Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 7
Capitulo 6 - Vultos


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 01/02/2021.
Boa leitura!



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Vultos

 

Conviver com Naruto era ainda mais fácil do que respirar. Em poucos dias era impossível imaginar nossa rotina sem sua presença.

Ele também era muito bom em conseguir comida a qualquer momento.

— Não vai me dizer que estão com medo disso? – O loiro nos provocou ao ver que eu e Tenten tínhamos nos assustado com os relâmpagos que iluminavam a sala. – É só uma chuvinha boba.

— É claro. – A Mitsashi recolheu os cadernos e me olhou em expectativa. – Vamos antes que fique pior.

Pelo que entendi, não havia outra opção para retornar para os dormitórios que não fosse o jardim. A possibilidade de me molhar não era agradável, mas eu concordei com Tenten que quanto antes chegássemos aos nossos quartos, mais rápido nos afastaríamos da chuva.

Tenten colocou a mochila sob a cabeça e saiu correndo da proteção do colégio, fiz o mesmo que ela, sendo acompanhada por Naruto que não parecia tão incomodado quanto nós.

Entretanto, antes mesmo de chegar até o enorme chafariz, desisti de me manter seca. Era impossível com todos os alunos esbarrando em mim e em todas as poças d’agua em que pisei durante o caminho.

A confusão também fez com que eu me perdesse dos meus amigos. E sozinha, no meio de tantos estranhos, acelerei os meus passos.

Quando um novo trovão ressoou e mais um raio cortou os céus, as luzes se apagaram. Senti meu corpo ser empurrado com violência e por pouco não caí, antes que eu pudesse erguer meu rosto, algo me puxou e a mão fria queimou em contato com a minha pele.

Me desvencilhei e com o corpo sujo de lama, me levantei para começar a correr na direção dos dormitórios.

Uma neblina densa havia tomado conta de todo o jardim e as vozes dos outros estudantes desapareceram, me deixando sem qualquer senso de direção.

— Merda. – Praguejei apertando a alça da minha mochila. Eu sabia que não estava sozinha. Ainda conseguia sentir o toque frio em meu braço. – Naruto, Tenten! – Gritei por meus amigos em vão.

A sombra que passou em minha frente foi o suficiente para que eu recomeçasse a correr. Minhas mãos tremiam, minha respiração estava descompassada e o desespero que tomava meu coração era o suficiente para que eu desejasse que Sasuke descobrisse que havia algo errado comigo naquele momento.

Arfei quando torci meu pé e caí de encontro com a grama molhada sem conseguir me levantar. Dessa vez, os três vultos me cercavam, mas eu não fui capaz de gritar.

Um dos vultos ergueu uma das mãos e dela uma fumaça prateada começou a ser emitida. Tossi, curvando meu corpo e coloquei a mão sobre o meu peito, não consegui parar de encarar as criaturas sinistras. Meu cabelo grudava contra o meu rosto, minha respiração estava entrecortada.

Por mais que eu tentasse, minha voz não emitia nenhum pedido de ajuda. E por isso, comecei a me concentrar em todo o desespero que eu sentia. Aquela era a minha única chance.

Me levantei ignorando a pontada de dor em meu tornozelo e me preparei para correr. A fumaça prateada estava chegando vagarosamente até mim, recuei sentindo minhas pernas protestarem, quando senti as mesmas mãos frias sobre os meus ombros lembrando-me de que eu não estava sozinha ali.

— Não tema, criança. – A voz feminina saiu em um sussurro, o hálito frio batendo contra a minha pele. – Não tema. – A fumaça estava prestes a me alcançar.

— O que são vocês? – Meus lábios se mexeram, não pude ouvir a minha voz. – Por favor, me deixem ir! – implorei fazendo esforço para conseguir ouvir minha voz, mas não adiantara, eu estava muda.

Comecei a chorar silenciosamente, sentindo meu corpo adormecer quando a fumaça tocou meus pés. Ela parecia querer me engolir por completo.

