Solemnia Verba escrita por Blitzkrieg


Capítulo 8
Capítulo 7: Renascimento.


Notas iniciais do capítulo

Hiro, devido a sua curiosidade, acabara se envolvendo em um problema sério. Como poderia escapar de pessoas tão perigosas? Sabia que qualquer movimento em vão poderia setenciar sua morte. A mente estava turva, silenciada pelo medo. Não havia alternativa a não ser esperar pelo milagre. Sabia que milagres não existiam e esta recordação lhe fez aumentar o desespero. Como o ceticismo naquele momento era inapropriado!



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Hiro deveria ser cauteloso, tinha a chance de impedir que os dois marginais que lhe surpreenderam desistissem da idéia de machucá-lo. Ambos poderiam querer apenas algum dinheiro e iriam embora logo depois de entregue, porém a probabilidade de isto acontecer era baixa, pois no noticiário da cidade predominava notícias referentes a um grupo de pessoas que espancavam mendigos á noite em vários pontos da cidade. Infelizmente, esta era uma prática que se tornava cada vez mais corriqueira. Não havia dúvidas de que aqueles dois participavam de um desses grupos, portanto tratavam-se de pessoas perigosas.


Após ambos terminarem com suas gargalhadas intimidantes, um deles tomou a palavra:

– Garoto, eu e meu amigo estamos procurando uma diversão para esta noite. Estamos procurando ratos que dormem sobre as calçadas e vivem como parasitas pedindo dinheiro para as pessoas. Você viu algum por aí? – indagou o mais magro, entreolhando seu colega. – Se não viu, sabe como podemos nos divertir esta noite? – acrescentou com um sorriso no rosto e logo depois caminhou em direção ao garoto.

‘’ Vamos! Pense! Tem que haver alguma saída. ’’

– O que vocês sentem por estas pessoas? Ódio? Repulsa? Sente prazer em espancá-las até a morte? – indagou, colocando sua pasta com seus materiais no chão.

‘’Estou me arriscando demais? Preciso me aproximar... É a única forma de adquirir confiança. ’’

– Hum... Todos os dias acordo com esta vontade! – gritou o outro.

– Eu também! – parou o mais magro, e logo depois começou a bater o bastão em uma de suas mãos. – Tenho vontade de arrancar a cabeça de muita gente! – acrescentou e logo depois bateu seu bastão violentamente em uma lixeira, lançando-a longe, em seguida riu junto com seu amigo.

‘’ Será que estou conseguindo? ‘’

– Interessante. Veja bem, no momento estou em dúvida. Acho que estou sentindo os mesmos sentimentos. – sorriu.

– Você!? Não me faça rir! – disse o marginal de cabelos tingidos de loiro.

– Quais são seus nomes?

Não houve resposta, apenas sons roucos sendo emitidos.

– Então... Será que eu poderia, junto com vocês, me divertir esta noite?

Os dois gargalharam novamente. Um deles tomou a palavra.

– Você já é nossa diversão desta noite, garoto. Antes de eu espancar mendigos inúteis, eu prefiro espancar moleques embromadinhos como você..

O criminoso mais alto se aproximou de seu amigo, socando com sua mão esquerda a palma de sua mão direita.

– E sabe o que mais me deu nojo em você?

‘’ Preciso mesmo responder, seu verme?’’

O quê? – indagou Hiro, flexionando suas pálpebras por sentir-se irritado com os dois.

– É que você ainda banca uma de revoltadinho, apesar de ter uma vidinha toda perfeitinha. Isto é nojento! É por isto que eu vou te bater muito agora! Eu ia apenas catar um dinheiro de você para eu e ele comermos alguma coisa porque estamos morrendo de fome. – disse, apontando o seu polegar para seu colega, após inclinar sua mão para trás.

‘’ Lixo! Vocês são o lixo da humanidade! Eu estava me referindo a vocês! Justificam seus atos inescrupulosos culpando a sociedade! Vocês são totalmente descartáveis e se fossem eliminados não fariam falta a este mundo! ‘’

– Vocês... – sussurrou, fechando os punhos, pressionando fortemente.

