Solemnia Verba escrita por Blitzkrieg


Capítulo 6
Capítulo 5: Um convidado inusitado.


Notas iniciais do capítulo

A missão fracassou parcialmente, porém isto não chegou a desmotivar o Krypsimo. Era questão de tempo até um novo plano iniciar sua fase de desenvolvimento. Havia uma razão para aquilo e o devatã misterioso compreendia que não teria descanso se não cumprisse sua meta. O desvio de foco de certa forma tornou-se gratificamente, pois Hiero conseguira realizar uma façanha gigantesca com a eliminação de William. Entretanto, seu maior triunfo se misturou a areia da ampulheta do tempo. Sobraram apenas restos, de uma festa mal sucedida. Era preciso eliminar os resíduos, e este ato se tornou conveniente, pois por um momento houve um relaxamento insano. Como uma massagem enxarcada de sangue.



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Após Vlad ser tragado pelo buraco formado pela técnica de Hecate, Hiero se irritou com a jovem que conseguiu salvá-lo, porém procurou manter a cabeça fria. Por se tratar de uma pessoa de raciocínio calculista e manipulador, decidiu que por meio do domínio do poder da jovem, conseguiria reaver a chance de destruir aquele que era um dos seus principais obstáculos para a conclusão de seu objetivo. Pretendia com os poderes da garota, ir até ao futuro em busca do devatã fugitivo, sendo assim dirigiu a palavra calmamente para seus dois mais poderosos subordinados:



– Bom... Parece que o peixe escapou, mas não estou tão preocupado. – sorriu, e fitou Hecate que se encontrava a alguns metros de distância de costas para sua pessoa. – Venha cá, meu anjo. Vamos nos retirar daqui para podermos refletir sobre o que fazer com as conseqüências de sua travessura. – cruzou os braços.



A devatã do tempo virou-se e caminhou lentamente em direção ao Krypsimo. De repente, uma sombra deslizou pelo chão velozmente, saindo do mesmo em alguma região aonde os convidados de William para a festa se encontravam. A sombra condensou-se próximo de Hecate e logo depois se projetou estendendo-se do chão.



– O que é isso? – indagou Hiero, surpreso com o fenômeno.



A abantesma se transformou em uma pessoa trajando uma vestimenta nobre da época. Casaca marrom, calça bege e sapatos combinando com a casaca compunham o vestuário do invasor. Após surgir atrás da jovem, tratou logo de imobilizá-la. Este invasor apresentava uma faixa negra cobrindo seus olhos e tinha cabelos negros e compridos. Possuía pele caucasiana e aparentava ser tão jovem quanto os outros.



Margery caminhou alguns passos á frente tentando conferir suas suspeitas. Com um sorriso no rosto, após ter reconhecido a pessoa que intercedera pela jovem do tempo, lhe dirigiu a palavra sarcasticamente.



– Ora, ora! O cão de guarda apareceu! – gritou, provocando.



O rapaz, segurando os braços de sua mestra com sua mão direita, passou a mão esquerda nos olhos da mesma em seguida:



Nullitatis. – disse, fazendo a garota perder a consciência e logo depois a amparou para não cair.



– Interessante – sussurrou Hiero, analisando o ato do rapaz.



– Você não mais possuirá esta mente, Hiero Krýpsimo. Não deixarei que a domine. Se desejar continuar com isto, terá que me matar primeiro.



– Ora, não me deixe tão animado. – sorriu. – Seria um prazer destruí-lo, Yami Shoal. Porém, é muito raro encontrar um devatã com um sangue como o seu. .



– Você não conseguirá me controlar facilmente.



– Poucos de sua família sobrevivem á maldição que sofrem por ter o privilégio de receberem o poder que lhe são de natureza. Perdem a visão, além disso, são obrigados a sobreviverem às constantes manifestações que surgem ao longo da vida do desejo maligno de matar todos os humanos. Sofrem com as visões daquilo que os humanos chamam inocentemente de inferno e quando conseguem superar os tormentos, devem aprender a se guiarem por meio dos outros sentidos. Sua história é fascinante. – descruzou os braços e ajeitou seus óculos. – Gostaria de ter sua mente para minha coleção e seus poderes por conseqüência. – começou a caminhar em direção ao submisso de Hecate.



– Tente. – disse Yami, após emitir um som rouco de repúdio.



– Vamos lá. – balbuciou Hiero, enquanto caminhava. – Mesme...



– Eu não deixarei você fazer isto, Hiero. – interrompeu Hecate, recobrando a consciência.



– Desculpe-me, mestra. – disse o fiel subordinado, soltando os braços da Chronus.



