Triângulos e outras formas geométricas escrita por Maria Walburga Heeten


Capítulo 3
O exército montado




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Ele já não sabia há quanto tempo estava mais em Insula Nymphae. Passara meses treinando um exército, ajudando a montarem uma guarda que defendesse Nymphae de possíveis inimigos, mas ele não conseguia imaginar quem poderia ser esse possível inimigo. Não conseguia imaginar quem em sã consciência iria se interessar em destruir aquele lugar tão belo e aquelas pessoas tão pacíficas. Thorin foi acolhido em Nymphae como se fosse um nativo que voltasse de uma longa viagem e não como um completo desconhecido que havia chegado lá há alguns meses. Todos o receberam de coração aberto. Todos o tratavam como se o conhecessem há vários anos... Menos uma pessoa.
Uma pessoa que só havia conversado com ele mesmo uma única vez. Uma pessoa que era um mistério para o curioso anão. E uma pessoa que já havia conquistado sua admiração e respeito pelo que ouvia falar dela: a ninfa loira que montava um alopex e que tinha feno nos cabelos.A jovem com cheiro de chuva. E não entendia porque, mas enxergava a menina como alguém tão solitário e perdido no mundo quanto ele. Seu lado consciente negava, ela tinha família, um lar, mas seu lado inconsciente afirmava que eles tinham a solidão como uma companheira em comum. E estava caminhando para a casa dela quando escuta a voz que seria dela ou de Nina vinda do local onde dormiam as ovelhas. só poderia ser Maria, a responsável pelos animais era ela. Entra no estábulo e depar-se com uma ninfa loira de vestido marrom na altura dos joelhos atirada em cima de um monte de feno com... 1,2,3,..., 15 preás ao seu redor! E uma ovelha que não parava de emitir uns ruídos estranhos. Uma reunião entre a ninfa, os preás e a ovelha ainda peluda, que Maria deveria tosar naquela tarde. Aliás, a julgar pela total falta de lã, era meio óbvio que a ninfa não havia tosado nenhuma ovelha.Aproxima-se da conversa animada entre a ninfa e a ovelha em silêncio, até que um dos preás começa a cuicar aloucamente, sendo seguido pelos demais que o cercam, interessados no embrulho de pano que eles tinham nas mãos.
– Posso me juntar a vocês? - pergunta Thorin sem graça
– Claro! Venha! - fala Maria se sentando e tirando o feno dos cabelos
O anão acha graça.
– Achei que seu pai estava exagerando quando disse que deitava no feno. Mas é macio e cheiroso. Eu te entendo nisso. Já dormi muito em montes de feno. - fala Thorin sentando-se perto da ninfa
– Eu gosto de deitar no feno. Gosto do cheiro dele... eu tirava cochilos no feno com papá Alexei, primeiro marido do meu pai, quando ele ainda era vivo. Eu ainda faço isso. - fala Maria
– Soube que treina com os lobos. Por que não treina com os demais ninfos? - pergunta Thorin curioso
– Estou acostumada com os lobos. E não treino técnicas de combate à distância, treino uso de punhais com Domo, Oleksandra, Akeslla. E o treino sempre acaba em muitos potes de morangos. - fala Maria com um sorriso meio infantil no rosto
– Se eu prometer um treino de combate corpo a corpo e potes de morangos, aparece no meu treino? Quero saber o quanto já se desenvolveu. - pergunta Thorin
– Posso pensar no teu caso. Tem que ser morangos enormes e docinhos. - fala Maria
– Combinado! Esteja nas forjas Smith em dois dias. - fala Thorin
Ia levantando-se e saindo quando percebe uma tornozeleira de lobo na ninfa.
– Uma lembrança? - pergunta Thorin
– Presente de aniversário de 10 anos. Alexei me prometeu que nunca nos separaríamos... que ele nunca me deixaria. Ele não cumpriu a promessa dele. - fala Maria
O sorriso havia morrido dos lábios dela e a voz saía um pouco embargada no final. O anão percebeu que havia tocado num assunto delicado.
– As pessoas que nos amam, nunca nos deixam de verdade. Ele morreu, não teve a opção de ficar ao teu lado porque alguém tirou a escolha dele. Se ele tivesse opção, não teria ido embora. - fala Thorin
