveria estar para começar, deixou seu posto e correu por todo o caminho segurando firmemente a capa vermelha atrás de si. Não sem antes dar uma última espiadela para trás.

[…]
— Você demorou. – resmungou a menina de cabelos curtos e azulados, dando espaço para Lucy se sentar.

— Desculpe, Levy. Assalto à cozinha. – respondeu Lucy, sentando-se de pernas cruzadas em frente à Grande Chama. Levy apenas balançou a cabeça em discórdia, estreitando os olhos. – Era questão de vida ou morte!

A amiga riu.

—Então, acho que vai sobrar mais brigadeiros para mim desta vez.

—De maneira nenhuma! – exclamou a pequena Heartfilia se sentindo afrontada, fazendo Levy gargalhar ainda mais.

— Onde estão os outros? – indagou, procurando os amigos pelo topo do mar de cabeças atrás de si.

— Jellal e Erza devem estar em algum canto por aí. Sabe como eles são. – sussurrou conspiratoriamente, e Lucy apenas assentiu, corando. Só esperava que eles não fossem pegos pela senhora Brumela. – Já Loke foi buscar algumas empadas de carne.

— Mas a sagrada ceia é só para depois da meia-noite!

Levy apenas deu de ombros. Pela sua expressão, havia dito aquelas mesmas palavras e não obtivera sucesso.

Lucy voltou a olhar ao redor. A praça da vila estava animada, a empolgação vibrava em cada gesto, em cada palavra dita. Todos os moradores circundavam a fogueira, conversando entusiasmados sobre os acontecimentos do dia, sobre a festa que viria no fim da celebração, quando a aurora surge no céu. Uma noite inteira de festejos e muita comida.

Um pequeno palanque se erguia em frente ao fogo, para que o contador de histórias viesse mais uma vez evocar e compartilhar a cada geração a lenda do dragão de fogo.

Alguns homens, comandados pelo pai de Lucy – Jude Heartfilia – traziam mais lenha para atiçar a fogueira. Ela observava o pai orgulhosa, enquanto o homem enxugava a testa com as costas da mão e saía agarrando os companheiros pelos ombros para buscar mais madeira.

Do outro lado, a senhora Brumela, que estava sempre reclamando de algo, ralhava com as crianças por correrem ao redor da mesa de quitutes. Noutro canto, os senhores mais velhos já tomavam seus canecos de cerveja e envergonhavam os mais jovens sobre suas aventuras eróticas. Mas claro, não tardou muito para a senhora Brumela irromper furiosa e dar uma bela lição neles. Um espetáculo que a pequena Lucy nunca perdia.

— Parem de contar safadezas, seus velhos! Que pouco respeito! – ralhou, dando tapas nos senhores, um a um, que tentavam inutilmente se proteger, erguendo os braços. – Que pouco respeito! Até tu Dionísio!

— Queri-Ai! Querida, foram os meninos que pergunt-Ai! – Tapa atrás de tapa o marido da senhora Brumela tentava se explicar.

—Que pouca-vergonha, Dionísio! Que pouca-vergonha! – exclamava em seu sotaque arrastado. Os jovens apenas observavam e gargalhavam da situação cômica, assim como Lucy.

De repente, um sonoro e poderoso retumbar soou da torre na entrada da vila. O sexto retumbar. Todas as conversas morreram no mesmo instante e o silêncio ditou o ambiente, como se nunca houvesse existido nada além disso.

Entre passos curtos e arrastados, um senhor baixo e já calvo pela idade se aproximou do centro da praça, encaminhando-se em direção ao palanque. Todos pressentiram sua chegada e logo saíram do caminho, acomodando-se em fileiras e referenciando a figura anciã a medida que avançava.

Com as mãos detrás das costas, em uma posição que destacava sua sabedoria, ele perscrutou cada rosto presente. Conhecia cada morador da vila, desde os mais idosos até os recém-nascidos. Mesmo aqueles que já partiram – de uma forma ou de outra – ou aqueles que ficaram apenas por um breve período e logo retornaram para seus antigos lares. Makarov tinha, cada um deles, gravado na memória, e receberia quantos mais precisasse, de braços abertos.

Ao chegar ao palanque, depois de um vagaroso percurso, subiu os quatro degraus com um pouco de dificuldade. Uma vez em cima, virou-se para aqueles que aguardavam expectantes. Lucy mal podia conter a empolgação pois, naquele dia, seria contada a famosa lenda do dragão de fogo, a única história, dentre tantas na vila, que só podia ser narrada uma vez por ano – na noite da Alvorada.

Dizia-se que quando a lenda do Phoenix era contada, neste dia em específico, o espírito da divindade circulava por entre os aldeões, locomovendo-se de uma lamparina a outra e abençoando as casas que lhe davam oferendas. E que, caso fosse proferida por alguém em qualquer outra dia, o espírito não lhe visitaria na próxima Alvorada, trazendo infortúnios para este e sua família.

Quando o ancião, enfim, pigarreou para começar, uma voz se sobressaltou sobre o respeitoso silêncio.

— Makarov, seu velho safado! – berrou a sra. Brumela, fazendo todas as cabeças girarem em conjunto. – Foi o senhor quem roubou as calcinhas da minha sobrinha de novo?!

Um coro de risadas abafadas se prosseguiu – algumas nem tão disfarçadas. Já que, pela forma como os olhos do ancião se esbugalharam, não havia dúvidas.

Todos conheciam a má fama de Makarov. Em dias normais, muitos até gozavam com ele a respeito. Era como um grande avô para todos ali, e o ancião não exigia as rígidas referências e nem os demais tratamentos respeitosos como era de praxe nas tradições do clã. Apenas em dias sagrados, como aquele, isto se fazia necessário. Exceto para a senhora Brumela, claro.

Pois, apesar de suas manias e excentricidades, era o mais velho e sábio mentor que o clã já possuiu. Suas experiências e conselhos eram muito valiosos a todos, principalmente aos mais jovens. Seu próprio avô fora capaz de conhecer Phoenix pessoalmente em uma de suas aventuras. Aquela era a história que Lucy mais gostava de ouvir do vovô Makarov, quando ele se sentava para comer e as crianças logo o rodeavam pedindo por histórias. E como bom contador que era, nunca as negava.

Ca-ham. – Makarov se empertigou, fazendo-se de desentendido. – Muito bem.

