A Punição escrita por Bookworm


Capítulo 21
Joseph


Notas iniciais do capítulo

SURPRISE MÃE DA FOCA! Só para não perder o costume... Olá pessoas! Tudo bem com vocês? Ansiosos para o capítulo? Fiz com muito amor e carinho e com a ajuda do darkside de Bookworm :')
Enjoy!



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Os dois ficaram olhando para o bilhete por alguns momentos até que saíram do transe e perceberam que não tinha mais volta. Precisavam esclarecer o que sentiam e Atena tinha que tomar coragem para contar para Poseidon o que só Afrodite e Hades sabiam.

— Me pergunto como é que fui me meter nisso - disse Poseidon ao se levantar do sofá.

— Jogando um prato de macarrão ao molho branco no meu cabelo - respondeu irritada.

— Foi uma retórica - disse revirando os olhos.

— Eu sei - retrucou com um mínimo sorriso.

— Concederia a honra de jantar comigo madame? - perguntou estendendo a mão.

— Adoraria - respondeu pegando a mão dele enquanto ele a guiava para a sala de jantar.

A mesa estava mais uma vez encolhida, porém a luz estava normal.

— Eu nunca imaginaria que Afrodite colocaria torta de frango como prato principal de um jantar romântico - comentou Poseidon ao puxar a cadeira para Atena sentar.

— Obrigada - agradeceu ao se sentar. — Acho que ela quer aliviar o clima por conta dos assuntos que ela deseja que falemos - disse dando de ombros.

— Não ajudou muito. Posso? - pediu o prato dela.

— Claro. Obrigada mais uma vez - agradeceu novamente com um sorriso sem graça ao entregar o prato para ele servir.

— Nós dois sabemos que esse jantar não vai ser romântico nem nada, então vamos esclarecer as coisas logo. Quem começa? - perguntou servindo o vinho.

— Você - respondeu. — Creio minha parte seja... hum... complexa - disse olhando para a taça.

— Deuses, não sei como começar - deu um sorriso sem graça. — Vou tentar a ordem cronológica. Bem, peço que não me interrompa até eu terminar senão eu vou me perder e me enrolar todo nos acontecimentos.

— Sem problemas - respondeu olhando-o nos olhos.

— Hades, Zeus e eu estávamos debatendo sobre qual dos três grandes era o melhor deus igual fazíamos sempre. Até que Zeus em mais um de seus monólogos sobre ter sido ele a cortar Cronos caiu de joelhos no chão segundo a cabeça e berrando de dor. No primeiro momento eu e Hades ficamos em silêncio, mas quando Hermes disse que Zeus estava com a cabeça enorme nós não aguentamos e gargalhamos até faltar fôlego. Hefesto martelou a cabeça oca dele e enfim você saiu de lá, perfeita, em sua armadura de batalha. Eu fiquei curioso e tão malditamente atraído por você que logo me apressei a dar-lhe as boas vindas e depois saí para não agir feito um bobo - fez uma pequena causa para comer e beber e observou Atena sorrir.

— Continue, por favor.

— Um longo tempo depois nós já éramos muito amigos. Zeus pegava tanto no meu pé por eu ir ao Olimpo frequentemente, isso era só mais um motivo para eu estar sempre por lá, mas o principal motivo era ficar em sua companhia. Era espantoso o quanto você poderia ser atraente para mim sem nem mesmo perceber - disse a ultima frase corando levemente. — Então como uma forma de tomar coragem de contar você o que eu sentia fui falar com Perséfone (N/A: Antes que comecem me apedrejar, eu sei que Perséfone demorou mais um pouco para nascer, mas vamos fazer uma licença poética aqui. Obrigada) - bebeu mais um gole de vinho. — Perguntei a ela qual era a flor ideal para dar a alguém e provar meu amor eterno. Ela me respondeu que era a rosa azul, mas disse também que ela representava a amizade e a confiança. Então pedi uma benção para poder transformar minhas rosas de água em rosas azuis e ela concordou, porém me disse que essas rosas só poderiam ser recolhidas por quem eu era apaixonado e quando nós dois estivéssemos em paz um com o outro - a essa altura Poseidon já estava completamente corado.