– O quê ? – indagou o mais baixo e mais magro, fazendo uma concha em seu ouvido com sua mão desocupada.

– Vão pro inferno! – gritou.

Os dois silenciaram-se. Olharam Hiro seriamente. Em seguida entreolharam-se mais uma vez e o que segurava um bastão caminhou em direção ao garoto. Logo depois, o outro passou a segui-lo.

‘’ Venham! ’’

Instintivamente recuou um pouco, mas logo parou e aguardou os dois marginais. Decidiu não fugir, preferiu lutar. Não sabia como, mas desejava vencer a todo custo, se propôs a utilizar qualquer artifício para isto. Apesar de sentir uma fisgada de medo, não deixou a covardia lhe dominar. Sentiu o palpitar do coração em seu peito, pedindo, implorando desesperadamente para se retirar dali. Por um momento, desejava que se por ventura não conseguisse revidar, que pelo menos morresse sem dor, seria praticamente um milagre se isto acontecesse. Além do mais, sabia que suas últimas palavras tinham lhe retirado este privilégio, de morrer sem dor. O medo se misturava ao ódio, e a tensão fez pesar a esperança de fuga.

Aquele de posse do bastão se aproximou, preparando-se para realizar o golpe, porém ouviu uma voz.

– Então era isso. – exclamou Vlad, caminhando em direção aos criminosos, logo depois parou a uma certa distância.

– Ahm? Quem é você!? – perguntou, olhando o devatã de cabelos prateados por cima dos ombros.

– Quer dizer que eram vocês que estavam me seguindo? – indagou, caminhando em direção aos dois, com as mãos nos bolsos. – São patéticos.

– O quê!? – exclamou o marginal com o bastão, fazendo uma careta. – Eu vou te mostrar quem é patético aqui! – gritando, correu em direção ao Chernobog, erguendo sua arma para efetuar o golpe.

O devatã de cabelos prateados parou e aguardou. Assim que o bastão estava prestes a atingi-lo, reagiu bloqueando-o com seu antebraço direito. Inclinou seu corpo, deslizando seu pé esquerdo sobre o solo e o choque do bastão gerou uma fraca pressão no ar. O marginal tentou socar Vlad com sua mão direita e o mesmo a segurou com sua mão esquerda. Em um rápido movimento, o Chernobog impulsionou rapidamente o bastão fazendo-o se erguer no ar e logo depois com a sua mão direita desocupada, neste breve momento, a sobrepôs sobre a mão do marginal que estava sendo segurada para adquirir impulso. Inclinando-se e com uma forte pisada com seu pé direito sobre o chão, rapidamente moveu seu corpo para frente acotovelando o abdômen de seu adversário, lançando-o velozmente em direção á uma parede próxima de Hiro.

O criminoso passou próximo do garoto com uma velocidade impressionante, gerando uma corrente de ar. Logo depois o marginal colidiu com a parede bruscamente, rachando-a. O rapaz de cabelos tingidos de loiro deslizou pela parede caindo sentado. O rosto se inclinou para baixo e o criminoso permaneceu nesta posição, em silêncio. Alguns filetes de sangue escorreram pelo rosto do rapaz que surgiram devido ao choque de seu crânio contra a parede e a fratura na coluna raquidiana. O companheiro deste que fora derrotado por Vlad, mesmo após assistir tal demonstração de poder, decidiu vingar o companheiro. Não sabia se o mesmo havia morrido, mas mesmo assim se dirigiu furiosamente em direção ao Chernobog.

– Pelo visto você é o mais idiota. – provocou Vlad, após tomar uma posição ereta novamente.

Assim que seu novo oponente que tinha uma altura intimidante e aparentava ser bem mais forte tentou socá-lo,Vlad subitamente desapareceu, surpreendendo o seu adversário. Ressurgiu logo depois atrás do mesmo, deixando-o confuso.

‘’ Parece que ainda tenho energia, mas está fraca, infelizmente. “refletiu, e logo depois olhou seu oponente por cima dos ombros. ‘’ Preciso ter certeza. Pelos menos descobrir quais são meus limites no momento. ’’ com isto em mente, decidiu tentar algo inusitado, mesmo sabendo que Hiro estava assistindo tudo. Por ter se surpreendido com a coragem do garoto, decidiu prosseguir mesmo assim, não se importando com a testemunha de seus poderes.

