Tudo que ele não tem escrita por , Lis


Capítulo 11
Dez - Matheus


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente bonita! Um prazer revê-los novamente! Como vocês estão? ♥

Ah, acabei de responder os comentários. Juro que não sei como ficar mais grata a vocês, é tudo uma coisa tão linda. Acho que uma das coisas que mais adoro no Nyah, o contato que eu tenho aqui com vocês é incrível! É uma honra poder conhecer gente de tantos lugares diferentes e ainda que elas gostem tanto da história. Ver leitores antigos e gente nova aqui? Caramba, vocês não sabem o quanto isso motiva o dia de uma pessoa. Uma coisa é certa: tem pessoas aqui que sempre lembrarei.

Bom, mas vamos ao capítulo, certo? Finalmente teremos a continuação da boate e eu espero de verdade que vocês gostem! Esse capítulo tem a participação especial da Rafaella Nunes e suas maravilhosas metáforas! (sério, gente! Leiam a história dela! Sofram comigo lendo Resiliente!)

Boa leitura! ♥



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P R O D Í G I O

(s.m. Circunstância ou aquilo que é fora do comum (extraordinário); milagre.)

 

Resiliência.

Eu não sou tão fã de palavras, mas, essa em especial, minha própria mãe me deu o significado. Ou pelo menos um deles. Resiliência é tipo uma capacidade de sobrevivência. É a capacidade de se adaptar em situações críticas, superar obstáculos e se reerguer após crises. Segundo os dicionários online, é o poder de se reinventar ao seu estado natural, mesmo após grandes catástrofes.

Luíza Stahelin me deu esse conceito depois de um policial bater na nossa porta e virar a nossa vida de cabeça pra baixo. Pois ela teria que ter resiliência para conseguir se reerguer após reconhecer o corpo do amor da sua vida em uma sala de necrópsia. Pois é, meus amigos, a vida nunca foi justa.

Assim, após quase dez anos do ocorrido, consigo identificar o fenômeno acontecer outra vez com Anna. Céus. Se eu fosse citar os momentos da minha vida que eu achava que nunca iria acontecer, esse era exatamente um deles. Não que ver Anna Clara Bennet apenas de calcinha e regata não fosse uma coisa prazerosa. Mesmo se eu vivesse mil anos jamais esqueceria aquela visão. Mas vê-la ali na boate? Com o vestido escolhido por mim, de batom vermelho e usando seus típicos All-Star surrados? Com certeza, eu nunca imaginaria uma cena dessas.

Anna estava tendo naquele momento bastante resiliência. E eu, mesmo ainda achando minha acompanhate petulante e teimosa como uma mula, admirava-a. Após a morte de Teresa Bennet, eu comparava Branca a uma lágrima. Uma pequena metáfora para uma pessoa  que representa uma dor profunda, mas reconfortante, que é  um símbolo grandioso de  humanidade. É  independente e indomável, muito comum de fora, mas  em si compõe muito mais do que seria possível mostrar.

— Eu espero que o que você tem pra me contar seja uma coisa muito importante, Stahelin. - alfineta -  Porque se eu entrei nesse negócio, com certeza tem que ser algo muito bom.

Dei-lhe meu melhor sorriso presunçoso, interrompendo meus pensamentos sem sentido. Com certeza eu não saberia escolher a melhor parte da noite: vê-la brava e esplêndida entre as luzes de uma boate ou vê-la irada e de calcinha segurando um pênis rosa em suas mãos? Difícil escolher.

— Desde quando você é tão curiosa?

Ela dá de ombros enquanto caminha comigo até o bar.

— Não sei se você lembra,  mas temos um histórico de segredos  - pisca e se senta em um dos bancos.

Assim que eu disse onde estávamos, demorei uma eternidade para convecê-la a entrar, ainda tendo que esperar ela finalizar uma ligação com seu pai. Ironicamente o pai de Ana deve ser a única pessoa que eu já vi que  fica feliz pela filha está em uma boate na madrugada com um cara. Primeiro eu achei que ele estava brincando, mas ela me afirmou que não.

— Meu passado sempre me condena  - faço uma careta e tento tranquilizá-la - Acho que devido a esse histórico peculiar devemos nos conhecer melhor, Branca. Sei lá, nós estudamos juntos desde a educação infantil e não sabemos nada um do outro.

