Triângulos e outras formas geométricas escrita por Maria Walburga Heeten


Capítulo 1
Capítulo 1 — A chegada a Insula Nymphae




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Era um homem de baixa estatura, cabelos castanhos quase negros colados ao rosto pelo suor da travessia do deserto e corpo musculoso. Onde se encontrava? Como voltar? Porque diabos cargas d'água havia resolvido se aventurar por tal deserto? Por que havia se apegado tanto à ideia de se afastar de tudo, de desistir de sua terra natal, sua casa, tomada por um dragão anos antes?
Sim, sua entrada nesse deserto se devia ao fato de há muito ter desistido da ideia de reconquistar Erebor. Seu povo estava perdido, separado a vagar por toda a Terra Média. E de certo modo, se sentia culpado por não ter ainda devolvido seus lares a eles. E por isso, ao deparar-se com o escaldante deserto, onde não se via absolutamente nada além de muita areia e sol, resolveu seguir por lá. Caminhou por várias horas até que o cansaço e o calor tomaram conta de sua pessoa e acabou por cair, quase desmaiado. A última coisa que se lembrava era do mar estar há alguns metros de seu rosto, uma ilha incrivelmente verde a sua frente e de um animal enorme e peludo montado por algo que lhe parecia uma elfa aparecer ao seu lado. Elfos do deserto? Não teve tempo de concluir nada antes de sua mente se embaçar por completo e mergulhar profundamente num sono sem fim.
E acordar, sem saber quanto tempo após isso, num quarto confortável e de temperatura agradável. Olhando ao redor, percebia que era o quarto de uma casa de família, não parecia minimamente um quarto de hotel. A cama era de casal, em madeira maciça e num beje claro e os lençóis em tons claros de azul. A porta se abre e um homem alto de cabelos claros e curtos entra com uma bandeja. O homem tinha cabelos entre o loiro e o ruivo e uma barba rala no rosto, olhos azuis e um sorriso simpático no rosto. A roupa era de algodão cru, uma camiseta e uma calça e estava descalço. Não parecia nada um elfo. Thorin, ainda receoso, senta-se na cama e percebe-se limpo. Nessa hora, o cheiro de jasmim e chuva invade seu olfato. Logo atrás do homem, havia uma jovem de cabelos loiros, escorridos de tão lisos e olhos de um tom bem claro, entre o azul e o verde. O homem cheirava a jasmim e a jovem, praticamente tão alta quanto o homem, cheirava a chuva. Resolve observar melhor a garota enquanto o homem aproximava-se com uma bandeja que parecia de comida. Era muito alta, magra, de traços delicados e olhar desconfiado. O rosto, assim como parte do colo, os braços e mãos eram salpicados de delicadas pintas e tinha a pele do rosto corada de sol.
— Você teve muita sorte, anão... Qual o seu nome? — pergunta o homem sentando-se na cama e colocando a bandeja no colo.
O anão havia suposto corretamente. Era comida e um copo de... suco? Mas não reclamaria da comida. Ainda tinha que descobrir quem eram aquelas pessoas.
— Thorin, escudo de carvalho. — responde ainda desconfiado
E a expressão no rosto do homem fica repentinamente aliviada e sorridente.
— Não te falei, Maria? O dragão era forte, mas a vida é sempre mais forte. Soubemos o que ocorreu ao seu povo. Ficamos aliviados de saber que alguns conseguiram sobreviver. E impressionados por terem conseguido chegar tão longe. Sabe onde está? — pergunta Klauss gentil
A reação do homem o deixava cada vez mais confuso. Não era comum ser tão bem recepcionado.
— Está em Insula Nymphae, no extremo norte da Terra Média. Você andou bastante, senhor Thorin. — comenta a jovem, de voz bastante aguda e levemente infantil