Virando-se para seu novo oponente que já havia percebido aonde se encontrava, decidiu então colocar seu plano em prática.

Animus Nocendi. – disse, e logo em seguida uma forte pressão no ar foi exercida ao seu redor, fazendo suas roupas sofrerem a influência do vento. Imediatamente esta pressão no ar atingiu o corpo do grandalhão,após o devatã erguer sua mão e abri-la contra o oponente. A pressão fez o marginal perder o chão no mesmo instante sendo lançado violentamente em direção a um muro logo depois. O impacto do corpo com o muro danificou-o totalmente. Devido a brutalidade do choque, o criminoso ainda foi lançado alguns centímetros para frente e caiu sobre o chão logo depois, emitindo um forte estrondo.

Hiro, com uma expressão de espanto, permaneceu imóvel, tentando processar todas as imagens que presenciou. Vlad colocou as mãos nos bolsos novamente, virou seu rosto para o garoto, encarando-o.

– O...qu.... – sussurrou Hiro, as palavras saíram aleatoriamente.

Confuso, respiração lenta. Sem compreender o que acabou de acontecer, o garoto que fora ameaçado por dois criminosos sentiu uma onda de sentimentos dominarem seu corpo. Assistiu o Chernobog caminhar em sua direção e com isto sentiu-se apreensivo, não tinha idéia de quais seriam suas atitudes. Surgiu a hipótese de o mesmo também lhe atacar, mas duvidou, pois se lembrou da espontaneidade do próprio em cumprimentá-lo e elogiá-lo. Sem muitas opções, decidiu apenas aguardar as ações do misterioso indivíduo que acabara de lhe salvar de uma forma impressionante.

– Garoto... – disse Vlad, parando de frente pra Hiro que o olhou com o rosto um pouco inclinado para cima, devido a diferença de alturas.

– Eu não vou contar pra ninguém. Juro. – interrompeu o garoto, abaixando o rosto, evitando olhar diretamente nos olhos daquele que lhe salvou, em uma atitude de medo e incerteza. – Muito obrigado... – balbuciou quase de forma inaudível.

– Não se preocupe. – aconselhou. – Não vou lhe fazer mal algum. – anunciou, com um sorriso discreto.

‘’ Este garoto é corajoso. Realmente corajoso. O que ele foi capaz de dizer foi bastante inusitado. Não é um humano comum. ‘’

– Eu achei que iria morrer... – confessou Hiro.

Os dois ouviram vozes neste momento e o devatã percebeu que pessoas que ouviram os estrondos se dirigiam até o local.

– Precisamos ir embora daqui.

Hiro após ouvir tais palavras se assustou. Neste momento percebeu que as pessoas se aproximavam. Olhou para cima percebendo a seriedade do Chernobog.

‘’ Será que consigo?’’

Vlad concentrou sua energia para conjurar mais uma técnica.

Animus Ambulandi.

Em seguida, um círculo verde se projetou ao redor dos dois e se fragmentou em várias linhas curtas e verticais que subiram rapidamente gerando uma corrente de ar para cima. Logo depois, os corpos de ambos brilharam, emitindo uma áurea esverdead, em seguida desapareceram.

Os curiosos chegaram ao local e se espantaram com a cena. Desorientados, decidiram chamar uma ambulância para socorrer os feridos.

Não muito distante dali, um círculo verde se projetou no chão dentro de uma fábrica abandonada. Os fugitivos se materializaram no local e após a energia se desfragmentar concluindo a técnica de teletransporte, o devatã decidiu caminhar alguns passos adiante. Agachou, se sentou no chão, apoiando suas costas na parede em seguida. Hiro correu os olhos pelo ambiente analisando a fábrica abandonada que estava iluminada com lâmpadas que brilhavam com baixa intensidade. Percebeu desta forma que o rapaz que lhe salvara agora a pouco havia se alojado naquele lugar. Por reconhecer a fábrica, concluiu que não estava muito longe de sua casa.

