Filha de Poseidon e o Filho de Hades escrita por GreenCake


Capítulo 37
Um Herói Sem Capa




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x-x-x POV Duda

Depois de ver Mellie correndo chorando com as mãos nos rostos - motivo desconhecido por mim - sai do Acampamento Meio-Sangue com Annabeth, Anna Clara e Luisa atrás de mim. Não sabia por que Anna Clara estava indo, já que Letícia e ela não eram tão amigas quanto eu e ela.

Caminhamos até nossos pés doerem e então encontramos um prédio velho e com a pintura gasta do lado de um beco, escuro agora que escurecia. Havia apenas uma lâmpada na rua.

Annabeth foi a primeira a entrar, porém, sua pele estava pálida e ela estava com o peito acerelado. Depois de subirmos o segundo andar, encontramos uma única porta. Anna Clara bateu na mesma.

O mesmo homem gordo com a mesma camiseta manchada de molho apareceu.

– São as piranhas que contratei? - ele perguntou o hálito de bebida me dando tontura. PS: Nos encarando de cima a baixo. Não era muito legal estar nessa situação.

– Não - disse Anna Clara firme, me encarando desconfiada. Perguntando mentalmente se era mesmo esse cara - Somos amigas de sua filha mais velha e...

– Eu não tenho filha - falou ele pigarreando.

– Tem sim, ela é uma meio-sangue. Filha de Deméter. Se chama Letícia Pena - falou Luisa dando um passo para frente. Será que quando Deméter o conheceu ele era descente? Quem sabe? Senti uma escuridão quando Luisa deu aquele passo na frente a envolver, como se ela fosse um fantasma.

– Hum... - Ele pigarreou - Acho que vocês deveriam entrar...

Ele abriu a porta, Annabeth disse ao passar.

– Só para constar estamos armadas.

– Sei que estão - murmurou ele encarando a bunda de Anna Clara. Ah, Santo Poseidon.

Anna Clara desembainhou a espada de ouro, ele deu um passo para trás cambaleando.

– Letícia? - gritei - Mia? Isa?

– O que querem com as minhas outras filhas? - perguntou ele, me encarando fixamente.

– Vamos leva-las para o Acampamento Meio-Sangue - falei

– Elas não são da espécie de vocês - ele disse ríspido - Elas vão ficar.

– É o que veremos - falei.

– LETÍCIA! - eu e as meninas gritamos seu nome.

Um grito foi ouvido do andar de cima - era um apartamento com dois andares. Um grito de Letícia. Caminhamos até a escadaria porém, Anna Clara ficou com a espada apontada para o pai de Letícia. Entramos no primeiro quarto...

Duas meninas estavam machucadas e abraçadas ao corpo numa ponta do quarto. As duas aparentavam ter cinco anos. Seriam lindas se não estivessem com machucados por todo o corpo.

– Annabeth, Luisa as ajudem, peguem mochilas e tudo - falei - ANNA! - gritei.

– Sim? - ela perguntou do andar de baixo

– Pegue comida para a viagem...

– O.K.

Caminhei sozinha até o segundo quarto e encontrei Letícia amarrada em uma cama pelos pulsos e pés. Ela chorava e estaria nua se não fosse pela calcinha. E meus olhos começaram a arder. Seu corpo estava vermelho com chupões e marcas de mãos, sem falar que ela tinha o rosto marcado por socos e tapas. Corri até ela, puxando meu pingente e cortando suas cordas. Puxei o lençol e a cobri tirando a faixa de sua boca.

– Letícia - murmurei acariciando seu cabelo, enquanto ela me abraçava.

– Minhas irmãs - ela murmurou, antes de cair no sono.

– ANNABETH! - gritei, a loira veio correndo com uma das meninas no colo - Puxe Letícia, dê a menininha para Anna Clara. Tenho que acabar com um pai besta.

– O.K - falou ela - Só não faça besteira

– Eu? besteira? Nunca - murmurei vendo ela sumir descendo as escadas. Suspirei e empunhei a espada, saindo do quarto e indo para o andar de baixo.

