Solemnia Verba escrita por Blitzkrieg


Capítulo 5
Capítulo 4: O grito do tempo.


Notas iniciais do capítulo

A surpresa foi imediata. Uma nova fenda se projetou no local. Um devatã estava prestes a surgir do portal, trazendo em uma de suas mãos uma bomba de sentimentos que afetaria Vlad de forma certeira. Não houve tempo para se preparar, se houvesse talvez não tivesse se prejudicado por ter perdido a cabeça.



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Hecate Chronus fora dominada pelo poder de Hiero Krýpsimo que agora tinha total domínio sobre a mente da devatã que dominava o tempo. Com este controle, induzia Hecate a lutar contra seu amigo. A jovem cultivava uma amizade sólida com o deva de cabelos prateados e olhos rubros que se sentiu impotente por vê-la em tal situação. Vlad procurou incessantemente despertar sua amiga, porém seu ato se mostrou inútil, pois a garota agora seguia ás ordens de seu pior inimigo fielmente e a última ordem sentenciada por este, que possuía um aliquid também raro e poderoso, contribuiu para fazer o último Chernobog sentir-se impotente.



– Acorde! – insistiu, caminhando em direção á pessoa que tinha afeto. – Lute contra isto! Eu não quero feri-la! – continuou tentando, enquanto caminhava em direção á garota.



Coercitio ad tempore. – disse Hecate, conjurando sua técnica de aprisionamento mais uma vez.



O Chernobog concentrou-se e aguardou alguns instantes até o início da formação da esfera que tentaria aprisioná-lo.



Commutare Trajectus.



Com isto, o último devatã de sua linhagem trocou de posição com Hecate, aprisionando-a em sua própria técnica.



– Olha só! – exclamou Hiero, batendo palmas em seguida. – Muito inteligente! Gostei da sua astúcia.



O devatã de olhos cor de sangue virou seu rosto lentamente, direcionando seu olhar sério ao dono de tais palavras e logo depois desapareceu.



– Ele é insistente, não é mesmo? – indagou Hiero, inclinando seu rosto para a esquerda esperando uma resposta de Margery.



A ruiva correspondeu o olhar, com um semblante de preocupação. O jovem de trajes brancos piscou para sua subordinada, em seguida a imensa barreira azulada se materializou novamente frente dos dois, protegendo-os. A pressão no ar devido ao impacto fez as roupas de ambos tremularem violentamente. Vlad se irritou com a interferência, começou a deferir uma chuva de socos e chutes furiosos contra a barreira. Sem obter êxito em seus golpes, apoiou seus pés na mesma e saltou, fazendo uma meia lua enquanto permanecia no ar. Trouxe seu braço direito para próximo de seu peito, logo depois posicionou sua mão a esticando e aproximando-a de seu braço esquerdo, ameaçando lançar algo contra o escudo projetado pelo poder de Hecate.



Ad Inferos! exclamou, em seguida cortou o ar com seu braço, lançando um turbilhões de chamas que se chocou com a barreira. Esta permaneceu intacta, resistindo ao forte golpe.



Após chegar ao solo, o rapaz teve que suportar o gesto de Hiero que representava um elogio ao seu ataque. Margery gritou palavras ameaçadoras e provocantes para o Chernobog sobre não copiar técnicas e utilizar as suas próprias. Este resolveu ignorar os dois por um instante para poder refletir sobre sua situação.



‘’ Mesmo presa pelo seu próprio golpe, ela é capaz de protegê-lo. ’’



Neste momento, virou-se para conferir se a devatã do tempo ainda se encontrava imobilizada pela sua própria magia. Notou com isto que a esfera estava trincando, assim como acontecera consigo anteriormente.



Com a ruptura da esfera, Hecate se libertou e após se recompor, direcionou seu olhar sem consciência ao Chernobog. O rapaz procurava arquitetar uma estratégia urgentemente. Tentou mais uma vez conversar com a jovem e novamente não obteve sucesso em fazê-la se livrar de sua situação.



– Desista, Vlad. – disse Hiero, assumindo um semblante sério e um olhar sombrio. – Tenha um pouco de...



" Mestre... Tenho em mãos o que desejas. Estou a caminho para lhe entregá-la. Por favor, me conceda o portal. "



O devatã de olhos escarlate percebeu que Hiero cessou sua fala subitamente, assumindo um sorriso no rosto logo depois. Deduziu que algo o havia interrompido, mas não fazia a mínima idéia do que poderia se tratar.