— Eu sabia os significados da rosa azul - disse corando também.

— É claro que sim - respondeu. — Aí a construção de seu templo estava enfim finalizada. Você precisava de uma sacerdotisa e eu te ajudei apresentando Medusa. Ela trabalhava bem e você gostava dela. Então um dia eu estava a caminho do lago em que colhíamos as nossas rosas e conversávamos sempre quando uma das irmãs dela veio até mim e me disse que você me esperava em seu templo. Cheguei lá e a sacerdotisa disse que você já estava a caminho e me ofereceu um cálice de néctar. Depois que bebi ela estava com a aparência de quem eu mais amava e me pedia incansavelmente para que eu fizesse amor com ela. Tentei resistir ao máximo, mas ela ficou nua e minha testosterona falou mais alto. Você enfim chegou e viu o que viu, e o encanto tinha se quebrado quando olhei em seus olhos, cheios de mágoa e ódio - fez outra pausa para terminar de comer.

— Eu vi confusão em seus olhos nesse dia, mas ignorei por que estava cega de raiva e ciúme - disse ao terminar de comer.

— Entendo - disse. — Neste dia eu iria pedir você em noivado, mas por conta dos acontecimentos isso não aconteceu. Eu precisava de uma rainha e a cidade de Atenas não tinha patrono. Casei com Anfitrite e lutei pela cidade, mas lá no fundo eu sabia que Poseidonlândia não ficaria tão legal quanto Atenas, então desisti de fazer uma enorme foz e os presenteei com uma fonte. Depois de sua vitória você conheceu Joseph e ficou ausente do Olimpo por três anos. Só aparecia lá para fazer suas tarefas matinais e depois descia novamente ao mundo mortal para ficar com ele. Comecei a implicar com você desde então e aqui estamos. Meus sentimentos estão uma bagunça - confessou em voz baixa. — Acho que meu casamento não deu certo por que nunca deixei de amar você, corujinha. Foi o que ele pensou. — Perdoe-me por ter sido tão idiota por todo esse tempo - foi o que ele disse olhando-a nos olhos.

— Creio que é o certo a se fazer depois de você me contar seu lado da história - respondeu olhando-o nos olhos também. — Eu o perdoo, Poseidon.

— Ainda bem que não aprontei feio com você nenhuma vez não é corujinha? - disse com um sorriso travesso.

— Não abuse da sorte - retrucou.

— Certo, não vamos partir para a violência aqui - disse com as mãos para o alto. — Agora é sua vez.

Atena deu um longo suspiro e se levantou antes de falar.

— Se não se importar, prefiro não falar sobre isso no local em que como.

— Vamos lá fora então - sugeriu.

— Ok - respondeu.

A mente de Atena estava um turbilhão de lembranças enquanto Poseidon a guiava pelo curto caminho entre a cozinha e a varanda. Sentaram-se e Atena deu mais um longo suspiro antes de começar.

— Também seguirei a ordem cronológica dos fatos - avisou e ele assentiu. — E enfim contarei a você o porquê de eu ter feito meu juramento e também o motivo de ele não ser feito pelo estige. E antes que pergunte, é isso que Afrodite quer que você saiba - disse e ele a olhou.

— Mas Afrodite disse que você só poderia me dizer isso se me achasse digno de saber - respondeu um pouco confuso.

— Aquele Poseidon por quem eu era perdidamente apaixonada nos primeiros anos de vida e que era meu melhor amigo deve estar em algum lugar ai dentro - disse apontando para o peito dele. — E esse Poseidon é digno de todos os meus segredos - completou com um sorriso fraco.

— Não vou te interromper corujinha - avisou e apoiou o queixo na mão.

