Solemnia Verba escrita por Blitzkrieg


Capítulo 10
Capítulo 9: Assim como desejo. Que assim se faça.


Notas iniciais do capítulo

Um plano era arquitetado minuciosamente. Não era um plano simples, pois consistia em violar mais uma vez a regra entre os devatãs de não viajar ao futuro sem permissão. Permissão dos anciões pertencentes a três diferentes linhagens. Dentre eles, se encontrava um devatã pertencente a família Chronus. Hiero Krypsimo não se importava com as punições cruéis que poderia sofrer. Afinal, já acumulara relatórios sobre sua pessoa referentes a violações e crimes graves cometidos. Um descuido poderia ser a causa de sua ruína e um possível descuido em potencial para isto, se encontrava no Japão há várias décadas de distância.



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Um corredor não muito iluminado estava sendo atravessado por uma jovem pensativa. Margery divagava sobre os próximos atos de seu superior. A cada passo que era realizado, a certeza sobre uma missão referente a Hecate Chronus que poderia ser anunciada se formava. De certa forma, a ruiva suspeitava que Hiero não iria aguardar muito tempo até tomar uma atitude referente ao caso do último Chernobog. Margery se atentou ao significado de chamar Zero para a reunião. Por o Krypsimo ter chamado seu melhor assassino e espião, a Pyromorphisis imaginou que se a próxima missão não fosse referente a Chronus, provavelmente teria como objetivo a infiltração de um local bastante seguro.


Correndo os olhos pelo corredor, indo ao exterior do castelo de Hiero, tornava-se possível avistar um espaço amplo dominado por um terreno acidentado. O local parecia o cenário de um planeta em construção na sua fase inicial, somente não havia o excesso de vulcanismo, porém trovões iluminavam o céu dominado por um negro envolvente, preenchido momentaneamente com cores que pulsavam, ora vermelho, ora verde e assim por diante, em várias regiões avulsas do céu vasto. Distanciando-se desta região, era possível avistar uma imensa ilha flutuando, em um espaço dominado pelo negro e as pulsações. No centro da ilha flutuante, era possível localizar, apesar de desfocado, o imenso castelo de Hiero, localizado sobre uma crosta erguida. Este era o mundo criado pelo seu poder. O que o Krypsimo era capaz de fazer com seu poder era impressionante, e aquilo era apenas uma amostra aleatória originada de sua grande capacidade. Uma dimensão paralela. Assim como Hecate observara anteriormente, o Krypsimo realmente desejava seu poder, pois apesar de toda sua capacidade, não era capaz de transferir este mundo para a dimensão em que os humanos se encontravam, por não ter domínio do tempo.


Retornando a grande ilha, podíamos notar um devatã em meio a área com vários picos originados do solo. Assemelhavam-se a grandes cones oriundos da terra desgastada. No centro de alguns deles encontrava-se um grande lago, no centro do lago, Zero Leviathan encontrava-se em pé, com os solados de seus sapatos apoiados sobre a água, como se fosse terra firme. Estava se concentrando. Vestia sua capa e por este fator não era possível visualizar seu traje azul de shinobi com detalhes dourados.


Com sua mão direita, ergueu seu dedo indicador e médio, trazendo-os para próximo de sua boca. Permaneceu com a mão posicionada nesta posição. Aguardou alguns segundos. De repente, com um rápido movimento, puxou sua capa com a mesma mão, revelando o traje. A capa se materializou em um tridente com o cabo azul com lâminas prateadas e brilhantes. Com o movimento brusco e a inclinação do corpo para uma formação de ataque, houve uma pressão na água que dissipou o líquido como se houvesse caído um meteoro sobre a superfície. Imediatamente, surgiram várias serpentes marinhas gigantes ao redor de Zero, o ataque foi instintivo. Ao redor do Leviathan as serpentes azuis avançaram.


O ninja adquiriu uma alta velocidade, desaparecendo consequentemente. Cruzou o céu em direção a uma das serpentes e antes que a mesma o abocanhasse, conseguiu pousar sobre sua cabeça. Olhou por cima do ombro para as outras criaturas que o miravam e vinham em sua direção e logo depois saltou. As duas criaturas trombaram com a primeira e neste momento o devatã pronunciou algumas palavras:

– Charta Aqualitis!


