A Sombra e a Escuridão escrita por Cris Turner


Capítulo 6
Capítulo 5




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Capítulo 5

 Demorei a perceber que ele estava realmente ali, que não era mais uma peça da minha imaginação – afinal, ela já havia feito muito isso.

 Quando a respiração dele bateu em meu rosto, tão perto ele estava, foi que eu consegui sair do meu estado de choque. Dei um pulo para trás, tentando me afastar, o que foi completamente inútil, pois a Mercedes de Brooke estava ali, impedindo minha fuga. Infelizmente, com o outro caminho bloqueado, a única solução seria passar por Edward para sair dali. É, eu quero sair o mais rápido possível daquele lugar, não me importa o que ele fazia ali e muito menos se ele queria me falar alguma coisa.

 Dei um passo para o lado para me desviar dele, no milissegundo seguinte ele estava em minha frente. Mais um passo, só que dessa vez para o outro lado e novamente ele estava lá. Aquilo era ridículo! Eu nunca seria mais rápida que ele. Suspirei derrotada.

- Você poderia me dar licença? – falei com a voz contida, olhando para a gola da jaqueta preta dele.

- Bella, nós precisamos conversar.

Nós precisamos?! Meu lado cínico aflorou com força.

- Bom, adivinhe só!? Estamos em um país livre no qual eu sou obrigada a fazer poucas coisas das quais eu odeio. Falar com você não está entre elas. – meus lábios se curvaram no meu melhor sorriso gelado.

Ele não respondeu, nem sequer se moveu. Tentei sair de lá pela terceira vez. Então sua mão foi parar em meu braço, apenas segurando, sem apertar. Sua pele gelada aqueceu todo meu corpo, trazendo a tona lembranças que eu lutava para enterrar. Porque todas elas eram tão potentes quanto facas afiadíssimas, perfurando meu coração.

- Por favor, Bella.

Não foi o tom de voz suplicante que ele usou que me fez levantar a cabeça e olhá-lo nos olhos pela primeira vez em seis meses. Não Foi! Fiz isso por não ter outra opção, pois ele era muito mais forte e rápido do que eu jamais seria. Essa era a verdade. – pelo menos era nessa verdade que eu queria acreditar.

- Diga o que você quer, Edward – forcei o nome dele a sair por meu lábios, dizê-lo doía – Mas não espere que eu responda. E que fique bem claro que só estou aqui por você não me deixar escolha.

 Alguma coisa brilhou em seus olhos, mas foi rápido demais para eu distinguir o que era. Contudo o franzir de lábios eu reconhecia. Aquele gesto dele era involuntário e só aparecia quando Edward estava zangado ou descontente, mas eu não soube dizer qual sentimento o dominava no momento.

- Eu sei que... – ele fez uma pausa e pareceu mudar de idéia antes de continuar. – Eu só queria lhe pedir para não descontar seu... seu ódio – sua voz ficou ainda mais rouca, me enviando arrepios – por mim em minha família. Como o convite que Esme lhe fez, você poderia ter aceitado eu sairia de casa quando você fosse lá, sei que minha presença não lhe agrada. Mas minha família não precisa pagar por isso.

 Eu ignorei completamente a segunda parte do que ele disse. Descontar? Edward achava que eu estava descontando minha raiva em quem, supostamente, não merecia? Que tipo de pessoa ele pensava que eu era? Com certeza um tipo bem mesquinho. Titubeei.

Senti meu rosto corar, a raiva subindo como uma força quente e poderosa.

- Como é que é?! – dei um passo inconsciente para frente, apontando o dedo no peito dele – Você acha que eu estou fazendo outros pagarem por seus “pecados”?! – fiz gestos de aspas com as mãos – Faça-me o favor, Cullen! Nós não estamos mais no feudalismo onde as dividas passavam para toda família. Nem você é tão velho assim! Se eu me recuso a manter contato com a sua família não é por você, é por mim. – comecei a andar de um lado para o outro. Agora que a barragem cedeu, era impossível conter a inundação.  – Por mim, droga! Porque eu não quero novamente e depois ser deixada para trás para colher os cacos do que restou da minha vida. Já foi difícil demais fazer isso uma vez, Edward. – mais uma vez eu encarei aqueles olhos maravilhosos.