Os aldeões voltaram a encará-lo com expectativa. Dispostos a serem levados pelas palavras teatrais do ancião e mergulharem em eras longínquas, onde a magia não passava da mísera sombra de um pensamento acanhado.

Há muito tempo… — começou, a voz grave reverberando sobre o crepitar da Grande Chama. – Em tempos remotos, quando a terra de Ishgar era inóspita e gélida, e o poderoso clã Draconix, ainda não reconhecido como tal, não passava de um pequeno grupo familiar que vinha do norte de Iceberg, em busca de terras descongeladas, um forte estrondo chacoalhou a terra…

A pequena Heartfilia abraçou as próprias pernas, com o queixo apoiado entre os joelhos. Seus olhos castanho-avelãs brilhavam de fascínio, acompanhando atentamente os movimentos cuidadosos e dramáticos do ancião. O rosto do velho era tomado por uma expressão enigmática de fervor, como se fosse transportado para aquele momento decisivo e levasse todos os que escutavam consigo. Algo em suas palavras parecia roubar toda a atenção do público de uma forma quase hipnótica. Mas não era apenas elas que conferiam tal poder. A enorme fogueira também protagonizava junto ao ancião, criando um espetáculo místico e bruxuleante de luzes e sombras.

Ninguém soube dizer o que acabara de acontecer. “Um terremoto?” Perguntaram, afoitos… Não havia como saberem da grandiosidade que estava por vir. Até que um deles, um pobre homem, fraco e faminto, que tentava desesperadamente acender uma chama para sua fogueira— Makarov esfregou os nós dos dedos uns nos outros para ilustrar a forma primitiva de gerar uma faísca. – apontou para os céus e disse: Olhem!

Um gigantesco réptil de asas que se estendiam por quase 10 metros de comprimento sobrevoava pela imensidão noturna. Algo que eles nunca haviam visto. Escamas vermelhas lhe preenchiam todo o corpo, resistentes as mais altas temperaturas encontradas. Um dragão!

Todos seguraram a respiração quando o velho mentor gritou, extasiado.

Um dragão acabara de emergir das profundezas ardentes de EarthLand.— fitou demoradamente cada olhar, dando tempo de todos absorverem a informação. Os pequenos olhos do ancião detiveram-se nos de Lucy, sua mais assídua ouvinte, e lhe sorriu antes de continuar. – Nomearam-no de Phoenix, graças a suas enormes asas ardentes. O dragão trouxe consigo ondas de calor que aqueceram os campos congelados e a vegetação rasteira. Logo, muitos grupos nômades puderam finalmente se alojar naquelas áreas. Eles veneraram o dragão como um Deus, por enfim encerrar o inverno eterno que se instalara na região.

Junto ao calor, florestas cresceram, os animais das mais variadas espécies apareceram, rios antes congelados voltaram a correr, e plantações começaram a dar frutos carnudos e suculentos. A vida cresceu ali.

Com a chegada do Phoenix, o clã Draconix se fortaleceu e sua população crescia cada vez mais a cada ano. Eles lhe entregavam oferendas e em troca, o Phoenix lhes ensinava a arte da magia. A magia do fogo.

Durante centenas de anos, o dragão e os humanos conviveram pacificamente, e o clã do fogo experimentou seus dias de glória entre os clãs mais poderosos que já pisaram neste mundo.

Esta terra que vos pisais hoje, há dois mil anos não passava de um campo congelado, com geadas tão rigorosas que poucos animais eram capazes de sobreviver. Mas com a chegada do fogo pelo nosso deus, tudo mudou. E a família Draconix, aquela que teve o primeiro contato com o dragão e deu origem ao nome do clã, caminhou por aqui e se alojou na vila, hoje conhecida por Kondor.

Mas tempos de glória não são infinitos, e trazem junto a si tempos de ruínas. E uma vez que se atinge o esplendor, a queda é inevitável e muito mais violenta.”

A garotinha do capuz vermelho não conseguiu conter a curiosidade e levantou a mão, alto o bastante para que o seu pequeno braço pudesse se destacar e chamar a atenção do ancião. Makarov sorriu afetuosamente, acostumado com as frequentes perguntas de Lucy, e lhe assentiu, permitindo que a fizesse.

— Todos sabemos que o clã Draconix foi aniquilado pelo filho do dragão de fogo, mas é verdade que todo seu legado foi destruído junto?

— Ainda não chegamos nessa parte, pequena Lucy. Mas sim, todo o conhecimento adquirido pelos nossos ancestrais a respeito da magia de fogo se perdeu, lamentavelmente.

— Mas há algo que eu ainda não entendo. Se o Salamander era tão poderoso como dizem as histórias, mais do que os melhores mestres de magia do clã mais forte que já existiu, por que se contentaria em apenas destruir sua aldeia e não em sobrepujar logo toda a humanidade?

Um vinco se formou entre as sobrancelhas do ancião, que respondeu em claro sinal de descontentamento.

— Onde quer chegar com isto, menina? Busca entender a mente de um assassino?

— Nada disso…— Lucy vacilou diante do tom desaprovador. – Só estou dizendo que talvez ele não fosse assim tão poderoso como afirma a lenda. O clã não deixaria documentos tão valorosos em estado vulnerável. Muito provavelmente eram protegidos por runas mágicas, então talvez ele não tenha conseguido queimá-los.

Agora o rosto simpático do idoso se fechara completamente em uma carranca séria.

— Se está ideia incabível fosse verdade, aonde estaria tais documentos agora? Consegue vê-los em algum lugar? – estendeu os braços franzinos, apontando ao redor. – Mesmo as escrituras do templo foram danificadas para que o legado não perdurasse.

— Podem estar escondidos em algum lugar! Quem sabe até se não houve sobrevi–

— Basta, Lucy. – cortou Makarov em advertência. – Chega destas fantasias tolas. Há um motivo para chamarmos uma história de lenda. Apesar de não podermos comprovar a veracidade das informações, ainda podemos nos basear nos fatos. E o fato é que não houve sobreviventes desta civilização antiga, do contrário, saberíamos. Agora, voltemos ao conto.

Lucy estranhou o comportamento defensivo tomado por Makarov. O amável mentor era sempre muito atencioso ao lhe responder as perguntas. Seu ânimo murchou como uma flor fora de estação, e ela contraiu os ombros, chateada. Levy afagou as costas da amiga e lhe disse uma ou duas palavras de consolo que Lucy mal prestou atenção.

