Karina POV

Ouço meu celular apitando repetidas vezes, quando olho pra ver o que diabos é aquilo me assusto com o tanto de mensagens não lidas de Fabi que tem lá.

De Fabi:

–EU SÓ VI AGORA A MSG, COMO ASSIM NAMORANDO? ME LIGA AGORA!

–KARINA! RESPONDE!

–?

–KAAH?

_ACORDA GAROTA.

Comecei a rir com o desespero de minha amiga, acho que ela já estava dormindo ontem quando enviei a mensagem pra ela, eu tinha estranhado mesmo não receber uma mensagem logo em seguida pedindo detalhes.

De Karina:

Sim estou namorando, agora para de fazer a louca dos sms por favor?

20 segundos depois

De Fabi:

Quero detalhes amiga, ah por que estou mandando sms, vou te ligar.

Ela me liga e eu conto tudo pra ela, que não me interrompe nenhuma vez, peço pra não contar pra Bianca ainda porque ela estava certa afinal de contas em relação a Pedro e a mim, ou seja, não esperaria um minuto pra esfregar isso na minha cara, só queria mais uns dias de paz até ter de encarar a sabe-tudo da minha irmã, quando finalmente paro de falar Fabi diz que não via a hora de voltar dessa viagem porque não aguentaria guardar esse segredo por muito tempo, que estava morrendo de saudades, estava feliz por mim, e blabla... Essa ai era tagarela viu.

Pedro POV

Depois de dar umas voltas de skate, liguei pra Karina e combinamos de ir ao cinema mais tarde, hoje meus pais abririam o perfeitão só até o almoço então eu tinha que ajudar por lá, combinei de encontra-la às três horas.

* * *

Estávamos no cinema “assistindo” o filme, que alias nem o nome eu sabia. Nunca imaginei que estaria aqui assim com a esquentadinha.

Karina POV

Quando estávamos saindo do cinema Pedro me beijou novamente, no mesmo lugar onde Zé havia me beijado no domingo passado, eu comecei a rir, ele ficou me olhando meio sem jeito e depois começou a rir também confuso.

_Por que você está rindo? – pergunta ele.

_É que domingo passado eu estava aqui com o Zé e ele me beijou bem aqui. – respondo, e ele me olha incrédulo e acho que ele ficou um pouco enciumado.

_Foi é? Hum. – retruca ele. E eu sorrio ao ver seu desconforto, ele até que fica bonitinho com ciúmes.

_Pedro, olha pra mim. – digo, e ele me encara relutante. – Eu não gosto do Zé. Afinal de contas eu to namorando você não to?

_Eu sei, mas eu lembro muito bem que você disse que ele beija bem. E além disso, cê me odiava até alguns dias atrás.

_Ai moleque, não começa não. – digo rindo. – Eu nunca disse que ele beijava bem, me lembro que eu disse pra você beijar ele e descobrir por si mesmo, e eu não te odiava, eu só não gostava de você porque ficava implicando comigo.

_Você não gosta mesmo dele?

Reviro os olhos.

_Não. E pelo amor né, chega de ciúme, não precisa disso.

Ele sorri.

_Então tá. – ele me da um selinho. – Enfim, você estava rindo desse jeito só porque ele te beijou aqui?

_Não, tava rindo porque depois que ele me beijou eu sai correndo e me tranquei no banheiro, fiquei lá um tempão sem saber o que fazer.

_Não acredito. – ele começa a gargalhar. Eu dou um soco em seu braço.

_Para de rir.

Ele se esforça, mas não consegue.

_Desculpa, mas não dá.

_Ah cala a boca, vamos embora logo. – digo o puxando pelo braço.

Pedro POV

Ficamos fazendo hora na pracinha do bairro, estávamos nos dando tão bem que era quase impossível de acreditar, todos que antes nos viam brigar nos olhavam surpresos, eu não pude deixar de achar engraçado.

_Até que enfim em! – gritou dona Dalva ao nos ver, acenamos e sorrimos pra ela.

_Isso é tão bizarro. – diz Karina.

_O que?

_Sei lá, to me sentindo um animal no zoológico.

_Relaxa, já que isso acaba.

Ela faz que sim, me aproximo e a beijo novamente, não consigo ficar muito tempo sem beija-la.

_É isso mesmo que estou vendo? – era Cobra, eu mereço mesmo esse filho da puta aparecendo aqui e empatando meu namoro?

