The Seventh Zone escrita por Isa Chaan


Capítulo 13
Insanidade.


Notas iniciais do capítulo

Isa-chan: Olá, queridos leitores! Como estão as vidas? :D
Bianca: Acho uma falta de educação o que você faz.
Isa-chan: Hã? O que eu fiz?
Bianca: Você sempre cumprimenta os leitores. Só os leitores. E nós aqui?
Isa-chan: Ah, lá vem. ¬¬
Bianca: Trabalhamos tão duro!
Isa-chan: Sim, tão duro que destroem e bagunçam tudo o que veem, não é?
Bianca: Hã... Eu quero dizer que suamos, damos o nosso melhor!
Isa-chan: Claro que dão. Na arte de irritar a Isa-chan, vocês são campeões.
Bianca: Está insinuando que não fazemos nada?!
Isa-chan: Mas é claro que fazem! Acabam com a comida da geladeira!
Bianca: Mentira! Não fazemos só isso! Somos importantes!
Isa-chan: Olha só, nem nega que acaba com a minha geladeira... Bom, então me diga no que são importantes?
Bianca: Bem, nós... É... Nós...A gente... A gente faz muitas coisas importantes...!
Isa-chan: Ah, é? Tipo o quê? :>
Bianca: Ah, para, você sabe hehe
Isa-chan: Não sei não :>
Bianca: Aquilo lá...!
Isa-chan: Aquilo o quê?
Cri cri cri ~grilos~
Bianca: Aquilo que fizemos no dia que aconteceu aquela coisa!
Isa-chan: Aaaaah! É mesmo!
Bianca: Lembrou-se? Viu só? Somos importantes! u-u
Isa-chan: Claro! Como fui esquecer quando vocês comemoraram o Dia do Nada? :D
Bianca: Isso, e nós também...~loading~... DIA DO NADA, SUA MALDITA?! QUE HISTÓRIA É ESSA?!
Isa-chan: Porque a ZOEIRA NEVER ENDS! HOHOHOHO
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*Ouçam a música indicada para melhores experiências durante o capítulo.

Espero que gostem do capítulo. :D
Boa leitura.



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Song: Most Emotional Music Ever: My Thoughts Are Stars

Seventh Zone

(Sétima Zona)

Atualmente – Sétimo dia. – Manhã.

O fulgor solar embrenhou-se por entre as farpas de madeira que constituía as paredes das cabanas e reluziu pontos de luz em minhas pálpebras, despertando-me para um novo amanhecer. Decidi me levantar, mas a sensação calorosa e macia sob minha barriga deteve-me por um instante. Era Happy que cochilava tranquilamente, o peito subindo e descendo desarmonicamente à minha respiração. Acariciei as orelhinhas que eram estranhamente, porém encantadoramente azuis tais como céu em seu maior esplendoroso dia, e cautelosa, desloquei-o para perto do rosado que dormia pesarosamente.

Escorei na parede – pregos incomodando minha pele nua nas costas – e esperei. Esperei ouvindo o rumor dos sapateados de pessoas entrando e saindo dentro de estabelecimentos, e o ritmo de burburinhos restaurado na vila em função do esquecimento da presença do híbrido na noite anterior. Talvez pensassem que já partira, e que todo temor havia acabado. Sei que a figura do rosado não é lá muito amigável, mas não entendia o porque daquela desavença. Eles reconheciam-no como o filho do Dragão de Fogo da lenda? Mas como isso era possível sendo que a notícia da erupção do Phoenix está tão enterrada na lava quanto os mortos?

Aquela memória invadira meus pensamentos novamente. O som dos gritos de agonia, – daqueles que enxergavam bem diante de si, seu destino concretizado, a morte iminente. – a mão surgindo daquele luminoso e catastrófico conteúdo impulsionado pelo ardente e raivoso núcleo do planeta, e as últimas palavras de Jellal. Céus! O que eu diria para Erza? Era Levy quem devia estar em meu lugar. Ela sempre soube lidar com situações difíceis, e era ela quem consolava a mim quando eu me remoía de angústia na varanda do quarto, logo após a morte de minha mãe. Meu coração retraiu-se. Nunca mais veria Levy, ela se fora junto aos outros. Sacudi a cabeça, tentando espantar aquele turbilhão de lembranças que criavam um nó na garganta, atenuando as sensações.