— Somos o destino. – A mesma mulher me respondeu e eu tentei ver seu rosto pelo canto dos olhos. – Há algo que precisa ver.

— Não tema, criança. – A voz feminina saiu em um sussurro, o hálito frio batendo contra a minha pele. – Não tema. – A fumaça estava prestes a me alcançar.

— O que são vocês? – Meus lábios se mexeram, não pude ouvir a minha voz. – Por favor, me deixem ir! – implorei fazendo esforço para conseguir ouvir minha voz, mas não adiantara, eu estava muda.

Comecei a chorar silenciosamente, sentindo meu corpo adormecer quando a fumaça tocou meus pés. Ela parecia querer me engolir por completo.

— Somos o destino. – A mesma repetiu e eu tentei ver seu rosto pelo canto dos olhos. – Somos o destino.

Era outono, as folhas secas e alaranjadas caiam conforme o vento sacudia os galhos, numa dança sinuosa até pousarem sobre a grama. O vestido longo e verde deixava seus ombros expostos, a cintura era marcada por um espartilho e os braços por um tecido rendado. Os longos cabelos róseos estavam soltos e pareciam dançar conforme a brisa, enquanto seus olhos vermelhos como o fogo, observavam o moreno de forma curiosa.

— Me pergunto o porquê de se vestir de forma tão simplista, enquanto sua irmã abusa da riqueza de sua família. – Perguntou parando a poucos metros dela. A expressão séria não condizia com o tom curioso.

— Não preciso de joias e ouro quando vou fazer um simples passeio, Senhor Uchiha. – Respondeu dando um sorriso, o qual não foi retribuído. – Ela faz um bom uso de nossas riquezas, a sua maneira, não vejo motivo para interferir em seus desejos peculiares. – Ele aquiesceu brevemente e ela retribuiu o gesto. – Se me concede a sua licença.- Preparou-se para se afastar, mas a pergunta que ouvira fez com que ela parasse.

— Permite que eu lhe acompanhe? – A expressão dele não havia se alterado em momento algum, mas ela, porém, era movida pela curiosidade que o outro lhe instigara.

— Não entendo o motivo de sua proposta. – Disse começando a caminhar, tendo a ciência de que ele lhe acompanhava. – Mas se lhe faz feliz, sua companhia seria de bom grado, Senhor Uchiha. – Olhou pelo canto dos olhos e sorriu rapidamente.

— Entendo que a mesma curiosidade que existe em mim, também habita o seu intimo, senhorita. – Ele disse e ela o encarou com uma das sobrancelhas arqueadas. – Mas devo dizer que prefiro os seus olhos longe desse carmesim que se encontravam há instantes.

— Obrigado pelo elogio. – Os olhos, que agora estavam verdes, brilharam. – Porém, sinto-me constrangida a receber elogios do noivo de minha irmã. – Ouviu a risada dele e o encarou inquisitiva. – Não entendo o motivo da graça, Senhor Uchiha!

— A graça está em sua atuação, minha querida. – Respondeu ele – Sua atuação diante de tua irmã é tão superficial, que poderia ser considerada uma blasfêmia. – Sorriu sarcasticamente, quando a moça parou em sua frente.

— Que insolência! Não finjo nada para a minha irmã. – Retrucou entredentes. – Peço que não me ofenda e se quiser faze-lo, não necessito da sua companhia. Tenha uma boa tarde. – virou-se novamente para se afastar, mas uma mão a segurou.

Meus olhos haviam focado os vultos novamente e eu passei a tossir compulsivamente, sentindo um gosto metálico em minha boca. Cuspi e logo passei a vomitar um liquido viscoso. A mão em meu ombro parecia me segurar, mantinha-me firme como se possuísse a certeza de que se me soltasse eu cairia.

