Solemnia Verba escrita por Blitzkrieg


Capítulo 3
Capítulo 2: Setentia est.


Notas iniciais do capítulo

Margery Pyromorphisis desafiou Vlad Chernobog para uma batalha até a morte. Recebendo ordens de seu superior, avançou contra o devatã (sinônimo de deva) utilizando seus mais poderosos golpes. O rapaz de cabelos prateados era obrigado a enfrentar uma jovem habilidosa que conseguiu atingir um nível notável e com certeza era um obstáculo para reencontrar aquele que talvez fosse um dos responsáveis pela morte de seus pais.



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Enquanto acontecia o impasse entre Margery e Vlad, William caminhava desatentamente por um corredor. Vagou pelos cômodos do palácio á procura de um conhecido, para apresentá-lo a seu amigo, mas não o encontrou em parte alguma. Deduziu que o mesmo poderia ter retornado ao salão, já que não estava em lugar algum. Sendo assim, decidiu retornar para o local aonde se aglomeravam seus convidados. Porém, foi surpreendido por uma voz familiar que pronunciou algumas palavras perturbadoras.



Animus Violandi.– balbuciou, fazendo William alterar sua fisionomia despreocupada em seriedade plena.



Virou-se para visualizar o enunciador de tais palavras tão incomuns, e neste momento ocorreu uma transfiguração dimensional sobre o ambiente, assim como aconteceu no local onde Margery e Vlad se confrontavam no momento. Um olhar atento foi o suficiente para fazer William se surpreender novamente, desta vez a surpresa se originou pelo reconhecimento da figura que se postou a sua frente.



– Você!?



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Neste meio tempo, no centro do salão principal, o rapaz de cabelos prateados chegava a conclusão de que sua interpretação sobre todos aqueles acontecimentos e inclusive suas hipóteses sobre quem era o mandante da jovem estavam corretas. Deduziu que o seu verdadeiro inimigo estava assistindo toda aquela situação protegido de qualquer ataque. Aquilo tudo não passava apenas de mais uma tentativa de matá-lo, assim como outras inúmeras que ocorreram, pois era o único capaz de impedir que esta pessoa que sempre o ameaçava, conseguisse realizar a sua maior ambição. Refletiu neste momento, se a menina ruiva de vestido vermelho que fazia parte da família Pyromorphisis, possuidora de uma linhagem que lhe dava domínio sobre magias referentes ao elemento fogo, não era apenas mais um fantoche controlado por seu inimigo.



Margery encarou seu adversário e procurou se concentrar em seu objetivo, ou melhor, nas ordens que recebera. Analisando a situação, procurou escolher a melhor forma de atacar um dos devatãs mais poderosos.



Vlad Chernobog interrompeu os pensamentos da ruiva, com suas palavras provocantes.



– Vamos! Estou esperando seu primeiro movimento! – ergueu um pouco o tom de sua voz, pois estava a uma boa distância da garota. – Não vê que estou aguardando uma atitude? Sei que você compreende que na verdade estou na expectativa de visualizar os seus feitiços mais poderosos. – acrescentou, retirando as mãos de seus bolsos, cruzando seus braços em seguida. – Uma vez me deparei com um membro da família Pyromorphisis. Disse que lutaria comigo e me derrotaria para impedir que eu dominasse todos os aliquids. Percebi que ele não estava sofrendo uma hipnose. Fora convencido desta loucura, sobre os aliquids, simplesmente com os argumentos falaciosos do “ventríloco dos idiotas”.



– Eu não estou sobre o efeito da Mesmerize, para a sua informação. Eles estão. – disse Margery, apontando para as pessoas que assistiam aquela conversa. – sorriu e logo depois direcionou seu olhar ao Chernobog mais uma vez. – Fui escolhida como a mais forte para lhe derrotar esta noite.



– Entendo. – disse Vlad, estalando os dentes e desviando o olhar da moça. – Pelo seu poder, julgo que você pertença a classe A. Estou enganado?



– Exatamente... Pertenço a mesma classe que você. Portanto, não me subestime.



– Não se iluda, possuo mais experiência. E você provavelmente atingiu este nível recentemente. Percebo isto pela sua impaciência imatura em demonstrar sua força. – provocou Vlad, descruzando os braços.



– Vou acabar com esta sua arrogância em breve. – disse Margery, erguendo seu leque, abrindo-o bruscamente logo em seguida.