Loke e suas empadas de carne chegaram de fininho um momento depois. O garoto se sentou entre as meninas, com um sorriso travesso e os cantos da boca sujos de comida, e cumprimentou a pequena Heartfilia. Não demorou muito para a azulada começar a repreendê-lo em voz baixa e reclamar algo como ele já ter perdido metade da história. Lucy apenas observou entediada enquanto o garoto devorava os salgados com uma gula impressionante, sem se importar com a bronca de Levy.

Uma vez Lucy perguntara a Loke porque os meninos eram tão esfomeados, e ele apenas lhe respondeu que quanto aos outros não sabia, mas em seu caso, era seus incríveis bíceps que cresciam. A resposta da menina, claro, fora revirar os olhos, já entrevendo o futuro galanteador do vilarejo.

De repente, a imagem do misterioso rapaz encapuzado lhe veio à mente.

Ainda não entendia muito bem todos os detalhes da história. Sabia que sua mãe não lhe contara tudo, mas naquela hora entendeu que não adiantaria insistir, e não o fez. Acreditava em sua mãe, e estava ciente de que haviam mais variáveis em jogo do que Lucy poderia assimilar. Desta forma, não questionou, não fez perguntas. Nem quando encontrou o rapaz sentado abaixo da janela da cozinha, faminto. Não era seu papel julgá-lo ou obrigá-lo a lhe dar satisfações. Por mais que sua curiosidade implorasse por respostas. Quem era ele? Qual seu nome? O que fazia? O que tinha feito? Por que estava em perigo? Por que o perseguiam? E talvez nunca as soubesse.

— Você está pensativa. Aconteceu alguma coisa?

A menina se surpreendeu com a rápida percepção do amigo. Ele a analisava por detrás dos óculos azuis – um estilo próprio, dizia. Apesar do jeito um tanto quanto autoconfiante do garoto, este possuía uma astúcia e perspicácia invejáveis. Apto a ser um grande tenente um dia, ou até mais além. Todos sabiam que um futuro brilhante o aguardava, muito destoante de seus pais fracassados.

Antes que Lucy tivesse a chance de responder, o ancião, que havia feito uma breve pausa para tomar um copo d'água, tossiu e retomou a narrativa.

— Até que um dia houve uma mulher… Uma bruxa! Aquela que usa a magia para rituais negros! Ela fez com que o dragão caísse em seus encantos. Ele se apaixonou por sua beleza, por seu corpo, por sua delicadeza e singeleza. Ele desejou se tornar humano para viver com ela. A bruxa disse que poderia lhe conceder o desejo, se ele assim quisesse. Ele aceitou, e por seis dias e seis noites eles se deleitaram em prazer e felicidade.

“Entretanto, na madrugada do sétimo dia, após conseguir o que queria, a bruxa mostrou sua verdadeira natureza.”

Pelos cantos dos olhos, Lucy sentiu um movimento. Um leve oscilar na brisa. Tão leve que talvez ninguém teria notado, mas que fez seu rosto se virar à procura no mesmo instante. A verdade é que seu subconsciente já aguardava por aquilo, então não foi surpresa o que sentiu quando captou uma presença furtiva se locomover pelas sombras, um manto negro se arrastando pelas pedras da rua, e sim, empolgação.

— Loke. – a menina cutucou o ombro do amigo, aos sussurros. – Pode me dar algumas de suas empadas?

O ruivo ajeitou os óculos, claramente relutante em ter que abrir mão de sua comida favorita. Porém, diante do brilho ávido no olhar da amiga, viu-se impossibilitado de negar.

— Tá, mas é bom você me roubar algumas depois. A tia Adelaide quase me arrancou o couro por eles! – murmurou de volta, enquanto permitia que a menina as pegasse de sua tigela.

Lucy os amarrou em seu lenço, fazendo uma pequena trouxinha na cintura e saiu andando agachada furtivamente pela multidão sentada, pedindo licença para ir ao banheiro vez ou outra quando lhe perguntavam a onde ia.

Loke ou Levy mal tiveram a chance de perguntar o que a menina pretendia fazer antes de vê-la sumir por entre os corpos. Não que não estivessem acostumados com o jeito destemido da pequena Heartfilia, sempre buscando novas aventuras e emoções. Pelo contrário, era mais do que normal a garota ir e vir de uma hora para outra, sumindo e logo depois retornando animada com alguma nova história fantástica para contar sobre seu dia.

— Enfraquecido em sua forma humana, ela pôde cravar-lhe uma estaca no coração do dragão enquanto dormia. O dragão descobrira a traição quando já era tarde demais. E a bruxa sorriu com o seu sangue entre as mãos, enquanto massageava a barriga… O filho do poderoso dragão estava dentro de si, e ele espalharia a calamidade e destruição à humanidade. Após o nascimento, ela deixou o bebe nas ruas de uma pequena vila do clã Draconix, a vila Kondor...

A voz do ancião foi ficando cada vez mais fraca e distante à medida que Lucy deixava a praça principal. Quando atingiu a parede de uma das casas próximas, olhou para trás para conferir se não atraíra nenhuma atenção. Ao constatar que não poderia ter sido mais invisível e que Makarov continuava compenetrado na história, começou a vasculhar a procura do misterioso manto negro. Seus olhos passaram pelas sombras dos toldos e vãos escuros entre as construções rudimentares, mas nada encontrou. Então pois se a pensar por onde poderia iniciar sua busca.

A praça principal se compunha de um grande hexágono conectado por duas ruas de cascalho que se entrecruzavam em X e vivendas de lojas que a circundava enquanto o espaço central era reservado a Grande Chama. Em fronte, um átrio se estendia, não muito grande, até o vestíbulo de um santuário negro que se apoiava ao pé da montanha.

Colunas de pedra enegrecidas se elevavam, brutais. Mesmo se alongando por sete metros de altura, o diâmetro largo fazia parecer menos do que isso. Contornavam as laterais da estrutura, enquanto sustentavam o peso descomunal de um maciço bloco de rocha retirada das entranhas vulcânicas. Beleza e ornamentos eram as últimas preocupações de seus construtores que buscavam nada mais do que transmitir o poderio de sua divindade e trazer o temor aos mortais.