— Obrigada - disse. — No dia do meu nascimento, depois que saí da cabeça de meu pai, a primeira coisa que vi foram seus olhos. Soa meio clichê, mas é a verdade. E então eu olhei ao redor e vi que tudo era muito confuso para mim ainda, eu estava ciente que meu pai era o rei dos deuses e não tinha tempo para me guiar até que eu me acostumasse. Então você se apresentou e logo se ofereceu para isso e saiu completamente corado, Hades disse para meu pai tomar cuidado, pois se eu conseguia fazer Poseidon corar eu também poderia dominar o mundo - deu um sorriso. — Você e ele foram os únicos que agiram normalmente quando Zeus me apresentou no banquete. Ares ficou enfurecido quando ficou sabendo que teria que dividir o cargo de deus da guerra, mas logo se conformou.

Levantou-se e começou a andar, ele só sorriu.

— Nós passávamos tanto tempo juntos que meu pai já estava ficando com medo de você me fazer tirá-lo do trono, acho que o comentário de Hades mexeu com ele. Enfim, Afrodite olhava para nós dois andando pelo Olimpo e sempre dava risinhos ou então as ninfas me olhavam feio quando você sorria para mim. No começo achei confuso, mas depois eu me sentia bem quando isso acontecia, aí fui conversar com Afrodite e ela disse que eram sintomas de paixão. Foi aí que percebi que minha ansiedade para caminhar com você era porque eu estava apaixonada. Então para compensar minha falta de coragem para assumir esse fato, diminuí nosso tempo juntos e comecei a projetar meu templo - deu uma pequena pausa e se sentou.

— Continue.

— Então Perséfone nasceu e alguns meses depois você me ensinou a colher rosas de água. E depois disso todos os dias você me trazia uma antes de nossa caminhada, e a cada dia eu me apaixonava mais - disse corada. — Então meu templo enfim ficou pronto. Contratei Medusa. Ela era muito eficiente, mas começou a negligenciar quando você passou a me buscar em meu templo. Então um dia eu estava vindo do templo de Apolo quando uma das irmãs dela me disse que você estava em meu templo, fui correndo até lá e quando entrei meu coração se partiu em milhões de pedaços - suspirou e sentiu os olhos marejarem. — No mesmo instante fui tomada pelo ódio, mas uma parte de mim dizia que você não tinha culpa alguma, então poupei você e dei a ela e as irmãs o maior dos sofrimentos.

Levantou de novo e pôs-se a andar.

— Nós começamos a brigar por tudo e você se casou. E então veio a disputa de Atenas e eu ganhei. Decidi que precisava conhecer meu povo e então comecei a morar lá - deu mais um longo suspiro e uma lágrima desceu disfarçadamente. — Foi aí que conheci Joseph. Ele era tão sábio, tão carismático que logo chamou minha atenção. Todos os dias nós saíamos para ver a construção do Parthenon e em um desses dias ele me pediu em namoro. Eu aceitei e ele disse que eu seria a mais feliz das mulheres. E eu realmente fui, por três anos, tanto é que eu nem ligava para as suas provocações idiotas. Mas como tudo não pode ser um mar de rosas para sempre... - secou as lágrimas que já começavam a cair. — Um dia ele foi até a minha casa completamente bêbado e disse que não aguentava mais esperar por mim, tentou me beijar a força, porém eu virei o rosto e o tirei de perto de mim. Ele me olhou com certa raiva e disse que adorava mulheres que se faziam de difíceis e que ele iria me possuir de qualquer jeito - disse.

A essa altura Poseidon já estava com os punhos fechados e Atena não dava conta de secar as lágrimas.