— Por que pareces mais uma serva do que uma nobre quando está ao lado da sua irmã. – Falou aproximando o seu rosto do da garota, encarando fixamente seus olhos. – Percebo cada expressão desgostosa ao vê-la esbanjando dinheiro, cada mordida de lábio reprimindo tuas palavras ferozes e os teus desejos de caridade. – Disse seriamente e a moça não esbanjou reação alguma. – Irá negar esses fatos, senhorita?

— Não vejo o porquê de tantas calunias. - Com a mão livre, a mulher afastou os cabelos do rosto. - Creio que esteja delirando pela falta de alimento. – acrescentou rudemente.

— Sabe muito bem que não estou sujeito a alucinações. – Ele mantinha o enlace sobre a mão dela e aproximou-se ainda mantendo contato visual. - Me diga a verdade.

— É noivo de minha irmã, mantenha distância de mim. – Apesar de suas palavras, a garota não fez menção de se afastar. - Finjo, pois não posso ir contra ela. Isso lhe satisfaz? - Virou o rosto fugindo do olhar que ele lhe lançava. – Será que pode se afastar de mim, Senhor Uchiha? Se nos pegarem nessa situação, será algo desconfortável.

— Não, isso não me satisfaz. – Respondeu o moreno guiando-a até que as costas da mulher se encontrassem com a arvore mais próximo. Ela entreabriu os lábios com expectativa, ansiando pelo próximo movimento dele. – Sabe que gosto que me chame de Sasuke.

Como da outra vez, meus olhos voltaram a focar no que estava acontecendo ao meu redor.

As mãos que me seguravam ainda eram frias e firmes, mas os sentimentos que me invadiram foram de raiva e receio. Eu os conhecia como ninguém, mesmo que meu primeiro impulso tenha sido o de erguer minha cabeça em sua direção.

— Sasuke... – minha voz soara em um sussurro, antes que eu voltasse a tossir compulsivamente, engasgando-me novamente. – Nunca pensei que ficaria feliz em te ver.

O Uchiha não me respondeu. Seus olhos vermelhos brilhavam em meio a escuridão e sua expressão era ameaçadora. Pude sentir sua fúria, ela me deixava tonta.

Meus braços e pernas pareciam ter sido desmontados do meu corpo, eu não conseguia move-las e muito menos senti-las.

— Saiam daqui! – A voz de Sasuke soara autoritária e meus olhos vagaram em direção aos vultos, que haviam se enfileirado. O do meio ergueu a mão e apontou para nós, ouvi alguns sons distintos e minha visão começou a ficar turva antes de tudo desaparecer. – Vão embora! – Ele gritou novamente antes que as figuras desaparecessem.

X-X-X

— Você é o maldito guardião! – A voz de Sasuke foi a primeira coisa que ouvi quando acordei. – Como pode deixar que isso acontecesse? – Ele parecia se controlar para não gritar.

Abri os olhos devagar, esperando que eles não notassem minha consciência. Naruto era o único que estava em meu campo de visão. Suas roupas estavam molhadas e ele me encarava de forma preocupada, estendeu a mão para me ajudar a sentar e eu a segurei sentindo uma dor lasciva em meu estomago. Coloquei a mão sobre a minha boca, porém não consegui conter o vomito.

— I-Isso é sangue? – Perguntei assustada ao ver o liquido vermelho manchar o chão. – Mas que... – Não consegui terminar de falar, pois algo revirou meu estomago e lá estava eu novamente vomitando no chão. Naruto prontamente me estendeu um balde, ele parecia esperar por aquela reação do meu corpo.

— Não acredito que deixaram ela vomitar no meu chão! – Os tintilares de saltos contra o piso começaram a se aproximar de mim. – Que estrago... – Ouvi um suspiro, mas não me atrevi a levantar o rosto do balde que começava a exalar um cheiro azedo. – Isso querida, você tem que vomitar tudo o que estiver no seu estomago.

O constrangimento que me assolou não era o suficiente para impedir que eu continuasse a vomitar. Senti como se estivesse dentro de um carro em movimento, sendo consumida ela vertigem.