Três grandes portais, sendo o do meio o maior entre eles, recebiam seus fiéis com grossas portas de carvalho inteiramente fraseadas por escrituras arcaicas. Tocheiros em chamas postos em fileiras rodeavam a construção e o único adorno tolerado na fachada espiavam nas duas colunatas em frente ao portal central. Caudas alongadas que se enrolavam na pedra e transformavam-se em corpos reptilianos. Estes por sua vez terminavam em mandíbulas escancaradas que engoliam o fogo dos tocheiros. Apesar da rudeza de toda a sua superfície, as figuras animalescas tinham sido brilhantemente esculpidas com realismo e precisão.

A construção era a mais antiga da vila, mais até do que a própria mansão Heartfilia. Era o Templo Negro do deus-dragão, onde todos prestavam as oferendas e recitavam suas preces. Construído nos tempos remotos dos clãs, quando os poderosos Draconix enfim decidiram expandir seus domínios para além de Kondor e para mais próximo do vulcão. E assim, bloco sobre bloco, foi-se erguido o primeiro santuário em deferência ao Phoenix. As casas não tardaram a se aglomerar ao redor e logo o vilarejo se tornou aldeia, e mais tarde a principal vila do clã.

Lucy conhecia ótimos lugares na vila onde uma pessoa que não desejasse ser descoberta ou perturbada poderia se esconder, já que por vezes ela mesma era uma delas. Mas a vila era extensa demais para averiguar cada esconderijo e o rapaz não deveria estar muito longe, visto que jurava ter sentido sua presença a poucos minutos atrás. Se ele estava ali, com tantas pessoas por perto, pensou Lucy, era porque também desejava assistir ao espetáculo. E o templo era uma escolha certeira: reservado o bastante e com uma vista privilegiada. Por algum motivo ela sabia que o jovem seria capaz de passar facilmente pelos dois homens que montavam guarda nos portais, sem se intimidar. Silencioso em suas vestes tão negras quanto às paredes do santuário, o rapaz se camuflaria como os morcegos na noite.

A entrada ao templo era permitida apenas em certos períodos do dia e da noite, e infringir esta regra era rogar por punição. Entretanto, este fato não foi o suficiente para impedir que a menina prosseguisse. E foi para lá que Lucy se esgueirou. Já preparava-se para formular um plano para despistar os guardas quando pequenos sinos e campainhas tilintaram.

Chegara a vez das dançarinas protagonizarem no palco. Como de costume, logo após o ancião entoar a lenda, jovens mulheres de chiffon esvoaçante e plumas subiram o estrado em seus pés leves e dançantes, acompanhando a música que já começava a tocar. As delicadas campainhas presas em seus pulsos e tornozelos ressoavam a cada movimento e as penas coloridas se enlaçavam em seus longos cabelos trançados. A mais perfeita distração para jovens guardas entediados com a função que lhes fora atribuída.

Hipnotizados pelos movimentos ondulantes e sensuais das dançarinas, – tal qual najas atraídas por seus encantadores de serpentes – os homens sequer vislumbraram uma sombra vermelha bater em disparada pelo átrio do templo, pulando entre as colunas da galeria e atingir o vestíbulo tão furtiva quanto um gato. Ao se aproximar do portal central, murmurou um pedido de desculpas ao Deus-dragão. Sentia-se cometendo um sacrilégio invadindo sua casa terrena de forma tão clandestina, mas não podia negar que adorava a adrenalina – seus sentidos em constante alerta e a sensação de que a qualquer instante poderia ser pega.

Esperou até o momento em que as flautas e os tambores atingissem seu ápice e abriu minimamente uma das portas duplas, o bastante para atravessar seu corpo magro. O ranger da porta foi abafado pela música e ela adentrou a escuridão.

Se comparado a aparência rústica externa, o interior do templo era o completo oposto. Granito negro preenchia o chão, as paredes e as estátuas que se dispersavam por todo o recinto. Duas fileiras de colunatas esculpidas dividiam o templo em três naves¹, acompanhando seus três portais da entrada. No granito das paredes eram cunhados imensos painéis desenhados e pintados a ouro, que contavam histórias de outrora, desde o nascimento dos dragões nas profundezas da terra e sua ascensão aos céus até sua decadência em águas oceânicas, onde ainda dizem que seus ossos descansam.

Lucy roçou o dedo por um dos desenhos em relevo. Algo naquele em particular a fascinava. Retratava um homem com poderosas asas de dragão que detinham o dobro do tamanho de seu corpo. O rosto estava desenhado em perfil, enquanto o resto do corpo portava-se de frente. As mãos flamejantes se destacavam junto ao cabelo exótico, arrepiado como labaredas. A identidade do homem ainda era um enigma, pois não havia escritura que o identificasse. Alguns diziam de que se travava do temível filho do dragão de fogo, outros ainda, de que era o próprio Phoenix em sua forma humana. Independente de quem fosse, a figura não deixava de ser encantadora, e Lucy desejava mais do que tudo poder tocar naquelas asas como fazia com a pintura.

Os olhos de Lucy resvalaram para uma figura feminina e esbelta ao lado do homem. Aquela era Aganeel, a bruxa responsável por trazer a ruína ao deus-dragão. Seus cabelos eram longos e lisos. E diziam as histórias que eram tão negros quanto carvão e brilhavam como joias ao luar. Muitas vezes era simbolizada como um gato preto, devido a seu andar felino e astuto. E por isso o animal era visto como mau agouro pelos habitantes da vila, que acreditavam que durante o dia ela ainda vagueava pelos arredores em patas sorrateiras. A figura carregava um ar tão sombrio que não demorou muito para a menina continuar seu caminho.

Metade do santuário era escavado dentro das profundezas da montanha, fazendo com que o templo se prolongasse mais do que se imaginaria a princípio. Sem janelas, o interior era um enorme espaço confinado e sua única ventilação provinha dos três portais frontais, o que garantia um ar extremamente estagnado a medida que se aventurasse mais adentro da montanha. A luz solar jamais se atreveu a se infiltrar em tais aposentos, pois as chamas sagradas – aquelas que nunca se apagam – eram as únicas permitidas a iluminar seu interior.

