Tudo que ele não tem escrita por , Lis


Capítulo 3
Dois - Matheus


Notas iniciais do capítulo

Olá! Antes de ler o capítulo devo dizer alguns recadinhos:
— A instituição mencionada no capítulo existe de verdade. Terra da Sobriedade é de BH e pra quem quiser saber mais é só entrar no site deles:
http://www.terradasobriedade.org.br/
— Eu, infelizmente, nunca fui voluntária em uma instituição assim e não sei se é realmente isso que eu descrevi que acontece.Então vou levar um pouco pro lado da ficção algumas coisas, mas quem quiser me auxiliar nisso sou toda ouvidos :)
— Pra quem já leu a versão anterior vai notar alguns trechos bem parecidos.
Boa leitura!



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B E N E V O L Ê N C I A

{s.f. Característica ou particularidade de benevolente, bom, benigno, tolerante}

 

Meu pai uma vez me disse que eu tinha que aproveitar a vida ao máximo porque quando se está mais velho não temos tempo para fazer isso. Ele disse que não importaria se eu ficasse em recuperação uma vez ou outra, se eu fizesse algo proibido alguma vez na vida ou se eu cometesse alguns atos loucos, como pular de paraquedas. Porém, ele morreu quando eu tinha apenas 11 anos e não podia fazer nada de proveitoso além de correr nu pela vizinhança, então provavelmente ele retiraria todas essas palavras assim que visse o que eu me tornei atualmente.


Além de ter cometido furto, dado uma passadinha na delegacia no final de semana e recebido serviço comunitário como castigo, eu estava um pouco complicado em relação a notas, se é que me entende.

— Não sei o que me dá mais prazer - comenta Leah - Levar meu primo para prestar serviço comunitário ou saber que esse é só um dos castigos dele.

Sorrio para a garota ao meu lado.

— Seu amor por mim é tão lindo, priminha. - respondo - Que dá vontade de emoldurar e colocar na parede.

Os cachos loiros do cabelo curto estão presos em um coque alto e ela já está pronta para o ensaio do seu mais novo musical.

— Saia do meu carro com sua babaquice e talvez eu deixe você emoldurar minha beleza. - sorri ironicamente - E, por favor, não assuste as criancinhas.

Reviro os olhos.

— É uma instituição para dependentes químicos, idiota - respondo rindo enquanto saio do carro e ela acelera.

Olho para o prédio em tons de creme e estou prestes a entrar e acabar de vez com esse castigo quando vejo a garota sentada nas escadas. O corpo vestido com um jeans bem folgado e uma camisa azul que parecia ser da minha avó davam a Anna Clara um ar esquisito.

Ela era uma garota estranha.

Apesar das roupas não lhe caírem tão bem, eu poderia até dizer que era bonita. Neutra, apenas normal como uma garota qualquer. Aproximo-me de onde ela está e observo o quanto ela está distraída falando ao telefone.

— Ibi, se você falar novamente do abdômen tanquinho do Matheus eu vou aí e você vai ser esquartejado como Tiradentes— comenta com raiva - Mas que tara por esse cara!

Ergo as sobrancelhas sobre o assunto da conversa e sorrio.

— Claro que eu não vou aproveitar a oportunidade! - ralha uma Anna esquentadinha— Mas que droga!

Seus olhos se estreitam quando ela ergue o olhar e paralisa ao me ver. Eram da cor que o mar fica no fim da tarde, escuro e sombrio, porém bonito.Ela desliga o celular de imediato e a voz do outro lado da linha some.

— Por favor, ignore tudo que você ouviu - fala e se levanta tirando a sujeira do jeans - Faça esse favor por mim.

Sorrio ainda mais. Aquilo até que iria ser divertido.

— Não sou muito bom com favores, sabe? - respondo e pisco pra ela antes de bater na porta - O que você estava falando mesmo sobre meu abdômen? Acho que seu comentário seria mais realista se você pudesse tocá-lo pessoalmente, a pessoa do outro lado da linha iria adorar.

— A pessoa do outro lado da linha agora vai morrer.

Rio.

— Que maldade no coração, Anna. Não me lembro de a Branca de Neve ser tão sombria.

Ela sorri com ira irradiando no olhar.

— Aconteceu no mesmo momento em que o príncipe virou um imbecil.

Franzo a testa no mesmo momento em que a porta se abre e uma senhora que parecia minha vizinha sorri para nós, no mesmo estilo gato psicopata, vulgo história da Alice de Lewis Carroll. Seu vestido cor de vinho junto com os saltos amarelos me fizeram arregalar os olhos.

Estávamos mesmo no lugar certo?

— Olá, Anna e Matheus! - exclama ainda sorridente - Estão animados? Dr. Lucas está me deixando ajudar porque completo dois meses sóbria hoje! Ah, estou tão animada! E você é um pitel, hein coisa linda?

