Academia de Vampiros - Escuridão do Espirito escrita por Roza Hathaway Belikov


Capítulo 49
Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Não é legal dar spoiler e então não vou fazer uma maldade dessas, então só devo dizer que o capitulo abaixo é emocionante... Beijinhos e boa leitura!



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E no silêncio de nossos pensamentos gritantes algo estalou dentro de mim, aquela foi à primeira vez em que eu realmente temia perder algo além de minha Moroi, naquele momento encarando todos aqueles três rostos eu me vi questionando todas as coisas que eu passei a vida inteira acreditando ser o correto a fazer. Eu estava me vendo em uma situação que eu temia acontecer em algum momento, eu amava Dimitri e também inegavelmente amava Lissa, não seria justo escolher um e deixar o outro para trás sem fingir que isso iria destruir algo importante.

Ainda assim naquele momento eu tinha meu dever como Guardiã para cumprir perante, não somente Lissa inconsciente na cama ao meu lado, mas também perante o namorado dela Christian Ozera, perante aos pais dela que confiavam em mim como uma filha ao ponto de sempre me protegerem como tal, perante o nosso confuso e perigoso mundo e perante o nosso elo de amizade. De todos os planos que eu já havia feito aquele poderia ser oficialmente o pior de toda a minha existência, um passo em falso e já era para mim, eu estaria realmente morta dessa vez sem volta e para piorar iria bagunçar a vida de dezenas de pessoas, ainda assim se eu não ariscasse não valeria a pena continuar viva.

E então mais uma vez em minha complicada e anormal vida de Dhampira de 17 anos, o que eu queria não importava mais, não naquele momento. Lissa precisava de mim para protegê-la de novo das trevas e da possível morte pela qual ela estava em transição, precisava de alguém forte o bastante para conseguir guiá-la de volta para casa sem piorar ainda mais as coisas e era apenas uma feliz coincidência de que naquele momento somente eu; a Guardiã não oficial dela fosse capaz de fazer tal coisa acontecer de verdade e de forma realmente segura.

– Você quer que eu faça o que com isso aqui? De jeito nenhum Rose, eu não vou enfiar uma estaca de prata no seu peito e ponto final! –Protestou Dimitri apavorado enquanto prosseguíamos com meu plano insano.

– Não existe outro jeito de fazer isso funcionar Dimitri, portanto eu preciso estar com um pé do outro lado e que alguém me deixe ferida o suficiente para que eu possa entrar no mundo dos mortos, ou seja, lá como você queira chamar. Não tem erro, quando você me acertar eu passo para dentro da cabeça da Lissa puxo ela de volta e Adrian vai usar o Espírito para me guiar enquanto Lissa me cura e pronto. Missão cumprida. Só você pode me ajudar nisso agora. –Falei um tanto impaciente e meio apreensiva, eu também não queria que ele tivesse que enfiar uma estaca em mim, mas não havia outro jeito de fazer aquilo.

– É isso eu já entendi Rosa, mas ainda preciso que me diga por que está pedindo justamente pra mim? Porque você acha que entre os três homens presentes nessa sala deveria ser justamente eu a empalar o amor da minha existência como se isso fosse algo perfeitamente natural de se fazer? –Perguntou Dimitri visivelmente muito apavorado.

– Porque eu te amo camarada, confio em você e sabendo que é você quem está fazendo mesmo que vá doer muito vou me sentir bem mais segura e terei mais motivos para forçar minha alma a pegar o caminha de volta para cá. Por favor. Apenas... Apenas faça, eu cuidarei do restante. –Falei respirando fundo.

– Tem certeza de que você pode fazer isso Rose? –Perguntou Christian me encarando de testa franzida, ele também parecia assustado agora. –Entende que se estiver blefando, você vai correr o risco de morrer mesmo, isso assumindo que Lissa resista e saia dessa sozinha depois; o que eu não estou achando que realmente vá acontecer devido à gravidade da situação atual dela agora.

– Não temos outra escolha menos perigosa e funcional que essa agora, então por mais ariscado que isso seja vai ter que ser assim. –Falei dando de ombros tentando mostrar segurança e autoconfiança, mas lá no fundo eu estava morrendo de medo de estar me colocando na linha da morte de peito aberto.

– Olha, só para que fique registrado, se você realmente acha que consegue fazer isso numa boa como está dizendo e voltar assoviando como quem volta de um parque de diversões na noite do terror, tudo bem Dampirinha eu confio em você, eu já vi o quanto sua aura é forte. Você vai conseguir. –Disse Adrian me envolvendo num abraço apertado.

– Eu te amo tanto camarada, nunca se esqueça disso. –Falei para Dimitri quando os braços dele envolveram meu corpo.

– Me perdoe por isso Roza, eu realmente queria que houvesse outra forma de fazer isso funcionar. –Sussurrou Dimitri ainda me mantendo em seus braços.

– Está tudo bem amor, apenas faça isso logo. Confio em... –Não consegui terminar de falar, pois naquele momento senti a estaca dele perfurar meu tronco no centro do estômago e com isso minha visão tornou-se um borrão preto.

