Solemnia Verba escrita por Blitzkrieg


Capítulo 22
Capítulo 21: Uma Experiência Bem Sucedida.


Notas iniciais do capítulo

Waldrich Leviathan havia sido derrotado pelo ex prisioneiro de Chronus, Alastor Anúbis, conhecido também por Sorrow, o senhor das mil almas. Parecia que tudo estava acontecendo de acordo com os planos do Krypsimo. Estava cada vez mais perto de invadir a fortaleza de Chronus, com o objetivo de roubar o artefato ou rem da neta de um dos juízes da trindade reguladora, uma vez que não seria mais possível manipular Hecate para que a própria abrisse o portal para o futuro.

O Belobog havia deixado bem claro que era preciso que o último descendente da família de assassinos Chernobog fosse destruído. Apesar dos indícios de uma possível conspiração arquitetada pelo filho de Phrynicius, era preciso seguir as ordens, sem demonstrar qualquer intenção suspeita. Além disto, dependendo dos poderes do artefato, Hiero poderia subjulgar a dimensão que havia criado com seus próprios poderes, conectando-a ao mundo dos humanos com as habilidades da rem. Tudo estava seguindo o rumo previsto.

Enquanto isto, Vlad estava sofrendo apuros no futuro.



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Um corredor tocado pela escuridão. Os passos eram dados silenciosamente, havia algo de estranho. Uma energia sofria oscilações intrigantes. Os solados dos sapatos diminuíam o ritmo. A incerteza do reconhecimento da identidade de seu aliado tomava forma em seu semblante. Era preciso investigar. Neste momento não poderia haver falhas. Pressionou sua jaqueta fortemente para frente, como se ordenasse que seu corpo seguisse adiante mesmo contra a vontade. Havia uma passagem pela direita, apoiou-se na parede com suas costas. Iria observar sorrateiramente, exatamente como os espiões fazem. Um pensamento no mínimo divertido vinha a sua mente, o de se comportar como uma espiã naquele momento. Observou uma porta semi aberta. Lá estava ele. Sentado na cama. Trajando algumas roupas comuns surradas. Os cabelos prateados eram os mesmos, o porte físico de um soldado bem treinado. As mãos estavam tampando o rosto. Ele transpirava muito. Algo ainda podia ser enxergado pela fresta da porta.



 

“O que há com ele?”



 

– Comporte-se, criança teimosa... – sussurrou, logo depois fez um chiado com a boca como para calar a si mesmo. – Eu preciso de mais tempo. Preciso estar aqui para mostrar a verdade á aqueles olhos imersos na escuridão por tanto tempo. – continuou, com uma voz mansa, como se reconfortasse seu próprio espírito. – Tenho a obrigação de consertar os erros daquele monstro. O fruto de sua perversidade diversas vezes esteve frente aos meus olhos e eu nada pude fazer. Não posso deixar que essa loucura continue. Compreenda por favor. – suplicava, com as mãos tampando o rosto, a voz saía abafada, com um tom de tristeza notável.


 

“O que está acontecendo? Ficou louco?”



 

A ruiva inclinou o rosto para cima, endireitou seu corpo. Logo depois apoiou uma das solas de seus sapatos na parede. A cabeça inclinou para baixo, os olhos fitaram o chão. Compenetrou-se em seus pensamentos.


 

– Alguém está me observando. – disse o Leviathan, retirando as mãos dos rostos e direcionando o olhar para o lado. Cinzas despencaram da parede próxima do corredor, o devatã de cabelos prateados sorriu. – Esta garota poderá me causar muitos problemas. Porém, confesso que tenho uma certa simpatia por ela.


 

“Zero. O que há com você?”



 

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– Entre Gordon, estávamos esperando por você. – disse Hecate,gentilmente.


 

Um homem alto adentrou o cômodo, trajava roupas militares brancas com detalhes dourados. Uma capa branca balançava enquanto caminhava em direção as quatro poltronas posicionadas ao redor de um cículo imaginário, frentes a uma mesa de madeira com um apoio circular. Os cabelos do homem eram grandes e negros, com mechas longas e o excedente amarrado em um rabo de cavalo. Tinha uma barba bem feita, cobrindo todo o queixo, parecia ser uma barba planejada, pois em seu rosto distribuía-se algumas cicatrizes. Os olhos carregavam uma fúria domada assustadora. Tinha um olhar forte como se pudesse derrubar muralhas apenas com um simples desejo. O general sentou-se em uma das poltronas vazias. Notou que a neta de Chronus saboreava um chá da xícara retirada dos objetos prateados que se encontravam apoiados na mesa. Na segunda poltrona encontrava-se Yami Shoal, com suas vestimentas usuais e uma postura de seriedade com uma de suas mãos apoiando o queixo com o dedo indicador apoiado na lateral do rosto. Observava o general com um olhar de indiferença.