– Eu agradeço a sua ajuda, Yami. Sua intervenção nesta luta foi extremamente conveniente, assim como planejamos.



– Como assim? – indagou o Krypsimo, parando, não conseguindo assimilar o que foi dito.



– Você não achou estranho eu me deixar dominar tão facilmente?



O silêncio, sentiu-se subestimado.



Hecate caminhou alguns passos á frente e encarou seu inimigo que se encontrava ainda um pouco distante. Decidiu que deveria revelar seu plano que consistia em impedir que o mesmo destruísse seu amigo.



– A única forma de eu me encontrar com Vlad sem que você nos pegasse em uma cilada seria desta forma. Por isto, deixei que você me dominasse voluntariamente. – disse, ajeitando uma de suas mechas. - Ambos pertencemos á mesma classe de devatãs, porém sou um pouco mais experiente pelo que vejo. Eu já visitei vários momentos históricos e presenciei inúmeras batalhas impressionantes que você jamais assistirá. Seu poder lhe limita a vagar apenas por esta dimensão. Por isto, você deseja tanto assim dominar o meu poder.



– Eu preferia você obediente e calada como antes. – riu, durante alguns segundos.



– Não vejo motivo para você rir desta situação. Você perdeu a chance de destruir Vlad graças a um descuido de imprudência. A graça aqui está em sua infantilidade em não perceber quando é manipulado. – sorriu Hecate.– É irônico. Alguém que é capaz de ludibriar facilmente uma pessoa e dominar a mente não é capaz de perceber imediatamente quando é enganado e dominado. Que vergonha. – balançou a cabeça negativamente.



– Ora, estas palavras fizeram meu sangue ferver. – disse Hiero, assumindo uma expressão séria.



Margery não conseguiu segurar e soltou uma risada. Fazendo o jovem de trajes brancos sentir-se extremamente irritado.



– Silêncio! – expandiu sua energia pesada que se materializou em uma irradiação de áurea violeta ao seu redor, fazendo a ruiva sentir uma falta de ar que a fez inclinar-se. – Vocês não sairão vivos daqui!



– Sinto muito, meu anjo. – disse Hecate, sarcasticamente. – Preciso ir embora. Pois tenho assuntos pendentes a resolver.



Hiero ergueu sua mão direita, abrindo-a contra a jovem de vestido negro e seu subordinado. Porém, antes que conseguisse conjurar uma magia, Yami disse algumas palavras e de repente vários tentáculos negros surgiram do chão cobrindo os dois, formando uma grande esfera negra que logo depois convergiu até o solo e se dissipou em várias sombras.



A emissão de Hiero cessou bruscamente gerando uma forte pressão ao seu redor, minimizando o tremular de sua roupa. Logo depois, o Krýpsimo ajeitou seus óculos e suspirou profundamente, aproveitando o silêncio que dominara o ambiente para refletir sobre seu descuido.



‘’ Quando isto terá fim?’’



Logo depois se dirigiu aos seus dois subordinados.



– Vamos embora daqui, temos que pensar em um plano para encontrar aquele inseto no futuro. – ordenou, demonstrando impaciência.



Após se posicionar frente seus dois subordinados, os dois o olharam com ar de seriedade. Em seguida, Margery desviou o olhar pro lado e depois dirigiu a palavra ao seu mestre.



– O que vamos fazer com essa gente? – indagou a ruiva.



Hiero direcionou seu olhar aos convidados de William e percebeu que todos continuavam agrupados e em silêncio. Logo depois, caminhou alguns passos a frente em direção aos mesmos e respondeu a pergunta:



– O que todos fazem com o lixo que produzem.



Margery riu e Zero continuou demonstrando indiferença, permanecendo com o semblante sério.



O Krypsimo ergueu sua mão direita em direção a multidão, exaurindo uma energia sombria enquanto isto.



Consensus Omnium. – após dizer tais palavras, sua energia de coloração característica circundou a multidão. – Uno Adversus Omenes. – logo depois, o devatã com olhar assassino virou-se para seus subordinados e esticou seu dedo indicador, traçando uma linha reta na horizontal, da esquerda para direita. – Abyssus infinitum. – em seguida uma fenda que se assemelhava a um olho, se abriu logo atrás dos dois, revelando um interior negro do qual algumas cores pulsavam aleatoriamente, em várias posições. – Vamos. – acrescentou, chamando a atenção de seus subordinados.