_O que você quer? – pergunto irritado.

_Relaxa ai ô guitarrista, se ta pegando a loirinha por que ta tão irritadinho?

_Ah será que é porque tem um idiota nos interrompendo?

_Ta pensando o que moleque? Ta querendo levar uma surra? Olha lá como fala comigo otário.

_Cobra, sai daqui. – disse Karina.

_E você em, toda manhosa, que aconteceu contigo novinha? Esse idiota conseguiu finalmente domar a fera? – retruca ele.

_Some daqui, não ta vendo que a gente não te quer aqui seu mala? – eu digo indo em direção a ele.

_Ou o que? Você vai me bater?

_Cobra, achei que a gente já tinha nos resolvido, achei que cê tinha parado com isso cara.

_Ah Karina, tu tem que botar nessa tua cabecinha que eu faço o que eu quero garota e pra deixar isso mais fácil pra você entender... – ele avança pra cima de mim, não tive tempo de desviar, o idiota me da um soco que me acerta em cheio, com certeza vou ficar com o olho roxo, fico com tanta raiva que nem sinto dor, tento revidar, mas ele é mais rápido.

_Para com isso idiota. – Karina vem em nossa direção e faz com que Cobra me solte, mas com isso tudo o que ela consegue é ele indo em direção a ela, por um momento penso que ele conseguirá acertar um golpe, porém ela desvia, fico aliviado, ela então da um soco em sua barriga, ele se curva com a dor e ela aproveita a oportunidade, segura a cabeça dele com as duas mãos e dá uma joelhada em seu rosto, fico com os olhos arregalados com a cena, a esquentadinha ta nocauteando um cara!

_Isso não vai ficar assim sua maluca! – ameaça Cobra.

_Cala a boca e some daqui, quer apanhar mais?

Ele não diz nada só vira as costas e sai cambaleando, a Karina é a única que consegue colocar esse imbecil no lugar dele.

_Você tá bem? – pergunta ela vindo em minha direção.

_To, graças a você, minha heroína! – dramatizo.

_Mas será que até machucado tem que ser tão idiota? – ela sorri. –Vem vamos colocar um gelo nesse olho.

Seguimos em direção a sua casa, combinamos de não falar para seu pai sobre o ocorrido, porque apesar do idiota do Cobra ser um babaca ele ainda era aluno do Gael, e Karina ainda achava que ele só tava fazendo aquilo pra provocar, depois do que ela fez com o Cobra eu que não iria ser louco de discordar dela.

_O que aconteceu com você Pedro? – diz Gael quando vê meu olho inchado. Sem tempo pra pensar em um motivo melhor acabo soltando a coisa mais idiota que veio em minha cabeça.

_Karina me deu um soco.

Ela me olha surpresa, não tínhamos combinado o que iriamos dizer para Gael.

_Ah é? E por que ela fez isso? – diz ele desconfiado.

_Ele olhou pra bunda de uma garota lá no cinema. – responde ela tentando não rir, e eu entro na brincadeira.

_Não olhei não, cê ta maluca.

_Não olhou? Só faltou quebrar o pescoço!

_haha, tu é muito paranoica isso sim.

Gael olhava pra mim e depois pra Karina, parecia estar se divertindo com nossa discussão.

_Vocês dois... – é tudo o que ele diz, e então entra em seu quarto, assim que ele sai do nosso campo de visão começamos a rir.

_Isso foi o melhor que você conseguiu pensar? – ela pergunta ainda rindo.

_Eu não ajo sobre pressão. – dou de ombros.

_Pelo menos ele acreditou.

_Sabe, eu não entendo, por que você protege aquele babaca?

_Eu não o protejo, só que eu sei que ele só ta tentando afastar as pessoas.

_Mas se é isso o que ele quer, por que você não deixa? -pergunto.

_Por que ninguém gosta de ficar sozinho, Pedro.

Com isso encerramos essa conversa chata e vamos até a sala ver tv, ela se aninha ao meu lado no sofá e não dizemos mais nenhuma palavra, ela adormece, então vou pra casa.

* * *

Meus pais me questionam sobre meu olho, mas pra eles eu disse a verdade, disse que Gael não podia ficar sabendo disso e eles pareceram entender, ficaram putos mas eu conhecia meus pais, eles não diriam nada.