Solemnia Verba escrita por Blitzkrieg


Capítulo 11
Capítulo 10: A Defesa Absoluta.


Notas iniciais do capítulo

Após todos aqueles acontecimentos, não restava muitas opções do que fazer. Era preciso se preparar, pois uma possível invasão poderia acontecer. Do outro lado, era preciso se preparar para invadir a fortaleza que guardava um artefato poderoso. No recuo de seus aposentos, Hiero e Hecate arquitetavam seus próximos passos e enquanto isto acontecia, alguns alunos de um certo colégio apenas planejavam seu final de semana de descontração inocente. Pelo menos inocente para a maioria.



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– Precisamos de um plano B. – observou Hiro, em posição de reflexão, com os olhos fechados e os braços cruzados.


– Plano B? – indagou Yuki, além de ter a mesma idade de Hiro, tinha cabelos brancos ou prateados e longos, com algumas pontas rebeldes.


– Plano B para irmos à sorveteria? – indagou Toya, se recostando na grade do terraço.


– Sim. Coisas inesperadas sempre podem acontecer e precisamos estar preparados. – insistiu Hiro.


– Isto não é um exagero? – indagou Kaoru, uma menina de estatura baixa, cabelos longos e negros.


– Não...tenho certeza... – o estudante que se defendia assentiu com a cabeça, demonstrando que não iria desistir de defender sua posição.


– Ora, vocês conhecem o Hiro, ele é bom em organizar essas coisas. Acho que não tem problema organizarmos um plano B. Não é? – disse Hikari, que estava em pé, apoiada na grade verde. – Além do mais, o Toya acaba sempre se atrasando e com isto atrasa todo mundo. Portanto, seria bom termos um plano B para irmos à sorveteria. – provocou Hikari.


– Ham! É claro! Eu não ligo pra essas coisas. O que tem que acontecer vai acontecer. – justificou Toya, era um menino alto, com um corte de cabelo curto e arrepiado. Tinha a pele um pouco mais morena que os outros e possuía um porte físico forte, diferente do restante.


– Isso mesmo Hikari! Meu plano B era referente a isto.


– Está me chamando de relaxado, Hiro? – indagou Toya, olhando o garoto de soslaio, enquanto continuava deitado com as mãos segurando sua nuca.


– Não! Não! Você entendeu errado, Toya.. – explicou o estudante, abanando as duas mãos em um gesto de negação. – Eu só acho que deveríamos evitar este tipo de incômodo.


– Agora eu sou um incômodo? – acusou o garoto que estava deitado, abrindo um dos olhos.


– Não!...aiai... – Hiro ficou apreensivo.


– Cala a boca! – gritou Hikari, e em seguida deu um soco na cabeça de Toya, enquanto o mesmo se erguia.


– Por que você fez isto? Sua louca!!!!? – gritou furioso, enquanto massageava sua cabeça, tentando impedir que a dor aumentasse.


– Você só fala idiotices!


– Calma gente! Vamos nos acalmar. – disse Yuki, tentando apaziguá-los.


Hiro aguardou todos se silenciarem e em seguida tirou um mapa de dentro de seu bolso. Estendendo-o sobre o chão, correu a ponta de seu dedo indicador sobre uma região em seguida. Localizou um ponto com uma pequena gravura de um ônibus e logo depois dirigiu a palavra aos seus colegas.


–Nós podemos ir até o ponto de ônibus.


– Por que vamos pegar um ônibus se a sorveteria está perto daqui? – indagou Hikari.


– Toya mora longe da escola e para ele chegar a sorveteria ele teria que percorrer uma distância maior do que até a escola. Fazendo isto, poderemos evitar o atraso.


– Isto não é bem um plano B, não é? É apenas um rearranjo na rota. – indagou Yuki, considerava o seu amigo Hiro uma espécie de rival, pois sempre disputava o primeiro lugar em classificação referente a notas; porém, Hiro não fazia a mínima idéia de que existia tal rivalidade.


– Não, este aqui é o plano A. – disse Hiro, fitando Yuki com uma expressão serena e despreocupada, enquanto o mesmo o encarava seriamente.


– Então, qual é o plano B? – indagou o garoto de cabelos prateados e longos, sorrindo, alterando sua fisionomia.


– Primeiro, iremos pegar o ônibus que irá direto a sorveteria, porém pode acontecer uma coisa. Se o Toya se atrasar muito, perderemos o ônibus. De certa forma, o plano A é de irmos diretamente para a sorveteria utilizando o ônibus. Eu verifiquei os horários e poderemos esperar o Toya por 30 minutos.