Subitamente fez um corte no ar com seu tridente, um arco constituído de água se projetou, atingindo uma dimensão enorme a medida que avançava contra as serpentes confusas. A pressão da água sobre o ar foi tão grande que o próprio líquido foi capaz de cortar as três serpentes. O imenso arco de água prosseguiu e atingiu o lago fatiando-o em dois pedaços. Cada fatia se transformou em uma onda que se divergiu e logo depois a imensa rachadura que o arco formou ao atingir a região inferior do grande lago foi coberta. As serpentes restantes sofreram com a movimentação do mesmo ficando atordoadas. Enquanto isto, Zero adquiriu uma alta velocidade novamente e correndo sobre a água, saltou em direção a uma das serpentes. A mesma tentou capturá-lo, porém o ninja demonstrando indiferença seguiu despreocupadamente em direção a grande boca. Assim que estava prestes a ser capturado, aumentou sua velocidade, desaparecendo e ressurgindo logo acima, durante o momento que a serpente fechava sua boca. Cortou com sua lâmina a pele da criatura e posicionando seus pés sobre a nuca da mesma, correu velozmente com o tridente, com este fincado, abrindo um imenso corte a medida que progredia. Como estava com a lâmina logo atrás de seu corpo, não foi manchado pelo sangue que espirrou em guinchos violentos pelo ar, durante a dilaceração da criatura marinha. A mesma se fragmentou em dois pedaços que caíram sobre o lago em seguida, manchando-o de sangue, provocando um grande distúrbio na água.


Restavam ainda 4 serpentes, em meio as pressas, Zero Leviathan surgiu perante uma delas e lançou seu golpe mais uma vez, cortando a criatura. Refez o procedimento para as outras três serpentes. Após alguns segundos, deixou seu corpo cair sobre o lago. Assim que chegou a superfície, pousou como se tivesse sido amparado pelo solo. Logo depois, as carcaças das serpentes caíram sobre a superfície finalmente, causando uma grande interferência no líquido antes esverdeado que se tornou avermelhado. Houve alguns segundos de silêncio, até o ninja soltar uma palavra, enquanto observava seu tridente atentamente.


– Impressionante.


– Impressionante mesmo! – gritou uma voz.


O Leviathan se espantou com as palavras, porém não se virou para conferir o enunciador. Como estava próximo da margem, simplesmente decidiu esperar mais algum pronunciamento.


– Porém, este seu treinamento foi muito inútil. Você sabe que as serpentes deste lago são muito fracas. Poderia ter chamado um dos lacaios do Hiero para treinar contigo.


– É você, Margery? – disse Zero, olhando por cima dos ombros a Pyromorphisis que se encontrava deitada com as mãos ante a nuca sobre uma pedra, em um local próximo a margem do lago.


– Poderia treinar comigo. Eu juro que não iria ter piedade. – após dizer tais palavras, ergueu seu tronco, sentando-se.


– Hum! Não me faça rir! – caçoou, enquanto o tridente se materializava em água, circundando-o logo em seguida. – O que você faz aqui? – indagou, virando-se para a ruiva, observando-a acima de um pequeno declive e durante este processo a água se materializou na capa com detalhes incomuns, cobrindo seu corpo simultaneamente.


– Hum... Ordens do Hiero.


– O que é? – indagou novamente, enquanto caminhava em direção a terra firme.


‘’ Ele foi capaz de destruir o tão famoso William? O Hiero vivia nos alertando sobre o quanto esse cara era perigoso. Como ele conseguiu derrotá-lo sem sofrer nenhum aranhão?’’


– Vamos! Diga! – gritou Zero, assustando Margery, pois se encontrava atrás da jovem.


– Maldito! – se levantou rapidamente.


– Estamos perdendo tempo.


– Está bem! Está bem! – deu umas batidas na roupa com a intenção de limpá-la. – Vim lhe chamar para irmos nos encontrar com o Hiero para uma reunião.


– Nova missão?


– Com certeza. – disse Margery, fitando os olhos azuis de Zero, seriamente.


– Vamos até o mestre. Ele deve estar nos aguardando.


