A Sombra e a Escuridão escrita por Cris Turner


Capítulo 5
Capítulo 4




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/53752/chapter/5

Capítulo 4

 Apressei o passo em direção ao guarda-roupa. Peguei uma calça e estava revirando a gaveta em busca da minha blusa preferida quando lembrei que tinha sujado ela ao fazer o jantar de sexta.

Definitivamente o dia não estava começando bem.

 Depois de um banho e de vestir uma roupa limpa, estava me sentindo menos cansada. Mas o sono ainda fazia meus olhos demorarem um pouco mais pra se abrirem todas as vezes que eu piscava. Charlie não estava no andar inferior, então rabisquei um bilhete para ele:

 “ Pai, fui à Port Angels com a Brooke, Chad e Lucas. Volto mais tarde. Tem um cozido na geladeira é só esquentar. Beijos”

 Estava tentando alcançar uma barra de chocolate no armário quando a buzina soou do lado de fora da casa.

 - Só mais um pouquinho... – murmurei pra mim mesma – Isso! – sorri triunfante com o chocolate na mão.

 Mais uma buzinada. Mais que pressa! Por que eu arrumei uma melhor amiga tão impaciente? Corri pra sala e peguei a bolsa sobre o sofá, passando-a sobre o ombro. A terceira buzina soou no exato instante em que terminei de trancar a porta.

 - Já ouvi, caramba! – gritei enquanto caminhava até o carro. – Vai tirar quem da forca? – joguei minha bolsa do lado de trás ao sentar no banco do carona do Mercedes.

 - Então você atrasa e eu que to errada? – Brooke deu partida no carro.

 Não respondi, estava ocupada demais abrindo meu chocolate. Quando me livrei da embalagem e ia dar a primeira mordida o doce foi arrebatado da minha mão. Broo levou até a boca e deu uma dentada, comendo a metade.

 - Hey! Eu não tomei café! – falei indignada enquanto pegava o que havia sobrado da guloseima.

 - Quem manda dormir até tarde!? – a voz dela tinha um ar risonho.

- Quem manda ter uma amiga que liga te acordando de madrugada para ir à cidade vizinha e ainda come o seu café? – mordi o chocolate, ainda com a expressão indignada.

 - Ora. Para isso que servem as melhores amigas! – Brooke olhou pra mim e soltou uma gargalhada antes de voltar atenção para a estrada.

 ____________________________________

 

- House!  

- Chase!

 - House!

 - Chase!

 Brooke e eu estávamos sentadas na mesa de uma lanchonete em P.A.. A porção de fritas sobre a mesa foi esquecida quando entramos em uma discussão muito profunda sobre quem era mais perfeito no seriado House. Obviamente dr. House era o melhor, mas aquela morena sentada em minha frente insistia em negar esse fato, afirmando que o médico australiano era melhor.

 - Ok. Chase é muito lindo, principalmente aquele cabelo dele. – murmurei séria – Mas o cinismo de House roubou meu coração.

 - O sotaque do Chase é que rouba corações!

 Então nós duas suspiramos. Estávamos tão envolvidas em nossas lembranças dos temas da conversa que nem percebemos a chegada dos garotos. Só quando uma mão foi em direção às fritas foi que percebemos Luke ao lado de Brooke e Chad ao meu.

 - Quem é que rouba corações, hein? – Lucas mantinha uma expressão séria ao encarar a namorada. – Nós ouvimos! Né Chad?

 Chad parecia mais preocupado em apreciar as fritas do que ouvir os resmungos do irmão.

 - Ai! – exclamou Chad quando Lucas deu-lhe um chute nada discreto na canela. – É, nós ouvimos! – ele respondeu rapidamente, preocupado em não levar outro pontapé.

 - Amor, não era nada demais. – Broo passou os braços em volta do pescoço do namorado.

 - É, coração. – me virei para o garoto ao meu lado. – Nós só estávamos comentando que se House e Chase aparecessem em nossas vidas, nós largaríamos vocês sem pensar duas vezes.

 Nós duas caímos na gargalhada enquanto os dois soltaram suspiros exasperados.

 - Vamos pro boliche! – ela se levantou e eu a acompanhei.

 Brooke havia ligado para o namorado e combinado aquela lanchonete como ponto de encontro, pois não queríamos ficar morrendo de tédio no boliche, então só estávamos esperando os dois chegarem para irmos jogar.

 Passei o braço pelo de minha amiga enquanto caminhávamos em direção à saída.

 - Ei! O assunto não acabou! – Luke gritou ainda na mesa.

Então nós passamos pelas portas ainda rindo.

 _______________________________________

 Só faltava eu jogar. Lucas e eu precisávamos de um strike para ganhar. Ao chegarmos ao boliche formamos duplas e Brooke resmungou alguma coisa sobre sempre jogar com o namorado, então todos nós concordamos que seria legal trocar de par uma vez.  Davis era de longe muito melhor do que eu, porém eu estava tendo muita sorte hoje o que não nos deixava muito longe de ganhar. Já que os garotos jogavam praticamente no mesmo nível: o nível muito bom. A responsabilidade da perda seria minha.

 - Vai lá Bella, você consegue! – murmurei pra mim mesma enquanto segurava a bola.

 Então a joguei. Vi ela correr e correr até alcançar os pinos. Derrubei quase todos, porém um começou a oscilar. Inclinei-me para o lado, como se aquele movimento fosse influenciar o movimento do objeto que eu observava. E ELE CAIU! GANHAMOS!

