Pedro POV

Hoje é o dia do meu primeiro encontro com a esquentadinha, a única pessoa que sabe disso aqui de casa é a Tomtom, e ela está toda animada.

Esses últimos dias até que correram bem, Karina e eu ainda nos implicávamos bastante, o que só ajudou a disfarçar nosso encontro, eu não queria que meus pais soubessem disso ainda, pois ficariam me enchendo o saco.

Eu mal via a Karina, nos falávamos somente quando estávamos no Perfeitão, eu queria manter o suspense de nosso encontro, fiquei horas aquela noite pensando onde a levaria, e finalmente tive uma ideia.

Eu a acompanhei até a casa dela todos os dias desde que ela começou a trabalhar no restaurante. E óbvio que sempre roubava uns beijos dela, depois daquele selinho ela nunca mais tomou a iniciativa.

Ainda era de manhã, e eu esperava encontrar Karina na academia, tinha que fazer uma coisa antes de nos encontrarmos a noite.

Karina POV

Acordei cedo, estava tão ansiosa que nem tomei café da manhã, fui direto pra academia, precisava extravasar um pouco, ficar mais relaxada, estava curiosa para saber onde Pedro me levaria hoje a noite, mas ele não disse uma palavra, só falava comigo pra implicar sobre algo que eu estava fazendo no perfeitão ou simplesmente me acompanhava até em casa, mas ele sempre me beijava.

Mas hoje finalmente esse suspense todo vai acabar, na realidade acho que ele só está fazendo isso pra me deixar intrigada.

Depois de treinar feito louca na academia e estar quase desmaiando de exaustão decido que é hora de ir pra casa, tomo um banho rápido e fecho a academia, quando eu estou saindo, encontro Pedro me esperando.

_Bom dia esquentadinha. – diz ele sorrindo, eu sorrio de volta, já estou quase desistindo de o fazer parar de me chamar assim, além de impossível, eu estava começando a gostar desse apelido.

_Você está meio adiantado não acha?

_haha, só vim aqui fazer isso.

E então ele me beija, ele desce sua mão para minha cintura e por um momento fico preocupada, pois estamos em público, então sua mão chega em minha bunda e eu arregalo os olhos, tento ver se alguém está vendo mas parece que não tem ninguém nos olhando. Mesmo assim fiquei um pouco constrangida e o afasto.

_Seu safado. –digo tentando não sorrir.

Ele coloca as mãos no bolso e abaixa a cabeça tentando parecer envergonhado, mas sei que ele não está, pois está rindo.

_Não tem ninguém por aqui, então...

_haha, nem pra esperar pelo encontro?

_Verdade o encontro, passo na sua casa as sete tá? Tchau esquentadinha. – ele me da um selinho e sai correndo, fico parada confusa com o que acabou de acontecer, mas depois de alguns instantes me recupero e vou pra casa.

* * *

Dormi o dia todo, estava cansada e entediada, quando era mais ou menos cinco horas Tomtom apareceu aqui em casa, disse que veio me ajudar a me arrumar para o encontro, ela parece tão feliz em poder me fazer de boneca que acabo cedendo.

_Ta ansiosa? – ela me pergunta.

_To me sentindo como se estivesse indo pra arena dos jogos vorazes.

Ela revira os olhos e sorri.

_K você tem que vestir a regata que ele te deu.

Eu não sabia que ela estava sabendo desse presente, mas pelo jeito essa garota sabe de tudo. Eu visto a regata.

_Ai que linda. Agora veste esses shorts.

Diz ela me passando um short branco, é da Bianca então relutei em aceitar vestir, ia ficar muito apertado, a Bianca é muito magra e digamos que eu sou um pouco mais encorpada que ela.

_Veste logo k, vai ficar ótimo com essa regata. Preto e branco não tem erro.

_Você é uma expert em moda?

_Não, mas um dia vou ser, mas antes quero te deixar linda. Mas do que já é.

Com isso ela me convence, e admito fiquei bem bonita.

_Tomtom eu faço tudo por você, mas pelo amor de Deus não me faça vestir salto alto, eu vou de tênis tá?

_Tá.

Eu coloco meu converse preto, e ela sorri quando vê o look pronto.

_Ta linda! Agora o cabelo. - diz ela esperançosa.

_Não há muito o que fazer com o meu cabelo.

_Verdade, mas vem cá.

Ela penteia meu cabelo para o lado e se da por vencida, essa foi rápido.

_Obrigada Tomtom, estou bonita graças a você agora é só esperar né.