Um arrastar seco à minha frente fez-me erguer o olhar. Dragneel revirara o corpo para o meu lado, permitindo que eu observasse sua feição, um pouco coberta pela franja bagunçada. Inconscientemente, cravei minhas unhas em meus próprios braços. A tristeza deu lugar ao ódio mais uma vez. Vê-lo assim, dormindo tão profundamente ativou a parte insana do meu espírito. Estava tão... vulnerável. Aquele era o momento perfeito para dar fim a tudo. Vingar meus amigos, e acalentar minha alma transtornada. Era isso. Aqui e agora.

Sem ruído algum, como um autômato, engatinhei até que eu estivesse próxima o suficiente de sua garganta. Sentei por cima das minhas pernas, meu joelho encostava levemente em sua cintura. As hábeis mãos agiam por conta própria, e sem demora senti as pontas dos meus dedos roçarem em sua pele por baixo do cachecol. Voltei os olhos para o rosto, conferindo se ainda dormia. Após a confirmação, enrolei as duas mãos pelo pescoço, pronta para enforcá-lo com todas as forças. A adrenalina corria pelas minhas veias. Meus ouvidos aguçados ouviam a respiração calma do híbrido em comparação à minha ofegante. O coração palpitava tão poderosamente que chegava a doer, enquanto o suor trilhava caminhos da testa aos dedos. Uma tontura embaralhou a visão, rodopiando a imagem adiante, que antes nítida e clara, agora se encontrava triplicada. De repente, a audição também havia sido danificada, nada mais podia ser ouvido de fora. Estava presa dentro do meu caliginoso interior, escutando meus próprios pensamentos ecoando por todas as direções.

“Eu lhe confio esta missão de suprema importância, porque confio em você e quero que sobreviva”.

Confia? Confia nas minhas escolhas? Confia que eu sempre faço boas escolhas?

“Você é uma Tenente ou não?!”

O que uma Tenente faria agora?

“Invejo você. Você sempre foi tão justa.”

Tirar a vida de alguém sob apenas minha própria vontade é justiça?

“Você é tão bondosa quanto sua mãe.”

Essa comparação não me é digna.

“Estou tão orgulhosa da minha mocinha”

Não mereço seu orgulho.

“Lucy é tão forte e decidida!”

Engana-se. Sou fraca. Muito fraca.

“Nós confiamos na Tenente Lucy”

Por favor… Não confiem.

“Tu és como os girassóis colorindo de alegria os gramados sem vida, Lucy!”

Os girassóis são bonitos demais, eu não.

“Tem razão, você é um monstro.”

Sou.

“E pensar que confiamos tanto em você.”

Perdoem-me.

“Não foi essa a filha que tanto eduquei e mimei com amor.”

Perdoe-me.

“No final, criei uma assassina.”

Perdão. Eu sinto muito.

“Parece um corvo comendo da carne em putrefação.”

Apertei os olhos, segurando as lágrimas. Não queria que saíssem, estava cansada de chorar. No entanto, a dor que senti era indescritível. Não como se enfiassem uma faca em meu coração o qual, seu estrago seria apenas momentâneo, mas como se fincassem diversas agulhas – uma atrás da outra a cada frase dita – e tão lentamente se alastrassem em pontadas agudas que aos poucos sentiria meu coração perder o ânimo da vida, desistindo de sua função.