Mais tocheiras acesas abriam o caminho pela nave central, revelando o altar – um elevado retangular de dois degraus – e o magnífico pedestal de formas intrincadas com duas pedras de âmbar brilhando à luz do fogo como as orbes de um dragão. Detrás do altar, uma abertura em arco levava a um aposento restrito, no qual apenas sacerdotes possuíam acesso. Trancada por grossas grades, o aposento resguardava o autêntico fóssil do deus-dragão, um dos dentes do Phoenix, que diziam ser maior do que três cabeças humanas juntas e mais cortante do que qualquer navalha já fabricada no mundo.

Lucy percorreu uma das naves laterais, examinando tudo com fascínio. Atrevera-se a entrar naquele território sagrado poucas vezes em sua curta vida. Em certo ponto, o granito dava lugar a paredes cavernosas e irregulares, e neste momento o caminho não mais se encontrava sob a laje, mas sob o peso de toneladas e toneladas de pura rocha. A partir dali, uma escada estreita e pedregosa se embrenhava num canto escondido, era o único acesso ao complexo de túneis acima.

Lucy hesitou diante do primeiro degrau, uma centelha de medo começava a se revolver dentro do âmago. A escadaria em caracol era íngreme e muito escura. Não havia tocheiras ou qualquer fonte de luz para iluminar a passagem. E o silêncio lá em cima era nada mais que absoluto. Mas ela prosseguiu, determinada. Subiu cuidadosamente com o apoio da parede, enquanto o salão e a luz ficavam para trás. Ao galgar o último nível, já não enxergava um palmo a frente.

O complexo consistia de um enorme labirinto de túneis que serpenteavam pela rocha e podiam terminar do outro lado da montanha ou em uma gruta sem saída. O espaço subterrâneo era diminuto o bastante para que fosse impossível o manuseio de archotes e aqueles que pensavam ser espertos por trazerem, eram obrigados a apagá-los e abandoná-los ali. Mas isto não era tudo, um feitiço ancestral havia sido imposto naqueles túneis, que apagava qualquer chama não-mágica com um estalo. Ou talvez fosse o sopro dos mortos, que vagavam rancorosos com o destino encontrado naquelas passagens. Os que se aventuravam muito adentro deveriam estar preparados para encontrar alguns ossos de cadáveres pelo caminho.

Lucy nunca fora muito longe. Jellal, por ser sobrinho do Intendente da Guarda Militar, possuía acesso especial ao mapa do complexo e uma vez a levara até o Olho do Dragão, um dos observatórios do complexo – depois de muita insistência por parte da garota. Graças a sua estatura pequena não era obrigada a engatinhar, mas caminhava com a cabeça abaixada devido as protuberâncias no teto. O sobrinho do Intendente lhe contara que os túneis foram construídos para serem intencionalmente apertados, porque isto garantiria a fuga limpa dos membros do clã Draconix diante de um ataque inimigo, por não haver espaço suficiente para batalhas. Além disso a desvantagem da escuridão se aplicaria apenas aos estrangeiros, uma vez que o clã era o único versado na arte da magia do fogo. Porém, com o extermínio dos Draconix, ninguém mais fora capaz de atravessar até o outro lado, e os túneis deixaram de ser utilizados, tornando-se apenas túmulos dos que ficaram e habitat de animais asquerosos e selvagens.

Sentia-se como se estivesse cega. No mais completo breu, optou por manter os olhos fechados e apurar seus outros sentidos. Na primeira vez que fizera aquele caminho, fez questão de contar quantos passos levaria até o destino. Cinquenta e dois, e a mão nunca largava a parede. Na primeira bifurcação, pegaria o túnel direito, depois, o do meio e seguindo: direita, meio e esquerda. Jellal não aprovava as idas da menina pelos túneis, era por demais, perigoso. No entanto, uma vez que lidava com a teimosia de Lucy Heartfilia, era mais seguro que ao menos lhe desse boas instruções. A menina quase podia ouvir a voz calma do azulado soar em seus ouvidos, orientando-a.

Lucy, jamais esqueça esta configuração: direita, meio, direita, meio, esquerda. Está bem? É só lembrar que a Diana Machucou o Dedão da Mão Esquerda. Viu? É fácil.

Caso se perca, lembre-se de respirar fundo. Não fique com medo. Ele será o seu pior inimigo neste momento.

Abandone qualquer pensamento e se concentre na direção da brisa. A corrente de ar sempre a levará à saída.

Lucy realmente podia sentir uma pequena brisa acariciar-lhe suavemente o rosto. Suave até demais. Caso se perdesse não seria tão simples segui-la. Procurou não pensar muito na hipótese.

O ar ali era tão úmido que até a respiração pesava, ou talvez fosse o início de uma sensação claustrofóbica. Lucy não tinha problemas com ambientes fechados, mas era praticamente impossível alguém não sentir nem que um leve desconforto com paredes tão próximas e nenhuma saída visível. O silêncio também era desconfortante, mas ao menos tatear a rocha transmitia a segurança suficiente para não retroceder.

Trinta e dois.

Trinta e três…

Conforme os passos avançavam, cada vez mais longe da escadaria, a ansiedade aumentava na mesma proporção. Suor já se acumulava nas têmporas quando passou por mais uma curva e seguiu pelo túnel da esquerda, a última ramificação. Lucy sabia que se não chegasse ao Olho do Dragão em mais dezenove passos estaria, de fato, perdida e só notou o quão estava apreensiva no momento em que uma onda de alívio lhe invadiu o peito ao escutar o som dos tambores e da música ecoarem timidamente logo a frente. Estava na direção certa. Avançou com mais energia.

Faltando apenas oito passos, Lucy parou. Abriu os olhos pela primeira vez desde que entrara e viu uma luz fraca e alaranjada espantar minimamente a escuridão. Vinha do outro lado da curva. Da grande fogueira na praça lá embaixo. Estava inquieta sobre encontrar o rapaz misterioso outra vez, mas mais ainda de não encontrá-lo quando virasse a quina.

O que veio a seguir pegou-a de surpresa. Logo ao entrar no observatório, não viu ninguém. A janela elíptica a sua frente – o Olho do Dragão – oferecia a visão completa de toda a vila do Phoenix e de seus arredores, mas ninguém a contemplava. A alcova, onde antigamente dormia o militar responsável por avistar exércitos inimigos e alertar o clã de antemão, estava tão silenciosa quanto uma cripta. A frustração só não vencia a decepção quando começou a arrastar os pés para mais perto da janela.

