T. P. M. escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Como eu me esqueci no capítulo anterior, dedico esse capítulo novamente à Cella Black, que é a única pessoa do mundo que faz a capa do próprio presente de aniversário! hehe
Enjoy



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–Bom dia. – Desejei carrancuda para as pessoas em volta.

A maioria não reparou que eu entrei nem me respondeu, mas da terceira mesa a direita Hermione me olhou muito avaliadora, como só ela sabia fazer desde que nos conhecemos. Ignorei seu olhar de dúvida e me sentei à minha própria mesa, de costas para ela, e iniciei minhas atividades do dia verificando os feitiços indevidos que haviam sido praticados durante a noite.

As primeiras horas do dia se arrastaram lentamente, sem que nenhum memorando chegasse até minha mesa. Eu trabalho no Departamento de Execução das Leis Mágicas, então meio que sei que os Aurores estão trabalhando em dobro pra encontrar o tal autor de tantos feitiços praticados contra trouxas no leste do país, mas ainda continuava esperando que qualquer bilhetinho chegasse para mim.

–Vem, vamos almoçar. – Minha cunhada praticamente ordenou, ao meio dia em ponto.

–Não vou almoçar agora, Mione. – Tentei me esquivar, já sabendo que seria em vão.

–Claro que vai. Nós precisamos conversar. – Afirmou e eu revirei os olhos antes de me levantar e acompanhá–la.

–Certo, mas não vou conversarei nada aqui no Ministério. – Concordei expondo minha condição.

–Tudo bem, vamos onde você quiser. – Aceitou já se dirigindo ao elevador que nos levaria à saída.

Atravessamos a rua e entramos no café que havia em frente à entrada do ministério, e onde quase nenhum bruxo ia por achar que era um ambiente trouxa demais.

–Dois capuccinos e dois croissants, por favor. – Hermione pediu assim que o garçom se aproximou de nós.

O rapaz ficou ao nosso lado tempo suficiente para anotar os pedidos e depois saiu, nos deixando a sós novamente.

–E então, está tudo bem? – Ela perguntou me olhando e se calou, esperando que eu continuasse.

–Aah não sei, está e não está. – Respondi me encostando na cadeira e cruzando os braços à frente do corpo. – Harry voltou de viagem machucado ontem…

–Ele já voltou? Está bem? – Perguntou imediatamente e visivelmente preocupada.

–Sim, ontem a tarde. Está bem, foi só o estilhaço de uma explosão que atingiu o ombro dele. – Expliquei sentindo uma pontinha de remorço por não ter olhado melhor o ferimento. – O problema é que ele teve que ir ao médico, e nós brigamos por isso.

–Mas se ele estava machucado não deveria mesmo ter ido ao médico? – Perguntou confusa no momento exato que o garçom trazia nosso pedido. – Obrigada! – Agradeceu a ele e voltou a me olhar.

–Sim, Mione. Ele deveria ter ido ao médido. – Concordei e me inclinei sobre a mesa para que apenas ela ouvisse. – Mas não precisava ser em um hospital trouxa, precisava?

–Gi, você tem que entender que a medicina trouxa é muito eficiente também, principalmente em casos simples como esse! – Argumentou antes que eu continuasse.

–Não estou questionando a medicina, Hermione! – Esclareci revirando os olhos. – Estou falando da médica peituda e assanhada que da em cima do meu marido na minha frente descaradamente e que coincidentemente o atendeu nas três últimas vezes que ele se machucou. – Completei, já sentindo minha voz alterada novamente.

–Ah sim, agora tudo faz sentido. – Conclui sorrindo de canto e mordendo um pedaço do seu lanche.

Eu bufei para sua reação e contei até três me convencendo a ficar quieta e não falar mais nada, já que ela só riria da minha cara. Mas me rendi à fraqueza de conversar com minha melhor amiga e continuei.

–Mas não foi só isso. Ele ficou uma semana fora e ontem quando chegamos em casa ainda ficou até tarde fazendo um relatório. – Finalizei triste.

Tomei um pouco da minha bebida e Mione não falou nada enquanto isso.

–Mas o que mais me deu raiva mesmo foi a médica. Ela fazendo o curativo nele com aquele decote enorme, com os peitos quase em cima dele e ainda por cima perguntando se o paciente preferido ainda estava casado na minha frente! – Dei ênfase ao final da frase. – Você tinha que ter visto como ela olha para o Harry, sem se incomodar que eu esteja perto.

–E como ele olha pra ela? – Foi a única coisa que perguntou desde que eu comecei a falar, e eu entendi o que ela quis dizer com isso.

