Tudo que ele não tem escrita por , Lis


Capítulo 9
Oito - Matheus


Notas iniciais do capítulo

Saudações, gente linda! ♥ Como vocês estão? Espero que bem.

Bom, voltar aqui pra mim ainda é uma coisa estranha, não falei no outro capítulo, mas ainda me sinto muito triste por ter mantido a história parada por mais um ano e espero que aos poucos vocês me perdoem. Agradeço demais a maravilhosa da Daughter of the Sun por ter voltado a ler, assim como agradeço as pessoas que leram... Pelas visualizações pelo menos eu sei que não estou sozinha nessa hahaha. Então, bom, vamos construir isso juntos, tá bom? Opiniões, críticas, sugestões... Tô aceitando de tudo, ainda mais depois dessa capítulo que é decisivo para o novo rumo da história.

Espero que gostem e boa leitura!



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A N T I - H E R Ó I

(s.m. oposto do herói, personagem de ficção a quem faltam atributos físicos e/ou morais característicos do herói clássico.)

 

Minha vida virou de cabeça pra baixo. Deu um giro na roda gigante do mundo e despencou na montanha russa de idiotices que poderiam acontecer comigo. Era como se uma bola de neve estivesse se formado aos poucos e agora ela estava em seu ápice: pronta pra me acertar.

Ponto pra você, Matt.

Respiro fundo quando olho a distância entre as extremidades da piscina e mergulho na água fria. Desde que meu pai morreu e eu desisti da dança de vez, nadar se tornou meu mantra. Minha válvula de escape. Os pensamentos sobre a aposta da biblioteca voltam a minha mente desde que Anna perguntou pelo livro roubado e desde ali me pergunto o que diabos estava na minha mente quando aceitei o acordo. Babaquice? Tentativa de heroísmo?

Meus pulmões ardem e minha cabeça fica mais pesada quando meus braços tentam avançar ainda mais em um esforço que me renderia dores musculares. E eu sabia o que era aquilo. Meu corpo estava tentando superar meus limites. De novo.

Aos meus 14 anos, todos se admiraram com o garoto do oitavo ano que subiu rápido nas ligas de natação. O tempo cada vez menor em piscinas cada vez maiores deu orgulho a escola e ao estado por seu mais novo atleta em ascensão. O segredo dos bastidores era: meu desejo na natação sempre foi superar algum limite. Todos os limites.

Consigo ver a parede chegando mais perto de mim e meus pulmões ansiam pelo alívio de oxigênio, mas não subo. Ainda não estava pronto pra subir.

Meus pensamentos se voltam para Anna Clara Bennet e seu enigmático poder de tirar minha concentração. Cristo, ela estava incrível ontem. O vestido branco que lhe caía bem, o cabelo bagunçado e maravilhosamente sexy, juntamente com o tom misterioso que reinou em nosso diálogo. A curiosidade por descobrir todos os seus segredos virou mais que um estranho enigma e sim um desejo de conhecê-la. De saber quais são os mistérios da garota de olhos cinzentos e porque diabos ela não saia da minha cabeça.

Mas que merda, Matheus. Você não pode desejá-la. Não de verdade.

Saio da piscina e meus pulmões se enchem de ar imediatamente, sofrendo para recuperar o tempo que gastei na água. Troco de roupa, vou pra sala de aula, faço a prova de geografia e sorrio para o olhar arregalado de Anna e Gustavo quando sou o primeiro a entregar a avaliação de volta ao professor.

Quando enfim estou na Terra da Sobriedade, vejo o quanto meu dia estava sendo uma merda e eu ainda não sabia o que fazer com a confusão em que eu me meti.

— Ei? Ei, riquinho! - alguém me cutuca e eu volto-me para a garota de cabelos roxos. Heloísa.

Ergo as sobrancelhas para o vestido amarelo que ela usa e sorrio para os seus olhos castanhos.

— Fala, Helô. Como vai?

Ela me analisa por um instante e sinto que ela capturou um raio-X do meu corpo.

— O que aconteceu com você?

Rio pra disfarçar o nervosismo e ela franze a testa.

— Nada, por que?

— Você não está fazendo suas piadinhas de sempre, não levou Anna para o esconderijo secreto de vocês e deixou ela sozinha com Yago na sala de recreação. Sozinha! - dá ênfase - Isso pra você significa nada? Eu jurava que estava rolando algo entre vocês.