Onde...Perdi a respiração, Anna Clara tinha um corte feio no pescoço, estava caída no chão, abraçando uma das irmãs de Letícia, que estava caída no chão, machucada. Annabeth tinha uma faca no pescoço, e quem segurava a mesma era o pai de Letícia. Se contar que Luisa tentava avançar na direção dele com a espada de ferro estígio desembainhada.

– Ei - resmunguei alto, puxando a espada em sua direção - Larga ela!

– Saiam da minha casa mocinhas! E não voltem! - ele gritou

– Seu sonho - respondeu Luisa, dando um passo.

– Ah - falou ele - Mais um passo e a loira gostosa aqui acaba degolada.

– Não ouse - falei.

– Quer apostar? - perguntou ele.

– Solte Annabeth agora - falou Anna Clara, enquanto a menina tentava parar de chorar e cuidar do machucado profundo da mais velha - Está tudo bem - murmurou para a garotinha, que tinha os olhos cheios d'água e os braços finos, magros e machucados segurando o local, tentando estancar o sangue.

Vi que o pai de Letícia tirou o cabelo de Annabeth do pescoço e molhou os lábios, prontos para mordiscar o local. Não posso deixar minha amiga nessa situação, não ela...Mas...Eu posso aguentar.

– Espere - falei, antes que seus lábios nojentos encostassem a pele de Annabeth - Largue e eu...Eu...Fico aqui.

Um sorriso malicioso brilhou na sua boca, assim como nos seus olhos.

– Ora Ora - falou ele, soltando Annabeth bruscamente fazendo-a cair no chão - Largue a espada - Soltei a mesma.

– Eduarda não - murmurou Annabeth mancando na direção de Letícia.

– Vão embora - falei - Eu fico.

O sorriso daquele cafajeste aumentou.

– Vamos nos divertir muito - disse ele, enquanto vinha em minha direção.

– Eu disse que fico não que foi pegar você - falei, dando um passo para trás - Annabeth vai! - encarei seus olhos cinzas chocados e ela saiu pela porta, enquanto o pai de Letícia vinha mais para perto.

Merda.

x-x-x POV Annabeth

Era tudo culpa minha.

Se tivesse descido a escada com mais cuidado provavelmente estaríamos voltando para o Acampamento Meio-Sangue, todas juntas. Com Eduarda. Porém Luisa tinha um plano.

– Sabe - ela disse quando saímos do prédio - Vamos chamar Nico...

– Que? - exclamei - Aquele...Não!

– Anne me entenda - falou ela - Nico e Duda...Poderiam se entender se ele salvasse a vida dela.

– Ou ela poderia ficar revoltada conosco por termos armado tudo isso - falei

– Para com isso! - disse Luisa - Venha! - ela me ajudou a equilibrar Letícia no meu corpo, enquanto tinha as mãos dadas a uma menina. Anna Clara segurava a outra irmã de Letícia.

– Quais são seus nomes? - perguntei, tentando puxar assunto. As duas pareciam doentes.

– Mia - disse a com sardas na bochecha

– Isa - disse a outra com dentes da frente, grandes.

As duas eram pálidas, tinham olhos mel e cabelos dourados cintilantes. O sorriso estava apagado, eram baixas, magricelas e cobertas de machucados.

– O que é isso? - perguntei vendo-as apertarem um pequeno amuleto na mão.

– Nossa mãe nos deu - falaram - Ela é a deusa. Da agricultura.

– Deméter? - perguntei

– Sim, sim - falou Mia.

Então chegamos no Acampamento Meio-Sangue, a primeira pessoa que vimos foi Lucas.

– Cadê a irritadinha? - perguntou procurando Eduarda com os olhos.

– Ela - falou Luisa, hesitando - NICO! - gritou e o menino que treinava parou a luta e veio em sua direção.

– Sim?

– Er...Poderia ir nesse endereço e... - ela hesitou encarando Lucas - Salvar Eduarda.

– Eu? - ele perguntou - Peçam para Apolo. Não é o favorito dela? Ela não o ama? Por que ele não a salva?

– Apolo não está aqui agora Nico - gritei assim como Luisa.

– Ela não precisa de mim. Se eu for lá só dor me espera.