– Nossa! É muito tempo! – gritou Hikari, se aproximando de Hiro. – Não acredito que vamos esperar esse paspalho por tanto tempo. – sentou-se ao lado de Hiro e cruzou os braços.


– O que você disse? – disse Toya, após se aproximar de Kaoru e se sentar ao seu lado.


– Hum... Então o que vai acontecer se ele se atrasar? – indagou Kaoru.


– Após trinta minutos, o ônibus que passa em frente ao ponto do colégio irá passar e o plano B trata-se de pegarmos o ônibus até o colégio. Iremos esperar Toya em frente o colégio, para podermos ir a pé logo depois.


– Nossa! Você não tem vergonha não? Olha o incômodo que você causa. – provocou Hikari, encarando Toya, com uma expressão de deboche.


– Nossa! Como você é irritante! – exclamou o garoto, deitando-se sobre o chão.


– Não seria muito mais fácil todos nós nos encontrarmos na sorveteria,utilizando qualquer meio? Cada um por si. – indagou Yuki.


– Nossa Yuki! Queremos ir todos os juntos! Que crueldade! – repreendeu Hikari.


– É mesmo! Não é muito legal um de nós chegar primeiro e ficar esperando os outros. – observou Kaoru.


– Aí está a resposta da sua dúvida, Yuki. Não teria me esforçado tanto se isto fosse tão simples assim. – sorriu Hiro, fazendo Yuki alterar seu semblante, pressionando os músculos da testa.


“ Você sempre se acha o espertinho, não é?”


– Então está decidido! Iremos até o ponto de ônibus que fica um pouco mais longe da sorveteria, porém próximo do colégio. Esperaremos durante 30 minutos até a chegada do ônibus. Se o Toya não chegar na passagem deste tempo, pegaremos o ônibus do mesmo jeito, mas pararemos no ponto próximo do colégio que também é rota deste ônibus. Desta forma, nos encontraremos com Toya no colégio, porque ele irá até lá depois da passagem dos 30 minutos. O plano A para evitar o desencontro com o Toya por causa do seu atraso será o de irmos até o ponto de ônibus e depois pegarmos a rota direto para a sorveteria, todos juntos. O plano B será de irmos até o colégio, dando mais tempo para ele chegar ao mesmo e irmos reunidos.


– Nossa! Quanta coisa! – gritou Toya, rejeitando todo o projeto.


– Você só tem uma condição. Marcaremos um horário para nos encontrarmos, após 30 minutos deste horário, se você não chegar ao ponto, você irá para o colégio, somente isto. – disse Yuki.


– Está bem. – Toya assentiu com a cabeça.


Hiro dobrou o mapa até ficar pequeno o suficiente para guardar em seu bolso e logo depois realizou tal ato. Kaoru elogiou o procedimento metódico adotado pelo jovem estudante para organizar uma simples programação casual entre eles. O garoto agradeceu e após alguns minutos todos se dirigiram até a sala. Todos eram da mesma turma.


O estudante, de óculos apesar de ter organizado todo o projeto, não conseguiu deixar de focar em outro assunto. As perguntas sobre Vlad ainda povoavam sua mente, e durante várias aulas não pôde deixar de se sentir ansioso por ter recebido a promessa de que o mesmo saciaria sua curiosidade durante a tarde. Talvez no fundo soubesse que sua motivação de planejar todo o tempo gasto no encontro com seus amigos, poderia ter se originado da necessidade de evitar um possível atraso ao seu posterior encontro com Vlad, causando a perda da chance de obter as respostas para suas dúvidas consequentemente. Ansioso, porém moderado, deixou o cotidiano envolvê-lo, sabia que o estranho mendigo não o abandonaria, pelo menos tinha bastante vontade de ter certeza disto. A ampulheta do tempo legitimava os eventos ao redor de Hiro, assim como de vários devatãs ao redor do mundo. Entretanto, para alguns, o tempo se tornava um dócil mascote e não um tirano.



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Objetos da idade moderna preenchiam um salão nobre. Tratava-se do interior de um castelo medieval com uma arquitetura característica do tempo de príncipes e reis. Era noite neste lugar. Cortinas fechadas, velas e tochas acesas fixas nas paredes situadas ao redor de uma mulher pensativa sentada em uma poltrona majestosa. Um vestido negro com detalhes de flocos de neve no corpo desta mulher preenchia a poltrona. Uma ampulheta ao lado, amparada por um móvel medieval protegia a areia que escorria indiferente a aflição da devatã ao lado.


“Ele virá até mim”.