Meu sorriso some. Meio impossível rolar algo entre a gente.

— Tem uma merda acontecendo. Só isso.

Ela revira os olhos para meu desabafo ridículo e se senta ao meu lado.

— Lembra que você disse que ia me falar o que estava acontecendo? Depois que te contei sobre minha mãe?

Posso ouvir a risada de Anna na sala ao lado junto com Yago. Eles estavam jogando xadrez. De novo. Helô nota meu revirar de olhos e gargalha.

— Ah, meu Deus! Matheus Stahelin está com ciúmes? É isso mesmo, produção? - questiona.

Balanço a cabeça e rio sem humor. De todas as pessoas da instituição, Heloísa era que mais sabia me ler. A menina olhava pra mim e Anna como se fôssemos os protagonistas de uma novela. Era assustador.

— Ciúmes? Da Anna?

Helô olha pra mim e ergue as sobrancelhas.

— Ou será inveja porque Yago está passando mais tempo com ela do que você?

Será?

Claro que não, consciência.

— Você sabe por que estou aqui, Helô? Anna te contou do caso da biblioteca, não foi? Vi vocês conversando. - começo meu relato e coço a cabeça - A coisa é que tudo começou em uma noite com os caras, um momento de descontração.

Ela dá de ombros.

— Fofocas da bebedeira, sei bem como é. Dali surgiu o lance da Anna? Do descerebrado imbecil chamado Theo?

Rio e ergo as sobrancelhas.

— Foi Anna Clara que chamou ele assim, não foi? Bom, ele é um babaca. Theo sempre foi como um deus para os caras da nossa escola: tinha dinheiro, conseguia passar de ano e pegava as garotas. Ele é mais velho que todos ali, então sempre foi conhecido por ser o mais experiente.

— Experiência em ser machista - comenta a garota ao meu lado e arranca uma flor do arbusto perto dela. - Interessante.

Faço uma careta.

— Não me orgulho de fazer parte de uma turma dessas. Na verdade, de uns tempos pra cá, eu nunca mais tinha frequentado festas desse tipo, mas essa, em especial, atraiu minha atenção.

— Os casos de virgindade - ela sussurra e começa a murmurar o "bem-me-quer; mal-me-quer" ao retirar cada pétala da flor.

— Sim. Eu não vou negar minhas idiotices de antes e sim, eu já fui babaca quando mais novo, assim como Theo. Porém, quando eu soube desses boatos, fui em uma dessas reuniões para... Me atualizar.

Ela solta um gritinho quando termina em "bem-me-quer" e se deita na grama. Sorrio.

— Posso continuar?

Ela pisca.

— Claro, mas antes me diga uma coisa: essa sua fixação pela proteção da Anna advém da idiotice que você cometeu com ela no passado? Aquele lance da mãe dela? - pergunta - Porque ela me falou do que aconteceu, principalmente do seu jeito ridículo de parecer um bad boy seduzente.

Franzo a testa e surpreendo-me.

— O quanto vocês tem conversado sobre mim?

Seu sorriso torna-se maior.

— Responda minha pergunta, Matt.

Reviro os olhos e deito ao seu lado.

— Talvez. Mas tudo se tornou ainda pior quando eu descobri a verdade daquilo tudo. Que Anna não era o único alvo desse plano nojento.

Helô se apoia nos cotovelos.

— Helena, não é? Minha crush mencionou dela pra mim, disse que ela foi a primeira.

Balanço a cabeça, sentindo a revolta tomar conta de mim exatamente como naquele dia da festa.

— Eu conheço Helena Sanchez desde o fundamental. Nunca me envolvi com ela e sou próximo o suficiente do seu irmão pra saber que com ela ninguém deveria mexer. Helena sempre foi uma das meninas mais belas do colégio e havia sempre comentários sobre ela no meu círculo de pessoas, de como era gostosa a líder de torcida da equipe de basquete. Era de conhecimento geral o quão Helena era religiosa e fazia o voto de castidade, nunca vi ela se envolvendo com ninguém da escola exatamente pelo preconceito que sofria só por fazer um voto em nome de sua fé. Sempre deixei pra lá esse fato, mas quando Theo, na beira de piscina, começou a mencionar o fenômeno que era tirar a famosa virgindade de Helena, comecei a ficar preocupado. Helena é virgem, ela jurou isso.

