Silenciosa como uma sombra na noite iluminada pela lua, vagava pelos arredores dos terrenos da escola, escondendo-se na escuridão. Vigiando. Paciente.

Seguia as ordens dele, mas também as suas próprias, precisava pelo menos mais uma vez em sua vida observa-la. Não tinha medo em si, há muito tempo havia perdido a habilidade se senti-lo, e agradecia por isso. Frieza, poderia significar poder. E poder era o que mais precisava.

O banquete estava acontecendo naquele momento, sabia que lá dentro, no enorme salão todos os alunos estavam felizes conhecendo os novos hospedes, e, o mais esperado Torneio Tribruxo. Bobagens, em sua opinião, se quisessem ver três jovens bruxos correndo risco de morte, por que simplesmente não os levavam para um “passeio” em Azkaban.

Azkaban...

Tinha o enorme prazer de nunca ter posto os pés naquele lugar, apesar de por um tempo, essa ter sido a única coisa que rondava os confins de sua mente.

A vida nunca é justa. A separação de duas coisas que nasceram para ficarem juntas era como um corpo sem sua alma. Como se estivesse vagando pelo mundo com apenas uma coisa fazendo com que continuasse respirando, sobrevivendo. Reencontrar sua parte perdida, para que assim nunca fossem separados novamente.

Mas a vida nunca é justa...

Alice e os amigos estavam subindo, feito lesmas, as escadas em direção á sala comunal da Grifinória. Fred e Jorge tinham a liderança logo à frente, discutindo em tom normal o que fariam em relação à poção para envelhecer que estavam planejando fazer.

Segundo Dumbledore, o ministério havia emposto novas regras para o Torneio Tribruxo, na qual alunos menores de dezessete anos não poderiam competir, excluindo assim praticamente a maioria dos alunos da escola.

— Vocês não vão mesmo tentar fazer a poção, não é? Não vai funcionar.— Admitiu Alice para os gêmeos, ela se encontrava alguns degraus abaixo, subido lentamente.

— Esta duvidando que possamos?— Indagou Fred parando sua subida e olhando por cima do ombro para observar a amiga que deu ombros.

— Não! Vocês dois são o máximo, mas é Dumbledore.

E continuaram o resto do caminho sem tocar mais em assunto nenhum, estavam cansados e bem alimentados, esse era o segundo banquete do ano, e aproveitaram para comer mais do que era de costume.

— Alice, você estava estanha, o que aconteceu?— Hermione perguntou enquanto as duas preparavam-se para deitar, o quarto já se encontrava na penumbra e as outras já haviam deitado, as cortinas ocultando-as.

— É isso que da quando eu estou metade triste, metade feliz.— Hermione fez silencio sentando-se em sua cama assentindo com a cabeça para que sua amiga continuasse, a mesma jogou-se e sentiu o colchão fofo lhe acariciar as costas.— Madame Maxime me viu, não sabe a cara que ela ficou, ela deve estar ser lamentando por ter me chamado de feia, bom essa é a parte feliz. Matthew é a outra, ele ficou o banquete todo babando por aquela loira que sentou ao lado dele, ok não somos nada, mas ele foi muito idiota.

A morena sabia que assim que viu aquela, que ficou sabendo mais tarde que se chamava Fleur Delacour, sentou ao lado do Corvino não daria boa coisa, ela era três anos mais velha que o garoto, mas mesmo assim interessou-se em lhe dar atenção, claro, ele era belo, mas o que ela queria?

— Lice, você não sabe?— Perguntou a amiga retirando os sapatos e os jogando ao lado da cama, Alice negou.— Ela é uma vella, todos estavam babando por ela, mas você estava ocupada demais prestando atenção no Matt.

Um sorriso formou-se no rosto da garota, aquilo explicava tudo então, ela sabia que era quase impossível para um garoto resistir aos charmes de uma vella, mas ainda sentia o terrível e tão conhecido ciúmes.