– Não estamos muito longe daquele lugar. Portanto, acho melhor você ir embora, garoto. Ainda não sou capaz de viajar a longas distâncias com esta técnica. – disse Vlad, apoiando seu cotovelo em sua cocha direita e com isto apoiou seu queixo na palma de sua mão.

O estudante decidiu cobrar explicações.

– Afinal, o que é você? Como você foi capaz de fazer aquilo? Aquele golpe foi um golpe de artes marciais, não foi? Que estilo de luta foi aquele? – indagou, pondo-se de frente para o deva que lhe olhou seriamente.

– Você precisa ir embora.

– Não! – gritou, e seu eco propagou pelas paredes velhas da fábrica. – Eu preciso saber o que aconteceu! Diga-me, por favor! – disse, gesticulando com as mãos.

– Faça silêncio. – após dizer tais palavras, o Chernobog se atentou em observar a face de Hiro seriamente. – Tse!... – emitiu um estalar de dentes desviando o olhar do menino. - Como você é parecido com ele. – observou com um olhar de soslaio. Logo depois encostou-se na parede e olhou para cima.

– O quê? – indagou o estudante, sem entender o comentário.

‘’ Por que ele se parece tanto com aquele maldito? Isto é muito estranho. Mas este garoto é bastante diferente. Acho que não preciso me preocupar, não sinto uma energia sombria nele. Será que eu devo revelar minha identidade? De qualquer forma ele já presenciou muita coisa e eu não tenho condições de apagar sua memória no momento. ‘’

– Ei! – exclamou Hiro, estava de frente para Vlad, ajoelhado em frente o mesmo.

– Não se aproxime! – alertou o Chernobog, em seguida desapareceu.

– Ahm!? – Hiro se surpreendeu.

– Você precisa ir embora. – aconselhou Vlad, surgindo de pé e com as mãos nos bolsos, atrás do estudante.

– Como você faz isso!? – indagou, com um olhar de admiração e curiosidade.

O devatã de olhos escarlates suspirou e percebendo que o garoto não iria embora facilmente a menos que algo interessante para o próprio fosse dito, decidiu corresponder suas expectativas.

– Ficarei aqui por alguns dias. Durante estes dias, venha até aqui quando possível. Prometo que vou lhe contar o que desejar. Agora vá embora para sua casa.

– Jura?

Após uns segundos de silêncio, surgiu a resposta.

– Juro. Agora vá embora!

– Está bem. Volto aqui amanhã. Eu estarei aqui no mesmo horário em que lhe encontrei na loja. – passando por Vlad, o garoto se dirigiu até uma grande porta de metal. – Por favor, não vá embora. Preciso saber mais sobre a pessoa que salvou a minha vida. – disse, sorrindo enquanto fechava a porta.

– Garoto inocente. – sussurrou o Chernobog e em seguida desapareceu. Retirou-se do local por meio de uma grande janela que estava aberta.


Preview: ...




Um calafrio correu o corpo de Hiero, fazendo-o arregalar os olhos.



– Não senhor. Escapou com a ajuda do Shoal. – respondeu, direcionando o olhar seriamente para a luz, decidido a suportar qualquer agressão.

– Este erro lhe retira o privilégio que adquiriras devido ao último relato. – observou a voz.

‘’ Isto aqui não é um jogo.Definitivamente não me importo. ‘’

– Senhor, desculpe a ousadia... – com um sorriso no rosto, Hiero decidiu arriscar uma pergunta. – William pertence a qual família? Qual seu sobrenome?

– Não seja indiscreto. Esta informação não lhe é útil.

– Sinto muito, senhor, mas discordo. Se William ainda estiver vivo, preciso saber de qual família pertence, para que possa evitar futuros equívocos, por não conhecer suas habilidades. – insistiu, caminhando alguns passos á frente.

– Não me provoque, Krýpsimo!

‘’ Como eu imaginava. Existe uma ligação entre ambos. ’’


Próximo capítulo: Belobog.



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Notas finais do capítulo

Faz tempo que não posto um novo capítulo desta fic. Se ainda estiver alguém acompanhando, por favor deixe comentários. xD