Ao olhá-la novamente, Thorin reconheceu como a jovem que o havia retirado do deserto. Eles o haviam salvado...
— Sou Klauss Heeten, governador de Insula Nymphae e essa é Maria Walburga, minha filha. Você teve sorte, Maria o encontrou na fronteira entre Insula Nymphae... E o restante da Terra Média. Ainda estava em uma porção fora da ilha, mas fronteiras para Maria são apenas detalhes decorativos. A questão é que ela atravessou a fronteira e te salvou. — falou Klauss achando graça do que a filha fizera
Thorin fita novamente a jovem um tanto magra. COmo ela o colocou no lombo de um animal daquele tamanho? Senta-se na cama e olha para a bandeija. Havia uma salada de frutas, um pão com um creme passado nele e um copo de suco de uva. Pelo cheiro parecia suco de uva. O anão pega o pão e dá uma bocada generosa. A pasta era levemente salgada, mas atpe que era gostoso. Ou sua fome era tanto que parecia saboroso.
— Não parece comida de elfo. Aliás, não parecem elfos... O que são? — pergunta Thorin
Aquilo ainda era a única pergunta que tinha em mente. Sabia ser grato às pessoas que de certo modo o salvaram.
— Somos ninfas. Há muitos anos, um elfo se envolveu com uma deusa da natureza e essa é a nossa origem. Não éramos aceitos em nenhum dos dois lados, então viemos migrando cada vez mais para o norte até encotrarmos essa ilha. E nos estabelecermos nela. Isso foi há alguns milhares de anos. Hoje em dia temos pouco contato com o restante da Terra Média, a maior parte do contato com Radagast, o castanho. É sempre uma festa quando Radagast nos visita. É um mago incrível! — fala Klauss sorridente.
Thorin percebe que ambos, pai e filha, ficaram visivelmente mais animados quando o nome de Radagast foi falado.
Continua comendo seu pão. Aquele povo lhe parecia incrivelmente gentil e cordial. Tinha dado uma sorte acima do normal.
— Papá, vou alimentar Aghata. Já volto! — comenta a loira saindo
A loira sai do quarto e deixa Thorin e Klauss sozinhos.
— Obrigado pelo que fizeram. Eu não sei o que seria de mim se sua filha não tivesse me trazido para cá. — fala Thorin
— Estava morrendo, senhor Thorin. Maria o encontrou à beira da morte, teve sorte de ter resistido até chegar aqui. E teve sorte dela estar cavalgando com Aghata. Assim, conseguiu te trazer até mim e Karl, nosso curandeiro. Se recuperou rápido para alguém que estava tão mal. Só demorou 3 dias. — fala Klauss gentilmente
— Quem é Aghata? Eu só me lembro de ter visto a sua filha montado em um Worg... — fala Thorin tentanto se lembrar do ocorrido
— Não é um worg. É um alopex. São mais selvagens e... perigosos. — fala Klauss
Thorin olha-o espantado.
— Mais perigosos? E a menina monta um? — pergunta Thorin preocupado
— Não se esqueça que nós podemos conversar com todo tipo de animais e criaturas. Maria conversa com Aghata como eu estou conversando com você agora. Então, Aghata é perigosa para quem não a compreende. A natureza não é perigosa para as ninfas e ninfos, senhor Thorin. Ela é nossa mãe. — fala Klauss
Ele já tinha ouvido falar de ninfas, mas para Thorin eram apenas lendas. Criaturas tão conectadas com a natureza, que podiam se comunicar com fauna e flora. Nunca imaginou que seria resgatado por uma ninfa. Assim que Klauss se levanta e se retira do quarto, deixando o anão sozinho, Thorin termina de se alimentar. Os ferimentos que havia sofrido do ataque do dragão e das lutas que travou desde que havia deixado Erebor haviam desaparecido por completo. A sorte voltava a sorrir para o rei anão. Mas ainda faltava descobrir porque aquelas ninfas e ninfos haviam sido tão gentis com ele.


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