Chains escrita por Priy Taisho
Notas iniciais do capítulo
Olaaaar!
Capítulo reescrito em 29/01/2021.
Boa leitura!
Folhas de Chá
— Qual o problema?
A voz de Sasuke interrompeu o silêncio do quarto no momento em que eu abri meus olhos.
Me sentei na cama em silêncio e passei as mãos pelo meu cabelo para tirá-lo do meu rosto. Meus olhos estavam fixos no colchão, enquanto eu tentava organizar meus pensamentos acerca do que tinha acontecido.
— Por que preciso ter um problema? – Respondi a pergunta em um murmúrio rouco. – Foi só um pesadelo. – Acrescentei fechando os olhos por um instante.
— Entendo.
Continuei sentada em silêncio, o sonho aos poucos se desvanecia em minha mente, mas a sensação de que minhas mãos estavam sujas de sangue ainda permanecia.
— Qual o problema com suas mãos? – Perguntou Sasuke mais uma vez. – Você não para de movimentá-las como se tivesse algo errado.
Olhei para minhas mãos e elas estavam limpas, deixando claro que meu sonho não passava de um resultado da minha imaginação.
— Elas estavam repletas de sangue. – Murmurei a resposta fechando minhas mãos em punhos contra o lençol. – Foi só um pesadelo. – Repeti para mim mesma, mas me surpreendi ao sentir a mão de Sasuke sobre as minhas, puxando-as em sua direção para que ele pudesse observá-las. – Foi um sonho, Sasuke.
Ele franziu o cenho e continuou a encarar minhas mãos como se pudesse ver algo que eu não conseguia.
— De quem era o sangue?
— Meu. – Resolvi deixar de fora todo o contexto que havia visto, era demais explicar aquilo para Sasuke. – Unicamente meu.
Sasuke ergueu os olhos na minha direção e soltou minhas mãos com delicadeza, embora houvesse algo contido em seus olhos que me incomodavam mais do que devia. Ele estava escondendo alguma coisa.
— Deve ser algum presságio de que você viverá muito. – Sasuke disse por fim, levantando-se da cama. Ele continuava com as mesmas roupas de antes. – Apenas lave as mãos e vá descansar, Sakura.
— Isso não faz sentido.
— Tem razão.
— Onde você vai? – Franzi o cenho ao ver Sasuke caminhar em direção a saída do quarto. – Sasuke?
— Há algumas coisas que preciso resolver. – Ele justificou com a mão na maçaneta. – Não abra a porta para desconhecidos.
— Por que precisa resolver algo durante a madrugada?
Os ombros de Sasuke ficaram tensos e por um momento, senti uma pontada de apreensão em seus sentimentos. A minha pergunta fez com que ele ficasse cauteloso.
— Boa noite, Sakura.
Encarei a porta por algum tempo antes de seguir o conselho de Sasuke e retomar meu sono. Eu não entendia o que estava acontecendo com o Uchiha desde que nós havíamos nos mudado para o colégio Senju, mas sabia que Sasuke me escondia algo.
Só não sabia se devia me interessar o suficiente para descobrir sobre isso.
— Karin disse que haveriam consequências. – A voz de Sasuke era enérgica como nunca antes. Eu conseguia vê-lo caminhar de um lado ao outro em uma sala escura. – Acha que ela fez algo?
— Não acredito nisso.
Virei meu rosto e pude ver Ino sentada em um dos cantos, com uma taça de vinho em mãos. O cabelo dela estava solto e seus olhos vermelhos como os de Sasuke. Ela parecia ameaçadora.
— Karin não teria coragem de fazer nada com ela aqui. – A Yamanaka acrescentou após um tempo. – Não com todos nós por perto.
— Você a subestima demais. – Sasuke cuspiu as palavras com revolta. – Acha que ela sabe do que...
— Não seja tão temeroso, irmãozinho tolo. – Não reconheci a voz do homem e também não pude ver seu rosto. – As coisas não...
— Fique quieto. – Sasuke ergueu a mão para o homem para que ele interrompesse suas falas. – O que está fazendo aqui? – Os olhos dele me fitaram com confusão e eu recuei um passo, mesmo tendo certeza de que aquilo era um sonho, eu tinha a sensação de que Sasuke não podia me ver. – Vá embora, Sakura. Você não precisa saber sobre isso.
X-X-X
— Você acha que fez viagem astral? – Tenten perguntou-me antes de mordiscar um pedaço de pão. – É isso ou você só teve um sonho bem criativo.
— Eu não sei fazer essas coisas. – Resmunguei desviando meus olhos dela para as outras pessoas do refeitório. Os alunos diurnos não faziam ideia do que acontecia nesse lugar e eu tinha inveja deles por isso. – Sei que faz apenas alguns dias que estou aqui, mas não consigo deixar de pensar que é esse lugar que está mexendo com a minha cabeça.
— Você fala sobre o colégio? – As bochechas de Tenten estavam cheias, mas seu olhar pensativo me fez crer que ela levava o que eu dizia a sério. – As barreiras mágicas podem causar isso, eu acho.
— Não deviam nos proteger de curiosos?
— A magia não é só preto e branco. – Tenten revirou os olhos diante da minha ignorância. – Memórias antigas podem ser despertadas quando você começa a ver mais do que devia.