Mas não foi capaz de ir muito longe, porque de repente um rastro vermelho cortou-lhe o caminho, fechando-a por todos os lados. A menina se alarmou, observando estática a trilha em brasas que se formara de súbito. Foi então que sentiu uma presença atrás de si.

Escutou-a se locomover, aproximando-se com cautela. Examinando-a. Quando a menina ameaçou espiar pelo ombro, quatro paredes de fogo ergueram-se das cinzas. Uma prisão de chamas.

Incrédula, mal teve tempo para gritar, a baforada quente a sufocou. Era como se tivesse dentro de uma fornalha, ou mesmo na boca de um dragão. A temperatura do aposento se elevou tão rapidamente que ardeu os olhos e a pele. A barreira ardente obstruiu completamente a visão do outro lado e de quem estivesse por trás disso. Não conseguiu pensar num meio de escapar daquela situação absurda, apenas agarrou a capa vermelha, protegendo o rosto do calor escaldante, e suplicou em silêncio.

E como se os deuses tivessem ouvido suas preces, as labaredas pareceram se acalmar, diminuindo a altura até os calcanhares. A menina, ainda petrificada, ergueu o olhar, receosa. E lá estava ele.

Sua silhueta se elevava altivamente a frente de Lucy. O manto negro cobrindo todo o corpo e o capuz sombreando-lhe a face. Mas diferentemente de antes, a menina conseguia ver nitidamente o rosto do mais velho, a expressão era dura, e os olhos, tão escuros quanto suas vestes, cintilavam com o reflexo do fogo a seus pés.

Lucy ficara tão desapontada por não encontrar o rapaz como havia esperado que sequer lembrou de conferir todos os nichos obscuros onde alguém poderia se esconder. Ela de fato subestimara a capacidade do jovem ao não levar em conta que ele poderia ter ouvido seus passos muito previamente e se escondido nas reentrâncias da rocha. Analisando novamente, ele certamente não era alguém que seria apanhado facilmente de surpresa. Mas ela sim. Tão ingênua quanto alguém poderia ser em sua tenra idade.

As mãos de Lucy tremiam e ela tentava se recompor do susto. Quando não mais conseguiu sustentar o olhar carregado do jovem, mirou as labaredas e suas danças perigosas, deixando escapar a primeira de todas as perguntas que rondavam sua mente.

— Como... como pode controlar o fogo? – A voz falhara apesar do esforço, enquanto apontava para as chamas mágicas.

O garoto do capuz negro continuou a observá-la, taciturno e com uma expressão que nada dizia.

— Os únicos que o dominavam eram os Draconix e eles desapareceram há quase quatrocentos anos— prosseguiu Lucy, tentando lhe arrancar alguma palavra. – Você poderia ser descendente de sobrevivente? De fato existiram sobreviventes?

Desta vez, houve uma resposta na expressão do mais velho, que semicerrou os olhos puxados.

— Ou talvez você… – A menina engoliu em seco, voltando a tremer. – Você seja o filho do… Phoenix?

Tudo o que o jovem fez foi bufar com a boca retorcida em desgosto, distanciando-se da menina para se abeirar da janela. O nicho onde se encontrava a abertura possuía os assentos moldados na rocha, um em frente ao outro, e o jovem, ao se jogar em um deles, pôs-se a contemplar o lado de fora.

Naquele instante, com um estalo, as chamas ao redor da menina deixaram de existir e tudo o que restou foram as marcas negras no chão de pedra. Lucy soltou um riso engasgado diante de toda aquela situação e das asneiras que falava.

— Mas é claro que não, como eu falo besteiras! O filho do dragão de fogo é apenas uma lenda. – Se Jellal ouvisse o que acabara de dizer, ficaria orgulhoso, pensou Lucy, desgostosa. O azulado sempre achara a história da lenda uma grande furada. E não cansava de relembrar à menina disto, toda vez que ela vinha contente comentar-lhe algo novo que descobrira acerca do assunto. – E mesmo que houvesse existido, o seu despertar causaria um grande desastre em Earthland.

Apesar de toda aquela evidente loucura, seu corpo ainda era abalado por tremores, como se falasse por conta própria que não estava tão convencido sobre o que ela mesma dizia. O rapaz também notara a contradição que cercava a mente e corpo da menina, mas sequer deu importância, pois sua atenção estava vidrada na janela e no que acontecia lá embaixo na praça.

Desnorteada, Lucy apenas ficou parada no lugar, sem saber que atitude deveria tomar. Um vento gelado atravessava a abertura, resfriando o aposento e oferecendo um alívio térmico e emocional à garota. O rapaz parecia não mais se importar com a presença de uma mera criança por perto.

Talvez devesse ir embora, refletiu a menina. Afinal, nada tinha a ver com aquele estranho grosseiro, mal sabia quem era e provavelmente só o importunava. Sua curiosidade já havia lhe trazido o bastante, pensou irritada, poderia ter se machucado com toda aquela aventura imprudente, ou até pior. Quando estava convencida o suficiente para partir e já se dirigia à saída, uma segunda surpresa a deteve naquela noite, no mínimo, excêntrica.

— Como sabia que eu estava aqui?

Breve e direto. A pergunta pairou no ar, como uma ilusão da cabeça de Lucy. O timbre forte e maduro alegava que já era um homem formado, algo por volta dos vinte anos.

Em um primeiro momento ficou pasma ao ouvir o rapaz falar pela primeira vez; em um segundo, abriu a boca para cuspir-lhe palavras de censura, zangada demais com a forma que a havia tratado quando ela só queria ajudar. Mas por fim, ficou simplesmente muda. Porque, ao pensar mais profundamente na questão, o que lhe parecera tão óbvio alguns minutos atrás, agora não fazia o menor sentido. Afinal de contas, de tantos lugares, por que ele estaria justo no observatório, um lugar desconhecido para a maioria das pessoas, onde só membros do alto escalão da Guarda tinham conhecimento e Lucy era apenas uma exceção? E ainda, como diabos Lucy poderia saber, com tanta convicção, que o encontraria ali?