Há algum tempo atrás eu não sabia dizer com certeza total se realmente era possível um dia alguém conseguir descrever como exatamente era o mundo dos mortos, isso porque naquela época ainda não fazia a menor ideia de como era estar em um lugar assim de verdade, bem agora que eu oficialmente estava meio morta me senti um tanto decepcionada com o que encontrei diante de mim, eu não estava em algum tipo de lugar celestial ou potencialmente especial, estava no meio de uma floresta até que muito comum.

Julguei o lugar a minha volta nada especial para parecer algum tipo de Paraíso ou até mesmo o inferno propriamente dito, alias naquele momento eu nem mesmo tinha tempo para averiguar as maravilhas que tal lugar poderia estranho me oferecer, eu tinha uma missão a cumprir, tinha que encontrar Lissa.

“- Isso está me saindo pior do que imaginei que seria, que droga eu também vou acabar morrendo se continuar desse jeito. Droga. – Murmurei após alguns minutos de caminhada inútil.”

“- Isso é mesmo o que todos por ai chamam de Paraíso do juízo final? Que coisa mais decepcionante, eu realmente prefiro continuar vivo por um bom tempo. – Ouvi uma voz familiar dizer atrás de mim.”

“- Adrian? Espera um momento como você fez para estar...? Como você está aqui junto comigo nesse exato momento garoto? – Perguntei me vendo pasma e completamente incrédula ao mesmo tempo. E então algo estúpido me ocorreu em seguida. – Usuário do Espírito tem acesso à mente de outros afetados pelo mesmo dom. Legal pensei que ia salvar o dia, sozinha. Enganei-me feio.”

“- Porque você parece tão surpresa em me ver Rose? Não achou que eu iria deixar você num lugar assim sem apoio algum certo Dampirinha? Eu não podia deixar você sozinha nisso, em especial agora que sei o quanto Lissa e Dimitri precisam de você ao lado deles. Talvez dê para sentir a aura dela se chegarmos perto o suficiente dela nesse plano astral, então eu pensei que você fosse gostar de uma mãozinha extra. Alguma ideia de onde devemos começar a procurar? – Perguntou Adrian colocando-se bem ao meu lado rapidamente.”

“- Eu não sei dizer ainda o que devemos fazer Adrian, infelizmente esse lugar não me é nada familiar para que eu saiba onde começar a procurar pela Lissa. – Respondi dando de ombros impaciente; ultimamente eu estava fazendo muito essa coisa de dar de ombros, era tão estranho pra mim às vezes.”

“- Mais é familiar para mim uma vez que eu praticamente nasci aqui, estamos no lado leste da Corte Real, olhe. – Adrian tocou meu ombro e apontou uma estrutura grande; o Palácio”.

Adrian tinha razão com o que disse, aquela era uma das partes da Corte Real Moroi, rapidamente nós dois convergimos para dentro da instalação imensa e elegante, o lugar parecia deserto e abandonado, o silencio estava tão intenso que podíamos ouvir nossas próprias respirações com facilidade.

“- Por qual motivo a mente da minha prima traria a gente justamente pra cá? O que ela estaria fazendo aqui? – Perguntou Adrian franzindo a testa.”

“- Eu não sei dizer o que está acontecendo ou o porquê de estar acontecendo justamente aqui, talvez ela queira nos contar alguma coisa. – Respondi dando de ombros também completamente perdida.”

“- Só pra constar, odeio enigmas. Esse lugar é enorme e pelo estado da ferida que o Belikov fez em você, eu diria que estamos ficando sem tempo. – Disse Adrian parecendo um tanto irritado, além de claramente apavorado.”

No fim das contas Adrian tinha razão, porque aquele lugar era grande demais, dava para perceber que Palácio continha muitas salas de visitas, jardins extraordinários e gigantescos, e muito bem cuidados, havia um labirinto composto por muros de vegetação, tinha salões de festa gigantescos e elegantes.

Finalmente conseguimos vascular o primeiro andar e como não encontramos nada que pudesse nos ajudar partimos para o segundo, o quarto destinado a Rainha era provavelmente do tamanho do ginásio de treinamento da São Vladimir ou até um pouco maior, havia dezenas de corredores em todos os sete andares extensos e deslumbrantes, todos eles eram ladeados por inúmeras portas, gigantes de madeira resistente e envernizada, havia também várias cozinhas, salas de jogos de mesa, quadras de esportes mistos, áreas com piscina coberta, ala de massagem individual... Poderia levar anos para vasculhar tudo e ainda da tínhamos que procurar do lado de fora. Eu estaquei no lugar.

“- Porque você parou? – Adrian questionou me olhando de testa franzida e então sua expressão tornou-se preocupada. – É sério, o que você tem Dampirinha? Anda, fala comigo, eu juro que não vou fazer piada. Me conta o que foi?

Encarei aqueles olhos azuis acinzentados diferentes pensando cuidadosamente sobre o que exatamente eu deveria fazer e então por fim eu decidi que poderia ter um momento de fraqueza e me abrir com ele.

“- Não temos mais tempo Adrian, eu fracassei. Lissa vai acabar morrendo porque eu sou fraca demais para conseguir encontrá-la. – Falei apoiando as costas contra o batente de uma das postas, única que estava aberta.”