— Eu não vi nada. – Revirei os olhos e ela riu. – Sério, nós não infligimos nenhuma regra. Eu não posso ter visto mais do que devia.
— Nada de perambular pelo prédio C, nada de ir aos dormitórios humanos, nem sair do quarto depois da meia-noite. É perigoso. – Tenten recitou as regras que havia me dito na noite anterior. – E principalmente, não conte nada aos humanos.
— Há quanto tempo você está aqui, Tenten?
— Quase um ano.
— E por que você não sabe qual o seu lugar aqui ainda? – Cutuquei sua ferida na intenção de trocar de assunto. – Que colar bonito. – Murmurei ao vê-la apertar um colar que parecia entalhado a mão e que representava um sol e metade de uma lua que se encontravam ao centro.
— Tenho ele desde que era criança. – Tenten sorriu nostálgica e soltou o colar antes de voltar sua atenção para mim. – Acho que podemos tentar ler sua sorte nas borras de café ou nas folhas de chá.
— Não me parece uma boa ideia.
— Vai dar tudo certo. – Tenten abanou uma das mãos para dispensar meus comentários. – Na maioria das vezes eu sei o que estou fazendo.
Abri a boca para responde-la, mas me surpreendi quando o lugar vago em nossa mesa foi ocupado.
Olhei para o homem ruivo que se acomodou como se tivesse sido convidado e mordeu uma maçã com naturalidade antes de focar seus olhos cinzentos em minha direção. Ele me parecia familiar, mas não consegui lembrar de onde eu o conhecia.
Tenten parecia tão surpresa quanto eu e balbuciou algumas palavras antes de desistir.
— Uma sessão de leitura do futuro me parece promissora. – A voz dele era suave, mas perigosamente interessada em nossa conversa. – Será um prazer participar de tudo.
— Você não está convidado. – Apontei e o olhar assustado de Tenten me dizia que eu tinha dito a coisa errada. – Ficará para uma próxima vez. – Senti um chute em minha canela e olhei para Tenten com irritação.
— Minhas habilidades não são tão boas assim. – Tenten sorriu amarelo atraindo a atenção do ruivo para si. – Não verá nada espetacular.
— Acho que está sendo modesta, Tenten. – A minha nova amiga pareceu ainda mais surpresa ao notar que ele sabia seu nome. – Irei embora se prometer que lerá meu futuro quando eu pedir.
— Ela não tem que fazer nada. – Resmunguei e os olhos curiosos do rapaz voltaram na minha direção. – O que foi?
— É um revê-la, Sakura. – Foi a minha vez de arregalar os olhos. – Meu nome é Sasori Akasuna, não se esqueça.
X-X-X
— Sasori, Sasori! – Tenten parecia perturbada enquanto caminhava pelo seu próprio quarto. – Se eu estou aqui sem saber o motivo, Sasori com certeza sabe porque está aqui.
— O que você está dizendo não faz sentido. – Cantarolei enquanto soprava o chá que ela tinha me servido. – Quem é ele?
— Sasori Akasuna. – Tenten parou de andar e desfez os coques do cabelo aos poucos. – Ele é perigoso.
— Ele me pareceu um idiota. – Bebi um gole do chá e fiz uma careta. – Precisa ser tão quente?
— É, bebe tudo. – Tenten ignorou meu drama e concentrou-se em desfazer os nós de seu cabelo. – Ouvi histórias de que ele tem uma aliança com lobisomens.
— Um vampiro? Aliança com lobisomens?
— Como você sabe que ele é um vampiro? – Tenten franziu o cenho e eu ergui os ombros não dando muita atenção para o que ela dizia. – Eu não te disse isso.
— Alguém deve ter me dito.
— Você não fazia ideia de quem ele era até...Ah, esquece. – Tenten sentou-se no chão em minha frente e puxou a xícara das minhas mãos para observar o que tinha dentro. – Você tem quantos anos, Sakura?
— Dezenove. – Respondi tentando ver o conteúdo da xícara. – Eu entrei atrasada no colégio e repeti um ano por falta. – Tenten ergueu os olhos na minha direção e franziu o cenho. – O que? Eu nunca entendia nada. – Resmunguei em minha defesa, mas ela balançou a cabeça negativamente.
— Não sei. – A Mitsashi mordiscou o lábio inferior e tornou a olhar para a xícara em busca de respostas. – Sinto uma energia antiga em você.
— Não sente não. – Foi inevitável não rir do que ela falava. – Só tenho dezenove anos. Não é nem meio século.
— Ou pode ser sua vida passada. – Tenten murmurou concentrada. – Eu...Não consigo entender.
— Tem algum sinal de perigo? – Ela não soube responder minha pergunta. Suspirei aliviada. – Prosperidade?
— Não sei. – Tenten parecia preocupada. – Tem algo aqui que pode simbolizar fortuna, então acho que sim. – Ela murmurou estreitando os olhos antes de aproximar a xícara de seus olhos. – Mas há um lobo.
— Lobos significam aventuras?
— Lobos são maus presságios. – A minha careta foi o suficiente para tirar Tenten do torpor místico que ela havia entrado. – De qualquer forma, vou dizer que sua leitura é inconclusiva. Não posso ler isso.
— Você não é tão boa quanto prometeu.
— Eu tenho certeza de que disse que era ruim. – Tenten deixou a xícara no chão e olhou para mim com expectativa. – Então, quer ver um filme?
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