Quando percebeu que a mudez repentina da menina não a deixaria tão cedo, o jovem perdeu o interesse pela pergunta e voltou a olhar para fora. Lucy enfim abandonou o estado de transe e, por hora, suas perguntas, e resolveu se aproximar para entender o que tanto o interessava. Perto o suficiente para tocá-lo, e, mesmo assim, alheio aos seus movimentos, a menina tentou se concentrar na apresentação das mulheres, que encenavam a dança dos dragões lá embaixo.

As flautas finalmente soaram seu último acorde e as dançarinas deixaram o palanque. Lucy sabia o que viria depois. O ancião voltaria para o último conto da noite. E a atmosfera, antes animada e carregada do ritmo das palmas, transformou-se completamente quando Makarov deu início ao segundo ato.

As tentações e prazeres terrenos não são reservados somente aos seres humanos, mesmo os deuses sofrem de seus males. — entoou seriamente. A voz grave reverberava na face da montanha, o que permitia poder escutá-la, mesmo de tão alto. – Nosso deus também fora alvos dos prazeres carnais e o fruto disso foi o nosso pior pesadelo. O filho do Dragão de fogo e da feiticeira Aganeel, também conhecido como Dragneel, o Salamander – herdou a supremacia do pai e crueldade da mãe. Metade homem, metade dragão, possui a força de mil homens e controla o fogo mais habilmente do que qualquer mestre que já existira no clã Draconix.

Por mais que tentasse focar nas palavras de Makarov, que sempre lhe fascinaram, não conseguia. Seus olhos, de uma forma ou de outra, acabavam pendendo para o homem sentado ao lado, assim como todos os seus outros sentidos. Alertas a cada respiração e movimento do mais velho. Essa estranha atração que sentia começava a assustá-la. Dizia a si mesma que era apenas a curiosidade a falar mais alto, mas, no fundo, sentia que era muito mais do que isso. Não o tipo de atração que casais enamorados sentem um pelo outro, mas algo além dela. Como se aquela pessoa fosse alterar completamente o curso de sua vida num futuro não muito distante. Algo inevitável, sério e significativo. Algo predestinado pelas estrelas.

O coração inocente da pequena Heartfilia era um turbilhão de emoções confusas, cheio de medo e dúvidas, mas também de curiosidade e entusiasmo. E quando finalmente tomou coragem suficiente para se sentar no banco defronte ao rapaz, lembrou-se subitamente da trouxa com as empadas que trazia em uma das mãos. Hesitantemente, Lucy depositou a trouxa no espaço vazio ao lado do mais velho. Ele a encarou com ar interrogatório ao pegar o lenço amarrado a nó e o abriu.

O delicioso e bem-vindo cheiro de empadas quentes de carne se libertou e lhes encheu as narinas. Lucy viu uma alegria genuína brilhar nos olhos negros do garoto que, com a boca salivando, devorou os salgados com um ímpeto invejável.

Um sorriso involuntário estampou-se no rosto de Lucy ao vê-lo se enlambuzando os dedos com caldo de carne. Apenas farelos restavam quando ele pareceu lembrar-se que a menina ainda estava ali, e lhe estendendo o braço, devolveu o lenço com uma expressão suave de gratidão. O silêncio deixara de ser um incômodo e tornara-se agradável a medida que um diálogo mudo estabelecia a ponte de conexão entre eles.

Enquanto isso o ancião prosseguia imperturbável.

Alheios ao que acontecera, o povo do vilarejo acolheu a criança amaldiçoada como se fosse um dos seus e ela crescera saudável como qualquer outra criança em seus primeiros anos de vida. Até que coisas ruins começaram a acontecer periodicamente. No início, eram pequenos eventos desafortunados como a perda de uma colheita pelo fogo ou um incêndio inesperado no armazém. Ao que todos diziam ser em decorrência do verão extremamente quente e seco da época ou do descuido de alguém com sua magia.

No entanto, estes eventos continuaram a se repetir inexplicavelmente, trazendo o racionamento de comida e a fome. E levando a certas providências. O líder do clã então ordenou que homens de confiança vigiassem em turnos os locais afetados pelos incêndios para assim desmascarar o responsável e dar-lhe a devida punição. Mas, no final, não foi assim que aconteceu. Ao amanhecer, o que encontraram não fora o culpado preso e esperando a penitência, mas os cadáveres dos homens encarregados da vigia, carbonizados.

Contam que o cheiro da carne queimada era tão nauseante quanto os corpos desfigurados e cheios de feridas horrendas. Primeiro vieram os gritos, depois os lamentos e por fim, o silêncio do luto. A desconfiança cresceu entre os membros do clã, que começaram a viver isolados uns dos outros. A desunião do povo foi a ruína do clã.”

— Vovô Makarov disse que é tolice acreditar que as escrituras do clã Draconix ainda possam existir. – murmurou Lucy, quebrando o silêncio de repente. – Mas elas existem, não é? Têm que existir, você controla o fogo! Não há outra maneira de aprender senão pelas escrituras. Eu sabia que o legado do clã permanecia intacto por todos esses anos! Você tem acesso a ele? Existem outros como você? Pode me mostrar?

Tão logo vira o espanto tomar a fisionomia do rapaz, Lucy percebeu que havia se exaltado por demais. Recuou as costas de volta ao encosto, envergonhada com sua falta de modos. Suas mãos nunca lhe pareceram tão interessantes.

— Ah, me desculpe. – disse, tímida, brincando nervosamente com os dedos. – É que eu sempre quis aprender a magia do fogo. Os outros não se importam, dizem que onde há magia há guerra, então preferiram viver pacificamente, isolados do resto dos clãs, como não-magos. E minha mãe... Ela me ensinou alguns feitiços da magia que conhece, mas disse que só devo usar em casos de extrema emergência. Gostaria de ser adulta, assim poderia sair daqui e ir aprender magia com os outros clãs…

Um sorriso ligeiro despontou do garoto no instante em que Lucy espiou para ele sob as pestanas, mas que se desfez tão rapidamente quanto um piscar. Uma nebulosidade de lembranças havia tomado seus olhos de súbito, e o afundado em um oceano profundo e impenetrável.

— Não foram destruídos. – falou o rapaz, soturno. – Foram roubados.

A cada palavra que pronunciava, outras trocentas perguntas se formavam na cabeça da pequena Heartfilia, e ela já estava ciente de que detinha mais dúvidas naquele momento do que ao encontrá-lo pela primeira vez, sob a janela.