O elogio foi dirigido a Anna que avermelha e ri, um pouco confusa e deslocada.

— Qual é o seu nome? - pergunto e vejo um homem com cerca de quarenta anos se dirigir para onde estávamos.

— Essa é a Maura, uma de nossas pacientes. - responde por ela e nos cumprimenta - Sou o Dr. Lucas Guimarães e coordeno essa sede da Terra da Sobriedade. Luiza Stahelin é uma de nossas parceiras e ficamos muito felizes em saber que teremos dois jovens empenhados em nos ajudar durante esse mês de outubro.

Maura sorri e abraça Anna pela cintura, puxando-a para a sala enorme que se abria para nós. Fico atrás acompanhado de Dr. Lucas e ele sorri pra mim.

— Maura é viciada em antidepressivos, então é preciso tomar muito cuidado com ela e seu humor - fala - Porém, vocês vão fazer mais do que ter contato com pacientes.

Caminho com ele e observo que Anna se despede de Maura com um sorriso e nos acompanha até uma salinha no corredor do lado esquerdo. O local pouco iluminado e de paredes azuis possuía vários armários pendurados em um canto e uma mesa redonda no centro. Na porta titulava-se FUNCIONÁRIOS E AJUDANTES. Eu já tinha vindo aqui várias vezes por causa da minha mãe e da empresa, mas nunca havia entrado ali.

Dr. Lucas vira-se para nos encarar e cruza os braços.

— Como combinado com Luiza, vocês virão aqui todas as tardes de segunda a sexta e irão ajudar de acordo com a necessidade dos pacientes. - ele aponta um cronograma colado na parede - Hoje irão ajudar a limpar as áreas comuns e podem conversar e conhecer os residentes da casa. De 15h há um intervalo para o lanche. Por último, peço que guardem seus pertences em um dos armários por precaução e cuidado com os dependentes.

Quando terminamos de colocar tudo que nos pertence em um dos armários em tom de cinza, Dr. Lucas nos revista por questão de cuidado e só aí podemos finalmente sair e começar a executar o que devemos fazer.

— É tão estranho - comenta Anna enquanto começamos a limpar a sala de recreação - Você ficar calado por mais de meia hora.

Sorrio e sento-me em uma das cadeiras.

— Se queria tanto ouvir minha voz sedutora era só falar.

Ela revira os olhos.

— Só estou dizendo que é bom, sabe? Isso mostra que ao menos você sabe pensar. É bastante promissor.

— Tão engraçada.

— Ninguém está rindo.

Ergo as sobrancelhas e apoio meus pés em uma das mesas de xadrez.

— Você mudou - falo.

Ela olha pra mim e franze a testa.

— Olha, se quer manter a conversa fiada, tudo beleza. Mas se não quiser que eu deixe roxo seu outro olho é melhor levantar...

— Meu abdômen tanquinho da cadeira?

— Essa coisa aí feita de esteroides.

Levanto-me na mesma hora.

— Esteroides? Eu sou atleta! - respondo.

— E daí? Existem muitos atletas que executam a trapaça por meio do doping. Não duvido que você seja um deles. - ela pisca pra mim - Não se preocupe, não contarei seu segredo pra ninguém.

Aproximo-me de onde ela está.

— É real - ergo meu braço - Toque.

— Ah, o orgulho masculino facilmente manipulado - ela se aproxima ainda mais e coloca o cabo da vassoura na minha mão - Fico feliz em saber que é tão forte e resistente, a vassoura adorou saber disso.

Rio e seguro seu braço antes que ela se afaste.

— Faz tanto tempo, o que mudou? - murmuro - Que tal uma pergunta que beneficiaria nós dois: Você prefere encima ou embaixo, Branca? A posição de quando...

Seu sorriso se estende e Jesus, nunca pensei que veria aquela menina sorrir daquele jeito.

— Matheus, escute bem: Eu não transaria com você nem que seu pênis dançasse marchinha de carnaval dentro de mim. Ou seja, seu órgão genital não me faz falta.

Meu sorriso se esvai e eu engasgo.

— Como é que é?

— Perdão por acabar com suas esperanças.

— Você não pode está falando sério. - solto-a e ela ri.

— Aí que você se engana, meu caro. Eu sempre estou falando sério.

Reviro os olhos e rio com seu jeito sincero.Por incrível que pareça conheci Anna Clara Bennet aos meus 8 anos quando vi uma garota magrela de aparelhos, franjinha e bochechas coradas entrar na minha sala de aula. Trocamos algumas meras palavras de criança, fizemos alguns trabalhos juntos e nunca teve uma conversa muito grande até a feira de ciências do nono ano quando eu meio que ajudei Larissa a humilhar a garota. Depois dessa, ela passou a me olhar com ódio como se eu fosse um inútil que estava atrapalhando o seu caminho.