Trouxe as mãos de volta a cabeça, repuxando os cabelos longos, e encontrando novamente meu espírito racional. Eu realmente desejei matá-lo? Aonde que me vingar matando se distinguiria da monstruosidade de Dragneel? Eu seria igual a ele. Equivalente à aquele que matou minha mãe, e à aquele que destruiu minha vila. Se sou igual nada justifica que enforcá-lo seja o certo, significa que eu merecia o mesmo destino. Minhas mãos tremiam. Eu estava enlouquecendo. A mente perturbada. Decidi respirar fundo. Inspirando e expirando incontáveis vezes, repetindo a mim mesma três palavras tranquilizantes. Está tudo bem. Os batimentos aos poucos se regulavam no peito. Voltei à consciência. Foi apenas um momento de instabilidade. Já passou. Ninguém sabe, nada aconteceu. Está tudo bem.

Fitei o seu rosto por longos segundos, uma expressão serena de sono. O alívio de que nada tinha se sucedido do pequeno momento de insanidade transpassou meus poros, mas o medo de que voltasse a acontecer preenchia minha mente de imagens tenebrosas. O melhor que podia fazer era expulsá-las, e esvaziar aquela fantasia do intelecto, concentrando-me em suas feições aparentemente humanas. Enquanto dormia era um simples rapaz, e eu tentava entender como. O rosto era bonito, uma mistura de mocidade e aspectos de homem adulto, o cabelo também demonstrava ter sua própria beleza exótica e jovial, fios tão rebeldes que escolhiam apontar para as direções que quisessem, além da cor rosa levemente acinzentada que lhe caía bem, pois contrastava um pouco de infantilidade com o corpo másculo. Por onde olhasse via-se um jovem comum, e se não fosse pela minha repugnância, talvez o enxergasse sobre outro contexto.

Dentre minhas minuciosas análises, reparei em uma estranha marca vermelha atrás do pescoço, que só se tornou visível devido sua cabeça estar tombada para o lado. Aproximei para ver com melhor clareza. O local escondido pelo cachecol estava um pouco escuro mas pude assemelhar a figura a um número.

— Sete…? – Proferi espontaneamente sem lembrar que minha boca estava muito próxima do ouvido do híbrido. E não deu outra, acordou de supetão, escondendo a marca por reflexo. As linhas de expressão abaixo dos olhos revelando a surpresa, e no ato repentino, ergueu a coluna, colidindo nossas testas.

Afastamo-nos com o choque, ambos levando as mãos ao lugar da pancada. Mantivemos contato visual por tempo indefinido, aguardando quem se atreveria a quebrar o silêncio primeiro. Mais uma vez, os orbes ônix buscavam ler meus olhos e gestos, porém sempre acabava por desistir. Acontecia o mesmo a mim. Ali, encarando-o, por mais profundo que tentasse, não decifrava quais eram seus pensamentos, eram um completo mistério. Misteriosos e negros. Apenas como o universo.

O desconhecido do universo sempre me atraía, eu sentia aquela ânsia por saber, como; Quantas estrelas existem no espaço? Quão pode ser a sua infinitude? Se todos os átomos possuem história, então qual a sua própria história? Existe algo ainda maior?

E agora essa mesma ânsia se ativa em frente àquele rosado. Quem é Natsu Dragneel?

— Tudo o que não podemos enxergar é a escuridão. A escuridão é o mundo do desconhecido. – A voz suave de Layla repercutiu em algum lugar vazio da minha mente. – E é neste mundo onde estão escondidos os mais brilhantes tesouros, Lucy.

— Mas se são brilhantes por que não podemos enxergá-los, mamãe?

— Porque estamos cegos. Nossos olhos estão vendados, e enquanto não retirarmos a venda, não veremos.

— Venda?

— Nosso egoísmo.

Desde aquela época sempre achei que eram palavras muito sábias, e concordava com elas. Todavia, nunca soube como aplicá-las na prática. Afinal, uma pessoa egoísta dificilmente suspeita da presença deste sentimento, pois o egoísmo, inconscientemente, fecha as postas da razão, restringindo a apenas aquilo que traga vantagem a si mesmo, recusando-se a lidar com qualquer tipo de ideia diferente das suas cômodas e habituais. Agindo como nosso ideal, muitas vezes não o percebemos, e sequer conseguimos abandoná-lo.