_Você é bonita já K, mas e a maquiagem?

_Ah, sei não.

_Só um pouquinho? – ela faz um biquinho, e eu não consigo recusar.

Ela passa só um pouco de blush e rímel.

_Agora sim. – diz ela.

Dou uma voltinha e ela bate palmas.

_Valeu Tomtom.

_Ta agora vou indo antes que o Pê chegue, tchau K.

_Tchau. – Dou um abraço nela e ela sai apressada.

Olho para meu reflexo no espelho, eu realmente estou bonita, Tomtom conseguiu fazer comigo em uma hora o que Bianca tentou a vida inteira, me arrumar. Rio com o pensamento. Só espero que Pedro Goste.

* * *

Fico encarando o relógio até que ouço uma batida na porta, ele chegou! Sinto um frio na barriga.

_Nossa. – diz ele me olhando de cima a baixo quando abro a porta.

_Gostou? – pergunto, ele faz que sim com a cabeça.

_Você está usando meu presente! – Diz ele sorrindo, de repente fico envergonhada.

_Sua irmã veio aqui me arrumar.

_É ela adora fazer todo mundo de boneca, mas ela acertou em cheio, cê ta uma gata.

_Valeu, você também ta bonitinho. – ele estava usando uma camisa preta da banda The Beatles e uma calça também preta, bem apertada devo acrescentar.

_Só bonitinho?

_haha, vamos logo. – digo saindo de casa e o puxando pelo braço. Meu pai logo chegaria do mercado e eu não queria me encontrar com ele antes de sair.

_Então, você vai ter que usar uma venda.

_Que? Nem pensar!

_Mas é uma surpresa, você não pode ver nada até chegar lá.

Faz sentido, mas odeio não estar no controle das coisas, e me vendar? Fala sério, não.

_Por favor, Karina?

Droga, depois de alguns momentos acabo cedendo, o que essa família tem que sempre me convence a fazer o que eu não quero?

Entro no taxi, tento ouvir o que Pedro fala para o taxista mas em vão, pelo jeito eles já tinham combinado antes, por que tudo que ouço é “Como a gente combinou.”

Fico em silêncio até enfim chegarmos ao local do encontro.

_Me dê a mão. - diz Pedro.

Então ele me guia, andamos um pouco e logo temos que subir algumas escadas, eu estava com medo de cair. Quando finalmente chegamos ele fala:

_Pode tirar a venda Karina.

E o faço, e quando eu olho em volta começo a rir, olho para Pedro e digo:

_Sério isso moleque?

_O que foi é o meu segundo lugar favorito, ta surpresa?

Nós estávamos na Ribalta, mais especificamente no palco onde ocorreu o show de talentos.

_Surpresa? Sim!

_Que bom, eu combinei com o taxista pra dar umas voltas e depois voltar pra cá.

_É eu deduzi isso, mas vem cá, como é que cê conseguiu entrar aqui?

Ele fica envergonhado, lá vem coisa, acho que não vou gostar.

_Peguei as chaves da academia do teu bolso quando eu te beijei hoje cedo. – ele não me olha enquanto fala. Deve estar com medo de mim, e realmente deveria estar, então foi isso o motivo daquela cena toda?

_Não podia... sei lá... me pedir as chaves? – digo irritada.

_Não, dai estragaria a surpresa, por favor esquentadinha não fica brava.

_Vou pensar no seu caso.

_Já é alguma coisa. – ele sorri sem graça. – Venha, pedi pizza.

Então nos sentamos numas almofadas que ele colocou no meio do palco, é tão calmo aqui, acho que eu deveria vir mais vezes, é um bom lugar pra pensar, claro quando está vazio.

Enquanto comemos conversamos sobre coisas normais do tipo como foi nosso dia, e sobre como estamos chateados por que as férias estão chegando ao fim.

_Ainda ta brava? – ele pergunta.

_Não. – sorrio.

_Que bom, eu gosto muito da esquentadinha, mas hoje só quero ver a Karina.

Sorrimos um para o outro, e dai me lembro que ele disse que esse é o segundo lugar favorito dele.

_Então eu não mereço conhecer o primeiro? – pergunto.

_O primeiro o que? – diz ele confuso.

_Seu primeiro lugar favorito, cê disse que esse é o segundo.

_Ah, isso. – ele ri. – É que o primeiro é o Perfeitão. E você já conhece, então...

_Sério que seu lugar favorito é o restaurante da tua família?

_É, minha família está lá, além disso, é sempre lá que a banda toca.