Pouca movimentação, inspiração e expiração delicadas. Hecate Chronus sentia-se aflita por não ter certeza dos próximos passos de seu inimigo. Muitas vezes cogitou se sua atitude de outrora não contribuíra para tornar as coisas um pouco mais sérias. Gostaria muito de ir até onde Vlad se encontrava, mas assim como todo devatã que desejava viajar no tempo, deveria pedir permissão aos três anciões reguladores da ordem. Mesmo um deles sendo seu avô, não poderia viajar no tempo sem permissão. Aquele que quebrasse tal regra sofreria sérias penitências.


– Mestra.


Pode-se ouvir tal palavra provinda do lado de fora do grande cômodo.


– Entre.


Uma das metades da proeminente porta se abriu, ruidosamente. Logo depois, uma pessoa trajando uma roupa com traços orientais, semelhantes à de nobres imperadores, com detalhes negros e dourados, caminhou até Hecate. Após tal pessoa se ajoelhar, a devatã do tempo fitou a faixa negra que escondia os olhos de seu fiel subordinado.


– Nada até agora.


– Certo. – disse Hecate, suspirando em seguida. – Yami, preciso de um bom argumento para os três anciões. Preciso ir até Vlad. Não posso deixá-lo lá para sempre.


– Desculpe a ousadia, mestra, mas talvez ele possa viver tranquilamente naquele lugar, com os humanos daquela época. Assim como Lilith está conseguindo viver agora. – disse Yami Shoal.


– O caso de Lilith é bem particular. Escolhi enviá-lo a mesma época de Lilith e a mesma cidade para que ele possa ter alguém a recorrer. Espero que ele se lembre dela. – observou Hecate, erguendo-se da poltrona. – Lilith ao se envolver com Hiero, não sabia no que ele poderia se tornar. Foi muito difícil protegê-la do julgamento dos anciões. Consegui impedir que ela fosse considerada uma cúmplice de Hiero, uma criminosa. – explicou a devatã, posicionando-se atrás do trono, de costas para Yami.


– A senhorita conseguiu salvar Vlad utilizando o mesmo método quando enviou Lilith ao futuro. – observou o Shoal.


– Contudo, tive a aprovação dos anciões, no caso de Vlad agi por conta própria.


– Não terá problemas por causa disto?


– Não. Um de meus soldados enviou a notícia de que eu havia sido seqüestrada para meu avô. Utilizarei isto para explicar minha atitude.


– Compreendo.


– Prepare-se, Yami. Não sabemos o que está por vir. Os atos de Hiero Krypsimo são bastante imprevisíveis. – Hecate caminhou até uma das janelas. – Mesmo assim, se ele vier, estaremos preparados.


– Sim, mestra.


Distanciando-se da janela, era possível enxergar o sol se erguendo no horizonte e desta forma tornava-se possível avistar o imenso castelo de Hecate, e em vários locais, imensas quantidades de soldados medievais protegendo o castelo. Distanciando-se um pouco mais, tornava visível uma grande muralha, com arqueiros no topo e em frente ao grande portão, soldados sobre o solo. Um imenso campo se prolongava além dos limites da visão humana, ao redor da propriedade da devatã do tempo. Seus poderes eram similares aos de Hiero, pois estava claro de que se tratava de uma dimensão, inserida em um contexto histórico característico. Ali o tempo estava em seu domínio. A areia do tempo escorria devido a sua vontade. E naquele momento, esta se encontrava estática, naquela mesma ampulheta apoiada sobre o móvel ao lado da poltrona.


Preview:...


– Qual o nome dele? – interrompeu Margery, novamente.


– Ninguém sabe seu nome verdadeiro. Ele se autodenominou, Sorrow, durante sua matança incessante. – respondeu. – De certa forma, não resta dúvidas de que ele possui uma grande habilidade, mesmo defeituosa, extremamente poderosa e que atinge um grande número de pessoas. – repousou seu rosto no punho direito fechado. – Teremos uma arma pesada contra Hecate quando ele estiver do nosso lado. Junto das minhas habilidades, conseguiremos invadir a fortaleza de Chronus sem problemas.


Zero tentava ao máximo não alterar sua fisionomia, pois um grande sentimento agonizante percorria todo seu corpo durante toda a conversa. Mesmo sabendo que seria Godard que iria convencer Sorrow a se unir ao grupo, sabia que o veria mais cedo ou mais tarde. Com esta certeza em mente, e uma impotência enorme o acorrentando, desejava apenas se controlar quando a hora chegasse.


– Desculpe mestre. – disse Zero. - Quem lhe contou toda esta história? – indagou, com um olhar sério e penetrante, quase de fúria, para Hiero.


Próximo Capítulo: Um Mistério de Mil Anos.


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Notas finais do capítulo

Comente. Pufavô? ^^