A menina apenas dá um sorriso meio triste e escudo de carvalho resolve permanecer ao seu lado.
– Sei como é difícil perder algo ou alguém importante. Depois de Smaug, não sei mais de meu pai e meu povo está perdido por aí. Depois de tanto tempo, perdi as esperanças de conseguir reunir meu povo e de ter Erebor de volta. - fala Thorin
– Louis me contou sobre o que ocorreu em Erebor. Concordo que na época não tinham nada o que fazer. Foram atacados de supresa, de forma extremamente cruel e implacável. Mas eu não desistiria de Erebor se estivesse no seu lugar. Muita água ainda vai correr por debaixo dessa ponte. Sabe, Thorin, o oráculo de Delphin tem falado de um mal muito maior que Smaug. - e ela ia continuar a falar, mas Doty, a ovelha fez um barulho estranho e Maria se conteve
Thorin percebeu que a jovem havia falado demais. Um mal muito maior que Smaug? Não conseguia pensar em um mal muito maior que Smaug.
– Se eu te vencer num duelo me conta o que é esse mal? - fala Thorin
Maria fica pensativa por uns instantes.
– Precisa saber do que se trata, para saber exatamente do que estamos tentando nos defender. Mas é complicado explicar. Papá foi o único que acreditou logo de cara quando o oráculo falou. Ele e a dinda. - fala Maria
Thorin estava atento a cada palavra que a jovem falava. Se poucos acreditaram, então era algo realmente ruim.
– É tão ruim assim? - pergunta Thorin preocupado
– É Sauron. - responde Maria
Thorin assusta-se com o que ela fala. Assustado a ponto de ficar completamente pálido.
– Mas ele não foi destruído? - pergunta Thorin
– Sim. Mas deve ter ouvido falar dos anéis, certo? Foram confeccionados 9 anéis para os nove reis humanos, 3 anéis para os três reis elfos, e um anel para ele, que controlava os outros anéis. Os nove reis humanos são os nove espectros. Se algum dia já tiveram nomes, se perderam no tempo com toda a humanidade deles. Os espectros já foram convocados, de acordo com alguns magos das sombras. Nenhum necromante humano teria capacidade para tal. - fala Maria
– Não teriam... Mas e se o necromante for um mago? - pergunta Thorin
– É a ideia de tia Olga. Ela é uma maga do país das Sombras. O trabalho dela é relacionado a espíritos e espectros. - fala Maria
– Mas o que isso tem a ver com Erebor? - pergunta Thorin
– Unidos, vocês serão mais fortes. Erebor pertence aos anões e não a um dragão ladrão. É um direito de vocês. - fala Maria
– É difícil. - fala Thorin
– E o que nessa vida tem sido fácil? - pergunta Maria
Thorin apenas dá uma risada baixa. Falando com a ninfa, até começava a sentir que seria mesmo possível tomar Erebor de volta. Mas... Por que não?
– Se eu for recuperar Erebor, perderão seu treinador. - fala Thorin
– Creio que meu pai concorda comigo que teremos vida em seus olhos novamente... E que isso é igualmente importante. Posso te ajudar a encontrar mais anões. Soube de uma família que mora em Bree... Um anão corpulento, ruivo... Eu vendi um kit para eles ontem. Sândalo. Talco, sabonete e essência. Não sei o nome dos pais, mas o menininho deles se chama Gimli. A esposa citou Erebor com o marido. Já é um começo. - fala Maria
– Reunir um exército e tomar Erebor de volta? Isso parecia tão distante... - fala Thorin
– Toda viagem começa com um primeiro passo. No final, uma longa jornada não está muito distante de ser considerada como uma grande coleção de passos em uma determinada ordem e com um determinado objetivo. - fala Maria
Ela fazia tudo parecer bem mais fácil e bem mais simples. Trazia esperança ao coração já cansado do anão. Maria levanta-se, pega na mão do anão e o puxa para levantar-se e até dentro de casa. Lena e Louis os acompanham. Seu gesto surpreende o anão, que chega à cozinha sendo puxado por ela constrangido. Ao entrar na cozinha, Maria solta sua mão e encaminha-se para o próprio quarto. Ninguém parecia minimamente constrangido ou surpreso. Pois é, aparentemente, para os ninfos, dar as mãos não era algo que tinha um mínimo de malícia.


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