Se eu estava vendada, em que ponto esta venda enegrecia minha visão?

— Essa marca- – Arrisquei, sendo a primeira a quebrar a quietude, porém, fui cortada nas primeiras palavras.

— Não se pode nem mais dormir que se é assediado? – Era perceptível sua irritação, deixando claro que eu não deveria tocar naquele assunto. Como sempre.

Soltei uma enorme bufada. Ele não falaria de modo algum, portanto resolvi não discutir, e deixar passar. Levantei-me finalmente, determinada a sair daquele beco, e clarear os pensamentos com a luz do dia. Ficar ali, com ele, não era uma boa opção no momento, ainda mais depois de quase cometer um assassinato, – isso, se era possível enforcá-lo com mãos tão fracas – só fazia sentir-me sufocada com tantos sentimentos à tona.

Girei o corpo em direção à rua, sentindo seu olhar penetrante sobre minhas costas, atento aos meus movimentos, quando na terceira passada, sua voz ressoou em meus ouvidos, fazendo-me parar.

— Onde pensa que vai? – Fitei-o por cima dos ombros, podendo ver a sobrancelha arqueada em desconfiança.

— Arranjar algum dinheiro para comprar comida. – Respondi simplesmente. A ideia surgira num lampejo instantâneo, mas não era ruim, considerando a fome que aos poucos se alastrava no vazio do estômago.

— Comprar? – Abafou a risada, balançando a cabeça negativamente. – Você é mesmo muito inocente.

— Nem tanto. – Proferi com a voz embargada, apertando as mãos em punho. Parecia que ouvia minha mãe gritando em meus tímpanos. Assassina. Ela nunca me chamaria desta maneira, e mesmo assim parecia tão real. – Só tento fazer o que é certo. – Ele olhou-me atentamente por uns segundos, e quando acreditei que não diria mais nada, dei as costas novamente a passos rápidos, já virando a quina da parede.

— Cuidado com seus atos. – Escutei-o falar tranquilamente de dentro do beco, porém com o timbre um pouco enigmático. Como um aviso. – Eles podem trazer consequências não muito boas.

Paralisei. Por um instante, cheguei a imaginar que se referia ao que quase se sucedeu, que na verdade estivesse consciente todo o tempo. Que soubesse que eu tentara enforcá-lo. Um arrepio de gelar a espinha e eriçar os pelos perpassou meus nervos. Ele realmente estava dormindo, certo? No entanto, tão logo veio esse raciocínio, lembrei-me sobre a noite anterior, na qual, reforçou explicitamente o que achava sobre eu me envolver em seus assuntos. Era isso. Ele não queria que eu conversasse com as pessoas da vila sobre coisas indevidas, pois elas, com certeza, sabiam demais. Fechei os olhos após o pequeno susto, dando uma longa inspirada, e abrindo-os em seguida, voltei a avançar, ignorando seu aviso. Eu não era tão obediente assim.

[…]

— Ora, por favor! É só por hoje, e juro que nunca mais aparecerei aqui! – Supliquei, cansada de tantas tentativas.

— E quanto àquele selvagem? – Indagou a mulher de cabelos roxeados com certa antipatia enquanto secava copos e os dispunha dentro dos armários.

— Dragneel não dará um passo adentro da sua taberna! – Respondi impondo mais convicção do que realmente eu possuía. Mas o que eu podia fazer? Eu precisava daquele trabalho, já podia-se ouvir roncos da minha barriga, o que me causava um leve constrangimento. – Posso fazer qualquer coisa! Ajudo a servir, lavar a louça, limpar a poeira e as aranhas, preparar os pedidos, qualquer coisa, só me permita trabalhar aqui por um dia!

A mulher me analisou, batendo o pé no assoalho de madeira que estralava com o movimento repetitivo, ao mesmo tempo que refletia arduamente sobre proposta. Por fim, suspirou, erguendo seus olhos esverdeados – o brilho da lâmpada amarelada acima de nós cintilava neles, aparentando ser duas esmeraldas – na altura dos meus, que fulminavam expectativas.