_Entendi, então esse é o seu segundo lugar favorito por que você também toca aqui? – pergunto meio irônica.

_Sim e não. – responde ele. – Sim um dos motivos é que eu já toquei aqui, mas pensa bem, eu toquei com o Dinho Ouro Preto nesse palco! Isso aqui pra mim é só um lembrete de que aos poucos eu to conseguindo realizar meu sonho. Primeiro toquei aqui sozinho, depois toquei com uma banda, até que um dia estava tocando ao lado de um de nossos ídolos. Esse lugar representa o mais próximo que estive de realizar meu sonho, e um dia quando eu finalmente tiver realizado, quero me lembrar da gente tocando aqui, com todos nossos amigos nos assistindo da plateia, e não pensa que eu não te vi curtindo nosso som aqui também. – ele sorri pra mim. – É por isso que amo este lugar, sempre que posso tento vir aqui, principalmente pra matar aula de dança por que ninguém merece aquela malha.

Nós dois rios.

_É faz sentido. – é tudo o que consigo dizer, eu não estou acostumada a ver Pedro todo sério, e enquanto ele estava me explicando o por que de amar este lugar eu podia ver seus olhos brilhando.

_Sabe nunca falei isso pra ninguém. – acrescenta ele.

_Por que?

_Não sei, iriam achar bobagem.

_Eu não acho que é bobagem, alias acho que você tem toda razão ao se sentir assim sobre esse lugar. - digo e ele fica me olhando por um tempo sem dizer nada em resposta.

Ele pega a minha mão e me puxa pra perto dele, então nos beijamos fervorosamente, ao seu toque senti minha pele se arrepiar, nossos corações estavam acelerados, sincronizados, senti que estávamos nos fundindo, nos tornando uma só pessoa, um só coração, eu não queria acabar esse beijo, e ele muito menos, estávamos sem fôlego, desesperados por ar quando finalmente nos afastamos. Encarei seus lábio inchados, e logo depois encontrei seus olhos, e eles olhavam diretamente os meus.

_Eu acho que to apaixonado por você. – diz ele, e aquelas palavras soaram como música para meus ouvidos.

_E eu por você. – respondo me aninhando em seus braços, nos deitamos nos acomodando entre as almofadas que ele tinha colocado para sentarmos, e ficamos em silêncio.

O único garoto que eu já tinha me declarado antes fora Duca, e agora percebo que não era um sentimento real, o que eu sentia por ele não é nada comparado ao que estou sentindo nesse momento por Pedro.

Pedro POV

Ela disse que também está apaixonada por mim, esse momento vai ficar gravado pra sempre em minha memória, nunca havia me sentido assim em relação a uma garota antes.

Beijo a testa de Karina, ela me olha e sorri.

_Karina. – digo.

_Oi. – ela me lança um olhar inquisidor.

_Aceita ser minha musa inspiradora?

_Aceito.

E eu a beijo novamente, beijo inúmeras vezes, e durante o restante de nosso encontro isso é tudo que faço, a beijo. Pois é impossível olhar para aqueles lábios e não beija-los, não sei como aguentei por tanto tempo, se bem que... eu beijava ela o tempo todo mesmo sabendo que depois ia levar porrada.

Ela olha em seu relógio e diz que tem que ir pra casa, droga, queria ficar aqui a noite toda com ela.

_Não, fica mais um pouquinho. – digo.

_Não posso, meu pai nem sabe que eu sai, não quero ficar de castigo de novo.

_Ta bom. – digo me recusando a soltar sua mão.

_Primeiro você tem que me soltar né.

_Não.

Ela puxa sua mão com força, eu tinha me esquecido que ela era tão forte.

_Eita moleque vê se não vai ficar grudento. – diz ela fingindo irritação.

_Quer que eu chame um taxi? – digo irônico.

_haha, ainda não acredito que cê pagou um taxi só pra dar umas voltinhas na cidade e depois voltar aqui. Cê é maluco né? – diz ela rindo.

_SOU MALUCO DE AMOR, SOU UM CARA DOIDÃO! QUERO SER O PRIMEIRO E O ÚLTIMO, A GANHAR SEU CORAÇÃO. – canto fingindo tocar meu violão.

_Pelo amor de Deus para com isso. – diz ela rindo.

_Não gostou?

_Óbvio que não, to indo, tchau. – ela já está quase chegando na porta quando eu falo pra ela esperar.

_Não se esqueceu de nada não? – pergunto.

Ela sorri me da um beijo rápido e sai correndo. Ah esquentadinha.