Solemnia Verba escrita por Blitzkrieg


Capítulo 28
Capítulo 27: A Chave da Fortaleza.


Notas iniciais do capítulo

Hecate Chronus havia condecorado seu fiel soldado Ayemon, devido aos seus feitos em batalha. Porém, o inimigo ainda avançava. A estratégia contra o avanço do inimigo possuía uma simplicidade que incomodava, consistindo apenas em separar os devas invasores, diminuindo seu número para que os efeitos do confronto fossem amenizados. As defesas da fortaleza deveriam ser suficientes para lidar com pelo menos dois ou três devas invasores de alta classe, além disso, Hecate sabia que provavelmente participar diretamente na batalha em algum momento. Seja como fosse, estaria pronta para enfrentar o Krypsimo, mas para que isso acontecesse era fundamental que as condições fossem estabelecidas. Avançando pelos portões, Gordon, o general do exército de Chronus, estava decidido a concluir sua parte na estratégia.



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Os portões se abriram, ruidosos e pesados, o imenso campo de gramíneas cresceu pela vista afora, os soldados marcharam para enfrentar seus inimigos, corajosamente. Gordon estava à frente de tudo aquilo, comandando aquela horda, e gritando para os soldados, um comando para que cessassem o movimento. Ele ergueu uma de suas mãos e expandiu seu poder ao máximo, para chamar a atenção de seus cavaleiros e intimidar os inimigos. O punho erguido no ar, conseguiu uma energia rubra. Assim que a explosão massiva de energia ocorresse, todos deveriam fazer o que havia sido planejado. Um comando mental foi o suficiente para fechar o punho e produzir uma explosão prevista que se dispersou em uma onda avermelhada. O grito conjunto das palavras foi ensurdecedor.

Animus Ambulandi.

A materialização do poder dos devas, o aliquid, aquela “coisa” que permitia a violação das leis físicas do universo, se elevou no ar, cobrindo os soldados como um manto de energia. Logo, gradativamente, os corpos foram desaparecendo, por assumirem uma velocidade incomum. A direção do movimento era guiada por uma espécie de sexto sentido, que permitia revelar uma fonte de energia sombria brotando daquele imenso campo infinito de gramíneas. Foi na direção daquela fonte que os soldados se dirigiram velozmente. A fonte de energia, uma fenda negra, se rasgou no ar, há muitas milhas dali. A horda se aproximava, os primeiros soldados já se posicionavam, concentrando sua energia para dispará-la contra o inimigo, materializando através das palavras corretas, o desejo de vencer a batalha.

A boca negra se abriu, se desprendendo violentamente das áreas que poderiam ser associadas a seus lábios. Era imensa e os soldados sentiram um calafrio intenso. A condução de energia se concentrava no punho, também na palma de uma mão, também em uma espada qualquer, erguida e apontando para o alvo, na sua extremidade afiada uma esfera se projetava. Cada um, com seu poder particular, se preparava para atingir o que viesse a sair dali. Dois aliquids distintos puderam ser percebidos. Alguns guerreiros, nervosamente, aumentavam a energia acumulada, não sabiam o que viria. Logo veio a resposta. Um turbilhão de chamas surgiu do interior negro fosco, muitos se surpreenderam, as chamas eram enormes e intensas. Outros companheiros começavam a se materializar ao redor e nem ao menos trataram de preparar o ataque, se surpreenderam com a onda de fogo que vinha na direção deles. De repente, uma onda, desta vez de água, surgiu acima, como se fosse cobrir o fogo e apagá-lo, saindo também do interior daquela coisa.

– O que é isso? – indagou um soldado aterrorizado, estava prestes a fugir. – O Leviathan não havia sido aprisionado? – A confusão se estampou em seu rosto.

– É muito grande, não tem como parar. – afirmou outro guerreiro que estava próximo.