 

– Aprecio muito mais este tipo de aparência que você me apresenta agora general. – comentou a Chronus, com um sorriso.


 

A face do homem enrubreceu.


 

– Muito obrigado princesa. – disse, logo depois pigarreou, direcionou o olhar para a última poltrona vazia em seguida. – Parece que o Major está atrasado.


 

– Sim. – respondeu Hecate. - Ele costuma ser muito pontual. Sempre é o primeiro a chegar. Não sei o que houve.


 

– Ele havia me pedido licença, disse que iria esfriar a cabeça. Deve ter procurado uma taverna qualquer na cidade, como ele sempre costuma fazer. – comentou Gordon.


 

– Então ele deve estar bêbado e se esqueceu da reunião. – disse Yami.


 

– Waldrich não é este tipo de homem. Ele cumpre suas tarefas. Possui disciplina. – disse a Chronus, defendendo seu subordinado.


 

– De qualquer forma, acho que poderíamos iniciar a reunião. O major esteve presente no encontro com os anciões, caso decidamos algo relevante será simples explicar para ele quando retornar. – comentou o Shoal, com um leve tom de impaciência.


 

A jovem Chronus repousou a xícara na mesa. Logo depois se endireitou na poltrona.


 

– Está bem. Vamos começar. – disse Hecate.


 

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O olhar atento a grande porta representava a ansiedade totalmente visível. O punho fechado sustentava a cabeça cheia de reflexões. Suspirou, confessou a si mesmo que havia depreendido uma quantidade significante de energia para concretizar seus anseios. O dedo indicador corrigiu a posição a que seus óculos se encontravam.


 

“ Zero, venha ao meu encontro. Agora mesmo. “



 

Uma das chamas negras que queimava contribuindo para a iluminação do ambiente trepidou.


 

“ Zero? Está me ouvindo? “



 

O devatã sentado no trono franziu a testa.


 

“ Sim senhor. Já estou a caminho. “



 

O Krypsimo retornou o olhar para a porta distante alguns metros de sua pessoa. Finalmente pôde sentir duas presenças familiares. A porta se abriu lentamente. Após alguns instantes Godard atravessou flutuando em direção ao seu mestre. Logo atrás, o corpo do major Waldrich, dominado por Sorrow e vestindo a túnica negra do mesmo adentrou o local.


 

– Aqui estamos, mestre. – disse Godard.


 

– Então aqui está o último Krypsimo. – disse Alastor, com um sorriso em seu rosto.


 

Hiero, com um semblante sério aguardou alguns instantes até tomar a palavra.


 

– Gostaria de lhe interrogar sobre o Belobog neste momento, mas preciso testemunhar o encontro de dois devatãs peculiares nesta sala. – disse, erguendo-se do trono em seguida.


 

Antes que Alastor pudesse questionar sobre tal intenção, um devatã adentrou o lugar caminhando discretamente em direção a todos.


 

“ Então ele realmente veio. “


 

Zero se aproximou, grande parte de seu corpo estava coberto com a capa usual. Aproximou-se de Sorrow que tratou de se virar totalmente para o Leviathan. O Krypsimo observava todas as ações de ambos curiosamente. Quando Zero direcionou o olhar para o rosto do major, uma forte sensação se apoderou de seu corpo. Uma das mãos se dirigiu ao próprio rosto cobrindo-o parcialmente. Hiero sentiu a oscilação de sua própria energia sendo emanada de seu subordinado.


 

– O que está acontecendo? Isto tudo é excitação em me ver? – indagou Sorrow, em tom de brincadeira e inocentemente, sem compreender a situação a que se encontrava.


 

Através da faixa na testa de Zero, um símbolo piscava, o contorno podia ser avistado. Tratava-se do símbolo do aliquid de Hiero, assim como a marca deixada pela aquisição de seu cantio mesmerize.


 

“ Ele está lutando contra a mesmerize. Posso notar que o símbolo ainda se encontra lá. Isto quer dizer que o cantio ainda está ativado. Mas isto não é possível! Se William tomou posse daquele corpo, como pode o meu poder dominá-lo entrando em conflito com a consciência de William? Isto não é possível. O cantio deveria ter sido anulado se houve o domínio de outro devatã. “



 

– Mestre, o que isto significa? – indagou Godard, com uma agitação de perplexidade.