Margery sabia que a especialidade de um descendente da família Chernobog consistia em aprender e dominar um feitiço, não importando o nível deste, apenas com uma única visualização do golpe. Portanto, o ideal seria atacar com toda a força, para que o adversário não fosse capaz de se defender. Era do conhecimento da moça, a dimensão do poder do aliquid de violação que Vlad Chernobog possuía, e era este o fato que o fazia ser tão famoso entre os devas ou também chamados de devatãs, porém nomeados pelos humanos de diversas formas, entre elas, bruxos.



– Sua habilidade é bastante covarde. Isto para mim pouco importa na verdade, pois eu lhe matarei agora e a sua fama acabará aqui. Por isto usarei todo o poder que tenho. – após dizer tais palavras, Margery preparou-se para iniciar a batalha. – Animus Necandi. Uma energia pesada tomou conta do ambiente.



Tratava-se da energia provinda de uma magia primordial que era utilizada pelos devas para intimidar o oponente. A manifestação de energia despertou o interesse de Vlad, fazendo-o alterar seu semblante.



– Muito bom... – disse, olhando a garota com um meio sorriso. – O deva que enfrentei, mesmo dominando o mesmo aliquid que você, não tinha uma energia tão poderosa. É de se surpreender que uma Pyrmorphisis como você tenha tanto poder assim.



Margery ignorou o comentário e tratou de iniciar os ataques.



Ad Inferos. – após pronunciar tais palavras, uma rajada de fogo surgiu ao redor de seus pés e iniciou uma rotação elevando-se a cada volta. Assim que o círculo de fogo atingiu a altura de seus joelhos, expandiu bruscamente e logo depois, com um movimento brusco de seu leque, a garota lançou a rajada de fogo que trilhou o chão velozmente em direção ao Chernobog. Após ultrapassar a metade do percurso, a trilha se expandiu em várias rajadas simultâneas que costuraram o ar e se dirigiram ao encontro do rapaz de cabelos prateados, que aguardou pacientemente a chegada das mesmas.



Vlad continuou com a fisionomia serena enquanto as chamas nervosas se dirigiam ao seu encontro. Assim que as mesmas estavam prestes a atingí-lo, ergueu sua mão direita, estendendo seus dedos como se fosse segurar algo.



Actio ad nullitatis. – disse, em tom sereno, como se conversasse com um velho conhecido, demonstrando indiferença á técnica. As chamas atingiram uma barreira convexa em relação às mesmas, que se projetou em frente ao rapaz, protegendo-o. Tal barreira possuía um aspecto translúcido, porém era constituída de uma energia sombria. Cada vez que uma chama era desviada do trajeto, a barreira desaparecia e reaparecia quando outra chama procurava atingi-lo. Desta forma, todas as rajadas de fogo que cruzaram o ar foram desviadas para outras regiões. Várias delas se dirigiram ao encontro das pessoas que estavam paralisadas devido ao efeito da magia de violação temporal. Assim que as chamas atingiram tais pessoas, as mesmas se desintegraram em várias partículas, desaparecendo por completo.



Tudo que era vivo era preservado na transfiguração dimensional dentro da redoma gerada pela magia Animus Violandi, quando esta era utilizada ao nível máximo. A princípio, poderíamos inferir disto, que as pessoas que eram afetadas pela magia de violação eram extinguidas ao serem atingidas, mas isto não ocorria, pois uma vez que um deva desativasse a transfiguração dimensional, tudo que havia sido dominado pela magia, retornaria a seu formato original. Exceto aqueles que possuíam sangue de um devatã correndo em suas veias. Sendo assim, os devatãs eram capazes de utilizar qualquer tipo de magia dentro da redoma dimensional, sem se preocupar com os efeitos sobre a realidade, pois realmente se tratava de uma dimensão paralela.



Uma aura avermelhada foi irradiada do corpo de Margery e fluiu ferozmente, gerando uma forte pressão no ar ao seu redor, que contribuiu para soltar os cabelos da jovem que estavam presos parcialmente, devido aos acessórios utilizados em seu visual planejado para a festa. Logo depois, Margery repetiu o mesmo ataque contra Vlad, pronunciando as mesmas palavras de antes.



O Chernobog se tornou alvo de inúmeros cordões flamejantes, em maior quantidade desta vez, que se dirigiram velozmente em sua direção. Mesmo assim, Vlad resolveu no último instante não utilizar uma magia de defesa, pois pretendia terminar aquela luta o mais rápido possível para caçar o responsável por tudo aquilo. Com um leve impulso de seus pés, desapareceu por adquirir uma velocidade fora do comum. Desviando-se das chamas, sentiu-se incomodado por saber que a moça iria lutar com todas as forças. Chegou a esta conclusão por observar que a mesma estava preparando um dos feitiços mais poderosos que um devatã poderia realizar.