Quando já preparavam para recuar, a água tocou as chamas e a calefação fez emergir uma forte nuvem densa de vapor que cobriu toda a região. Não se podia enxergar mais nem um palmo na frente do rosto. Muitos corações dispararam pela última vez naquele momento e cessaram logo após alguns gritos de dor ensurdecedores serem ouvidos. Muitos gritavam o cantio de teletransporte primordial, mas não havia para onde ir, era preciso enxergar o local para o teletransporte e nada podia ser enxergado naquela densa nuvem. Não podiam imaginar um local para fugirem pelo cantio, pois como o campo era infinito, dois lugares na dimensão seriam exatamente iguais em aparência, a não ser o interior da fortaleza de Hecate, para qual infelizmente eles não poderiam regressar, por causa da barreira que a protegia. Alguns guerreiros disparavam seus projéteis de energia aleatoriamente, mas logo uma chama os apanhavam, ou uma lâmina afiada lhes retalhavam o corpo. A carnificina continuou por um tempo, até Gordon chegar.

Vires Instrisicus! – gritou o general, enfurecido.

Zero deveria ter sido aprisionado. Tem algo errado. “

O punho fechado concentrou uma energia rubra, a pressão do poder fez sua capa ondular freneticamente. O soco se dirigiu ao chão e um rugido de força foi emitido. O solo pedregoso não resistiu, rachaduras serpentearam no solo velozmente, em uma onda que progrediu. Camadas do solo se desprenderam e se ergueram em cristas de rocha que se expandiram, gerando uma vibração no ar, dispersando grande parte da cortina de vapor.

– Efflari! – gritou o general irritado.

O poder rubro explodiu em uma rajada violenta que dançou no ar. Os soldados que sobreviveram, direcionaram os olhares espantados para seu superior. Os cabelos negros de Gordon se soltaram, e tremularam para cima. Tanto os cabelos, quanto os pelos faciais, alteraram sua coloração para um rubro da cor do sangue. Seus dentes estavam tão fortemente serrados que filetes de saliva escorriam de sua boca. Os punhos se fechavam como se ameaçassem acertar qualquer um que se aproximasse.

– Ataquem com tudo! – gritou o general, para seus guerreiros. – Animus Ambulandi!

O imenso deva, comandante daquela horda do exército de Hecate, desapareceu subitamente, mesmo trajando uma armadura pesada, sua velocidade ainda foi suficiente para torna-lo invisível por uns instantes. Um redemoinho de chamas surgiu em um ponto e o punho o atravessou velozmente, as chamas envolveram o braço do general, rodopiando em uma velocidade impressionante, procurando parar o ataque. Logo a sua frente, Margery se projetou por um estouro de chamas, suas mãos estavam posicionadas como se fossem agarrar o punho, mas tudo que ela fazia era concentrar sua energia naquele soco que iria atingi-la.

“ Se ele me atingir nesta velocidade eu serei destroçada. “

Os gritos furiosos do general fariam qualquer um tremer de medo. A força que ele fazia empurrando o punho era assustadora. Margery tentava a todo custo diminuir a velocidade do golpe, enquanto prendia o enorme braço com suas chamas, mas a energia gasta controlando o fogo naquela rotação era demais. A pressão que o vento fazia pelo rodopio das chamas, lhe impossibilitava de escapar. A Pyromorphisis percebeu que muitos devas inimigos estavam próximos, como se protegessem ambos de qualquer interferência externa. Algo não estava certo, o que aconteceria se aquele punho a tocasse? Ela não saberia dizer, por isso procurou aumentar a força das chamas, somente para perceber em seguida que seus esforços se tornavam inúteis, pois o punho já estava muito próximo.

Meio distante, Margery pôde avistar Hiero se aproximando, sua expressão estava séria e concentrada. Os soldados inimigos fizeram uma formação para impedir que o Krypsimo chegasse até ela.

– Mesmerize. – sussurrou Hiero, erguendo a palma de sua mão, em direção aos que o impediam. Uma energia violeta que se tornou negra gradativamente, se expandiu de seu corpo e um vulto trespassou os corpos dos soldados. – Corruptio Mentis. – disse, fechando seu punho em seguida. As cabeças dos inimigos explodiram e seus corpos sem vida despencaram na grama verde, os jatos de sangue ensoparam a vegetação.