— A cozinha é logo ali. – Falou, apontando ao canto esquerdo do estabelecimento que desembocava em um corredor coberto por mais daqueles fios de tecido coloridos, similares ao da entrada.

— Oh, muito obrigada! – Demostrei minha gratidão com um enorme sorriso, já planejando seguir até o cômodo designado, até que ela levantou o dedo indicador para mim, pedindo atenção.

— Eu só lhe aceitei porque você salvou este lugar da luta de duas bestas ferozes, então encare isso como meu agradecimento. – Assenti, buscando entender porque Kinana estava com os músculos tão sérios e tensos. – Mas isso não modifica o fato de você estar ao lado de uma pessoa não muito bem-vinda aqui em Kondor. Então, por favor, não me envolva em nada. – Encarou-me cautelosa. Seu rosto confirmava o temor.

— Não me entenda mal, não é como se eu estivesse ao lado dele. – Debrucei-me no balcão, olhando discretamente ao redor, conferindo se ninguém escutava a conversa enxeridamente. – Só tenho algumas coisas a resolver.

— Entendo. – Curvou-se até mim. – Mas não acha que está se arriscando demais? É tão importante assim o que você precisa resolver?

— Sim. – Afirmei com segurança, lembrando-me do medalhão de Jellal, – que deveria apresentá-lo quando chegasse à Magnólia – e do quanto ele se gabava por tê-lo. Não era por menos, o medalhão era uma peça delicada e um pouco maleável por ser quase que inteiramente feita de ouro, além de possuir uma fênix esculpida em ametista ao centro que encantava a todos os olhares, representando a sabedoria e equilíbrio do governante da base do Phoenix, Jellal. Foco, Lucy. Não se lembre. Não se lembre!

— Bem, você é quem sabe… – Seguiu até as gavetas do armário, retirando alguns papéis avulsos de dentro, e logo voltando-se a mim, e estendendo-os sobre o balcão. Meus olhos desceram até eles para que pudessem analisá-los, entretanto rapidamente retornaram ao rosto da mulher, só que agora deveriam estar em formato de pontos de interrogação em vez de olhos. Os papéis estavam em branco. – Só tenha consciência com quem lida.

— Sim, claro… Hã, o que é isso? – Franzi o cenho, em dúvida, apontando-os.

— Bem… Papéis? – Levou a mão à boca, escondendo uma pequena risada que se formara.

Sorri forçadamente com a gracinha da outra.

— Desculpa, não resisti. – Abafou mais alguns risos, e por fim, mais calma, entregou-me uma caneta. – Nesta vila, administramos a circulação das pessoas que passam por aqui, é importante que escreva seu nome completo neste papel.

— Hm. – Observei-a, desconfiada. Tinha que escrever meu nome completo? Informar algo pessoal em uma vila no meio do nada? E se era uma forma de administração, o papel já deveria estar com vários nomes escritos, então por que estava completamente em branco? – Vejo que não passam muitas pessoas aqui em Kondor. – Ela notou a indireta, e sorriu torto.

Segurei firmemente a caneta, e assinei na primeira linha do documento. Shiori Heartfilia. Como se eu fosse escrever meu nome verdadeiro!

Com apenas um nome pode se descobrir muitas informações pessoais. Se eles buscavam isso de mim, não conseguiriam com um nome falso. E mesmo que meu sobrenome esteja correto, todas as informações referentes a ele estavam bem guardadas e protegidas dentro das paredes do Conselho. Como o nome Heartfilia fazia parte das cinco famílias militares, o Conselho nos dispunha de muitos benefícios, um deles era a completa proteção dos documentos familiares e comerciais. Assim, não me admira que este nome seja desconhecido para a maioria das pessoas, afinal, este é o objetivo.

Entreguei-lhe o papel, e segui finalmente para o estreito corredor, que estava um pouco empoeirado e com algumas traças no teto. Não era muito longo, portanto ninguém se importou em colocar uma lâmpada, só restando à luz dos outros cômodos para clareá-lo. Anotei mentalmente “Limpar o corredor”.