– Tse! – exclamou Margery, enquanto em sua mente criticava Zero por ser tão submisso ao Krypsimo, a ponto de chamá-lo de mestre mesmo sem estar próximo deste.


– O que foi? – virou seu rosto para a direita, olhando a ruiva com sua visão periférica.


– Você é muito...


– O que vocês ainda estão fazendo aqui!? – gritou Gordard, surgindo vagarosamente acima dos dois como se fosse um fantasma. Após a materialização de um tipo de insignia no ar. Também emitia uma energia de coloração violeta que percorria seu corpo durante a materialização.


– Olhe como você fala com a gente! – exclamou a Pyromorphisis, se aproximando do pequeno ser.


– Godard, nos leve até o mestre.


– Sim senhor! – gritou o mensageiro, erguendo seu cajado.


– Senhor!? Por que você não me trata desta forma também? – gritou a ruiva, se enfurecendo.


Animus Ambulandi!


Antes que Margery pudesse golpear o mensageiro de Hiero, este conjurou a magia de teletransporte bastante utilizada pelos devatãs. Com a conjuração da magia, um pentagrama violeta circunscrito se projetou no chão abaixo de todos. Após a materialização, uma energia foi irradiada e várias linhas violetas emanadas da insígnia começaram a percorrer o sentido vertical, aumentando de velocidade gradativamente. Subitamente, os três desapareceram, enquanto as linhas adquiriam uma velocidade impressionante. Logo depois, a insígnia regrediu de tamanho até desaparecer por completo.


‘’ Preciso me apressar. Ela deve estar pensando que não agirei imediatamente.”


Um imenso salão, iluminado por candelárias suntuosas. No centro, um imenso retângulo e em suas bordas alguns degraus revelando uma pequena depressão no vasto ambiente. Havia um trono com um acolchoado macio de cor roxa situado logo a frente, na parte superior do cômodo, enquanto os acabamentos eram negros. Contornos e detalhes góticos destacavam seu design. Sentado nesta mobília, Hiero Krypsimo aguardava seus mais poderosos devatãs. Encontrava-se com seus trajes brancos e seu sapato negro. Apoiando seu rosto em seu punho direito fechado, observava as pinturas medievais espalhadas por todo o lugar iluminadas pelo fogo. Imagens de santos, anjos e demônios preenchiam as paredes.


“Esta cor não me agrada. Preciso de cores mórbidas. Porque mais uma chance morreu. Que venha o luto pela ousada chance.”


Refletiu, com um olhar distante. Vagarosamente moveu seus dois dedos, indicador e médio pelo ar. Respondendo ao ato, as chamas tornaram-se sombrias. Com a textura das trevas. Houve uma queda sutil na temperatura consequentemente e o ambiente sendo iluminado pelas chamas sombrias modificou a atmosfera do ambiente.


‘’Assim como desejo. Que assim se faça. ’’


– Chegaram. – sussurrou.


Um pentagrama violeta circunscrito surgiu no centro do salão. Em seguida, Margery, Zero e Godard se materializaram. Trataram de se agrupar e o Leviathan imediatamente se ajoelhou demonstrando respeito. A ruiva continuou em pé, analisando a feição séria de Hiero. Após alguns segundos, decidiu realizar o mesmo ato, mesmo contra a vontade.


“Esta seriedade me assusta. Detesto quando ele fica assim.”


– Analisando os últimos acontecimentos, eu não tenho escolha a não ser tomar uma atitude inusitada. – disse Hiero, recostando-se no trono e colocando suas mãos sobre os braços do mesmo. – Iremos até o futuro em busca de Vlad Chernobog.


– O quê!? – gritou a jovem impulsiva.


Um silêncio dominou o ambiente após alguns segundos e logo depois Margery pediu desculpas. Godard colocou as mãos nos olhos redondos e amarelados enquanto balançava a cabeça negativamente.


‘’ Idiota! “


– Prossiga, por favor, mestre. – pediu Zero.


– Assim como foi exposto, pudemos perceber claramente que Hecate Chronus se entregou á mesmerize por livre e espontânea vontade. Sendo assim, ficou provado que esta é uma técnica da qual ela possui imunidade. – prosseguiu o Krypsimo, tentando manter-se com a cabeça fria sem se irritar por se recordar dos acontecimentos. – Não será possível abordá-la tão facilmente e induzi-la a utilizar seus poderes para podermos alcançar Vlad. Portanto, teremos que utilizar outro meio.