Faço um sinal para o barman e apoio meus braços atrás do banco de Anna.

— E aí, Tom! - cumprimento meu velho amigo que se aproxima com um sorriso descarado nos lábios - Como vai a vida?

Os cabelos eriçados do garoto agora estavam azuis, compactuando com sua rotina mensal de pintar o cabelo com cores diferentes. Junte isso ao aspecto sedutor de um típico barman e temos um verdadeiro galã entre  meninas meninos.

— Está na mesma, cara - ele troca um soquinho comigo e seu olhar cai sobre Anna - E você, Matt? Pelo visto finalmente resolveu assumir sua paixão pela...

Cubro sua boca com minha mão no mesmo instante e ergo as sobrancelhas.

— Está tirando conclusões rápido demais - pontuo e sorrio pra Anna - Branca, esse aqui é Antônio Guimarães. Mais conhecido como...

— Tom. - o dito cujo fala e beija a mão da garota como saudação - Apenas Tom. E você deve ser a famosa Anna Clara Bennet.

Anna franze as sobrancelhas e olha pra mim por um momento.

— Como assim famosa?

Tom sorri com falsa inocência e começa a preparar um drink com rapidez para um dos homens no canto do bar.

— Eu estudava no colégio quando aquilo tudo aconteceu - responde, referindo-se ao famoso caso do nono ano  - Além do mais a famosa culpa que atingiu o meu amigo Matt o fez passar horas e horas nessa mesa de bar. O cara só faltou virar o Pablo.

— Que exagero - resmungo.

Anna ri e olha pra mim.

— Leah me falou que você se sentiu culpado, só não sabia que tinha sido tanto.

— O cara estava gostando de ti, guria — Tom ressalta, acabando com minha dignidade de vez - Ou gosta ainda, né. Considerando o modo como ele não parar de olhar pra você nesse vestido.

— Ele não para? - ela sussurra e agora quem queria sair da boate era eu. Tom Guimarães e Anna Clara Bennet viraram uma dupla infalível na arte de me arruinar.

Solto outro sorriso cafajeste pra minha acompanhate.

—  É um fato que você ficou gostosa. Eu nunca neguei isso. - respondo e aponto pra Tom - Agora você, Antônio. Deveria fazer seu trabalho devidamente e nos servir.

O safado ri.

— Você que manda, chefe. O que vai querer hoje?

Estou prestes a pedir, quando dedos seguram meu braço e sinto uma respiração suave invadir o meu ouvido.

— Aqui tem suco? - É o sussurro sensual e idiota de Anna.

Rio.

— Não, milady. Com certeza eu não te trouxe aqui pra você tomar apenas suco.

— Mas...

Suspiro e falo baixo em seu ouvido.

— Veja bem, meu objetivo aqui não é fazer você tomar um porre. Mas pelo menos algo mais animador você vai ter que beber, Branca - respondo - Você já é tímida, aqui essa timidez é elevada ao cubo... Sem álcool, você virará uma muda. E olha que ainda vamos dançar.

Ela revira os olhos e encara  Tom.

— Traga a coisa com menos álcool que você tiver aí - suspira e me olha - Satisfeito? Porque a vontade de te bater agora está muito alta.

Peço um refrigerante já que estou dirigindo e tomo um gole antes de me virar pra ela. Eu sabia desde que  recebi  a mensagem  dela que a conversa não seria fácil. Na verdade, até gostei do fato de tudo ter ficado estranho na quarta quando dançamos, pois assim ela não me importunava com esses assuntos. Mas eu sabia que não poderia ficar fugindo pra sempre. Oficialmente já tinha dado quase duas semanas de serviço comunitário e logo eu teria um mês pra divulgar as fotos de nudez de uma menina. Droga, eu preciso de ajudaEssa é a absoluta verdade.

— Ok, finja que eu sou um cara estranho no bar - começo a brincadeira e olho pra ela - Como você me cumprimentaria?

Ela ergue as sobrancelhas e toma um gole da bebida de morango que Tom lhe trouxe.

— Essa é sua forma de nos conhecermos? Inventar que nós nunca nos vimos?

Reviro os olhos.

— É um jogo, espertinha. — falo - Saiba brincar.

Ela dá de ombros.

