POV bela

Quando cheguei ao fim da escada, meus olhos procuraram por Nicholas. Então eu o vi, próximo a mesa, elegantemente vestido, assim como eu. Pensei em pergunta-lo o que estava acontecendo para estar tudo tão chique daquele modo, mas desisti ao perceber pela sua expressão confusa que ele sabia tanto quanto eu.

Essa mesma expressão confusa se transformou numa expressão de surpresa e admiração assim que entrei na sala. Ele me elogiou, fiquei sem graça, ele me conduziu até minha cadeira, como sempre fazia e depois sentou-se.

O jantar foi muito silencioso e diferente dos jantares que tínhamos tido nos dias anteriores. Parecia que havia algo estranho no ar, não um estranho ruim, um estranho bom...

De repente, começamos a ouvir uma música linda. Então por algum motivo, senti vontade de chama-lo para dançar. Isso era meio que uma loucura, já que eu nunca tinha dançado com ninguém além de meu pai! Poderia dar tudo errado~! Mas eu não me importei e decidi arriscar mesmo assim.

– Quer dançar comigo? - perguntei.

– O que? - começou ele, completamente surpreso. - Eu? Não, quer dizer... sim! É claro que sim!

Ri com sua resposta atrapalhada e o levei até o salão de baile. Eu nunca tinha entrado lá, só sabia onde ficava porque Paul havia me mostrado algum tempo atrás. Assim que entramos fiquei admirada. Que lugar maravilhoso! Anjos pintados no teto, paredes douradas com delicados detalhes pintados, imensas janelas que mostravam a noite incrível lá fora.

Fomos para o centro do salão. Peguei uma das mãos de Nicholas, trouxe-a até minha cintura e segurei a outra. Ele continuava me encarando perplexo, parecendo querer descobrir se aquilo era mesmo real. Eu apenas sorri para ele e começamos a dançar.

Com passos tímidos e desajeitados no início, rodopiamos pelo salão. Me deixei levar pelo ritmo da música. Eu estava tão feliz.

Tudo estava tão perfeito naquela noite. A música, a dança, a comida, as roupas... e principalmente a companhia.

Nicholas era um jovem sério, carrancudo, mas parecia ter ficado diferente com a minha chegada. Agora ele estava tão mudado, tão diferente de quem eu achei que ele fosse. Me lembrei do dia em que descobri sua verdadeira aparência. Apesar de não ter feito isso, cogitei a hipótese de realmente sair correndo e nunca mais voltar. Mas então eu me lembrei de quando Anna me disse que eu deveria dar uma segunda chance às pessoas. Então, foi aí que tudo começou...

Nos conhecemos melhor, nos encantamos um com o outro... Nicholas era tão bom, apesar de tudo. Eu estava nesse castelo porque ele estava tentando salvar a minha vida! Ele tinha cedido e saído junto comigo e com os outros na neve, mesmo quando estava mais do que obvio que ele não queria sair! Ele tinha me dado uma biblioteca inteira repleta de livros incríveis, depois de ter descoberto que eu adorava ler! Fora o fato de ele gastar seu tempo comigo todos os dias e parecer se interessar em tudo o que me fazia feliz. Se fosse por mim, ele fazia. Eu tinha percebido isso com o tempo.

Ah, pobre Nicholas! E ele não sabia o valor que tinha. Pensava que não era digno de minha companhia, por ser tão feio. Deus, ele era muito mais amável e gentil mesmo sendo daquele jeito, que milhares de homens lindos! Além disso, ele já não me parecia tão monstruoso assim...

E eu o admirava tanto. Me sentia tão feliz só de estar ao seu lado. Me perdia na imensidão azul de seus olhos. Sorria só de me lembrar dele. O coração batia acelerado quando ele estava por perto. Nicholas era tão importante para mim.

De repente, me lembrei do que Charlotte havia dito sobre o amor. Então, entendi tudo.. E apenas sorri. Mas não foi um sorriso simples. Foi um sorriso radiante, que deixava estampado em meu rosto o quanto eu estava feliz de estar ali. Com ele.

–-----------/-------------/---------------/---------------/----------/

POV fera

Quando ela me chamou para dançar, eu mal acreditei. Ela queria dançar comigo . COMIGO? Fiquei tão surpreso que me atrapalhei todo com a resposta, o que fez com que ela risse de mim. " Idiota" pensei.

Mas nem minha idiotice e nem minha feiura importaram naquele momento. Bela simplesmente me levou até o salão de baile, onde eu não entrava já há anos.

Quando ela segurou minha mão, meu coração bateu mais forte. Logo começamos a dançar, de um modo um pouco estranho por que eu não sabia dançar e ela provavelmente também não, mas isso não impediu a minha felicidade.

Ah, Bela. Ela era tão bonita, tão linda por dentro e por fora. Quem dera eu pudesse ser ao menos um pouco mais bonito, assim o contraste entre nós não seria tão grande. Mas ela realmente parecia não se importar com isso. Ela era única. A única pessoa, além dos criados que não tinha medo de mim. A única pessoa que tinha coragem de segurar a minha mão. a única pessoa que fazia com que eu não me sentisse um monstro, mesmo que por alguns instantes. E a única pessoa que me fazia sentir algo que eu nunca havia sentido antes.

E isso me dava esperança. Esperança de que talvez, um dia, ela conseguisse... apenas me amar.

Enquanto dançávamos e eu pensava nisso tudo, de repente, ela sorriu. Foi o sorriso mais lindo e mais verdadeiro que eu já tinha visto em toda a minha vida. Ah, esse sorriso... O que eu não daria para ve-lo todos os dias?

Ela me fazia tão feliz. Antes dela o mundo era só escuridão, monotonia, tristeza, solidão. Quando ela chegou ela trouxe a cor, o movimento, a alegria, a companhia. E assim aos poucos foi me deixando completamente encantado com seu jeito de ser e me fazendo desejar com todas as forças a sua felicidade. Por que a sua felicidade era a minha também.

E de repente, descobri uma coisa: Harry estava certo. Eu a amava. Mais do que tudo no mundo. Ela era meu Sol. Minha rosa. Meu anjo. Minha esperança. Ela era tudo o que eu tinha de mais belo.

Então, eu sorri também. Um sorriso tão radiante quanto o seu. E ficamos assim, sorrindo, até a música acabar. E quando a música acabou, as luzes, foram se enfraquecendo, ela deitou a cabeça em meu peito e eu a abracei. E continuamos dançando, como se isso pudesse parar o tempo e fazer com que aquele momento durasse para sempre.