– Irritadinha precisa de ajuda? - perguntou Lucas - Me deem o endereço.

Eu e Luisa nos encaramos...Nico ou Lucas? Eduarda ia odiar os dois.

– Não - disse Nico - Eu não disse que não iria.

– Mas fica todo irritadinho - falou Lucas - Nem se preocupando com ela.

– Eu vou - falou Nico

– Não eu - falou Lucas

– Tomem - disse Luisa dando o endereço para os dois - Quem chegar primeiro ganha, vão logo.

Então a trapaça de Nico foi logo vista, ele viajou pelas sombras. Porém Lucas não ficou para trás, abriu as asas e sobrevoou os céus.

Suspirei.

x-x-x POV Duda

O tempo pareceu desacelerar assim que a mão nojenta do pai de Letícia foi na minha cintura, senti-me suja naquele exato momento...Porém...

Pisei em seu pé, o mesmo grunhiu, tentei dar um chute lateral porém o mesmo agarrou minha coxa, me jogando no chão, havia uma mesa de centro atrás de mim então dá para ter uma ideia de contra quem minha cabeça foi. Me senti tonta e minha cabeça rodava. Ele apertou minha coxa com força e riu.

– Acha que uma semideusa como você vai me impedir?

Eu não pensava direito e só via embaçado. Ouvi um zíper abrindo e comecei a me aterrorizar. Meu coração acelerou e meu peito começou a subir e descer. Ele riu novamente.

– Se desespere criança - disse ele - Eu gosto assim.

Vi sua calça descer e revelar a boxer. DEUSES! ME AJUDEM! ÁRTEMIS! APOLO! ZEUS! HADES! POR FAVOR! Lágrimas começaram a brotar em meus olhos ardentes como brasa, quando ele abaixou minha calça.

– P-Pare - falei chorando.

– Cale a boca - ele me deu um tapa, fazendo minha bochecha arder com muita força.

– Monstro - gritei - Me largue!

A minha calça foi ao encontro do chão assim como a minha camiseta. Eu estava de roupas íntimas na frente de um homem. Ártemis me ajude! Por favor. As lágrimas continuavam e minha vista estava embaçada. A risada dele ecoava doentia pelo cômodo e suas mãos tocavam minha cintura, enquanto sua boca se encontrava em meu pescoço.

Eu me debatia porém era fraca para um homem gordo como ele.

x-x-x POV Nico

Eu havia viajado nas sombras.

Simplesmente parei no endereço que Luisa havia me passado eu escutei gritos e urros tentei abrir porta, porém a mesma estava trancada. Fui até o final do corredor e corri com toda minha força colocando a mesma em meu ombro.

A porta arrombou de primeira.

A cena que eu vi foi lastimável. Meu coração acelerou e o único movimento que fiz foi desembainhar a espada. Um homem balofo abusada da Eduarda...Minha Edu...Não tão minha assim. Porém minha no meu coração. A voz de Mellie não me perturbava mais. Isso era bom.

– Larga ela - gritei chamando a atenção que saiu de cima de minha menina e disse.

– E se eu não quiser garotão?

– Vou acabar com você...

– Armas de meio-sangues não funcionam com mortais.

– Eu não ligo - falei - Só preciso de um tempo.

Ele riu.

Eduarda abraçou o próprio corpo, chorando. A visão doeu no meu peito, mas exatamente no meu coração.

– Nico - ela murmurou - Me salva - uma lágrimas escorreu por sua bochecha. Eu estava reparando nela tanto tempo que acabei sentindo o impacto de um punho contra meu queixo pálido. Caí contra o chão.

– Nico - gritou minha pequena e frágil menina. Eu podia chama-la de pequena agora, eu estava bem alto. Mas alto que ela e que Hazel pelo menos.

A janela se partiu em pedaços e Lucas o filho de Nyx apareceu.