 

Sem responder, o Krypsimo apenas ergueu sua mão enquanto irradiava energia de seu corpo.


 

Sorrow por meio do instinto saltou para o lado, saindo da área de risco a que se encontrava.


 

“ De qualquer forma será um incômodo se Zero tomar posse de seu corpo neste exato momento. “



 

A palma da mão se abriu totalmente contra o ninja. O símbolo em sua testa brilhou intensamente e logo depois o Leviathan caiu de joelhos, sua cabeça inclinou para frente e seus olhos se fecharam como se houvesse perdido a consciência.


 

– Interessante. Você retirou a consciência deste devatã ai, não é mesmo? – indagou Alastor, com um tom de curiosidade momentâneo e bom humor.


 

– “Deste devatã ai?” – Hiero repetiu as palavras de Alastor com um tom de crítica perceptível. – Se você não reconhece este devatã neste momento, posso deduzir que você não dominou a consciência de sua vítima, não possui a memória da mesma. Então este corpo acabou se tornando apenas mais um recipiente para driblar a morte? – acrescentou, virando-se para Sorrow e cruzando os braços.


 

Após alguns segundos de silêncio, Alastor mesmo estando apreensivo decidiu responder a pergunta.


 

– Se eu disser apenas que sim, estarei omitindo explicações importantes sobre esta habilidade. Eu particularmente não gostaria de explicar, porém posso dizer e creio eu que seja uma informação muito mais útil que eu tenho domínio de todos os cantios, assim como todo tipo de solemnia verba deste Leviathan. – explicou Alastor, assumindo um tom de seriedade inusitada que chamou a atenção do Krypsimo.


 

– Entendo. – disse Hiero, olhando seriamente para seu novo aliado. – Creio que existe um cantio que apenas membros do exército de Hecate possuem conhecimento para que se possa adentrar o território. Portanto, conseguiremos invadir a fortaleza de Chronus?


 

– Isto será possível.


 

O Krypsimo olhou de soslaio o Leviathan dominado por seu cantio que estava se erguendo aos poucos.


 

“ Se esta habilidade de domínio do corpo possui a falha de não tomar posse das memórias da vítima, pode ser que talvez William esteja morto mesmo. O comportamento dele me parece similar ao do verdadeiro Zero. Porém, uma vez ele se esqueceu do meu hábito de elaborar um segundo plano para qualquer missão. Talvez seja somente coincidência. Preciso de mais um tempo de observação. Acho que não tem problemas seguir com o plano. Espero que não haja surpresas desagradáveis. ”


 

– Pois bem, vamos nos preparar para a invasão. Precisamos do artefato de Hecate para alcançarmos o Chernobog! – exclamou o Krypsimo, com um tom severo.


 

– Mestre. – balbuciou Zero.


 

– Fale. – respondeu Hiero, virando-se para o Leviathan.


 

– Como iremos encontrar o último descendente da família Yggdrasil se iremos ao futuro? Não podemos retornar. – indagou Zero.


 

– A prioridade neste momento se tornou destruir o último Chernobog. Não podemos retornar ao passado devido a lei de Elizeu, o primeiro juíz Chronus. Porém, andei pesquisando algumas coisas sobre as viagens temporais nos materiais que adquiri no mercado negro. Não se preocupe, eu tenho um plano para isto. – explicou o Krypsimo, ajeitando seus óculos mais uma vez.


 

– Está bem.


 

“ Não é possível que você tenha compreendido a razão desta lei ter sido proibida. E como os Chronus conseguem retornar do futuro sem ter problemas. “



 

– Vamos nos preparar. A hora da invasão está chegando. – disse o Krypsimo, enquanto caminhava em direção a porta.


 

– Finalmente poderei lutar com o meu poder máximo. Mal posso esperar. – comentou Sorrow e logo depois seguiu Hiero.


 

– É. Mal posso esperar, Sorrow. – sussurrou Zero, se retirando do local logo depois junto de Godard.


 

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Preso na tempestade de areia, Vlad só podia aguardar o próximo golpe. Gin estava movendo-se velozmente. Quando achou que deveria ser o momento certo, disparou contra o Chernobog procurando acertá-lo com um poderoso golpe. Parecia não haver forma alguma de se proteger do soco do ruivo que causaria efeitos devastadores.


