—Uh… Harry? — exclamou Hermione — seria bom se você pudesse se apressar.

Ela não esperou uma resposta do amigo, e se aproximou com passos cautelosos da figura inerte no chão. Era, provavelmente, um garoto, considerando suas vestes. Um garoto da Sonserina, mais especificamente. Ela deduziu que ele deveria ter aproximadamente a mesma idade que a maioria das pessoas naquela sala, mas era difícil dizer, por seu rosto estava coberto por uma grande massa de cabelo preto.

—Ah… — ela murmurou, olhando para o garoto — eu acho que ele está desacordado.

Sirius levantou e andou os poucos passos até ele, cutucando o corpo com o pé antes de murmurar satisfeito, como se tivesse provado que o garoto estava, em fato, desmaiado. Sem nenhuma delicadeza, ele virou o corpo com o pé até que este estivesse de barriga para cima e o rosto visível. Ele bufou e fez um barulho de desgosto com a garganta, antes de cutucar o corpo mais uma vez e trocar um olhar com James. Este havia jogado a cabeça para cima em frustação, fazendo um barulho semelhante ao de Sirius.

—Vocês conhecem ele? — perguntou Hermione curiosa, olhando para o rosto do adolescente.

—Infelizmente, sim — respondeu James — e você também.

Hermione olhou para os marotos confusa e levemente frustrada.

—Ele é Snape — explicou Remus, a voz de repente mais cansada — a nossa versão do Snape.

Hermione olhou para o adolescente desmaiado, a boca levemente aberta de maneira quase cômica, e tentou imaginar ele sendo o professor assustador e irritante, mas sua mente falhou em conectar. É claro que ela podia ver as semelhanças: mesmo nariz grande, mesmos cabelos pretos e oleosos, mesma cor de pele tão pálida que parecia que ele não havia visto o sol em meses. Ainda assim, era quase impossível vincular. Ela se perguntou se era assim que fora para os marotos ao ver a versão adulta do professor.

—Isso é tão bizarro… —ela murmurou — quero dizer, eu conheço alguns de vocês com idade adulta, mas ver Snape como um adolescente?

Neville concordou veementemente ao seu lado.

—É meio… sinistro? Quem diria que Snape foi realmente jovem?

Os marotos deram uma risada fraca, que teria sido mais forte se eles mesmos não estivessem tão pasmos ao ver o colega sonserino desmaiado no chão.

—Eu sinto que eu deveria fazer alguma pegadinha com ele — murmurou Sirius — É uma força maior que eu.

Remus segurou o namorado pelo braço.

—Sirius, agora não é a hora.

James grunhiu ao seu lado.

—Eu odeio concordar. Eu mal consigo resistir também, mas existem poucos momentos menos inapropriados que isso.

Neville se aproximou do corpo cautelosamente, cutucando o futuro professor com a ponta da varinha.

—Deveríamos acorda-lo?

Não fora necessário, assim como não fora necessário tentar acordar qualquer viajante quando eles surgiram no salão comunal. Severus abriu os olhos lentamente por conta própria, as pupilas dilatadas demorando para se acostumar com a claridade da sala (apesar dela não ter nenhuma janela visível). Ele sentou num salto assim que abriu os olhos e se viu com os rostos curiosos de um grupo de adolescentes.

Levantar tão rápido não fora uma boa ideia, considerando sua já natural confusão e desconforto da clandestina viagem no tempo, e ele demorou alguns segundos para associar o que estava acontecendo (ou, pelo menos, para entender que haviam adolescentes o encarando) e mais segundos do que seria recomendado para puxar a varinha do bolso da capa.

—Potter, Black, Lupin! — ele exclamou com desgosto — O que vocês fizeram.

Black abriu a boca, mas Hermione o cortou rapidamente, pigarreando antes de falar.

—Ah… senh… Snape, nós podemos explicar tudo. Abaixe sua varinha e nos deixe…

—Eu não te conheço. Eu não sei aonde eu estou — interrompeu o garoto, bruscamente — eu não vou abaixar a varinha, tenho cara de idiota?

—Bom… — murmurou James alto o suficiente para ele ouvir e Sirius gargalhar.

—Cale a sua boca, Potter. Eu exijo alguma explicação.

—Seboso, faça a matemática, você pode derrubar um, talvez dois de nós se estiver se sentindo particularmente sortudo, mas estamos em um número maior.

—Não contem comigo — grunhiu Draco do fundo da sala — quanto mais de vocês ele derrubar, mais engraçado para mim.

Alvo Severo, Scorpius e Rose concordaram no fundo. Sirius grunhiu de volta para os sonserinos.

—Ok, temos alguns idiotas a menos, mas ainda assim é muito desproporcional e você sabe.

Snape parecia que estava mais disposto a enfrentar uma trupe de macacos armados de tochas do que concordar com o que Sirius Black estava dizendo, talvez por isso ele demorou um certo tempo até deixar o braço cair ao lado do corpo, relutante. Apesar de não estar apontando-a para ninguém, a varinha permaneceu firme em sua mão.

—Quem são eles? — ele perguntou para os marotos, apontando com a mão sem a varinha para o grupo desconhecido

James olhou para cima por alguns segundos.

