Depois de visualizar a porta, chamei pela Naomi. Pense em uma pessoa branca. Pensou? Agora pinta ela de branco e depois passe borracha. Agora tire seus olhos e pinte-os de branco, deixando uns pontinhos pretos bem pequenos no centro. Fez tudo isso? Parabéns! Você acaba de descobrir o físico da Naomi naquele momento.

–Naomi, está tudo bem?

Ela me deixou no vácuo, levantando apenas uma das mãos em forma de um “espere, por favor,” sem olhar para mim. Ajudei ela sair daquele cubículo e com dificuldade ela ficou em pé. Ela se virou para a pia e ligou a torneira. Fez de suas mãos um “potinho” e encheu com água. Jogou em seu rosto e depois secou-o. Quando ela se virou e tirou a toalha do rosto, levei um susto.

–Que macumba é essa, menina? –disse apavorada.

– O que?

– V-você estava toda mal aí e foi só jogar água em seu rosto que você está até com a pele choradinha... O_O

– Ah, foi só um susto. É que sua mãe quase me pega. Ela até se agachou, mas acabou desistindo. Naquele momento eu apenas pensei em fazer um vídeo no meu celular para quando meus pais me encontrassem vissem que eu o amassem.

–Que exagero... O máximo que minha mãe ia fazer era dar uma advertência. E, o que você ia falar nesse vídeo? - disse brincando.

– "Mamãe, papai, Kotah... Eu adoro todos vocês. Saibam que se vocês acharam esse vídeo é porque não estou mais com vocês aqui na terra, mas sim em seus corações. E só quero deixar bem claro que eu sempre odiei aquele vestido rosa pastel que vocês me deram ;--; Amo vocês."

Não aguentei na última parte e acabei dando uma gargalhada. Mas ela também deu uma risadinha envergonhada sim que eu vi.

Eu fui até as escadas e eu dei uma pequena espiada para saber se mamãe estava ainda em casa. Não, eu estava alone ;--; Subi novamente até o quarto da minha mãe e a Naomi estava ali, de pé.

– O que faremos? –Perguntou preocupada a Naomi.

– Você desce até a janela da sala e espia minha mãe. Ela não deve ter ido tão longe assim. Bom, se ela pegou um táxi aí ferra a gente. Mas mesmo assim, não custar tentar, né? Enquanto eu irei entrar nesse Armário de Nárnia e caçar o caderno.

A Naomi aceitou e lá foi ela descendo as escadas. Eu parei em frente ao armário e hesitei (até demais). Limpei o suor gelado das minhas mãos e então coloquei na maçaneta e empurrei para o lado até abrir completamente. “UOU!”, exclamei em minha cabeça. Nunca tinha visto um closet como esse. Acho que é maior do que a da Naomi! Na frente tinha vários casacos grossos para aqueles invernos filhos da mãe que não quer que nós tiremos a roupa para se banhar. Á direita tinha uma espécie de “mini passarela”. Mais para o fundo tinha alguns armários embutidos com várias gavetas. Futriquei todas elas. Algumas tinham joias e outras tinham langeries (como sou xereta, acabei vendo as langeries da mamãe, e gente do céu... Tinha um sutiã que era muito, mas muito sexy. Até acabei soltando ele rapidamente. O que você faria em pegar um sutiã da sua mãe transparente e detalhado com pimentas pegando fogo? Acho que jogaria no chão, né? Ou seja uma Ayumi da vida e coloque em cima da roupa para ver como ficava). No fundo do closet tinha uma espécie de estante muito bonita. Cor branca com detalhes na gaveta. Assim que eu fui abrir aquela gaveta estava fechada. Mas que droga! Agora terei que procurar a chave que vai está lá no quinto dos infernos. Isso até parece um jogo de RPG '-' Quando você acha alguma coisa no fim do mundo, você tem que voltar para o início, de onde seu maldito personagem começou do zero para conseguir desbloquear o próximo nível.

Fui tateando em cima de alguns armários que alcançava e em um armário, na ponta dos pés, eu acabei encontrando alguma coisa. Era algo duro e muito pequeno. Puxei para mim até consegui pegar direito. Era uma chave muito pequena e bonita, tinha um coração detalhando a pequena chave de prata. Coloquei a chave e assim que fui girar para abrir a Naomi grita para mim:

– Ay! Sai dai! EVAPORE! AGORA!

Atordoada eu já percebi que mamãe estava em casa. Talvez, subindo as escadas ou até chegando em seu quarto. Não tinha como sair do quarto e correr para o meu, então eu corri e me escondi no armário de sapatos embutido da mamãe (agradeço por não ter sapatos com mau odor u.u). Onde a Naomi se enfiou, faço a mínima ideia. O armário era muito apertado, naquela hora eu cobicei a magreza da minha amiga e sua altura. Mamãe entrou no closet e mexeu em algum armário. Acho que pegou um casaco. Depois ela fechou a porta do armário e a porta do quarto fechou-se também. Esperei uns dez minutos até ter certeza que mamãe foi embora. No banheiro era mais fácil saber se ela tinha saído ou não de casa.

Eu abri a porta cuidadosamente do armário de sapatos e vi que alguém estava abrindo a porta do closet.

“Ah, mas que porcaria! Já estou com câimbra de ficar nesse cubo apertado. Droga!” Pensei. Enfiei-me novamente no armário e então uma voz veio a me chamar:

– Ay, está ainda aqui dentro?

– Deus? É você? Mamãe me achou? – disse eu fazendo meus olhos se acostumar com a claridade fora do closet.

– Não sua boba. É a Naomi. Sua mãe já foi embora. Ela apenas pegou um casaco.

Sai do armário agradecendo por poder esticar as pernas.

– O que você estava fazendo ainda aqui?

– Eu encontrei uma chavezinha e preciso abrir apenas uma gaveta. O meu caderno tem que está lá.

Fui até a mesa, mas a chave não estava lá. Espera... Eu, na minha correria e desespero, não retirei a chave da fechadura. E a Naomi não foi porque chegou há pouco tempo. Então a única pessoa que pegou foi... Minha mãe.