– Ajude Nico - murmurou Eduarda quando ele se aproximou dela. Ele pegou uma panela e deu na cabeça do cara gordo, chamando a atenção dele para Lucas. O gordo deu um grito esganiçado até então e partiu para cima dele. Corri até Eduarda. Primeiro tirei meu casaco de aviador e dei para ela vestir e num ato maluco ela me abraçou, suas lágrimas molharam minha camisa, porém eu não liguei. O que me importava agora era o nosso contato, ela fragilizada em meus braços, pedindo minha salvação e minha ajuda. Eu me sentia útil agora. Ela soluçou agarrando a gola de minha cabeça preta.

– Shh...pequena - falei - relaxe. Está tudo bem agora. Já passou. Eu estou aqui.

x-x-x- POV Duda

Aquelas palavras deveriam ter me feito sentir melhor, porém, ao escutar Nico me chamando de pequena, me reconfortando e me abraçando eu sentia falta dele. Sentia a dor da saudade e da paixão que eu havia sentido. Poderia ter sido amiga dele mas nunca seria a mesma coisa. Eu teria os mesmo sentimentos por Nico di Angelo e ninguém poderia muda-los. Ninguém. Nem mesmo Apolo - mesmo que eu gostasse muito dele - ou Leo - sentimentos que eu nem compreendia por esse - e Percy - não sei por que o nome do idiota do meu meio-irmão veio na minha cabeça, porém, nada tenho a dizer -. Abracei-o mais e tentei me reconfortar em seus braços agora quentes e pálidos ao redor de minha cintura, porém a sensação de ter sido quase estuprada ainda tomava meu corpo. Ele subiu a mão direita até meus cabelos e começou a acaricia-los. E foi então que desmaiei.

x-x-x POV Nico

Ela desmaiou em meus braços. Me lembrei do dia que a conheci, quando ela desmaiou no teto do chalé de Hades, no meio da chuva. Porém hoje era diferente. Passei meus braços por debaixo de suas pernas cobertas até a coxa avermelhada - por uma mão - uma raiva cresceu em meu peito e os outros por sua cintura, sua cabeça foi no encontro de meu peito e ela ainda soluçava.

Lucas encarava o corpo do homem balofo no chão com satisfação e disse.

– Vá di Angelo! Tenho trabalho para fazer.

– Vai mata-lo? - perguntei

– Quem sabe - ele disse, dando de ombros.

Esse cara quer ser mais esquisito que eu. Coitado.

Abracei minha pequena menina mais contra meu corpo e suspirei. Viajando nas sombras.

Acabei no chalé de Poseidon, onde Mellie e Percy não se encontravam. Agradeci aos deuses.

Tirei meu casaco de Eduarda e a coloquei na banheira do chalé de Poseidon - os chalés tem chuveiros-banheiras o.k? - e liguei a água quente. Sequei-a com um sorriso nos lábios, vendo-a quentinha em meus braços. Vesti um pijama de frio nela ignorando o fato de Percy e Mellie terem expulsado ela do chalé de Poseidon sem nenhum motivo aparente. Ajeitei seus cabelos e a deitei em sua cama. Sentei-me ao seu lado e a observei. Ela estava serena. Nem parecia que tinha chorado. Era tão linda. Era tão minha. Era. Já que Apolo tomou-a de mim. Eu a tirei de minha. Mellie a tomou de mim. Eu sou o culpado de não ter Eduarda para mim. De não ter aquela menina perfeita para mim sendo minha. Por que eu sou um idiota. Meus olhos arderam e deixei uma lágrimas escorrer, Eduarda abriu um pouco os olhos e disse, segurando minha mão...

– Nico - murmurou - Po-Pode - corou - Deitar?

– Claro - dei de ombros, deitando-me ao seu lado na cama de solteiro, coloquei sua cabeça em cima de meu braço porém a mesma abraçou minha cintura, suspirando. Sorri e a encarei. Linda. Minha bochecha corou quando sua mão segurou minha blusa com força, como se não quisesse que eu saísse dali. E eu fiquei. Abraçado a ela, quente com cheiro de maresia, acabei caindo no sono. Com o amor de minha vida não tão meu abraçado a mim.


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Notas finais do capítulo

Quem gostou desse Nico voltando ao normal? Da Duda pequena? Quem vai comentar?
Tive problemas com as postagens e com internet sem contar escola então obrigada por esperarem.