 

“ Ele está se movendo muito rápido com o cantio animus ambulandi. Não poderei usar o cantio de transmutação, pois não consigo enxergar sua localização exata. O devatã da areia também não pode ser avistado. Sendo assim, terei que arriscar um pouco mais. Espero que meus poderes atuais me ajudem a concretizar estes cantios de níveis mais altos. “


 

O devatã de cabelos prateados fechou os olhos com a intenção de aumentar sua concentração e dar prioridade aos outros sentidos. Gin estava próximo de concretizar o golpe. Vlad esticou seu braço direito para o lado.


 

Pallio mortis. – disse o Chernobog, um manto negro surgiu em sua mão, apertou-o firmemente e rapidamente cobriu Gin e a si mesmo. Alguns instantes depois, Vlad removeu o manto que agora estava um pouco rasgado e cobriu seu corpo com o mesmo vestindo-o . Seu inimigo surgiu logo atrás de si, estático em uma posição como se houvesse concretizado um soco no ar.


 

– O que houve? – indagou Gin.


 

O Chernobog saltou para trás e virou-se para confrontar seu inimigo sem respondê-lo.


 

Vires Intrisicus. – disse Vlad, surpreendendo o adversário.


 

O corpo do devatã de olhos escarlates brilhou intensamente emitindo uma radiação avermelhada. Em seguida, Vlad se dirigiu velozmente ao encontro do oponente.


 

Vires Intrisicus! – gritou Gin, mas nada ocorreu. Com um semblante de incredulidade apenas agiu por meio do instinto se protegendo com os dois braços. Vlad ao invés de socá-lo mais uma vez, parou, agarrou e pressionou a garganta do ruivo, erguendo-o no ar. A irradiação avermelhada se tornou mais intensa. Gin pôde sentir a enorme força que provinha de seu próprio cantio.


 

– Sumam da minha frente ou irei sufocá-lo até a morte. – disse Vlad, com os olhos fixos em sua presa. O manto negro que cobria seu corpo tremulava com a emissão massiva de energia e a interferência da tempestade de areia ao redor.


 

– Gin! – gritou Heliot.


 

– Por que?...não consigo...usar...cantio.... – as palavras do ruivo saiam com dificuldade.


 

– Eu nunca vi um cantio como este! Você dominou o poder dele!? – indagou Heliot, com um desespero notável em sua voz.


 

– Parece que você não me ouviu. Eu estou dizendo para ambos irem embora. Ou não terei piedade de seu companheiro. – aconselhou Vlad, logo depois pressionou mais fortemente a garganta de Gin com seus dedos fazendo as articulações do pescoço estalarem.


 

– Você é um demônio! – gritou Heliot.


 

Algumas lembranças do passado do Chernobog vieram à mente do mesmo. Gritos, choros, dor, sofrimento e a imagem de sangue rubro derramado. A palavra “assassino” era dita em coro. Os olhos escarlates pareciam reluzir o sangue de seu passado. Sem brilho e ao mesmo tempo vivos, fitavam a figura de seu oponente agonizando nas extremidades de seus dedos.


 

“ William. Agora entendo o motivo de ter me ensinado este cantio, somente eu poderia suportar o manto da morte. Acho que estou sendo narcisista. Poderia dizer melhor que um Chernobog seria capaz de suportar. O desespero nos olhos deste jovem devatã, o medo da morte, a luz da vida que refletia em seus olhos parece estar se apagando. Quantas vezes vi esta cena. Tudo se intensifica vestindo isto. O peso das almas ceifadas triplicam. Parece que neste momento a noção do que é bom e ruim desaparece. Com a facilidade de um sopro, posso retirar a vida deste ser vivo. Este poder é tenebroso.”


 

“ Sente medo? “



 

“ Medo? Quem está aí? “



 

“ Sinto o aroma perfumado de seu medo.“



 

“ Uma mulher? Quem é?”



 

“ É terrível não é? O peso do julgamento. A responsabilidade de julgar se este ser vivo dominado em uma de suas mãos merece viver ou não. A morte é um veneno, um doce veneno. Sem ela o mundo seria um engano, os seres vivos não julgariam a existência, sem a possibilidade de julgar não temeriam o erro, o renascimento do espírito não aconteceria. O medo que você sente agora provém da responsabilidade de julgar a vida deste ser.O medo do erro, do mal julgamento. Assim que seu último suspiro se concretizar, suas lembranças, seus desejos, tudo será anulado. A possibilidade de apagar um ser, isto é um poder imensurável que foi oferecido aos seres vivos.”