— Pra começar, eu nunca viria em uma boate. Não sozinha e não nesse momento da minha vida.

— Mas não nega em outros momentos - provoco - Bom saber que você tem uma alma aberta pra ser baladeira.

Ela pisca os olhos e juro que parece que eles ficam mais azuis por um momento.

— Mas, colocando essa cena em hipótese e tirando a parte que eu nunca me aproximaria de alguém como você...

— Que mentirosa - interrompo.

— Eu apenas falaria um "oi" e perguntaria algo introspectivo como as pessoas geralmente fazem, tipo "O que um cara vazio com pinta de garanhão faz sozinho nessa mesa de bar?"

Encaro-a meio aturdido. Cara vazio? Que porra era aquela?

— Sério que essa é a sua pergunta introspectiva?

— Responda.

— Apenas afogando minhas angústias vazias - ressalto - Por uma garota misteriosa que eu atingi de maneira babaca.

— Então eu posso incluir "babaca" na minha lista mental de características? - pergunta - Que pena, tenho certeza que essa garota se decepcionou tal qual eu nesse momento.

— Ah, com certeza. - falo - Mas eu ganhei uma oportunidade agora, sabe? Não quero decepcioná-la de novo.

Anna dá de ombros e se inclina pra tomar mais pouco de sua bebida.

— Qual é a sua cor favorita?

— Como?

— Cor favorita, sabe? Essa sua garota  provavelmente nunca soube e eu também não sei.

— Azul. - respondo e depois pisco uma vez para a besteira que eu tô falando - Eu sei que essa é a resposta mais falada por homens por aí, mas não é qualquer azul. É tipo o mar, sabe? A cor que ele fica quando está anoitecendo. Meio tempestuoso.

Um sorriso incomum se abre em seus lábios.

— A minha é verde. É uma coisa que eu peguei por causa da minha mãe. Ela também adorava essa cor.

— É uma bela cor. - sustento e não consigo conter o riso quanto pergunto novamente sobre minha curiosidade - Qual foi a maior loucura que você já fez, Anna?

Minha parceira ri também, esvaziando em um instante o copo do drink de morango.

— Eu nunca falei meu nome a você, Stahelin.

— Não te contei? Sou vidente - comunico, terminando meu refrigerante e me levantando do banco do bar - E também ótimo dançarino.

— Sério? Uma pessoa me contou que você é um fiasco na dança. E ainda um idiota prepotente nos horários livres.

Estendo minha mão pra ela.

— Ah, sim. Conheço essa pessoa. Uma nerd chata, sabe? Vive puxando minha orelha e ficando brava com qualquer coisa.

— Uma pessoa que puxe sua orelha, pra mim, já é incrível.

Sorrio.

— Tenho certeza que sim - continuo a estender a mão - Vamos lá, Branca! Vai ser uma grande experiência para o nosso acordo. Não me faça ter que te levar nos braços como uma donzela.

Seus olhos se arregalam.

— Você não faria isso.

O sorriso que eu lhe estendo é um dos mais perigosos.

— Vai querer duvidar de mim?

Ela pega minha mão e se levanta devagar de onde está sentada.

— Matheus, só por favor...

Antes que ela termine, eu já tenho pegado seu corpo em meus braços. Com uma mão em sua boca e meus braços apoiando suas pernas e costas, levo Anna Clara Bennet para a pista de dança. E claro ela morde minha mão. Com força. Eu não duvido que, se ela quisesse, teria tirado sangue. Seu corpo se contorce um pouco tentando sair, mas depois de um tempo ela para e me deixa conduzi-la. Assim que a música alta nos invade totalmente e o barulho de gente se alastra, coloco seus pés no chão.

E, óbvio, sou recebido com um tapa.

— Eu realmente não acredito que você fez isso!

Recebemos piadinhas e comentários enquanto caminhávamos. Logo, agora as bochechas de Anna pareciam dois tomates maduros. Puxo seu corpo pra mim mais um vez e seguro sua cintura enquanto nos levo para o meio da multidão.

— Desculpe-me - sussurro em seu ouvido - Estávamos quase nos tornando melhores amigos naquela mesa de bar, eu tinha que me tornar o cretino da sua vida outra vez.

— Ah, mas você se tornou - ela murmura alto o suficiente para eu ouvir - Com toda certeza.