- Eles não tiveram culpa, Bella. – ele murmurou sereno, mas não conseguiu disfarçar o olhar, o qual gritava de dor.

Eu pude sentir a dor dele como se fosse minha, porque era isso que sentimos quando amamos alguém – ficamos felizes por ele estar feliz, e sofremos junto com ele também. Aquilo quase parou minhas palavras... quase.

- É claro que a culpa não foi deles. – minha voz estava dois tons mais alto que o normal – A culpa foi e é minha. Eu sou a única culpa de ter acreditado.... de ter tido a arrogância de pensar, mesmo por um segundo, que você me amava. Minha culpa ter acreditado que Alice, Emmett, Carlisle e Esme gostavam de mim e queriam minha amizade tanto quanto eu queria a deles. Patético, não!? – soltei uma risada histérica – Pessoas perfeitas com décadas de experiência nunca iriam apreciar a companhia de uma tola humana. Mas, infelizmente, eu acreditei nisso. E doeu descobrir a verdade, doeu muito. E é como eu disse. A emoção ainda prevalece sobre a razão, descobri isso da pior maneira possível. Então minha decepção não tem nada a ver com você. Esse peso você pode tirar da consciência.

- Ai que você se engana.

Foi o que eu pensei ter escutado ele murmurar em resposta. Mas não podia ter certeza, já que, engolir o bolo formado em minha garganta estava exigindo muita da minha concentração.   

- Bella, por favor. Dê uma chance a eles. – a voz dele estava quase falha.

- Eu não consigo e, também, acho que eles querem isso. E pare de me chamar de Bella! – minha voz saiu embargada por causa das lágrimas contidas. – Por que... por que você voltou?

Fechei meus olhos com força. Por que você me deixou? Meus olhos estavam encharcados, eu estava perdendo a batalha contra eles.

Levei alguns segundos para conseguir olhá-lo novamente. Quando viu que voltei minha atenção a ele novamente, Edward abriu a boca. Mas nenhum som saiu dela porque, no minuto seguinte, ele virou o rosto em direção ao boliche. Segui seu olhar e deparei com meus três amigos, todos eles com expressões preocupadas. Aparentemente Brooke havia me chamado e eu não havia ouvido e, se Edward não tivesse virado para eles, eu ficaria sem notá-la.

- Bella? – a voz dela saiu hesitante – Vamos embora?

Respirei fundo. Grande erro. O perfume dele me acertou em cheio, me embebedando.

- Vamos. – tentei normalizar minha voz, foi em vão.

Dessa vez Edward me deixou passar. Caminhei até onde os três estavam. Acho que eles perceberam que eu não queria conversar – ou talvez eles não soubessem o que dizer. Não importa! Só sei que nós caminhamos em silêncio pelo estacionamento. Brooke e Luke iam um pouco mais a frente, de mãos dadas. Chad passou o braço em meus ombros e eu o abracei pela cintura (n/a: igual a Victoria e o James na parte do baseball).

- Você está bem, amor? – Chad murmurou.

- To sim, amor.

- Certo. – ele não estava nem um pouco convencido. – Se precisar de mim, eu to aqui. – abaixando um pouco ele me deu um beijo suave na testa.

- Eu sei, amor. Sei que você sempre vai estar comigo.

Enquanto falava, apertei um pouco o braço que estava em volta dele, demonstrando que acreditava nele. Mal acabei a frase um rosnado foi ouvido. Chad olhou para trás para ver o que era. Continuei andando, mantendo meus olhos no caminho. Eu já sabia o que era, melhor, sabia quem era. Só não sabia o porquê e, naquele momento, fui covarde demais para virar-me para trás e descobrir.


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Notas finais do capítulo

Desculpe a demora z
reviews? =D

Beijos ;*