—Não, eu não estou muito afim de explicar tudo para o seboso, e você Sirius?

O garoto cruzou os braços com um ar pensativo antes de negar com a cabeça.

—Eu também não.

Hermione bufou para os marotos, andando alguns passos e esticando a mão para o garoto.

—Hermione Granger, muito prazer.

O garoto olhou a menina de cima a baixo com cautela, e respondeu sem apertar a mão dela.

—Severo Snape. Onde eu estou?

Se ela estava perturbada por ele ter ignorado sua mão esticada, ela não demonstrou.

—Você está no ano de 1996, Hogwarts, na sala precisa.

Por alguns segundos ele pareceu realmente preocupado com a saúde mental da garota a sua frente, mas foi antes dele soltar uma risada de escárnio.

—Potter, Black, Lupin, vocês oficialmente fizeram a pior pegadinha do universo.

James colocou as mãos no bolso e encolheu os ombros com um sorriso brincando nos lábios.

—Não é uma pegadinha, Seboso. Bem vindo ao futuro, seu cabelo ainda é nojento e todo mundo o detesta, mas pelo menos você está vivo.

—Nem todo mundo desteta ele — interviu Alvo Severo, que havia se aproximado lentamente — Muito prazer, Alvo Severo Potter, ao seu dispor.

Ele fez uma reverência exagerada, fazendo seus cabelos pretos voarem para os lados. Severo encarou o garoto por alguns segundos com um olhar um pouco perturbado antes de se virar para James.

—Isso não é uma pegadinha de vocês, é?

James deu risada, negando com a cabeça.

—Brilhante dedução, Snape, o que deixou óbvio?

Severo respirou fundo.

—Acho que nem você chegaria a ponto de fazer alguém chamar Severo Potter como pegadinha.

Ele fez uma careta ao dizer o nome, e se virou para o próprio menino. Ele engoliu um pouco em seco ao notar os olhos verdes conhecidos.

—Você é quem? Filho renegado do Potter?

—Neto dele. Eu sou de 2022. Basicamente temos três gerações nessa sala.

Snape pareceu querer dizer alguma coisa, mas foi interrompido por uma porta do banheiro abrindo. Lilian Evans saiu de lá, o cabelo ruivo ainda molhado, e parou estática na porta do banheiro.

—Snape? O que você está fazendo aqui?

Ele virou ao som da voz dela quase que automaticamente, piscando algumas vezes.

—Lily? Ótimo, alguém que não é um completo lunático, o que está acontecendo?

Lilian olhou para ele um pouco assustada, antes de se voltar para James, o rosto confuso.

—Potter, o que ele está fazendo aqui?

Severo pareceu ultrajado ao ser ignorado, levantando os braços em frustação e fazendo uma careta para ninguém específico.

—Ele só apareceu, da mesma forma que nós — respondeu James, encolhendo os ombros.

—Você está mesmo me dizendo que viajamos não sei quantos anos no tempo para conhecer o neto deserdado do Potter?

Alvo abriu a boca para se defender, mas sua irmão puxou-o pelo braço, negando com a cabeça com um olhar como quem não acredita que ele fosse mesmo priorizar isso.

—Nós não estamos aqui unicamente para que eles conheçam Alvo — corrigiu Hugo, antes de hesitar e olhar fixamente para um ponto na parede — eu acho. Eu espero, ele não é lá grande coisa.

Lilian Luna cobriu a boca de Alvo com a mão, impedindo ele de interromper a conversa.

—Quem é você?

—Hugo Weasley. Filho de Hermione Granger — ele apontou para a garota — e Ron Weasley.

Sirius grunhiu.

—Nós vamos com as apresentações de novo?

Uma porta do banheiro abriu de novo, desta vez a que levava ao banheiro masculino, saindo Harry e Rony casualmente.

—Por que vamos nos apresentar de novo? — ele perguntou confuso

—Por que ele apareceu — respondeu Hermione apontando para o futuro-mestre de poções.

Harry olhou para ele, piscando algumas vezes com os olhos verdes muito arregalados.

—Ele não é… — murmurou Rony por cima dos ombros de Harry

—Sim. — disse a garota.

—Todo mundo aqui me conhece? — perguntou Severo levantando os braços.

—Sim. — disse James Sirius, surgindo atrás de Snape para dar um leve tapa amigável nas costas dele.

A resposta do garoto foi virar de supetão, assustado, e grunhir ao ver o rosto de quem havia tocado suas costas.

—Por que tantos de vocês parecem o Potter? Não, eu não quero nem saber. Por que todos vocês me conhecem?

Sirius jogou a cabeça para trás, rosnando levemente.