– Hoje é meu dia de sorte! – exclamou, ajeitando os óculos e deixando seu alvo confuso. – Tenho outra surpresa para você. Espero que goste, pois juro que fiz isto de coração.




– Juro que o arrancarei de seu peito com minhas próprias mãos. – ameaçou o Chernobog, virando-se para encarar seu oponente, sem entender a euforia do mesmo.



– Ora, não seja insolente. – sorriu. - Ah! Desculpe-me! - exclamou, colocando a mão na testa. – Acho que perdi a cabeça. – pronunciou tais palavras, pausadamente. – Realmente não tenho coração.



Neste instante, uma nova fenda longitudinal projetou-se ao lado de Hiero e todos a olharam atenciosamente. Após a fenda se abrir, uma pessoa caminhou para fora.



– Zero Leviathan. – balbuciou Vlad, sentindo repulsa por suas palavras.



Surgiu um rapaz cobrindo-se com uma capa azul marinho com detalhes que lembravam o esqueleto das patas de alguma criatura que também tinha coloração azulada, porém de tom mais escuro. Tal esqueleto se estendia pelos ombros, cobrindo uma grande parte da capa. Seus olhos azuis, seus cabelos curtos arrepiados e prateados como os do Chernobog lhe davam um ar sério. Era do mesmo tamanho de seu senhor. Tinha uma aparência jovem também. Possuía um porte físico atlético, porém pouco perceptível devido aos seus trajes.



Após caminhar alguns passos, parou próximo de Hiero e o mesmo lhe dirigiu a palavra:



– Mostre a ele, Zero. – ordenou.



O rapaz obedeceu e com uma de suas mãos empurrou a capa que revelou uma armadura semelhante á de um ninja com alguns características medievais, com um tom de azul marinho. Vlad sentiu uma fisgada em seu coração quando percebeu o que Zero segurava em uma de suas mãos. O jovem Leviathan ergueu a cabeça de William para que o devatã de cabelos prateados pudesse enxergá-la melhor. Alguns respingos de pequenos jatos de sangue mancharam as roupas de Zero e a faixa branca que circundava sua testa, segurando alguns fios de cabelo que tinham um comprimento da largura da faixa.



Vlad estava petrificado por uma avalanche de sentimentos ter lhe dominado. Com o olhar fixo observava a cabeça de seu amigo sendo apoiada pela mão assassina do carrasco de Hiero. Não sabia o que fazer, o ódio era tão grande que mal conseguia se mover. Sua vontade era de matar todos que estavam ali, pois não suportava mais o sofrimento. Sentiu que a qualquer momento se renderia, porém com esforço desistiu da idéia, reconfortando-se no breve momento de silêncio que dominara o ambiente. Procurou adquirir forças para lançar palavras aleatórias ao ar.



– William..... – balbuciou, com uma expressão de desolação. – Não! William! – finalmente gritou tais palavras furiosamente. Uma expansão de energia esverdeada foi emitida de seu corpo, inundando o ambiente com uma energia pesada que fez Hiero e Margery recuarem. – Sua cabeça! Vou arrancar sua cabeça de seu corpo lentamente, para você sentir a mesma dor que William sentiu. Juro por tudo que há neste mundo! Vingarei a morte dele! – apertando seu punho e erguendo para o mandante do assassinato, após fazer suas palavras intensas dominarem todo o ambiente.



O devatã agora furioso caminhou alguns passos, lentamente, e à medida que avançava, a intensidade de sua energia aumentava.



– Zero. – disse Hiero, chamando a atenção de seu fiel assassino.



O Leviathan lançou a cabeça de William para cima, fazendo Vlad direcionar seu olhar a ela atentamente. Logo depois, Margery esticou seu braço estendendo os dedos de sua mão em direção a cabeça e em seguida fechou seu punho bruscamente. O último vestígio do ex-mestre de Vlad foi tomado pelas chamas neste momento sendo pulverizado completamente. O devatã de olhos tomados pela fúria assistiu aquela cena com uma dor gélida em seu peito. Lembrou-se que seu amigo havia lhe dito que não tinha muito tempo de vida. Sabia que o mesmo estava sofrendo por uma doença grave causada por uma magia em uma batalha, mas refletiu se o mesmo já havia previsto sua própria morte e não se dera conta disto.



Assim que decidiu tomar uma atitude, a esfera de Hecate se materializou prendendo-o novamente. Hiero suspirou profundamente e chamou a jovem que conjurara a magia de aprisionamento. Após a garota se posicionar ao seu lado, lhe sussurrou algumas palavras, deixando Margery curiosa. Antes que a esfera começasse a trincar, a jovem descendente da família Chronus caminhou alguns passos em direção ao seu amigo e agora presa. Após se posicionar em sua frente, iniciou uma conjuração.