Gordon não pôde deixar de notar o imenso poder que simplesmente se elevou do Krypsimo que se aproximava, no momento do cantio. O pico de energia era alto demais. Deveria seguir com o plano, não seria capaz de aniquilar o principal alvo. Portanto, tratou de impulsionar seu braço para frente, quebrando a corrente de fogo. A mão segurou a jaqueta da deva que manipulava as chamas que se extinguiam.

– Animus Ambulandi! – gritou o cantio mais uma vez, Margery tentou se desprender, mas já era tarde. Uma insígnia se projetava no chão, tratava-se da imagem de um punho cheio de cicatrizes, brilhando em um vermelho vivo e circunscrito totalmente.

O general deu um olhar de soslaio para o Krypsimo, notou que o mesmo o encarava e por um momento sentiu medo, algo que há muito tempo não sentia enquanto estava enfurecido. Não sabia dizer se estava saindo dali para fugir, ou para cumprir o combinado com Hecate, de isolar um dos inimigos do restante. Logo, tanto seu corpo, quanto de sua inimiga desapareceram.

O Krypsimo percebeu que quase todos os inimigos se encontravam mortos, alguns agonizavam. Subitamente, Sorrow e Godard surgiram, se aproximando. Alastor observou o lugar, outra carnificina, deduziu e com um olhar curioso para Hiero lhe dirigiu a palavra.

– Seu poder é impressionante, Krypsimo. Estou muito curioso em saber o que os soldados enxergaram para eles ficarem tão atordoados e com medo, disparando seus poderes pro nada. E também, gostaria de saber o que houve com aquele guerreiro gigante que simplesmente esmurrou o chão do nada.

– Tratou-se de uma ilusão, uma rajada imensa de chamas sendo coberta por um manto de água, gerando um vapor que se dispersou, aprisionando os alvos. Tudo feito para enganar o inimigo, causando a falsa impressão de que Zero ainda se encontrava entre nós. – Foi Godard que explicou, flutuando próximo do imperitus questionador.

– Entendo. Como você foi gerado pelo poder do Krypsimo, consegue compartilhar da mesma visão dos efeitos hipnóticos. – comentou Sorrow, franzindo o cenho, enquanto fitava seriamente as costas cobertas pela túnica branca do seu aliado temporário. – Qual foi a condição para que a ilusão tomasse conta? Um poder tão perigoso assim, deve conter um ponto fraco.

– Você não acha que meu mestre irá revelar tal coisa para você, não é mesmo? – indagou Godard, soltando com uma curta risada. – Não seja tolo.

– Aquele era um soldado de patente alta, experiente em batalhas. Ele percebeu que tudo era uma ilusão. O soco no chão foi para confirmar sua teoria. Se houvesse mesmo uma cortina de vapor ela se dispersaria de uma maneira única. – explicou o Krypsimo, enquanto seu olhar estava longe avistando o campo a sua frente, ignorando totalmente a conversa. – Margery poderá ter problemas em enfrenta-lo, aquele era um legítimo Daemon, sangue puro. Seus cabelos se tornaram ruivos ao expandir sua energia.

– Sim, imaginei que se tratava de um Daemon. – disse Sorrow, se posicionando ao lado do Krypsimo. – Os descendentes daquela linhagem possuem essa marca característica na alteração do poder. São ruivos de natureza, mas dizem que os mais fortes são aqueles que conseguem dominar a energia ao ponto de tornarem seus cabelos escuros totalmente. Que interessante, não poderia ser mais irônico, um demônio lutar com uma manipuladora de chamas. – observou Alastor, com um sorriso no rosto, enquanto procurava sentir o aliquid do deva que chamara a atenção de Hiero. – Bom, se Margery não deixar ele realizar a mais forte solemnia verba, ela poderá ter chances. – comentou, recolocando o capuz de sua túnica escura, cobrindo o rosto que pertencia ao ex major Waldrich Leviathan.

– É... – disse Hiero, desviando o olhar para o imperitus ao lado. – Uma vez avistei a materialização do poder de um Daemon, é algo que amedronta, intimida, mas Margery não é uma mulher fraca que se esconde de medo. Se fosse, não faria parte disso tudo ao meu lado. – comentou o Krypsimo.