Gargalho de sua raiva. Quem seria Matheus e Anna na balada senão a agressiva e o cafajeste?

— Aqui - sussurro de novo quando paramos em um ponto com espaço suficiente pra movimentarmos bem - Aqui está ótimo.

As luzes parecem pisca-pisca de natal e, junto com os holofotes que se movimentam no ritmo da batida, iluminam a escuridão do local. Do alto consigo ver uma DJ gritar alguma coisa e aumentar ainda mais o som da música. O momento insano  me faz pegar o ritmo e me movimentar.Anna se remexe meio parada e eu puxo seu corpo pra perto de mim para que ela fale.

— Não consigo - sussurra - Não sei dançar assim. Quando estamos sozinhos é diferente, mas...

— Shhh - murmuro e tento animá-la um pouco - Finja que estamos sozinhos.

Ela balança a cabeça.

— Não dá - diz - Nunca dançamos em um ritmo desses. E você... Você não está me conduzindo. Eu acho que é melhor...

Paro minha dança e a puxo pra tão perto a ponto daquilo se tornar um abraço. Assim era mais fácil ouvir e ser escutado.

— Feche os olhos. - peço.

— Mas...

— Por favor. Está escuro mesmo, não vai fazer muita diferença.

— Estão fechados - sussurra.

— Ótimo, agora imagine. Não estamos sozinhos.

— Eu sei disso.

— Você está sozinha. - falo - Eu vou te soltar por um momento e você vai estar sozinha. Em um círculo comandado por mim, pelos meus braços. Ignore isso e finja que você está em outro lugar, algum que você fique livre, como o seu quarto ou o salão de dança da Terra da Sobriedade.

Ela fica em silêncio, ainda parada.

— Imaginou? Agora ouça a música, a batida, apenas o som alto que está quase estourando nossos tímpanos. Sinta essa música, faça como se ela fosse uma professora e deixe ela te guiar. Na boate, é apenas ela que te conduz, Branca. Não tem certo ou errado aqui, então só se movimente no ritmo. Pule, rebole, mexa-se.

O deslocar suave do seu quadril na escuridão é tão sutil que eu quase não vejo. Solto-a da minha proteção e abro os braços enquanto fito o fiapo de sorriso que começa a se estender em seus lábios avermelhados enquanto ela começa a se movimentar. E Cristo aquela menina parecia uma pequena chama que eu acendi e que estava queimando a ponto de entrar em combustão. Não vou dizer que Anna Clara Bennet era uma dançarina talentosa, até porque eu mesmo tenho meus problemas. Mas a afirmação era clara: ela é uma bela dançarina. Só não sabe disso. Não reconhece isso. Mas eu via... Ah, se via! Aquela garota misteriosa do nono ano ainda estava ali, junto com a nova Anna e das Anna's misteriosas, rotuladas e contidas.

Na dança podemos expressar quem somos, cada estilhaço que compõe nossos sentimentos. E ali eu via raiva, dor, luto, mas também via liberdade, sensualidade, doçura e inteligência. Não aguento mais e começo a dançar também ao ritmo dela, passando meus dedos por sua cintura e meus olhos focados em seu sorriso libertino.

Eu definitivamente amo boates. Com toda a certeza.

Depois de um tempo que eu não sei mais contar, vejo rostos se aproximarem da gente e começarem a dançar ao nosso ritmo. Provavelmente já estávamos há uma hora dançando, Anna raramente abrindo os olhos. Quando eu solto ela por um instante e outro cara começa a tocá-la percebo que aquilo estava indo longe demais. Ela estava vulnerável e eu? Bem, eu estava louco. Louco por sua dança. O moreno tenta puxá-la pra perto e seus olhos focados nos lábios vermelhos (que eu também estava focado) me fez ser rápido o bastante pra empurrá-lo devagar e pegar Anna pela mão.

— Ei, cara. Ela está comigo - falo e ergo o queixo.

Dedos finos seguram meu braço.

— Desculpa aí - o moço diz e se afasta.

Passo o braço pelo ombro praticamente nu de Branca e a puxo pra conseguir sair daquele amontoado de gente. Eu não sabia que horas da madrugada eram, mas o local ficava cada vez mais cheio.

— Obrigada por isso - Anna fala alto atrás de mim - Você não sabe o quanto eu precisava.