—Seboso, ok, presta atenção por que eu oficialmente não aguento mais apresentações. Harry, Rony, Hermione, Neville e Draco — ele falava rápido, apontando para cada um dos garotos — mais Gina, que ainda está no banho são do presente, 1996. Alvo Severo, James Sirius, Lilian Luna, Hugo, Rose, Scorpius, Alicia, Franek e Teddy são do futuro, 2022. Teddy é um metamorfomago filho do Remus com minha prima Tonks, embora ele seja meu namorado no momento; Alicia e Franek são filhos do Neville com uma garota que eu nunca vi na vida; Hugo e Rose são filhos do Rony e da Hermione; Alvo Severo, James Sirius e Lilian luna são filhos do Harry com a Gina e Scorpius é filho do Draco com outra garota que eu nunca vi na vida. Draco é um Malfoy filho do nosso conhecidos Lucio e da minha prima Narcisa; Neville é filho dos nossos Frank e Alice; Rony é filho da Molly e Arthur Weasley (um casal que se formou alguns anos atrás, para nossa perspectiva); Hermione é nascida trouxa, eu não tenho ideia de quem são os pais dela, mas eu tenho certeza que são ótimas pessoas e Harry é filho do James com a Lilian e eu sou solteiro por que eu passei doze anos na prisão.

Ele respirou fundo ao acabar, e a sala inteira caiu em silêncio por alguns segundos, tentando processar o que o maroto falara tão rapidamente.

—Lilian e Potter tem um filho? — ele exclamou ultrajado.

O grupo inteiro bufou em frustação, e Lilian jogou a cabeça para trás, apertando os olhos com os dedos por uns segundos.

—Foi a única coisa que você processou?

Snape abriu a boca várias vezes antes de responder.

—Bom, não, mas… sério, Potter?

Ela levantou os braços.

—Eu não namoro ele ainda, quanto mais sei sobre filhos. Pergunte para Harry.

James virou para Lilian com um sorriso de lado, piscando para ela.

—Ainda.

Ela revirou os olhos, mas sorriu brincalhona de volta.

—Cala a boca, Potter.

Severo olhou para os dois, o olhar com um misto de preocupação e nojo.

—Poxa, Seboso — disse Sirius — estou particularmente decepcionado com você! Você nem prestou atenção no meu pequeno discurso?

Snape olhou para ele com uma sobrancelha levantada, embora semi-coberta pelos cabelos grossos.

—O que mais eu deveria comentar?

Sirius encolheu os ombros, um sorriso de quem estava achando tudo aquilo muito mais divertido do que deveria.

—Que eu e Remus estamos namorando, ou que eu vou ficar doze anos na cadeia.

Severo encarou Sirius piscando algumas vezes.

—Vocês já não estavam namorando? Além do mais, estou particularmente satisfeito com sua ida a cadeia, pelo menos um dia vão saber aonde você pertence.

Sirius prontamente ignorou o último comentário, se virando para Remus, que apenas sorria para o namorado.

—Todo mundo sabia sobre a gente? — ele perguntou — como nós mantemos tanta coisa em segredo se não conseguimos esconder nem isso?

Lilian levantou uma única sobrancelha para Sirius.

—Que tantos segredos vocês têm escondidos?

Sirius sorriu de lado, os olhos faiscando para ela, antes de fazer uma pequena reverência, esvoaçando a capa teatralmente.

—Um bom maroto nunca revela seus truques.

Lilian revirou os olhos, mas Harry olhou para Remus e então para seu pai sem acreditar.

—Ela não sabe?

—Eu não sei o que?

Hermione revirou os olhos, abrindo a boca, mas sua filha foi mais rápida.

—Sinceramente, vocês podem descobrir o resto dessa novela mais tarde — ela exclamou — obviamente temos que levar Snape para Dumbledore.

—Ela está certa — pigarreou Remus — Ele ter aparecido é claramente uma pista sobre o que pode ter acontecido.

Só então Gina e Alice saíram da porta do banheiro, deixando sair a fumaça e o cheiro de shampoo para dentro do quarto. As garotas estavam conversando casualmente, e a ruiva parou no meio da sentença ao olhar para o novo elemento no meio do quarto. Ela encarou ele por alguns segundos, de boca aberta, antes de olhar para Harry.

—Diz para mim que isso não é um Snape adolescente.

Harry respirou fundo,

—Eu bem que gostaria que não fosse.

Ela fez uma careta antes de olhar de novo para o garoto.

—Seja lá quem ou o que trouxe vocês para cá certamente deixou a porta aberta. — Ela murmurou, antes de se apresentar sem muita animação — Gina Weasley.

Alice virou sem dizer nada para a porta do banheiro masculino e gritou para Frank parar de enrolar e sair do banho. Enquanto isso Hermione olhava curiosamente para Gina.

—Hermione, você teve uma ideia. — afirmou a amiga

—É só que… o que você falou faz sentido, se… Snape, aonde você estava quando antes de aparecer aqui?

Ele hesitou um pouco antes de responder.

—No meu salão comunal.

O olhar de Hermione se desligou.

—Não… não faz sentido… Bom, vamos para a Sala do Dumbledore, quem sabe ele…

Ela não terminou de falar. A porta da sala precisa foi aberta de supetão, passadas largas e fortes entraram na sala.

—De qual dos Potters foi a ideia genial de jogar Quadribol? Qual parte de permaneçam escondidos não… — disse O professor Snape, irritado e massageando as têmporas. Ele parou no ato, olhando o garoto familiar com robes da Sonserina do centro de uma roda de olhares curiosos. — oh.