Terminei em um cubículo, o qual, seria a cozinha. Uma mesa velha coberta por uma toalha de um azul desgastado de tanto ser lavada estava encostada à parede, uma pia pequena se encontrava no lado oposto com vários pratos e copos aguardando serem lavados. “Lavar a louça”. Havia alguns armários com as portas abertas, ficando à vista os mantimentos. Estavam lotados de pacotes de comida, fazendo meu estômago reclamar. Logo ao lado ficava a geladeira aparentemente nova, destacando-se dos outros móveis gastos, e um fogão grande de seis bocas.

Não resisti a não abrir a geladeira, pensando que talvez o cheiro da comida me saciasse um pouco. Quem me dera, o ato só fez-me ficar com ainda mais água na boca, quase babando ao contemplar uma torta doce gelando que parecia esperar que eu a atacasse. O cheiro de canela e maçã que ela esbaldava me deixou inebriada, pensando em quanto tempo não comia uma torta daquelas.

Todos àqueles dias no meio de uma floresta, as refeições se resumiam à carne. Meu café da manhã era carne. Meu almoço era carne. E a janta, sabe o que era? Era carne! Cozida, crua, queimada, de lebre, de lobo, de veado, de tudo quanto é tipo! Se eu continuar com essa dieta maravilhosa, chegarei em Magnólia em um caixão! Não se exalte, Lucy.

Saí dos meus devaneios, fechando a geladeira, ao ouvir passos se aproximando. A barwoman parou no batente da porta prestes a me dar as instruções.

— Você pode começar pela louça. – Jogou-me um avental rosa, um tanto vergonhoso, já que havia estampas de ursinhos, mas permaneci quieta, e o vesti sem reclamações. – Quando terminar pode ajudar-me a anotar os pedidos da clientela. – Assenti, dirigindo-me para o amontoado de pratos e copos sujos, até que ela voltou a falar. – Está com o braço machucado? Tem certeza que consegue?

— Hm? – Observei meu braço direito enfaixado com o pano preto. Eu já me esquecia daquele episódio dos zumbis, e nem recordava mais que meu braço estava ferido pois não sentia mais dor. – Já está melhor, não se preocupe. – O pano estava rasgado e havia uma listra laranja. Associei ao colete que Dragneel usava. Ele havia rasgado a própria roupa para enfaixar meu ferimento? Franzi o cenho, surpresa. Não esperava isso dele. Desenfaixei o local, curiosa para saber como estava. Arregalei os olhos. – Incrível… – Murmurei impressionada, deslizando os dedos sobre a pele que estava tão lisa quanto uma boneca de porcelana. Sangue de híbrido, de fato, altamente curandeiro, pergunto-me o quão potente é. Poderia curar até mesmo o câncer?

— Shiori-san. – Fitei-a de soslaio. Sua pronúncia soara tão sisuda que gelou meus nervos, impossibilitando qualquer movimento. – Ainda… Ainda há tempo para voltar atrás.

Suspirei bem fundo, e entendendo suas palavras, balancei a cabeça, sorrindo ternamente. — Se eu voltar atrás, arrepender-me-ei pelo resto da minha vida.

Ela sorriu derrotada. Um sorriso que refletia sua compaixão. – Está certo. – E desapareceu do meu campo de visão.

Eu estava segura sobre a decisão, entretanto o medo não deixaria de me infligir. Medo, não só por saber que enfrentarei algo perigoso, mas principalmente por não saber o que enfrentaria. O desconhecido era algo incrível, porém assustador. Não saber é assustador.

O desconhecido é exatamente o que define Dragneel. Desejar conhecê-lo, e mesmo assim, ter receio do que encontrar. Das consequências.