— Acha que ele a estuprou? - sussurra Helô. O modo como ela fala do estupro faz com que eu olhe seus olhos, estes que expressam tristeza e lembrança pelo acontecido. É de conhecimento geral que o estupro paz parte da realidade brasileira, um ato dominador e cruel que é normalizado nas conversas de família e que acontece geralmente em áreas pobres negligenciadas pelo Governo. Por Helô vim de uma dessas áreas, eu entendo seu olhar.

Mordo o lábio com força. A violência sexual é um caminho pior do que a babaquice quando se é alguém como Theo Gonzalez. O cara era pior que um babaca, era um maníaco.

— E tirou fotos do ato. - concluo - Ele disse que iria divulgá-las como um tipo de troféu se ela o acusasse de alguma coisa.

— Onde você entra nessa história, riquinho?

Balanço a cabeça e tento capturar as memórias sombrias daquele dia de sexta. O grupo de homens e mulheres bebendo álcool reunidos na piscina, enquanto Theo compartilhava de seu mais novo projeto perturbador. Detalhando tudo que fez com uma pobre menina ao som de risos e aprovações de quase todos ali presentes. Foi ali que percebi aonde eu estava me metendo.

— Meu pai morreu quando eu tinha 11 anos. E desde então eu fui criado por mulheres: minha mãe, que mesmo afundada em trabalho, vivia e ainda vive almejando um futuro melhor pra mim. Leandra, minha prima, que desde pequena aprendeu a cuidar de um menino menor que ela só pra conseguir continuar no Brasil e viver seu sonho de ser bailarina. E ainda tem o resto dos meus familiares femininos que sempre tiveram e ainda têm importância na construção do Matheus que você vê hoje. Veja bem, eu já fiquei com muitas meninas em um período revoltado da minha vida e posso ter sido machista em relação a elas em alguns momentos, mas nunca, em hipótese alguma, fiz algo sem consentimento. Ou ainda, mexi com alguém que estava quieto.

— Isso você fez com a Clara.

Abro os olhos na mesma hora.

— Um das maiores babaquice que já fiz, Helô. Eu sei disso.

— Você se meteu em uma briga com o Theo na festa? - murmurou baixo.

— Fiquei tentado a brigar, mas eu precisava fazer algo maior - respondo - Escutei Theo falar que,de qualquer modo, não importava a denúncia, pois com o dinheiro dos pais ele iria ficar livre. Escutei ele falando que iria atormentar aquela garota e que as fotos já estavam prontas para qualquer um pegá-las e divulgá - las. E quem as obtivesse levaria a denominação de culpado por tirá-las. Quando ele terminou de falar merda, pensei por um instante e lancei a verdadeira aposta.

Talvez uma das minhas maiores babaquices.

— Qual era? - sussurrou.

— Eu me tornaria o culpado pelas fotografias se ele passasse todas as fotos originais pra mim com a promessa de divulgação. Claro que eu nunca faria isso, só queria as fotos para poder exclui-las e ajudar Helena. Theo ficou curioso com a proposta e eu pedi em troca a proteção da Anna. Fiz ele jurar que não iria enconstar um dedo nela, senão eu contava tudo.

Ela ergueu as sobrancelhas. Os olhos castanhos brilhantes me analisando atentamente.

— Pra quem? Pensei que ele tinha dito que a Polícia não adiantaria de nada.

Dei de ombros.

— Depende do policial que você contatar. Tem um amigo antigo do meu pai que aceitaria o caso e eu confiaria nele pra isso, mas antes preciso de provas. Não apenas pra incriminar Theo, mas também pra provar minha inocência com as fotos. Além disso, para Theo, eu estava me referindo aos seus pais. Se soubessem disso não iriam prender o filho, mas mesmo assim iriam castigá-lo com algumas restrições que o Gonzalez odiaria.

Helô se senta novamente e eu olho para seu sorriso no canto dos lábios. A menina me encarava com surpresa e um misto de admiração.

— E como isso levou você a um incêndio e roubo na biblioteca pública da cidade, Matt?