— Em um momento ele conseguiu me prender no chão e disse que era totalmente excitante ouvir as mulheres com quem ele dormia gritar de dor. Então ele puxou uma adaga do bolso e começou a rasgar minhas vestes. Eu não fiz nada porque estava em choque, nunca eu imaginaria que Joseph seria capaz daquilo. Depois que minhas vestes estavam em trapos ele segurou meus seios com força e começou a esfregar a ereção dele em minha perna, e eu ainda não conseguia ter nenhuma reação defensiva. Meu rosto estava tomado por lágrimas e ele gargalhava então ele começou a passar a adaga pela minha pele. Eram só arranhões no começo, mas quando a adaga entrou em minha pele o suficiente para sangrar, ele viu o icor dourado e suas feições mudaram de feliz para extremamente maravilhado. Percebendo que eu não conseguia fazer nada para me defender, ele começou um monólogo enquanto riscava minha pele. Disse que eu o tornasse imortal ou ele me engravidaria a força e faria com que seu filho semideus treinasse igual um espartano e depois subisse ao Monte Olimpo para provocar os Caos e destronar Zeus igual o mesmo fez com Cronos. A mordida que ele deu em meu pescoço foi o suficiente para me fazer acordar, mas eu já estava toda marcada e perdendo muito sangue então a única solução era assumir minha forma divina e aparatar para o Olimpo. E quando eu o fiz, vi ele queimar lentamente, gritando que voltaria do inferno para me fazer pagar por isso. Com o último resquício de força que eu tinha, aparatei para o quarto de Afrodite - disse sentando-se e Poseidon a abraçou fortemente.

— Você não precisa continuar corujinha - disse ele afagando seus cabelos.

— Eu preciso - respondeu secando as lágrimas. — Afrodite e Apolo cuidaram de mim e rapidamente eu estava fisicamente bem, porém todas as noites eu tinha pesadelos com aquela cena. E quando eu contei para Afrodite ela logo chamou Hades e pediu que ele fizesse algo com a alma de Joseph, depois que contei tudo a ele, Joseph, ou melhor, a alma dele foi para o manto de Hades que disse que nunca mais aquele cretino me atormentaria. Ele estava parcialmente certo - disse a ultima frase baixinho.

Poseidon se sentia totalmente impotente ao ver sua corujinha chorando e saber que não poderia fazer nada para aliviar sua dor.

— Então fui até meu pai e pedi para fazer o juramento e ele prontamente atendeu meu pedido. Só que quando eu estava prestes a jurar pelo estige, Afrodite apareceu e disse que não permitiria que eu fizesse isso com minha vida. Então meu juramento é feito perante o rei dos céus e a deusa do amor e da sexualidade, e que se eu quiser quebra-lo só poderá ser com alguém que eu amo de verdade. Depois disso eu só ficava em minha biblioteca e ia às reuniões na sala dos tronos. Alguns séculos depois Afrodite disse que já estava cansada de me ver triste assim, então me levou para Vegas com Apolo. Foram três dias de pura loucura. E enfim eu tinha saído do fundo do poço, aí comecei a brigar com você porque só assim nós conseguíamos socializar e aqui estamos, abraçados, sob a luz do luar enquanto eu te conto uma história que até agora só duas pessoas sabiam - disse um pouco mais calma.

— E como se sente? - perguntou.

— Estranhamente bem - respondeu afundando o rosto na curva do pescoço de Poseidon. — Sinto que estou no lugar que deveria estar.

— Eu também corujinha - disse olhando-a nos olhos. — Seria inconveniente mostrar a você o velho Poseidon agora? - perguntou com um sorriso.

— Acho que ele já estava aqui - respondeu sorrindo também.

E então ela o beijou. Não durou mais que alguns poucos minutos, mas foi suficiente para plantar um sorriso no rosto dele que ficaria ali um bom tempo.

— Quanta ousadia dona Atena - disse ele com um sorriso enorme.

— Deixe de ser bobo - respondeu sorrindo também, porém sendo interrompida por um bocejo.

— Vamos dormir? - perguntou.

— Vou só escovar os dentes - respondeu.

Poseidon pegou Atena no colo da mesma forma que fizera na noite anterior e subiu as escadas correndo enquanto ela gritava para ele a colocar no chão. Chegando no quarto ele a colocou na cama e deu um beijo na bochecha dela antes de correr para o banheiro.

Depois de Atena enfim conseguir escovar os dentes, ela foi para a cama e se aninhou em Poseidon, que sorriu com o gesto.

— Boa noite corujinha - disse dando-lhe outro beijo na bochecha.

— Boa noite pescador - deu-lhe um beijo na bochecha também.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem *u*
Até o próximo!