Os dois entraram na fenda e logo depois Hiero os seguiu. Durante a entrada do mesmo, várias explosões e manifestações de energia surgiram aonde os convidados de William estavam. Isto aconteceu porque os mesmos estavam lutando entre si, devido à influência do cantio de Hiero que consistia em fazer aqueles que foram dominados pela sua magia de domínio, lutarem até a morte.



Após o último devatã de classe inferior que fora dominado por Hiero morrer, devido aos ferimentos que recebera, a transfiguração dimensional desapareceu e o salão central se preencheu com os humanos que não possuíam qualquer descendência referente á algum devatã. A festa continuou com o número de pessoas reduzido, porém ninguém se deu conta de que algo extremamente incomum acabara de acontecer naquele local.



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Osaka, 10 de Novembro de 2007.



Próximo do castelo de Osaka, dentro do bosque, um circulo negro se expandiu no ar e alguém despencou do céu caindo sobre a grama. As roupas desgastadas com uma coloração negra desbotada vestiam o corpo de Vlad que estava desacordado. Seu aspecto físico fora preservado durante a técnica de Hecate e por isto permaneceu com os cabelos prateados e a pele de uma pessoa que aparentava ter entre 17 a 20 anos. Após algumas horas, despertou e sentiu uma dor que percorreu todo seu corpo. Ergueu seu torso e correu o olhar pelo ambiente em que se encontrava. Confuso, levantou e caminhou pelo bosque procurando reconhecer o local. Surpreendeu-se com o imenso castelo que se projetou atrás das árvores. Tentou se relembrar do que ocorrera e com isto conseguiu se recordar da tentativa de Hecate em salvá-lo. Após refletir um pouco e enxergar uma rua em que várias pessoas caminhavam, trajando roupas diferentes á sua vista, percebeu que fora lançado no futuro pelo poder de sua amiga. Suas suspeitas se confirmaram quando avistou carros trafegando na rua. Como já havia viajado no tempo com Hecate algumas vezes no passado, estava habituado ao ambiente hostil. Suas duas centenas e meia de anos também lhe davam sabedoria suficiente para ser cauteloso em seu comportamento.



Dirigiu-se á rua e logo depois caminhou pela calçada, se dirigindo ao centro da cidade que era mais movimentado. Pôs-se a ignorar os olhares dos transeuntes que o encaravam curiosamente. Percebeu que seus poderes haviam desaparecido. Procurou manter a cabeça fria e sentando sobre a calçada próxima de uma loja de conveniências, refletiu sobre tudo que ocorrera, sentindo-se culpado por ter sido fraco e impotente perante a cilada que Hiero havia forjado. Olhou para cima, avistando o céu claro e as nuvens brancas que transmitiam uma tranqüilidade influenciável. Naquele momento, quis apenas descansar, quis apenas desistir de tudo. Não queria mais lutas, queria ser esquecido e momentaneamente cogitou a possibilidade de concretizar este desejo por ter sido lançado no futuro, em outro país. Como dominava várias línguas, leu facilmente os dizeres nos outdoors e sinalizadores da cidade, sabia que estava no Japão. Deduziu que estava no século XXI devido aos carros e aparelhos que avistara e percebendo tais coisas, decidiu apenas dormir ali mesmo na calçada, pois não agüentava mais o cansaço que o impelia a esquecer os problemas. Não demorou muito, para perceber que deveria procurar um local para se alojar. Qual era o fundamento desta atitude? Ele se perguntava, não sabia. Somente sabia que precisava de um local para passar a noite para poder esperar um dia bastante estranho.



Preview: ...



O estudante fitou o rapaz seriamente, tentando reconhecer a língua que o mesmo havia pronunciado. Reconheceu o inglês britânico, porém teve dificuldades em assimilar as palavras, devido á velocidade de pronúncia.



– Konban wa. Doo desu ka ? – indagou o estranho, notando o rosto familiar do menino, e com suas palavras o fez alterar sua fisionomia, relaxando os músculos da face.



– Estou bem e você? Qual seu nome? – indagou o estudante, sorrindo para o rapaz.



– Meu nome... – houve uma pausa e uma dúvida momentânea. – Meu nome é Vlad...me chame de Vlad.



– Apenas Vrado? – indagou o garoto, tendo dificuldades em pronunciar o nome.



O rapaz de cabelos prateados riu do garoto. Não achou graça em nada, na verdade, riu por tristeza e por sentir inveja de sua inocência.



– O que foi? Do que você está rindo?



– Nada. Desculpe. – Vlad se levantou. – Preciso ir, me diga seu nome antes de eu ir embora.



– Meu nome é Daisuke Hiro.



Próximo capítulo: Deja vú.



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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor. xD