– Vejo que você nutre certa simpatia por esta Pyromorphisis. – sorriu Sorrow, cruzando os braços.

O Krypsimo fitou Alastor por um instante, permaneceu em silêncio, como se não houvesse necessidade de responder tamanha futilidade. Estendeu o braço e traçou uma linha no ar, fazendo surgir a fenda negra que desprendeu desajeitadamente até se abrir por completo.

– Vamos logo com isso. Nenhum desses irá servir? – indagou o Krypsimo, fazendo sinal com a cabeça para os mortos no chão.

– Aquele ali está bom. – disse Alastor, apontando para um cadáver.

– Ande logo com isso. – disse Hiero, meio impaciente.

Os passos foram despreocupados, sem pressa alguma, talvez motivados pela simples vontade de irritar o devatã que ajeitava seus óculos. O imperitus que uma vez foi aluno do misterioso deva William, se aproximou daquilo que antes havia sido um ser vivo. Ajoelhou-se perante o corpo, aspirou o odor que provinha daquele amontoado de matéria orgânica dilacerada. Algumas palavras foram ditas, quase um sussurro, saiu quase como uma oração. Hiero não pôde deixar de esconder a curiosidade, sem perceber inclinou um pouco o corpo com uma intenção inconsciente de ouvir melhor as palavras.

– Esta é a chave, ainda há consciência. – disse Sorrow, como se falasse consigo mesmo.

– Onde há consciência? – indagou Godard, também demonstrando certa curiosidade.

– Aqui.

A mão enluvada se enfiou nos restos mortais, uma alma translúcida com aspecto vermifóide se enrolou no braço do imperitus e mordiscou filetes de energia esverdeada que escapavam dos orifícios do corpo. A energia tremulava no ar como se fossem minhocas e o verme translúcido as mordiam arrancando pedaços e engolindo. Não demorou muito para terminar. Os restos mortais do soldado permaneceram imóveis sobre a grama ensanguentada. Sorrow se ergueu e inspirou o ar profundamente, como se estivesse se revitalizando.

– E então? – indagou Hiero.

– Sei onde fica a fortaleza. – respondeu Alastor, virando seu rosto para fitar seu aliado. – O resto, será contigo, Krypsimo. – acrescentou, se dirigindo com passos firmes e seguros em direção a fenda negra que estava aberta no espaço logo a frente.

Sem responder, o filho de Phrynichus seguiu seu caminho ao lado do ceifador e devorador de almas. Godard foi flutuando logo atrás. Os três invasores remanescentes estavam dispostos a ir até o fim em sua missão. A fenda se fechou e somente o silêncio sobrou naquele lugar manchado de sangue.

Preview:...

"– Espere! – gritou Vlad, sentindo um calafrio.

– Não tenho escolha a não ser lhe mostrar. Como a mente inconsciente domina seus movimentos, fica praticamente impossível de se defender dos golpes, pois eles não terão um padrão e focarão nos pontos vitais do oponente. A única forma de escapar dos golpes, será responder na mesma moeda, utilizando a vontade assassina. Sendo assim, o vencedor será aquele que tiver a maior vontade.

Um poder sombrio, escuro, começou a ser emanado de William, com uma intensidade que pareceu escurecer o ambiente que antes estava tão bem iluminado. Poderia ser apenas impressão, mas o instinto alertava que aquela era uma situação perigosa. O medo se apoderou do jovem Chernobog que rapidamente emanou seu aliquid ao máximo. Sua energia esverdeada parecia uma pequena lamparina em um mar de escuridão. Vlad notou que os olhos de William haviam perdido o brilho, como se tivesse entrado em transe. Era preciso lutar com todas as forças, ele havia pedido por isto. Se não dominasse esse novo estilo de luta seria morto. Tratou de silenciar a mente e o coração, sentiu seu corpo mais leve, mas o ataque já estava muito próximo. ‘’

Próximo capítulo: Trevas.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor ^^.



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