Revirei os olhos e sorri.

— As fotos estavam guardadas dentro de um dos livros da biblioteca pública, quem pegasse, as teria. E se eu quisesse tê - las eu teria que furtá-lo, esse era o combinado. Claramente o plano não deu tão certo quanto o planejado.

Encaro o céu azul acima da gente e solta um suspiro.

— Agora eu tenho um prazo de 45 dias para divulgar as fotos íntimas de uma garota. E antes disso, preciso descobrir tudo que incrimine Theo Gonzalez e seu fotógrafo misterioso.

Os olhos cor de chocolate de Helô descem para meus lábios.

— Cristo, garoto! Você pode ter sido um babaca nessa história e pode ser o cara mais idiota do mundo por ter se metido nisso tudo - Ela sorri e se inclina pra frente - Mas, se não fosse pela garota que daqui a pouco surgirá aqui, eu te beijaria agora. Mesmo desejando ainda mais o beijo de uma outra pessoa no momento.

Arregalo os olhos e rio para a mulher que se levanta do chão e ajeita seu vestido amarelo. Antes que Helô volte para a sala de recreação, ela para e pisca pra mim por um momento.

— Deveria contar pra ela. -fala - E digo mais: deveria mostrar que mesmo com todas as coisas idiotas que já aconteceram entre vocês, você é louco por ela, riquinho. Você realmente gosta dela de verdade.

Antes que eu argumente, Anna Clara Bennet surge com uma expressão curiosa no rosto e ergue as sobrancelhas pra nós. Sei que com sua mente rápida, ela sabe que alguma coisa aconteceu ali, mas ignora, dá de ombros e diz:

— Acho que nosso horário acabou, Matheus. Podemos estudar mais amanhã? Deixei você livre hoje porque fizemos prova, mas...

— Na verdade - interrompo, me levantando e sorrindo para seu olhar questionador - Quero tentar uma coisa, Branca.

Ela apenas franze a testa enquanto eu a levo para a outra parte da instituição. Entramos no prédio velho e sei que Helô ficou se remoendo pra saber o que eu iria fazer. Afinal, eu contei tudo sobre a aposta, coisa que nem Gustavo conseguiu arrancar de mim, mas não falei do que acontecia enquanto estávamos aqui.

Sorri, sabendo que logo ela me questionaria novamente, e fecho a porta, abrindo as janelas para que o sol ilumine o recinto. Os olhos da menina que me acompanha se arregalam quando ela nota que a poeira não mais impregna todo o local. Foi isso que fiquei fazendo depois de terminar as tarefas do trabalho voluntário, dei uma arrumada geral no andar de baixo do salão.

— Uau! - seu sorriso surge e ela gira em volta, encarando todas as coisas - Fez tudo isso sozinho?

Rio e caminho até o aparelho de som, que dessa vez está limpo e com uma pilha de CDs por perto.

— O que eu posso dizer? - falo e pisco pra ela - Eu sou que nem Bombril, Anna: mil e uma utilidades. Se quiser experimentar alguma coisa da minha versatilidade, estou às ordens.

Ela ri e revira os olhos cinzentos.

— Ok, Sr. Bombril. Mas não era por isso que você estava estranho hoje, tem algo acontecendo.

Paro antes de dar o play na música e viro-me para encará-la.

— Juro que contarei pra você todos meus segredos, Anna. Mas agora preciso que você tire essa jaqueta, feche os olhos e fique bem aí, quieta.

Ela cruza os braços.

— Você não manda em mim, Stahelin.

Sorrio.

— E nunca o farei, mas peço, por favor, que faça o que eu pedi.

Ela franze a testa e solta um muxoxo contrariado quando tira a jaqueta preta e a joga no chão, perto da minha mochila. Olho a camisa azul-petróleo do Pato Donalds com um "Sarcástica? Eu? Nunca" e sorrio para a ironia da coisa. Anna para no centro da sala e balança a cabeça, com um "ande logo com isso" implícito na expressão. Assim que me viro, sei que ainda está me encarando.

— Eu pensei que tinha pedido pra você fechar os olhos.

— Pediu, eu que não vou cumprir.