Nunca pensei que falaria tanto com ela depois desse episódio até aquele dia na biblioteca. Diabos, até Theo começar aquela porra toda! Reviro os olhos com o pensamento e, depois de terminar todas as minhas tarefas, sento-me no círculo de pacientes ao lado de Anna.

— Olá, pessoal - fala uma mulher vestida de branco em um dos cantos - Nosso círculo terapêutico de hoje inclui dois novos amigos que irão ajudar a nossa instituição e...

Um dos caras olha pra mim.

— O que vocês fizeram pra receber serviço comunitário? Furto? Tu trafica, rapaz?

Ri.

— Algo assim, mas nada de tráfico - respondo -Não uso drogas.

— Também olha a cara de riquinho que ele tem - fala uma garota com cabelos roxos. - Mas se tu conseguir umzinho pra mim eu posso até ficar contigo.

Sorrio.

— Heloísa! - exclama a mulher.

— Desculpe, flor, mas eu te dou um beijo pra você matar o desejo.

— Não é permitido relações entre funcionários e pacientes, Matheus. - intercepta a mulher novamente.

— Stahelin sempre um idiota que quebra regras - sussurra Anna ao meu lado.

Uma das garotas ri do outro lado do círculo.

— Bennet sempre uma trouxa santinha - respondo no mesmo tom.

Ela olha pra mim com surpresa.

— Vocês estão tendo uma DR no círculo terapêutico? - pergunta o cara que questionou se eu era traficante. - Agora sim esse negócio se tornou interessante.

Anna gargalha.

— Acho que entendeu errado, não somos um casal.

— Me engana que eu gosto, docinho - falou a garota de cabelo roxo, Heloísa - Se não é tensão sexual extrema, tenho certeza que tem mais coisa entre vocês do que um simples delito.

É a minha vez de rir.

— Não tem nada entre a gente, sério.

— Heloísa! - exclama a mulher novamente e se vira para nós - Se vocês dois começarem uma discussão de relacionamento aqui vou expulsá-los.

—Mas não somos... - começa Anna.

— Dane-se - interrompeu a mulher e sorri para todos em uma clara tentativa de se acalmar - Sou a Dra. Angela e aqui o foco é discutir os medos e anseios dos dependentes e ajudá-los a encontrar um caminho longe da dependência. Apresentem-se para nossos novos amigos, pessoal.

Ao todo eram quatro pacientes, Dra. Angela, eu e Anna. A primeira a levantar a mão é a menina de cabelos roxos.

— Heloísa, como já foi falado. Tenho 19 anos e viciei na maconha desde os meus 16, por causa de problemas familiares e essas bostas. Dra. Angela me odeia porque eu fugi daqui no mês passado, então eu estou sóbria há 15 dias e bom... Estar aqui é uma merda. Aceitaria um beijo seu, cara - pisca pra mim - Mas sou do lado girl da força, então adoraria ser comida por essa lindinha aí.

— Dizem que as tímidas são as leoas na cama. - respondo e rio - Prazer te conhecer, Heloísa.

— Muito bem. Mas sem linguagem suja da próxima vez, Helô - comenta a doutora. - E eu não te odeio, já disse.

Rio ao notar Anna corada.

— Meu nome é Yago, estou aqui porque eu tinha uns amigos que me incitaram a experimentar a cocaína e aí eu gostei um pouco demais. Foi a minha mãe me colocou nesse troço de reabilitação. Eu tenho 24 anos e deveria está terminando a faculdade de engenharia. - fala o cara de cabelos pretos amarrados nas costas. - Estou sóbrio há três meses.

— Sou a Gisele - falou a loira timidamente, os olhos castanhos encarando-me por um momento- Tenho 17 anos e namorei um traficante da minha comunidade, eu viciei em crack e o crack foi o que matou minha irmã mais velha. Estou sóbria há um mês.

— Ótima introdução, Gisele - parabeniza Dra. Angela e se vira para o cara que se balança ao lado de Anna - Pedro? É a sua vez agora.

— Não quero falar para eles - sussurra.

Ele levanta o rosto e seus cabelos castanhos caem sobre sua testa. A camisa com o desenho de Stars Wars tinha uma das mangas rasgada.

— Tudo bem - falou a doutora - Deixamos para outro dia, então?

Ele afirma com a cabeça e ela olha para Anna.

— Meu nome é Anna Clara Bennet - respondeu - Tenho 18 anos e hm...

— Você já fumou alguma coisa, Anna? - pergunta Yago.

— Não.

— Já bebeu muitas? - pergunta Gisele.

— Também não.

— Já fez sexo? - é a vez de Helô que ergue as sobrancelhas esperando a resposta.