 

“ Eu matei muitos seres vivos. Apaguei existências. Por que devo possuir tal responsabilidade? Estou fadado ao erro constante, como posso ainda ter o poder de julgar a existência de um ser? Qualquer ser vivo pode julgar uma outra existência e anulá-la se assim quiser. Não parece justo. Muitos não são qualificados para tal tarefa. ”



 

“ Sem o direito de escolha não haveria razão de permanecer vivo. Eu lhe pergunto solenemente. Você praticou o exercício do julgamento durante seus atos assassinos ou apenas seguiu os desejos de terceiros corrompendo o valor de sua própria existência? ”



 

“ Até o momento segui a segunda opção.”



 

“ Agiu mal criatura ingênua. Olhe bem para este devatã agonizando. Julgue sua existência. Você precisa escolher, você existe para julgar. Não adianta ter o poder e não compreender sua essência. Este ser vivo merece viver? O direito de escolha, o reconhecimento deste direito, somente os fortes o notam. Os fortes não são aqueles que manifestam seu poder deliberadamente, mas que dominam as conseqüências de sua interferência no mundo. Este sentimento vazio que você sente. A causa disto vem da sua constante fuga da escolha.”



 

“ Gin merece viver? “



 

“ Beba o líquido amargo do juízo. Preencha o vazio de sua existência interferindo no mundo conscientemente. “


 

Uma imensa rajada de areia se dirigiu velozmente em direção á Vlad que pareceu hipnotizado. A mão do Chernobog que apertava o pescoço de Gin o soltou de repente. O devatã de cabelos ruivos caiu no chão desacordado.


 

“ Pare Heliot. “



 

A rajada engoliu Vlad passando por ele. A areia pareceu continuar prosseguindo sem atingir o corpo do Chernobog. O mesmo permanecia com o braço erguido, como se algo o paralizasse. A expressão demonstrava que estava distante em pensamento.


 

“ Destrua o manto negro. Gin retornará em breve.”



 

De repente, a areia começou a atingir somente o manto que cobria o corpo de Vlad, rasgando-o em pedaços. Logo depois que o tecido foi totalmente destruído a rajada terminou seu trajeto, revelando o Chernobog com seu traje usual.


 

– Muito obrigado, minha Lady. – sussurrou Heliot, após todas as partículas de areia se condensarem materializando seu corpo.


 

Vlad retomou a consciência, abaixou seu braço erguido. Olhou ao redor, pôde notar que Gin estava acordando. Heliot estava há alguns metros de distância com uma expressão de tristeza em seu rosto.


 

“ Era você?”


 

Preview:...


 

Um vasto campo coberto por gramíneas. O tapete verde parecia não haver fim. O sol do entardecer reluzia no céu. Tocando as nuvens com sua coloração mista alaranjada e vermelha. Ao redor não se podia avistar nada além disto. Parecia um universo inabitável. Porém, a tranqüilidade daquele ambiente sofreria uma interferência em breve. Uma ameaça estava chegando. Um sussurro mental foi o suficiente para lançar uma perturbação frenética naquele lugar.


 

Abyssus infinitum


 

O peso de uma energia sombria tomou parte da serenidade. Uma projeção negra em formato de abertura tomou forma. Uma linha quebrada e enrugada se dissipou na horizontal em uma região avulsa. Como se rasgasse o espaço ameaçou se abrir. Assemelhava-se a um olho que ao despertar procurava a visão instintivamente. A fenda se abriu com dificuldade, despregando suas extremidades de forma violenta e ansiosa. Subitamente o grande olho se abriu completamente. Em seu interior algumas cores de tonalidade escura piscavam, como se revelasse outro mundo de características assustadoras. Um devatã prosseguiu, atravessou o outro lado, logo atrás seus aliados o seguiram. A fenda se fechou bruscamente, como um frágil olho que havia encarado o sol por muito tempo.


 

– Finalmente. – balbuciou o Krypsimo, agachando-se. – Este é o território de Chronus. – Com uma de suas mãos cavou o chão com um único movimento retirando algumas gramíneas. – Interessante.


 

Ao seu redor, Zero, Sorrow, Godard e Margery corriam os olhos pelo vasto mundo.


 

Próximo Capítulo: O Exército de Hecate Chronus.


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Notas finais do capítulo

Desculpe pela demora. Desculpe mesmo pela demora, demorei muito para postar este capítulo. É que aconteceu tantas coisas nessas semanas, fiquei sem tempo para escrever. Não posso prometer que vou retornar a regularidade de antes nas postagens, mas podem ter certeza que não vou abandonar a fic.