— Você está tão boazinha hoje, pedindo desculpas e dizendo obrigada por ideias questionáveis - digo  e pisco pra ela.

Pago o que devemos no balcão e nos despedimos de Tom.

— Não vá se acostumando, talvez seja TPM - responde.

Rio e abro a porta do carro pra ela entrar.

— Sabe, não precisa agradecer - comunico - Eu precisava disso também.

Quando enfim estamos dentro do veículo da minha mãe, pisco os olhos por um momento pra me livrar do sono e verifico o horário antes de me caminhar para o endereço em mente.

— Anna?

— O que foi?

— Está pronta para uma última parada?

***

Quando chegamos a Terra da Sobriedade, a cara do Dr. Lucas é impagável. Explico meu objetivo de forma sucinta e ele avalia com olhos cansados todos os presentes que comprei. Obviamente um em especial, oriundo de uma Sex-shop, é retido para uma nova avaliação.

Mas o resto, depois de verificados, foram entregues por mim e Anna aos quatro dependentes do nosso grupo em uma espécie de Papai Noel fora de época. Quando acordassem, todos teriam uma bela surpresa. Perto do amanhecer, paro novamente na casa de Anna. Uma construção simples, mas bela. A cara da dona.

— Você quer que eu entre e converse com seu pai?

O olhar de Anna se arregala um pouco e ela ri sozinha.

— Não precisa. Eu acho que não seria uma boa coisa vocês se conhecerem agora.

Ergo as sobrancelhas.

— Seu velho já me odeia? Eu nunca nem falei com ele.

Ela sorri e ajeita a sacola com sua roupas normais em uma mão.

— Com certeza não é isso. Meu pai é bonzinho demais para odiar alguém.

— Realmente não sei de quem você puxou então.

Ela revira os olhos.

— Além disso, esse não é um momento para cavalheirismo. Fiquei esperando a noite inteira pela conversa que teríamos e ela não aconteceu.

— Veja pelo lado bom: nós iremos fazer isso mais uma vez para eu poder te contar.

— Matheus...

Suspiro.

— Certo. É algo sério e você já sabe que tem a ver com lance da biblioteca.

— A aposta - afirma.

— A questão é: aquela não era a verdadeira aposta. Mas, Anna, eu não vou te contar tudo agora. Essa noite foi tão boa que eu quero que permaneça desse jeito.

— Mas já é de manhã praticamente.

— Exatamente. Não está tão longe de eu te contar tudo então.

Ela fecha a porta meio contrariada. Por causa da dança e do suor, o vestido azul estava meio grudado em seu corpo, fazendo-me ter pensamentos indecentes que eu nunca teria em um dia qualquer.

— Ei? - chamo.

— O que foi, Stahelin?

— Acho que nossas aulas estão dando certo. Você é uma dançarina brilhante, Bennet. Uma aluna prodígio.

Ela se vira antes que eu veja o sorriso se formar por completo em seu rosto, mas eu rio mesmo assim e acelero em direção ao meu bairro. Se eu tiver sorte, ninguém notou minha saída. Isso acontecia com frequência. Na calçada da varanda um corpo está encostado em uma das vigas. Um carro exagerado estacionado no meio-fio. Abro a garagem e quando termino de guardar o veículo, vou encarar o cara que me espera. A expressão sorridente nojenta e o sarcasmo altamente identificáveis.

— Olá, Matt, quanto tempo! - fala Theo com um sorriso de escárnio  - Acho que teremos novos acordos devido às mudanças daquele dia da biblioteca, não? Acordos que envolvem uma certa garota tímida e estudiosa que curiosamente virou sua dançarina.








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Notas finais do capítulo

Teorias para esse momento Theo X Matheus? Vocês já sabem o quanto Theo é crúel, uma pena que ele ainda vai fazer tantas coisas...

Bom, eu tenho que deixar expresso aqui meu agradecimento a maravilhosa da Bea que recomendou Amor em Trânsito! Já te agradeci tanto, moça, mas preciso dizer aqui de novo. Pra quem não sabe, Amor em Trânsito é um conto curtinho escrito por mim que foi finalizado recentemente, foi minha forma de me distrair nesse tempo sem postagens.

Espero que tenham gostado do capítulo!

Beijão,




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