–Normal, como para qualquer outra pessoa. – Admiti apoiando o queixo nas mãos e mexendo meu capuccino com a colher. – Mas duvido que você fosse gostar.

–Ninguém gosta amiga, mas não sei se é motivo pra ficar sem falar com ele. – Opinou. – Ele ficou uma semana fora, com certeza estava com saudade de você e não tem culpa de ser assediado. Harry é um homem bonito e você sabe disso.

Fiquei alguns segundos em silêncio até que por fim falei.

– Ontem a noite quando ele foi se deitar eu não falei com ele, e hoje pela manhã ele saiu antes que eu acordasse. Nem nos vimos, só me deixou um bilhete dizendo que está com saudade. – Completei me sentindo tola por não ter dado um pouco mais de atenção.

Meu tom de descontentamento com a situação era claro, e eu não me esforcei para disfarçar.

–E você não está com saudade também? – Perguntou já sabendo a resposta.

–Claro que estou! – Afirmei rapidamente. – A casa fica sem graça quando ele não está, a cama fica muito grande, eu fico vestida demais. – Brinquei ao final da frase e ela Hermione riu comigo me olhando com cara de quem entende o que quero dizer.

–Quando chegar em casa hoje vocês dois preparam um jantar diferente juntos, como você me disse que gostam de fazer, abre aquela garrafa de hidromel envelhecido e matam a saudade. – Sugeriu empolgada. – Não tem jeito melhor!

Eu ri ao final, com sua empolgação e deixei que ela me contagiasse um pouco.

–Vou fazer isso. – Concordei já com algumas ideias me passando pela cabeça. – Quando sairmos do Ministério hoje vou sugerir fazermos algo diferente. Amanhã posso te contar como foi, se você quiser! – Ofereci já rindo por saber sua resposta.

–Me poupe, por favor. Eu prefiro! – Ri mais de sua cara de asco e ela me acompanhou.

Pagamos a conta e retornamos ao trabalho, ela como havia vindo e eu bem mais animada.

O restante da tarde se passou mais lentamente do que o normal e eu tive mais problemas a resolver do que de costume para um dia de semana comum sem eventos no mundo bruxo.

Dividi meu tempo entre planejar o que fazer a noite e a atenção que precisava dedicar ao que estava fazendo. Já finalizando os últimos processos, próximo da hora de ir para casa, meu celular fazendo com que alguns colegar de trabalho franzissem o cenho para o meu aparelho trouxa.

–Oi amor. – Cumprimentei ainda um pouco tímida, após o display me indicar que era Harry na linha.

–Oi Gi, tudo bem? – Cumprimentou com a voz cansada e eu percebi que ele estava fazendo algo às pressas.

–Tudo, e com você? – Perguntei já em alerta e com visível preocupação.

Antes que ele respondesse me levantei rapidamente e saí da sala. Ao cruzar a porta que me levaria ao corredor onde eu teria um pouco mais de privacidade, notei Hermione me olhar receosa.

–Estou bem. – Ele disse ainda meio ofegante. – Amor, achamos o responsável pelos ataques…

–Ah, Harry! – Lamentei já sabendo o que isso significava.

–Desculpe amor, eu também não queria viajar agora. – Lamentou sinceramente e eu podia imaginá–lo bagunçando ainda mais os cabelos enquanto falava comigo.

–Tem certeza de que não é outra armadilha?

–Agora sim, temos certeza de que é ele. – Informou com segurança.

–Por quanto tempo? – Quis saber com a mão apoiada sobre os olhos, reprimindo a vontade de chorar novamente.

–Um dia, dois no máximo. Prometo voltar o quanto antes.

–Você precisa mesmo ir? – Fiz minha última e vã tentativa de que ele ficasse.

–Você sabe que preciso amor. Eu queria passar aí pra te dar um beijo antes, mas temos que sair o mais rápido possível, antes que a pista se perca. Desculpe. – Respondeu, lamentando tanto quanto eu.

–Toma cuidado, por favor. – Pedi já com os olhos marejados.

–Eu vou tomar. – Prometeu com a voz mais delicada, como eu só o vi falar comigo até hoje. – Estou morrendo de saudades de você.

–Eu também estou morrendo de saudades, amor. – Falei também mais delicada, como só falava com ele. – Volta logo, por favor.

Fiquei em silêncio um instante esperando que ele desligasse, mas antes disso ele me chamou novamente.

–Ei... – Chamou mantendo o mesmo tom de voz e eu respondi com um “oi”. – Eu te amo.