– O que ela está fazendo, mestre? – indagou Margery.



– Ela prenderá Vlad em uma dimensão paralela e o fará sofrer eternamente. Primeiro ordenei a ela que retirasse todos os poderes dele para que não pudesse escapar. – respondeu, seriamente.



– Ainda bem que ela está do nosso lado. – observou a garota, assistindo Hecate iniciar seu recito.



Solemnia Verba:... – disse, exaurindo uma energia azulada. – ‘’ Deslize pelas paredes de vidro, graciosamente, areia oriunda do caos do sistema vital. Transcenda os limites de sua existência, alternando entre um estado estático e dinâmico. Transporte os fatos pela membrana do tempo, soberana do fluxo de consciência. Promova a ruptura dos limites inerentes à vida. ‘’ acrescentou, erguendo sua mão direita para o deva aprisionado, – Setentia est. Actio #2.



Uma insígnia com um aspecto semelhante á de um relógio se projetou no chão. Os ponteiros eram distorcidos e o centro do círculo aonde continha as horas e minutos, que se assemelhavam a cristais, era interceptado por uma meia lua e um sol de mesma coloração da insígnia que se encontrava no interior de uma grande circunferência. Após a conclusão do recito, os ponteiros moveram-se em sentidos opostos rapidamente, em seguida se coincidiram em um mesmo ponto. Logo depois, a insígnia irradiou uma forte luminosidade. Dispersou-se tomando a forma de um espectro azulado que circundou a garota.



A esfera em que o Chernobog se encontrava, iniciou uma rotação em sentido anti-horário, e uma energia emanou da mesma. As roupas negras de Vlad começaram a se desgastar, como se estivessem envelhecendo. Uma áurea esverdeada começou a ser emanada do corpo do rapaz, e diminuiu de intensidade gradativamente. Hiero e Margery assistiam a cena demonstrando ansiedade enquanto Zero se mantinha indiferente.



De repente, um impacto de consciência fez Hecate adquirir controle sobre seu corpo. Percebeu o que estava fazendo e procurou se esforçar em manter o domínio para evitar lançar Vlad á uma dimensão paralela. Com um último esforço, decidiu que deveria utilizar uma técnica que substituiria a desejada por aquele que a ordenara.



Sine die. Ad multos annos! – exclamou Hecate, logo depois o chão abaixo de Vlad desfigurou-se revelando um buraco negro que se expandiu.



– Multos annos? – indagou Hiero, surpreendendo-se – Droga!!! – percebeu o que estava acontecendo e em seguida gritou tentando fazer a Chronus fechar o buraco, porém não obteve sucesso, pois a garota manteve-se no domínio por mais alguns segundos, até Vlad ser completamente tragado pelo buraco, ocorrendo à ruptura da esfera aonde o mesmo se encontrava.



O buraco se fechou bruscamente logo depois e como o Chernobog havia perdido a consciência, não pode escapar assim que a magia de aprisionamento cessou. Neste momento, Hecate sorriu entregando seu corpo ao poder de Hiero. Sabia que havia salvo seu amigo e que o mesmo neste exato momento, estava viajando pelo tempo, em direção ao futuro, longe do alcance do Krýpsimo. O plano havia se concretizado em sucesso pleno.



Preview: ...



A emissão de Hiero cessou bruscamente gerando uma forte pressão ao seu redor, cessando o tremular de sua roupa. Logo depois, o Krýpsimo ajeitou seus óculos e suspirou profundamente, aproveitando o silêncio que dominara o ambiente para refletir sobre seu descuido.



‘’ Quando isto terá fim?’’



Logo depois se dirigiu aos seus dois subordinados.



– Vamos embora daqui, temos que pensar em um plano para encontrar aquele inseto no futuro. – ordenou Hiero, demonstrando impaciência.



Após se posicionar frente seus dois subordinados, estes o olharam com ar de seriedade. Em seguida, Margery desviou o olhar para o lado e depois dirigiu a palavra ao seu mestre.



– O que vamos fazer com essa gente? – indagou a ruiva.



Hiero direcionou seu olhar aos convidados de William e percebeu que todos continuavam agrupados e em silêncio. Logo depois, o Krypsimo caminhou alguns passos a frente em direção aos mesmos e respondeu a pergunta:



– O que todos fazem com o lixo que produzem.



....



Próximo capítulo: Um convidado inusitado.



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Notas finais do capítulo

Comentem por favor xD.