“- Não, na verdade você conseguiu. Rose você conseguiu cumprir seu dever de Guardiã. Olhe. – Disse Adrian apontando para a porta aberta ao meu lado.”

Ainda tentando conter as lágrimas que insistiam em descer por meu rosto abaixo eu girei o corpo na direção que ele apontava com urgência e congelei sentindo minha respiração ficar pesada. Adrian tinha razão novamente com suas palavras de Moroi sóbrio, era mesmo a Lissa bem ali diante de nossos olhos.

Ela estava deitada com as mãos apoiadas na barriga enorme, seus olhos se abriram quando entramos apressados dentro do quarto e ela rapidamente se colocou de pé num salto e nos encarou assustada.

“- Rose? Adrian? Certo, como vocês dois vieram parar aqui junto comigo seus malucos? Melhor ainda, como eu vim parar aqui na Corte Real? E cadê todo mundo? – Perguntou ela franzindo a testa ao meu abraçar.”

“- Longa história minha Moroi, eu conto tudo o que quiser saber depois que tirarmos você daqui. Aposto que agora não temos muito tempo, Adrian vai ajudar você e eu vou em seguida. – Falei a puxando pelo braço para fora do Palácio.”

Adrian segurou nas mãos de Lissa, um clarão estranho surgiu e eles sumiram, estavam seguros, agora era a minha vez... Mas como eu faria para voltar?

“- Rose você precisa voltar agora, segue a minha voz. Amor você precisa seguir minha voz, anda. Você tem que voltar para mim. – Implorava uma voz familiar.”

Dimitri!

Naquele momento quando a voz dele chegou até mim eu senti minha cabeça ficar pesada em vários pontos isolados e a cada palavra que eu tentava produzir tudo ia ficando pior, ao ponto de que eu chegava mais próximo dessa voz eu me sentia cada vez mais dolorida também como se pontos específicos de meu corpo pudessem começar a sangrar juntamente com o ferimento do estômago ou algo assim, o que numa linguagem simples indicava que eu devia estar perdendo muito sangue agora e não ira conseguir voltar para o meu corpo a tempo.

Merda, no fim das contas meu tiro saiu por um dos lados errados e isso iria ser o ponto que me manteria presa no mundo dos mortos, nem mesmo ser uma garota “Beijada pelas Sombras” iria me ajudar agora. Quando estava começando a entrar em pânico eu senti uma mão pousar em meu ombro. Era o André, irmão de Lissa, atrás dele se encontrava toda a família Dragomir. Minha garganta travou.

“- Você não pode ficar aqui por mais tempo Hathaway, você precisa seguir ao chamado do seu Mentor e sair daqui. Além disso, eu não preciso lembrar que a Lissa precisa de você ao lado dela. – Disse Erick Dragomir com a voz séria.”

“- Eu entendo a situação, mas ainda assim não consigo voltar sozinha para o plano dos vivos Sr. Dragomir, infelizmente eu não sou forte o bastante para sair daqui sozinha. Eu vou morrer. – Falei oficialmente entrando em pânico.”

“- Você é sim muito forte e minha filha não poderia estar em melhores mãos dentro da Academia, além de ter Christian e o bebê é claro. Você ainda pode voltar para tudo isso Rose, você só não tem a força necessária para fazer o processo todo sozinha, precisa de um empurrãozinho. Feche os olhos, o André vai lhe ajudar a sair daqui. – Disse a Senhora Dragomir olhando para seu filho.”

“- Quem diria que iríamos nos ver novamente heim Pequena Rose? Certo, eu preciso que você relaxe e não se mova. – Disse André concentrado e sério.”

“- Pergunta importante; isso vai doer? – Questionei fazendo careta.”

“- Vai doer um pouco. Não se mexa, apenas tente relaxar o corpo e respire bem fundo Rose. - Instruiu André com um meio sorriso. – Diga para minha irmã que eu amo muito e que sinto a falta dela todos os dias, mas que mesmo sem minha presença física, ela não está sozinha. Eu sempre vou estar com ela.”

Fiz o que fora ordenado mesmo não acreditando muito na ideia de que iria conseguir sair daquele lugar numa boa, segundos se passaram e depois senti a palma da mão de André fazer contato com o centro de meu peito de forma sútil e nada íntima, algo muito forte parecia ter passado através de mim de alguma forma, senti uma dor estranha no peito como se tivesse levado um soco, abri meus olhos visualizando alguns rostos conhecidos, tentei dizer algo e fazer perguntas, tudo isso sem sucesso, ao longe pensei ter ouvido a voz de Lissa surtando por causa de algo relacionado a mim.

Ela aparentemente havia acordado e estava brigando com Adrian e com Dimitri, Christian tinha a voz urgente também. Lábios macios e quentes tocaram os meus lentamente. Ouvi uma risada baixa, o cheiro de colônia Russa tomou conta do ambiente e eu fiz algo parecido com sorrir. Eu havia conseguido, todos estavam seguros, se eu ainda estivesse em processo de morte iria com todo o prazer agora.


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