— Heloísa! - ralha novamente Angela.

Anna morde o lábio.

— Não também.

— Uau - comentou Helô com um brilho no olhar - Se quiser experimentar, estou ás ordens.

A doutora revira os olhos e antes que ela passe a vez pra mim encaro os olhos cinzentos da menina ao meu lado.

— Qual foi a maior loucura que você já  fez, Branca?

Ela me encara e sei que toquei no ponto fraco. Estava louco para terminar esse mês e nunca mais ver essa garota, já que provavelmente ela irá passar em uma boa faculdade e ir embora, porém era apenas uma pergunta. Que mal isso faria? Espero sua resposta e ela sorri quando abre a boca e fala:

— Não é da sua conta.

Um monte de murmúrios e risos é ouvido ao nosso redor e a médica continua a apresentação comigo, antes de começar  a conversar sobre a semana de cada dependente.

Misteriosa.

Essa é a palavra que vem em minha mente quando encaro minha parceira de serviço comunitário. Anna Clara era uma garota estranha, esquisita e que tinha um péssimo gosto para roupas que lhe caíam bem. Todavia, ela me deixou curioso e isso era uma novidade. Depois que terminamos tudo e estou acabando de pegar minha mochila em um dos armários e conectar os fones de ouvido no celular, observo enquanto ela sai andando da sala, folheando um dos livros do colégio.

Saio do prédio e vejo o sedã vermelho da minha prima estacionado em frente à porta, entro no carro e espero ela acelerar quando Leah apenas me olha com a testa franzida e uma expressão raivosa junto com um sorriso nada normal.

Reviro os olhos.

— O que foi dessa vez?

— Tia Luiza está preocupada, priminho. - falou - Mesmo sem ver, já sei que seu boletim não foi dos melhores.

Tirei os fones de ouvido e a encarei presunçoso.

— Sempre não é dos melhores e eu já estou acostumado com os sermões de Dona Luiza.

Ela desfaz o sorriso e seu rosto se abre em uma expressão séria. Os cachos de um dourado queimado e brilhoso balançam a cada movimento do pescoço.

— Matheus, é sério! - diz de uma maneira impaciente - Desse jeito você vai perder um ano de faculdade porque terá que repetir o terceiro ano.

— Não tenho culpa se eu e as matérias não formamos uma equação perfeita. - rebato - Sério, Leah, não dá pra descobrir o X da questão.

Seus olhos verdes se reviram. Eram quase da mesma cor dos meus.

— Você não é desse jeito. Depois que tio Enzo morreu você perdeu sua motivação, objetivos, metas... - ela suspira - Nem dançar você dança mais.

Fico sério e olho para o lado, procurando uma maneira de desviar do assunto. Todos diziam a mesma coisa, sobre a morte do meu pai, sobre a dança e sobre objetivos. A mesma conversa, o mesmo sermão, era como repetir uma aula várias vezes, mesmo você dizendo ao professor que já viu o assunto.

— Não vamos falar...

— Sim, vamos sim. - responde- Precisa encontrar o caminho novamente, Matt.

— Você sabe que isso parece sermão de pastor, ?

As bochechas vermelhas demonstram impaciência, o que era algo raro. Leah sempre foi a que mais me compreendia da casa, tínhamos certa personalidade parecida e ela sempre ficava com o pavio curto quando tinha um dia ruim. Pelo visto o dia dela foi péssimo e eu vim para finalizar tudo com uma grande briga.

— O que você precisa pra criar juízo?

Meus lábios se abriram para responder com formalidade, mas as palavras acabam saindo da minha boca:

— Bem, sexo não é porque isso está ativo. Estudo está difícil, então...

— Matheus, eu te amo, mas você é um canalha. - tentei não sorrir com a ironia da coisa - É um egocêntrico orgulhoso e parece que só vai aprender quando quebrar a cara.

Franzi a testa.

— Isso foi para acabar com o meu ego?

— Escute minhas palavras: precisa saber o que realmente é importante, senão vai acabar perdendo tudo.

 

 

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Feliz ano novo, gente linda! Como vocês estão? Espero que bem.
Enfim, esse capítulo não é dos meus favoritos, mas prometo que os outros estão melhores que esse.
Beijo e curtam muito o dia de vocês, desejo muito paz, harmonia e humanidade para esse mundo maluco em 2017!
Lí.
PS: Muito obrigada a todos que acabaram com meu nervosismo e elogiaram tanto o primeiro capítulo! Vocês sabem como deixar uma pessoa feliz, de verdade.
PPS: Agradeço as pessoas que comentaram na primeira versão do segundo capítulo: Karine Gonçaves, Lari, Blue, Daughter of the Sun, Duda, Kah Lovegood e Slipcom ♥



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