– O senhor tem em mente este outro meio? – indagou o Leviathan, curiosamente.


– Sim... – houve alguns segundos de hesitação. – Roubaremos o amuleto de Chronus.


– O amu... – antes que Margery conseguisse dar outro grito, Hiero apertou seus dedos no ar como se fosse capturar uma mosca e neste momento a ruiva sentiu seu corpo preso por uma energia estranha.


– Você não está se comportando, Margery. Tenho que fazer algo em relação a isto. – anunciou o Krypsimo, abrindo sua mão contra a moça, a mesma utilizada no ato anterior.


A ruiva expressou um semblante de espanto e sentiu um calafrio intenso correndo seu corpo. Logo depois, não conseguia se mover. Sentia a energia do Krypsimo por todo seu corpo, mesmo esta não estando visível, como se estivesse acorrentando seus músculos.


Mesme...


– Nullitatis.


Sentindo uma pulsação após a pronúncia desta palavra, a jovem se libertou do feitiço. Demorou alguns segundos para se recuperar.


– Por que fez isto, Zero? – indagou Hiero, em tom de acusação.


Após alguns segundos, o Leviathan respondeu.


– Me perdoe senhor. Acho que neste momento precisamos de toda a opinião possível. A mesmerize retira a consciência do indivíduo, não lhe dando a chance de ter raciocínio próprio, portanto seria melhor evitarmos utilizá-la agora. Margery não atrapalhará mais o pronunciamento. Creio que neste momento ela tomou consciência de que tudo isto não é uma grande brincadeira. Perdoe-me, mas torno a dizer-lhe que necessitamos de argumentos e opiniões sejam de quaisquer tipos, devido ao nosso estado atual. – disse Zero, evitando olhar diretamente para seu mestre.


Hiero o observou com um olhar sério e pensativo, refletindo o que havia motivado um devatã de sangue frio a sentir pena de sua nova companheira. Era difícil acreditar em sua justificativa tão suspeita. Porém, de certa forma, o Leviathan tinha razão. Por isto o Krypsimo resolveu desistir de seu ato. Ajeitando seus óculos, suspirou e aguardou alguns instantes, talvez devido a curiosidade de ouvir um agradecimento de Margery ou até mesmo um xingamento. Não houve nada disto, apenas silêncio e ansiedade. E isto contribuiu para fazê-lo estranhar mais ainda a situação.


– Bem... – finalmente decidiu prosseguir. – Como de praxe, após detalhar a nova missão, também adiantarei o plano B. Precisaremos estar precavidos.


– Plano B? – indagou Zero.


“Ele não se recorda? De que tenho o hábito de elaborar uma alternativa para obter sucesso na missão? Zero Leviathan, o que se passa em sua mente? Além disso, estou surpreso por ter desfeito meu feitiço tão facilmente. Seus poderes estão se tornando bastante interessantes. ’’


– Sim. Precisamos de um plano B. – disse o Krypsimo, assentindo com a cabeça.


Preview:...


– Mestra.


Pode-se ouvir tal palavra provinda do lado de fora do grande cômodo.


– Entre.


Uma das metades da proeminente porta se abriu, ruidosamente. Logo depois, uma pessoa trajando uma roupa com traços orientais, semelhantes à de nobres imperadores, com detalhes negros e dourados, caminhou até Hecate. Após tal pessoa se ajoelhar, a devatã do tempo fitou a faixa negra que escondia os olhos de seu fiel subordinado.


– Nada até agora.


– Certo. – disse Hecate, suspirando em seguida. – Yami, preciso de um bom argumento para os três anciões. Preciso ir até Vlad. Não posso deixá-lo lá para sempre.


– Desculpe a ousadia, mestra, mas talvez ele possa viver tranquilamente naquele lugar, com os humanos daquela época. Assim como Lilith está conseguindo viver agora. – disse Yami Shoal.


Próximo Capítulo: A Defesa Absoluta.


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Notas finais do capítulo

Comentem please? *-*