O som incomum de cascos trotando despertou os dois de seus devaneios. Pela primeira vez, Lucy o viu pular em estado de alerta. A figura imperturbável do rapaz parecia abalada demais com simples cavalos. Ouviu-o xingar e cerrar os punhos. Algo estava estranhamente errado, e a menina chegou a essa conclusão fatídica no momento em que Makarov, aquele em que ninguém ousava interromper, calou-se e aguardou.

Todos abriram espaço para quem quer que estivesse de chegada.

— Saudações, povo do Phoenix! – Um homem vigoroso vestindo casaco branco nobre entrou a galope pela praça e puxou as rédeas de seu garanhão cinzento entre a aglomeração de pessoas. Mostrou a todos um sorriso programado e parou de frente ao palanque, onde o ancião observava através de olhos miúdos e expressão de pedra.

Alguns segundos mais tarde, cerca de vinte homens vieram trotando em seus cavalos através da passagem aberta pelo líder. Alguns desceram da montaria, outros ficaram onde estavam. O símbolo da cruz azul sobressaindo nos mantos brancos de seus uniformes, assim como nas braçadeiras.

— Nossa intenção não é atrapalhar suas festividades, não se preocupem. Só precisamos da colaboração de vocês para que possamos cumprir nosso trabalho e tão logo o façam, mais rápido estaremos de partida.

O ancião tragou o ar até o ápice de seus pulmões e um gosto amargo invadiu sua boca.

— Não imaginei que nos veríamos tão cedo, comandante Lahar. Fora ingenuidade minha pensar que as dívidas com o Órgão Mágico já estavam quitadas?

O cavaleiro, que detinha os cabelos compridos presos em coque samurai, soltou um sorriso fácil, diante da aspereza das palavras de um velho amargurado.

— Meu bom senhor, honramos nossa palavra. Não há dívida se nos pagam com lealdade.

— Se não há dívidas, o que procuram deste humilde povo que apenas deseja celebrar suas lendas e viver em pacificidade?

A expressão amigável do membro do Conselho permanecia inabalável. A máscara de um oficial bem treinado.

— O jovem, a quem nos fora entregue, caminha por estas bandas há alguns dias. – falou em alto e bom som, dirigindo um olhar perscrutador pela multidão. – Como confio na boa vontade deste povo, presumo que já teríamos sido informados de antemão caso este fosse encontrado.

— O menino não esteve entre nós. – afirmou, categórico.

— Não duvido de vossa palavra, senhor. Mas sabe como os procedimentos são rígidos. Espero que não se incomode com uma breve revista pelas moradas.

— Meu incômodo pouco lhe importa e muito menos desmotivará sua decisão, então poupe esse velho homem de tais escrúpulos. Quantas provas mais o Conselho precisará para acreditar que tudo o que busco é um fim de vida confortável e tranquilo?

A paciência de Makarov já se esgotava havia anos. A cada minuto se perguntava se não seria o último antes de ultrapassar a tênue linha que demarcava o limite, mas era a segurança dos seus que estava em jogo. E ele já sacrificara coisas demais para colocar tudo a perder. Sacrifícios que o corroíam um pouco mais a cada dia. Mas que também o lembravam de qual era o seu papel e o que ainda o obrigava a se conter diante de um oficial do Conselho. Por mais ácidas que fossem suas respostas, jamais ultrapassava o limite.

— Sua boa índole não garante a de seu povo, caro Makarov.

— Ninguém se atreveria a ir contra as minhas vontades.

— Então será uma vistoria breve. – encerrou a discussão. – Homens, iniciem a busca. Qualquer pista, relatem diretamente a mim. – A voz autoritária do membro do conselho reverberou pelas montanhas.

Os moradores não se moveram, assustados demais para interferir em uma ordem direta do comandante, e apenas observavam enquanto as portas de suas casas eram abertas sem cerimônia e o interior, revistado. Os oficiais que permaneceram em suas selas, vistoriavam de cima, como um pastor que controla seu rebanho, atentos a qualquer agitação.

Os pelos dos braços de Lucy se eriçaram de adrenalina diante dos rumos estranhos que se seguiam àquela noite e, quando voltou a si, estava sozinha no observatório.

 . . .

 

¹ Em arquitetura, a nave é o espaço fechado que longitudinalmente atravessa uma igreja, das portas de entrada até o coro, ou seja, corpo da igreja. As igrejas românicas e góticas geralmente apresentam três naves, seguidas de seus três portais. Veja o exemplo da igreja gótica de Notre-dame, em Paris.


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Notas finais do capítulo

Ufaa, estão vivos?
Se vocês estão se perguntando "Cadê a Sétima Zona atualmente?", eu lhes digo que está no próximo capítulo, porque eu o dividi, lembra? hehe~
Estou pensando em trazer até o próximo domingo no máximo. Mas aí eu gostaria de saber a opinião de vocês, porque vocês sabem que vai demorar até eu escrever um novo (Tenho que ser sincera Haha) Então, vocês preferem que eu poste a segunda parte logo nesta semana, ou acham que eu devo dar um tempo?

Não sei vocês repararam em um detalhe que eu adicionei no início da narrativa, mas a partir deste capítulo, eu comecei a colocar os anos.
Pois então, resolvi implementar um sistema de datas, vou explicar como funciona. Assim como no mangá de Fairy Tail, os anos vem precedido de um X (ex: X767), desta forma, tive a ideia de utilizar diferentes números romanos para cada milênio. Então, começando pelo I, e na sequência V, X, L, D e M. De tal modo que, quando os anos atingirem um milênio, troca-se a letra.
Portanto:
IIII / III1 -I999 / VVVV / VVV1 - V999 / XXXX / XXX1 - X999 e assim sucessivamente.

Por curiosidade, a época do surgimento dos primeiros clãs datam do ano de I669.
E por sua vez, o nascimento de Lucy é do ano de X770. Ou seja, 2.101 anos depois.
Mais para frente trarei uma linha do tempo com todos os acontecimentos, espero que gostem. ;)

Enfim, foi isso. Espero que tenham gostado do capítulo. Elogios e críticas positivas são sempre bem-vindas - então não tenham receio, e me deixem saber de vossas opiniões, é muito importante para o crescimento da história. ;)

Até o próximo capítulo, queridos leitores! ;*



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