Talvez a loucura estivesse tomando conta da minha própria racionalidade, invadindo, infiltrando-se lentamente. Tudo o que pensava só levava a uma coisa, ou melhor, alguém. Por que Natsu Dragneel não saía da minha cabeça por um instante? Talvez por ter que lidar com o assassino dos meus próprios amigos? Talvez por que minha mãe o ajudava antes de morrer? Talvez por que todos o detestam? Talvez por ele ter as respostas que tanto anseio? Ou talvez por ele ser o desconhecido em pessoa?

É possível que todos os motivos estejam corretos. E que o destino não será piedoso, pois está claro que ele não abandonaria minha mente tão facilmente. Isto eu deduzi ao ouvir o riso de certo rosado na janela aberta – que eu sequer havia notado – em frente a pia.

— Belo avental. – Comentou entrecortado de risadas, fazendo o sangue subir em minhas bochechas.


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Notas finais do capítulo

Isa-chan: Ora, ora, não fique brava.
Bianca: #Muda.
Isa-chan: Eu estava só brincando...
Bianca: #Muda.
Isa-chan: Claro que vocês fazem alguma coisa, vocês divertem os leitores ;D
Bianca: #Muda.
Isa-chan: É melhor falar, alguma coisa, senão sou eu quem vai ficar irritada u-ú.
Bianca: #Muda.
Isa-chan: Eu sei seus segredinhos, e eu posso contar tudo para os leitores :>
~Passa um feno voando e o silêncio perdura~
Isa-chan: BIANCA FRAJOLES DA SILVA, PARE COM ESSA GRACINHA E ME RESPONDA!
Anjinha do Além: Por que é que você está conversando com um boneco?
Isa-chan: Hã...O que... você disse? *toca na Bianca e ela caí* O-N-D-E E-L-A E-S-TÁ?
Anjinha do Além: '-'Ela está...
—---------- Nas praias do Havaí ----------------------
Bianca: Então eu deixei um boneco no meu lugar e saí de fininho, ela deve estar tendo uma bela conversa hahaha
Moreninho sexy do Havaí: Haha Entendo. Ou ela deve estar escutando uma bela conversa, né?
Bianca: Hã? O que quer dizer?
Moreninho sexy do Havaí: Vou buscar mais um coco pra você. ;] *Saí*
Bianca: Oxi, cara doido.
Isa-chan: Concordo.
Bianca: E o pior é que..º-º. O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI, ASSOMBRAÇÃO?
Isa-chan: Mas pelo menos podemos aproveitar a paisagem... O que você acha, Michael? :>
*Bianca suando frio*
Michael: Uma bela paisagem... Só que eu acho que seria interessante ver uns tubarões... O que acha, Isa-chan?
Isa-chan: Uma boa! Talvez com uma Bianca no meio deles? :>
Michael: Não seria nada mal. :>
Isa-chan: O que você acha, Bianca?
Bianca: Eu acho que vou pra Austrália!!!
Isa-chan: Boa ideia! Dê "Oi" para as Box Jellyfish!
Bianca: Quem?!
Michael: Sabe, aquelas águas-vivas mortais da Austrálias. Elas estão louquinhas pra te conhecer. Inclusive tem uma no meu aquário, deixa eu trazer aqui--
Bianca: No céu tem pão? º-º
—--------------RIP² Bianca-------------------------

*Eu também planejava a Sexta Zona para esse capítulo, mas terminou que a Sétima Zona ficou bem grande.
Por mais que pareça que não aconteceram coisas muito relevantes, na verdade, esse capítulo foi fundamental para o rumo. E tem alguns detalhes importantes, espero que não deixaram eles escaparem porque eles voltarão a aparecer.

* Só digo que o NaLu está muito próximo. E este capítulo foi um empurrão. Não entenderam? Hoho pois entenderão.

*Música (recomendada por tsumy_turuioku): https://www.youtube.com/watch?v=7t3TS1JX2zY
Jane's Lament juntamente com a imagem do vídeo assimila-se bastante à Lucy de TSZ.


Tomara que estejam gostando.
Por favor, deem opiniões, sim? :3

Obrigada a todos que acompanham e comentam! Vocês são incríveis ♥

Até a próxima! o/



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