Fiquei totalmente sem ação. Mas por sorte isso não durou muito tempo. Me virei e fui para sua direção, cheia de raiva.

– Você está louco? - perguntei, praticamente gritando.

– Louco por você.

– É, está louco, completamente louco! A pergunta era séria?

– Bom, em parte... - ele tentou explicar. - Eu realmente queria que me casar com uma moça como você. Mas eu não pretendia fazer essa pergunta de modo tão precipitado. Mas já que perguntei, já tem uma resposta?

Eu não conseguia acreditar! Ele não estava falando sério, que loucura! Ele nem me conhecia! Por isso, falei:

– Sua resposta é NÃO.

Dito isso, corri na direção de Anna, sem nem olhar para trás. Quando a alcancei vi que ela estava segurando um livro na mão. Então me lembrei. O meu livro. Ela me entregou e disse, um pouco chateada:

– Bela! Tenha mais cuidado com suas coisas! Você me abandonou lá e eu fiquei com o livro e seu dinheiro na mão. O que houve?

– Desculpe... - falei, tímida. Ela me perdoou e nos abraçamos. Comecei a andar e fiz sinal para que ela me seguisse, mas ela me impediu! Perguntando:

– E quem era aquele homem que estava te agarrando poucos segundos atrás? Ele era bem bonito... O que queria com você?

Eu só revirei os olhos, suspirei e respondi:
– É uma longa história... E que nem merece ser contada.

Tentei avançar, mas ela me parou novamente e me encarou, como se dissesse: " Conte-me agora." Suspirei e lhe contei tudo. Desde a parte da garotinha até o triste encontro com aquele louco. Ela ouvi tudo calada, prestando bastante atenção. Quando terminei ela me surpreendeu dizendo:

– Devia ter aceitado aquela proposta de casamento!

Paramos de andar e eu a encarei perplexa. Ela continuou:

– Tudo bem, admito que aquilo foi bem revoltante, mas você realmente deveria ter aceitado! Você sabe muito bem que todos dessa aldeia acham que você tem que se preocupar com o seu casamento! E acho que eu dou razão a elas...

– Se tem vergonha de mim, pare de andar comigo. - cortei, completamente chocada com a declaração. E eu que pensava que ela não era como a maioria. Voltei a andar, dessa vez sozinha. Mas ela correu para meu lado e tentou se explicar, mesmo que eu não quisesse ouvir aquela explicação:

– Bela, não é isso! Se quer que eles parem de falar, dê a eles o que querem. E acho que você está muito exigente na hora de fazer isso.

– Agora ser exigente é querer encontrar alguém te ame? - bufei, me afastando novamente e novamente sem sucesso.

– Não! Mas você precisa parar com essas histórias de " o verdadeiro amor". Você precisa dar uma chance para esses rapazes!

Paramos uma de frente para a outra. Fiquei pensando por um tempo no que ela havia dito. Ela estava certa. Como eu podia ter certeza de que eles nunca me amariam verdadeiramente?

– Vou tentar. - disse, abraçando-a . E então prosseguimos, sem tocar mais no assunto.