Ergui os olhos brevemente para encarar a mulher e seus olhos dourados eram gentis.

— Mandei que os guardas averiguassem o colégio, nada foi encontrado. – Ela fez menção de se afastar. – Já acabou? – Perguntou para mim e eu afastei o balde o colocando-o no chão, que repentinamente havia ficado limpo. – Beba isso, querida. – Estendeu-me uma caneca marrom. – É chá e vai limpar o veneno do seu organismo. – esclareceu e eu segurei a caneca relutantemente.

Observei a mulher que lançou-me um breve sorriso. Seus cabelos eram loiros e iam até a metade das costas, os lábios estavam pintados de vermelho e ela trajava um vestido verde longo que possuía um enorme decote, dando ênfase em seus seios volumosos.

— O gosto é ruim, mas vai te fazer bem, Sakura. – Naruto disse abrindo um sorriso. – Vai fazer com que você fique bem logo.

— O que você está fazendo aqui? – Murmurei minha pergunta com confusão. – O que aconteceu?

— Shizune, exame isso. – Notei a mulher que parecia se esconder no canto mais escuro da sala. – Pode haver resquícios de quem fez isso. – Ela assentiu, pegou o balde e se retirou silenciosamente.

Olhei para Sasuke esperando que ele me desse respostas, mas o Uchiha apenas indicou que eu devia beber o que a mulher tinha me dado. O gosto era horrível, mas não me atrevi a dizer nada.

— Eram demônios do destino. – Naruto respondeu-me ficando estranhamente sério. – Tsunade, pode explicar para ela? – a loira aquiesceu.

Tsunade... Aquela era a diretora?

— Nós a chamamos de demônios do destino, mas na cultura humana existem seres semelhantes, aos quais vocês chamam de Parcas. – Tsunade fez uma pausa e encarando a caneca em minhas mãos. – Demônios do destino, são seres inofensivos. Apenas desejam mostrar o futuro ou passado para alguém.

— Não me pareceram inofensivas.

— São inofensivos à quem sabe de sua existência, aqueles que desconhecem dela, são sujeitos a traumas no organismo quando estão em sua presença. – Tsunade explicou com paciência. – Vertigem, enjoo, fortes dores de cabeça. São alguns dos sintomas. – Fiz uma careta ao ouvir tudo o que estava sentindo. – Normalmente tratamos com uma infusão feita com alguns ingredientes...Raros, mas no seu caso, precisamos apenas da contribuição de Sasuke.

— Que tipo de contribuição?

Olhei para Sasuke e arregalei os olhos ao ver que o braço esquerdo dele estava envolto em uma atadura manchada por sangue.

— Ah. – Olhei para o copo escuro mais uma vez na tentativa de ver o líquido que estava lá. – Preferia não saber que tem seu sangue nisso. – Murmurei erguendo os olhos para Sasuke. Eu sabia o quanto nossa ligação como pactos era fortalecida através do sangue.

O sangue de Sasuke era o melhor remédio que eu teria em toda a minha vida, mesmo que eu me recusasse a bebe-lo por vontade própria. Eu não era como ele que dependia disso para sobreviver.

— Devia parar de fazer tantas perguntas.

Aquiesci sentindo que minha cabeça estava pesada. Por mais que Sasuke insistisse, o colégio não era seguro. Não como ele havia dito que era.

— Vou descobrir quem fez isso, Sakura. – A voz do Uchiha fez com que eu erguesse meus olhos novamente para encará-lo. – Vou fazê-lo implorar pela morte.

A voz mansa de Sasuke escondia um ódio que eu era capaz de sentir. E mesmo que a raiva dele não fosse direcionada à mim, senti medo.

 


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Notas finais do capítulo

Continua... mereço reviews? Favoritos, recomendações? /apanha/
Contem-me o que estão achando da fic, dos personagens, se está alguma coisa forçada... A opinião de vocês, faz com que a história se desenvolva da melhor forma possível *-*
Até semana que vem ou antes