— Gosta mesmo dele, não é?

— Sim! Muito.— Respondeu ela, observando o teto, era incrível, nunca chegou a imaginar que tal sentimento lhe faria tão bem.

E ouvindo os sons que a noite trazia ela aos poucos foi adormecendo, pensando no belo par de olhos castanho escuro que ela sentia tanta urgência em ver, e a boca, tão desejável que precisava sentir em seus lábios.

Naquele sábado o sol estava tímido, escondendo-se por trás das nuvens, mas o dia estava agradável, era costume que todos tomassem café mais tarde nos fins de semana, mas devido ao Torneio todos pularam de suas camas, animados demais para permanecer mais do que o suficiente para descansar.

Quando os quatro desceram as grandes escadas que levavam ao saguão se deparam com algumas pessoas que examinavam o Cálice de Fogo, o objeto fora posto bem ao centro, e havia ao seu redor um fina linha dourada, a linha etária.

Enquanto uma aluna do terceiro ano respondia para Rony se alguém já havia depositado o nome no cálice Alice sentiu mãos circularem sua cintura se fechando logo em seguida.

—Bom dia!— Saudou a garota se virando para o moreno que tinha um belo sorriso brincando em seus lábios.

— Dia!— Disse Matthew e logo depois deu um selinho na garota que deixou com que sua felicidade fosse exposta em seu sorriso.

— “Somos apenas amigos”.— Rony falou em um péssima imitação de Alice, a garota deu um leve soco no braço do amigo.

Enquanto isso Fred, Jorge e Lino estavam animados com a poção para envelhecer que haviam preparado, eles planejavam envelhecer alguns meses, para que assim pudessem ultrapassar a linha e depositarem os nomes no Cálice.

Os dois irmãos conseguiram passar a linha, nada havia acontecido, e por um momento Alice pensou que o plano havia enfim dado certo, mas com um chiado os dois garotos foram arremessados a dez metros, mas isso não fora o pior, logo após aterrissarem grandes e longas barbas idênticas começaram a brotar.

As risadas ecoavam pelo saguão, os ruivos riram de si próprios assim que se observaram.

— Esses dois não tem jeito mesmo.— Natalie que havia acabado de juntar-se aos outros disse balançando a cabeça e acompanhado todos que riam.

Professor Dumbledore havia chegado e mandado os gêmeos para a ala hospitalar onde outros alunos que tiveram a mesma ideia estavam, mas que haviam tido menos sorte.

—Alice, não acha melhor soltar a mão do Matt, duvido que seu pai vai gostar de vê-los assim.— Natalie que caminhava ao lado dos dois amigos alertou Alice que logo que pôs os olhos na mesa dos professores, soltou rapidamente a mão do moreno, naquela manhã eles sentariam todos juntos á mesa da Grifinória.

Severo olhava totalmente sem expressão a filha sentada ao lado do garoto, ela parecia feliz, sorria a cada coisa que o garoto falava, dava pequenos socos em seu braço, ele conhecia tão bem aquele sorriso, era bom vê-la sorrir, mas ele não queria que ela ficasse com o garoto, ela era sua menininha, e estava crescendo.

— Mais cedo ou mais tarde ela conheceria alguém, Severo. Anime-se por sua filha.— Professora Minerva que se encontrava ao seu lado disse discretamente, inclinando-se para o lado, a voz ainda no tom severo de sempre, porem com um certo divertimento ao observar a garota que mexia nos cabelos negros do Corvino que lançava olhares preocupados para a mesa dos professores, sem deixar seu olhar se encontrar com o de Severo.O homem resmungou alguma coisa, rabugento como sempre. Depois de alguns segundos observando a filha o homem levantou-se, silencioso, e com o semblante fechado, como de costume, andou sem pressa até a mesa onde a morena encontrava-se.

— Alice, podemos conversar?— Ele não queria suar autoritário, queria que aquilo fosse um pedido, a garota virou-se e abriu um belo sorriso.