 Vir-me-ei levantando às mãos para o alto e soltando um grito. No segundo seguinte estava sendo erguida por Luke, que me girava de um lado para o outro.

 - Ganhamos. Ganhamos! – ele sorria. – Ganhamos o jantar!

 - Ei. Ei. – ouvi Chad resmungar – Eu não fico agarrando a sua mulher, então solte a minha.

 Nós dois gargalhamos então ele me soltou. Vi Lucas caminhar até o irmão e apertar as bochechas dele.

 - Não precisa ficar com ciúmes, maninho. – ele se sentou ao lado da namorada e passou um braço sobre os ombros dela. – Eu amo a minha mulher, né amor?

 Brooke olhava o placar, alheia ao que ele dizia.

 - Eu quero revanche! –ela bateu a mão sobre a mesa.

Não que ela detestasse perder, acho que ela estava inconformada por ter perdido para mim no boliche. Afinal, eu era um completo desastre nesse jogo – certa vez derrubei a bola no pé dela – então ela devia estar achando que eu havia roubado. Não a culpo. Eu mesma acho que roubei – só não sabia como.

 - Por mim tudo bem, mas vocês ainda pagam o jantar. – Luke respondeu e os outros dois assentiram. Então ele olhou para mim esperando confirmação.

 - Vamos lá. – quem sabe a minha sorte continua. - Só preciso ir ao banheiro primeiro.

 - Vai rápido. – Broo bufou.

 - Ah amor, ta brava só porque – ele se levantou – Nós vencemos. – então ele começou a fazer nossa dancinha da vitória. – Nós vencemos.

 Virei em direção à eles e comecei a fazer aquela dancinha também enquanto andava de costas. Vi meu amigo parar, ficando estático. Mas não prestei muita atenção, continuando a fazer a dancinha. Até que minhas costas se chocaram com algo duro e frio. Dei a volta, me perguntando como tinha errado o caminho e acabado na parede. Mas não foi a parede que eu encontrei. Olhando-me com os olhos maternais estava Esme Cullen, ao seu lado estava Carlisle e, um pouco mais atrás, Edward. Minha mente congelou. O que eles estavam fazendo ali?

 - Bella, como vai? – mais uma vez aquele brilho carinhoso.

 Fechei os olhos e suspirei fundo, tentando fugir daquele contato visual. Esme passou a ser uma espécie de mãe para mim quando Edward e eu namorávamos, desempenhando um papel importante que ficou meio fora de foco em minha vida desde que Renée havia se casado e mudado para Londres com Phill. Não que minha mãe fosse ruim, ela era muito boa e fazia o possível para participar da minha vida, fazia tudo que um oceano de distancia permitia que ela fizesse.

 A partida de Esme foi como se eu visse, novamente, minha mãe se mudar para longe. Só que da ultima vez, eu pensei que tinha perdido uma mãe para sempre. Na verdade, acho que perdi mesmo. Afinal, não era mais parte daquela família.

 - Olá, Es... senhora Cullen. – me corrigi a tempo. Ela não era mais nada minha para que eu a tratasse pelo primeiro nome. – Senhor Cullen – fiz um gesto de cabeça em sua direção. – Estou bem e a senhora?

 Voltei minha atenção à bela mulher à minha frente, deixando bem claro que não pretendia cumprimentar meu ex-namorado.

 - Dentro do possível. – ela esboçou um sorriso. – Sentimos a sua falta.

 Pude sentir a faca afundar mais um pouco em meu peito.

 - Por que não aparece lá em casa semana que vem para um jantar? – o convite partiu de Carlisle.

 - É. Não temos usado muito a cozinha agora. – a esposa completou o oferecimento.

 Ainda lembro bem de como eles me empanturravam de comida todas as vezes que eu ia à residência dos Cullen.

 - Não sei, senhora Cullen. – forcei um sorriso polido de desculpas – Agradeço o convite, mas acho melhor não. Desculpe. – murmurei em direção ao homem mais velho - Com licença.

 Virei em direção à oposta a dos sanitários. Indo para as portas de saída. Minha mão estava sobre a maçaneta quando levantei os olhos e vi meus amigos com idênticas expressões preocupadas. Brooke fez menção de ir ao meu encontro, porém balancei a cabeça em negação. Queria ficar sozinha e ela entendeu.

 Sai no estacionamento e encostei-me à Mercedes em que viemos. O estacionamento era muito bem iluminado e o bairro, seguro. Então não tinha razão para eu estar com medo, mas meu estado de trêmulo poderia ser confundido, como o sendo. Passei meus braços em volta do meu corpo, tentando parar de tremer de frio. Não, a noite não estava fria. O frio vinha de dentro – meu frio pessoal. Frio que passou a me acompanhar desde a partida dos Cullen. Por vezes ele podia ser ameno e suportável, por outras me atacava como uma nevasca – era uma dessas vezes.

 Abaixei a cabeça, tentando me controlar. Respirei fundo várias vezes. Estava começando a surtir efeito quando senti que era observada.  Levantei a cabeça de súbito, dando de cara com aqueles olhos dourados muito perto. Então todo frio volto, mais forte do que nunca.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Enfim, obrigada pelas reviews & desculpe a demora para responde-las.
Que tal me deixar uma review?
Beijos ;*