Solemnia Verba:... – balbuciou Margery, estendendo sua mão direita lateralmente e logo depois diminuiu a força com que segurava seu leque, fazendo-o inclinar-se, deixando-o na iminência de cair. – “Abram-se! Portões moldados pela fúria do fogo. Pulverizem os cadeados da temperança e avancem contra o mundo das redenções infames enchendo-o de desespero. ’’ – acrescentou, enquanto seu leque entrava em chamas desintegrando-se e liberando uma corrente de fogo violenta ao redor da jovem.



Enquanto isto, uma insígnia se projetava no chão. Margery se encontrava no centro da circunferência da qual a insígnia estava inserida. O desenho de um diamante em chamas no centro de uma estrela de 5 pontas era projetado gradativamente em contornos e esta figura tratava-se do símbolo de sua família, o aliquid tomando a forma representativa do inconsciente coletivo do clã de Margery, demonstrando que o fogo insaciado deseja consumir até mesmo o material mais resistente. – Setentia est.. – finalizando um poderoso feitiço, direcionou seu olhar ao Chernobog que agora assumia uma expressão de ansiedade ao observá-la ao redor das chamas. – Actio # 1. Sopro da morte! – finalizou o feitiço. Imediatamente após a conclusão do recito, a insígnia abaixo dos pés de Margery irradiou uma energia rubra assombrosa e logo depois as chamas que pulverizavam o leque da ruiva circundaram seu corpo que foi tomado gradativamente pelo fogo. Em seguida, Margery trouxe sua mão, que segurava o leque anteriormente, até seu queixo e estendeu a palma de frente para o mesmo. Com tal movimento, as chamas que estavam ao seu redor condensaram-se velozmente em uma pequena esfera de fogo a frente de seus lábios e logo depois foram disparadas por meio de um sopro sutil.



À medida que a primeira esfera prosseguia, aumentava bruscamente de tamanho e velocidade. Por meio de vários sopros, Margery lançou inúmeras esferas de fogo semelhantes que se dirigiram á Vlad. O Chernobog percebeu que esta era uma magia poderosa, não só por ser um recito de Solemnia Verba, mas também por ter se originado de uma deva com um poder fora do comum. Sendo assim, não houve alternativa a não ser a de se defender com uma das magias que dominara em suas lutas passadas e que ainda possuía pleno domínio.



Montis Congelatus. Com tal magia, Vlad fez surgir uma parede de gelo que se originou do chão a poucos metros de distância e cobriu uma grande área em formato de arco a sua frente. Como o poder de uma magia era diretamente proporcional ao poder do emissor, a parede assumiu proporções colossais, se assemelhando a dimensão assombrosa que grande parte das esferas também assumiram, devido a distância que percorreram.



O domínio do fogo sobre o gelo após a colisão surpreendeu Vlad que percebeu que o impacto das esferas fora tamanho que destruiu grande parte da parede, fazendo desta forma alguns blocos de gelo caírem e antes dos mesmos chegarem ao chão serem dominados pelas chamas e incinerados completamente. O vapor originado pela água do gelo ofuscou sua vista, tornando-o incapaz de visualizar o que estava por vir. Assistiu atenciosamente a imensa parede ser consumida pelo fogo. Por alguns instantes, pensou que o ataque de Margery havia terminado, porém foi surpreendido novamente desta vez por uma imensa esfera que surgiu evaporando todo o restante do gelo de uma só vez. Impressionado, aguardou a esfera se aproximar. Sabia que não tinha mais do que alguns segundos para tomar alguma atitude.



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Preview:

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Tratava-se de uma jovem bonita e de uma sabedoria imensa. Margery assim que a identificou, preparou-se para atacá-la. Porém, antes que pudesse iniciar um ataque percebeu que a intervinde na luta havia cessado seus passos. Sem entender a atitude, analisou-a com seu olhar, seriamente. Procurou lhe dirigir a palavra, com a intenção de receber uma resposta que justificasse sua presença, contudo percebeu que outra pessoa também estava atravessando a fenda no momento. Reconheceu a presença de seu senhor rapidamente e com isto se conteve. Uma pessoa trajando uma robe branco semelhante ao de Vlad finalmente atravessou a fenda e caminhou em direção á Margery, deixando-a apreensiva.



– Por quê?... – indagou Margery, demonstrando perplexidade por seu mandante ter trazido a jovem de vestido negro á luta.



– Você enxerga, mas não vê, preste mais atenção. – disse o rapaz de aparência jovem, trajando um robe branco que tinha uma linha negra tracejando toda sua extensão.



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Próximo capítulo: Krypsimo: Aquele que se esconde.



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Notas finais do capítulo

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