— Mas, e o Hagrid?— Rony perguntou evitando olhar para Severo. Eles estavam aprontando-se para ir visitar o amigo pela primeira vez desde que chegaram à escola.

— Encontro vocês por lá. Nat, Matt os vejo depois.— Alice disse levantando-se da mesa parando ao lado do pai, ela lançou um olhar ao moreno sentando á frente. Piscou discretamente com um dos belos olhos verdes e saiu na companhia de seu pai.

Saíram pelas grandes portas do salão principal, andando calmamente, por algum tempo o silencio predominou e Alice apenas apreciava a presença do pai.

— Eu não gosto dele.— Anunciou Severo olhando de canto para a garota ao seu lado.

— Eu gosto.— Disse ela sonhadora fitando o nada. Severo parou sua caminhada, ela logo notou e virou-se para ele. Apenas alguns passos os separavam.— Que foi?

— Começou...— Ele suspirou profundamente.

[...]

Alice havia passado mais algum tempo com o pai, não voltaram a tocar no assunto sobre Matthew, apenas conversaram, mais tarde antes do almoço ela foi se encontrar com os três amigos, acabaram ficando com Hagrid pelo resto da tarde.

Quando estavam voltando para o castelo, onde em poucos minutos se iniciaria o jantar, uma leve chuva começou a cair, tornando aquele fim de tarde agradável.

Depois de se fartarem com a deliciosa comida, os pratos voltaram a ficar limpos, o Cálice brilhava mais do que qualquer outra coisa e, a qualquer momento ele estaria pronto para escolher o primeiro dos três campeões do Troneio Tribruxo.

E aconteceu, as chamas ficaram vermelhas, soltando faíscas o Cálice expeliu um pedaço chamuscado de pergaminho que foi logo apanhado pelo professor Dumbledore.

— O campeão de Durmstrang — ele leu, alto para que todos pudessem ouvi-lo. — será Vítor Krum.

Uma tempestade de aplausos encheu o salão, Vitor Krum levantou-se de sua mesa e seguiu para onde havia sido ordenado pelo diretor.

E logo depois da mesma forma o campeão da outra escola fora escolhido.

Fleur Delacour. A garota vella da qual Alice havia ousado sentir ciúmes. E enfim havia chegado a vez de Hogwarts, cruzando os dedos para que não fosse ninguém da Sonserina Alice viu mais uma vez as chamas se tornarem avermelhadas.

— O campeão de Hogwarts, é Cedrico Diggory! — Anunciou o diretor, os aplausos duraram um bom tempo, todos os alunos da Lufa-Lufa sapateavam, felizes por seu campeão. — Excelente! — exclamou Dumbledore sorrindo.— Muito bem, agora temos os nossos três campeões. Estou certo de que posso contar com todos, inclusive com os demais alunos de Beauxbatons e Durmstrang, para oferecer aos nossos campeões todo o apoio que puderem, torcendo pelos seus campeões...

Mas algo o fez parar de falar, na verdade tudo ficou silencioso, todos os olhos voltados para as chamas que, pela quarta vez voltaram a ficar vermelhas, um pequeno pedaço de pergaminho saiu acompanhado por faíscas. Dumbledore pegou o pergaminho, logo que pôs seus olhos no nome escrito os mesmos se arregalaram.

— Harry Potter!

O garoto paralisara onde estava, aparentemente tão chocado quanto os restante dos demais, nenhum aplauso foi ouvido, apenas um zumbido de pessoas cochichando, muitos levantaram-se para poder olhar melhor para o moreno.

— Eu não inscrevi meu nome, sabem disso.— Disse olhando para os amigos que o olhavam sem saber o que falar.

— Harry Potter!.— Chamou novamente o diretor.— Por favor, aqui.

— Acredito em você, Harry, agora quer fazer o favor de ir de uma vez. Que droga!— Alice disse empurrando o irmão do banco.