Pego o controle do som, viro-me para olhá-la e começo a levantar a camisa da farda que estou vestindo, quase gargalhando com seus olhos arregalados de puro choque. Caminho em sua direção e jogo a camiseta no mesmo canto de sua jaqueta, erguendo as sobrancelhas enquanto ela analisa a regata preta que eu estava vestindo por baixo.

— Pensou que era um Strip-tease, Anna? Se você quiser, posso continuar... - ergo a barra da blusa e ela dá um tapa da minha mão, me fazendo sorrir com a leve vermelhidão que ficou em suas bochechas.

Pego sua mão e coloco em minha cintura, enquanto a outra ponho sobre meu ombro nu. Seu olhar confuso se ergue pra mim.

— O que está fazendo?

— Feche os olhos, Branca - sussurro e ela continua a me encarar. Mordo o lábio pra conter meu xingamento e rio de sua petulância - Só sinta, ok? Ouça o som. Se eu fizer algo que não goste, pode me bater. Juro.

Ela analisa o acordo.

— Irá me contar o que aconteceu com você hoje? Com a Helô?

Dessa vez rio.

— Está com ciúmes dela?

Ela me bate de novo no ombro, dessa vez mais de leve e ergue as sobrancelhas.

— Vai ou não?

— Vou, ok? Prometo.

Seus lábios se abrem por um momento e eu fito a textura rosada e o contorno marcado de sua boca. E depois ela sinaliza em concordância, o indício de um sorriso cruzando seu rosto por poder saciar sua curiosidade. Porra, essa menina precisa ser estudada.

Os olhos se fecham quando eu aperto o play, jogando o controle junto com nossas coisas. Levanto o queixo dela e deslizo meus dedos por sua cintura quando a puxo, só um pouco, pra mais perto de mim. E aí, no exato momento que encaro sua expressão calma, a melodia suave começa a soar.

Saturn do Sleeping At Last. O tom puro do violino me fazendo respirar fundo enquanto o vento que vem da janela faz o cabelo de Anna se movimentar por um instante. E, assim, também começo a me mover devagar junto com ela.

Quando a melodia nos embala, fecho meus olhos e seus ombros imediatamente relaxam. A posição da dança assemelha-se a um abraço e quem já ouviu a música sabe que, no máximo, estávamos dançando algum tipo de valsa lenta. Mas era incrível! E por um momento permito-me esquecer do dia de hoje, da aposta maluca, até mesmo do caos que se instalara em minha casa desde que meu pai se foi.

A dança era pra ser assim. Exatamente desse jeito. Independente do ritmo, não era um campo de batalha e sim um mecanismo de paz. Meus pensamentos se embaralham quando me pergunto do porquê de ter deixado de dançar há alguns anos. Mas aí me lembro de outra parte importante desse ambiente pacífico: a companhia.

E pela primeira vez na vida assisto Anna Clara Bennet confiar em mim novamente. Talvez não para outros aspectos de sua vida, mas seus olhos continuam fechados enquanto ela me permite levá-la em cada passo pelo salão. Permite-me guiar o ritmo, o modo de dança, girá-la com delicadeza enquanto um breve sorriso se abre nos seus lábios rosados.

E talvez Heloísa estivesse certa.

Independente de qualquer coisa, eu gostava de verdade daquela garota misteriosa de olhos cinzentos.

 


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Notas finais do capítulo

Esse foi o capítulo que escrevi depois de meses parada na escrita. Foi exatamente nele que juntei todo o enredo da história e fechei a programação dessa primeira parte, então se eu estou louca pra saber o que vocês acharam? Tô maluquinha hahahaha mas, ok. As polêmicas e temáticas pesadas começaram a surgir nesse capítulo e serão temas frequentes daqui pra frente, gente. Meu objetivo aqui nunca foi escrever apenas um romance e por que não criticar essa sociedade tão machista e violenta no processo de escrita, não é? Tem conceitos tão importantes que devem ser compartilhados, como o significado de sororidade ou mesmo o engajamento de empatia. O romance continuará sim e será bem desenvolvido, mas infelizmente Theo's existem na nossa realidade e precisam ser denunciados, mesmo que eu esteja fazendo pouco em uma simples história. Espero que compreendam essas temáticas.

Amo vocês por estarem aqui. Independente de serem leitores fantasmas ou mesmo se não estão mais tão empolgados...

Beijão,



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