–Eu também te amo. – Declarei limpando uma lágrima teimosa e olhando ao redor para ver se não havia ninguém por perto.

–Até amanhã. – Se despediu e desligou.

Antes de voltar para minha mesa fiquei alguns minutos sozinha no banheiro aproveitando toda a fragilidade e insegurança que sua ligação me trouxe, e só quando tive certeza que conseguiria disfarçar ambos retornei ao departamento.

Assim que me sentei Hermione me enviou um memorando, que plainou lentamente até a minha frente.

Está tudo bem?

No mesmo pedaço de pergaminho eu respondi:

Descobriram onde está o responsável pelos ataques. Harry foi viajar de novo.

Virei-me para trás para vê-la lendo, e quando seus olhos me focaram novamente a cara de lamentação que ela fazia me fez perceber que eu não estava disfarçando tão bem assim meus sentimentos.

A volta para casa não foi bem como eu imaginava e não houve nada de especial para comer, com exceção do pote de sorvete de creme que comprei em um supermercado trouxa no caminho.

Cheguei em casa um pouco mais tarde que o normal, estacionei o carro e entrei pela porta da sala. Acendi a luz enquanto usava a varinha para ativar os feitiços de segurança que me manteriam segura dentro de casa e tentei não pensar muito no fato de que eu iria passar outra noite sozinha.

Deixei meu sorvete no congelador e subi para tomar um banho. Assim que entrei no quarto notei uma camiseta de Harry sobre a cama, indicando que ele esteve aqui antes de sair para a missão, provavelmente para pegar algumas roupas.

Deixei a bolsa sobre a cômoda, tirei os sapatos e no caminho para o closet apanhei a peça, levando-a ao nariz apenas para reafirmar o que ele me disse ontem: eu amo o cheiro da roupa dele também.

Tomei um banho sem pressa e ao invés do pijama que normalmente vestia após me enxugar, dessa vez coloquei apenas minha roupa íntima e a camiseta que encontrei quando cheguei, e que me cobria até pouco abaixo do bumbum.

No caminho para a sala peguei um cobertor e meu celular, para o caso de ele me ligar em algum momento, e os deixei sobre o sofá antes de ir até a cozinha.

Peguei na geladeira o pedaço de lasanha que sobrou do nosso jantar e coloquei para esquentar enquanto enxia um copo com um pouco de suco de abóbora. Comi rápido no mesmo balcão onde jantamos juntos no dia anterior, deixei os pratos na pia e voltei para o sofá com meu sorvete recém-comprado e uma colher.

O controle estava exatamente onde eu o havia jogado no sofá ontem, antes de ir dormir. Liguei a TV em um programa qualquer até que eu me ajeitasse sob as cobertas e então procurei algum filme bonitinho para assistir. O único que encontrei me fez derramar algumas lágrimas no final e comer quase metade da minha sobremesa.

Olhei para a tela do meu telefone portátil pela milésima vez desde que me sentei no sofá e quando se aproximava da uma hora da manhã me convenci de que ele não me ligaria mais hoje.

Desliguei a TV, coloquei o que sobrou do sorvete novamente no congelador e fui me deitar para que o dia seguinte chegasse o mais rápido possível. Rolei de um lado para o outro algumas vezes, e por fim encontrei minha posição confortável agarrada ao travesseiro que Harry usava para dormir e que estava impregnado com seu cheiro gostoso.

Acordei alguns minutinhos mais tarde do que o normal e mais empolgada do que nos últimos dias com a expectativa de vê-lo ao final do dia. Tomei um banho rápido para despertar, me vesti como de costume e decidi aparatar ao invés de dirigir.

O dia no trabalho se passou mais rápido do que eu imaginei que seria, mas tivemos tantas coisas a fazer que mal tive tempo de conversar com Hermione. Ela havia marcado de almoçar com Rony, então comi rapidamente, na própria lanchonete do Ministério, e voltei para minha mesa a fim de terminar o quanto antes e ir embora o mais cedo possível.

As sextas feiras eram sempre mais agitadas do que os demais dias da semana, já que nosso departamento não funciona aos finais de semana, por isso mesmo com toda correria foi preciso permanecer alguns minutos a mais no Ministério.

Estranhei o fato de não receber nenhuma ligação do Harry durante o dia, mas entendi que ele deveria estar concentrado ao máximo em concluir sua captura e voltar o quanto antes para meus braços.

Eu ainda esperava vorazmente que ele já estivesse em casa quando eu abrisse a porta, mas se no Departamento de Execução das Leis Mágicas nós nunca ficamos fora de casa aos fins de semana, no Departamento de Aurores isso não é raro.

Aparatei direto no quintal dos fundos e entrei pela porta que dá acesso direto à cozinha. Ele não estava ali, e eu percorri todos os cômodos até chegar ao quarto apenas para confirmar minha desilusão.

Suspirei desanimada e deixei meus saltos jogados ao lado da cômoda onde minha bolsa sempre era colocada. Dei três passos em direção ao closet e então ouvi o som estridente do meu celular tocando.

Voltei correndo os poucos passos que havia me afastado de onde ele se encontrava e revirei os compartimentos da minha bolsa até encontra-lo e ver que finalmente estava recebendo minha tão esperada ligação.

–Oi, Harry! – Cumprimentei animada.

–Oi, minha linda. Já está em casa? – Perguntou com a voz mais baixa do que o normal.

–Sim, acabei de chegar. Já está voltando para casa? – Quis saber, torcendo internamente para que sim.

–Ainda não, amor. – Dissipou minhas esperanças. - O bruxo que estamos procurando conseguiu aparatar quando chegamos, vamos ter que começar do zero.

Eu sabia que seria inútil lamentar, então perguntei as duas coisas que mais me preocupavam nesse momento:

–Você está bem, amor? Quando tempo mais para voltar pra casa?

–Estou bem sim. Acho que até domingo eu chego, mas vou fazer de tudo pra chegar antes. – Informou, e antes que eu reclamasse da demora ele continuou falando. – Amor, preciso ir. Eu te amo, até mais.

Mal tive tempo de me despedir também e ele já havia desligado.

Reprimi minha irritação em saber que ainda teria que esperar mais um ou dois dias para matar minha saudade, deixei o celular sobre o móvel atrás de mim e retomei meu caminho até o closet. Bati algumas portas com mais força que o necessário enquanto pegava meu pijama e enchi a banheira com a intensão de passar ali mais tempo que o necessário.

Não era um hábito tomar banho de banheira com frequência, nem quando estava acompanhada, mas na falta de algo para fazer e de alguém para dividir o tédio mergulhei até o pescoço na água quente e tentei relaxar.

Terminei meu banho pouco mais de uma hora depois de entrar na água e saí di banheiro deixando toda a água ali, eu poderia organizar tudo rapidamente com magia depois. Vesti uma camisola vermelha e curta que Harry sempre gostou, e desci novamente as escadas após olhar duas vezes para meu celular e por fim decidir deixá-lo onde estava.

Passei direto para a cozinha e fiquei alguns minutos com a porta da geladeira aberta e procurando algo que eu realmente gostaria de comer sozinha. Desisti de encontrar algo que se pudesse chamar de jantar e peguei meu sorvete no congelador.

Não posso negar que o sorriso de canto estampado em meu rosto enquanto apanhava uma colher e caminhava até o sofá se devia à satisfação de saber que Harry também ficaria irritado se me visse trocando o jantar por doces.

Fiquei passando aleatoriamente pelos canais e me culpando incansavelmente por não ter dado um pouco mais de atenção a ele até que terminei com o que restava do pote em meu colo. Depois disso eu estava deprimida demais para fazer qualquer coisa sozinha, então apaguei as luzes e fui me deitar cedo demais.

Reforcei nossos feitiços de segurança e caminhei a passos lentos pelas escadas e corredor até fechar a porta do quarto atrás de mim. No caminho para a cama me olhei no espelho por alguns segundos e pensei que era uma pena Harry não estar, porque essa camisola realmente me deixava bonita.

Aconcheguei-me sob as cobertas bagunçadas como eu as havia deixado pela manhã, apaguei a luz usando minha varinha e a deixei sobre o criado mudo ao meu lado antes de me aconchegar no travesseiro dele da mesma maneira que havia feito no dia anterior.

Apesar de ser ainda bem mais cedo do que eu costumava dormir e não precisar acordar cedo na manhã seguinte, não demorei a adormecer. Mesmo porque, Harry sempre me acompanhava em nossas horas a mais acordados e não teria nenhuma graça fazer isso sozinha.


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Notas finais do capítulo

Gostaraam? =]
Eu fiquei muito feliz com os comentários que recebi no primeiro capítulo, vocês são demais!
Espero ter ainda mais nesse capítulo ;)
O próximo já é o último, então caprichem nas opiniões!
Já estou morrendo de curiosidade para saber o que acharam, então não poupem opiniões, sim?!
Até o próximo.
Beijão!



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