Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 42
Capítulo 41 - Pedra Vulcânica


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 05/08/2021.
Ok, esse tem uma mudança significativa hahah mas tudo pelo bem do roteiro, né não?
Acho que até a próxima semana teremos atualizações inéditas já hahah
Boa leitura!



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Pedra Vulcânica

Ao retornar para a fronteira Leste, Sakura deparou-se com uma confusão com a qual ela não conseguia descrever. 

— Você não disse que as coisas haviam normalizado?

— Eu disse — Sasuke afirmou em um tom confuso. Os orbes vermelhos vagavam de um lado ao outro, enquanto os homens passavam por nós em busca do corpo de Paul que ainda permanecia na floresta. — O que está acontecendo? — O Uchiha parou um dos homens e indicou a algazarra na direção oposta de onde estávamos.

— As masmorras foram atacadas, majestade — Ele respondeu segurando firmemente a espada em suas mãos. Havia sangue nelas e sua respiração era descompassada. — O general Itachi correu para lá quando ouvimos a primeira explosão. 

— Não escutei nada — Sakura olhou para Sasuke e ele estava tão confuso quanto ela. — Quando isso aconteceu?

— Agora mesmo, senhora.

Os vampiros não esperaram por uma nova confirmação. Correndo em direção as masmorras, Sakura e Sasuke tinham em seus rostos a expressão de quem esperava pelo pior. 

A Haruno conseguia sentir a preocupação que crescia no Uchiha. De acordo com a estrutura do castelo, as masmorras eram um ótimo ponto de acesso para os esconderijos subterrâneos. 

Direto aos Uchihas e Tenten. 

 — O que aconteceu? — Sasuke questionou passando pela pequena brecha que os homens haviam aberto. — Quero um relatório completo.

Havia um buraco grande em uma das paredes, o cheiro de queimado ainda era forte e muitos homens haviam sido feridos com a explosão. Era possível ver o caminho da pólvora e os rastros de fogo que eram difíceis de controlar, mesmo com todo empenho dos guardas. 

Ao que tudo constava, a encenação de Suigetsu era uma distração para o que havia acontecido ali. Barris de pólvora que foram amontados em um ponto cego, uma explosão que quase passou despercebida e alguém que era resistente o suficiente para atravessar as chamas e levar consigo um dos prisioneiros. 

— Quem estava nas masmorras? — Sakura perguntou em um murmúrio. Ela viu Naruto que ajudava a erguer alguns dos pedregulhos que haviam despencado da parede. — Quem foi o prisioneiro, Sasuke? — Nervosismo. Ela conseguia sentir que os próprios dedos haviam começado a tremer mesmo sem receber uma resposta.

— Sai — Sasuke respondeu tão baixo que ela não o compreendeu de imediato. — O vampiro que trouxemos do mundo humano como prisioneiro.

 X-X-X

Tenten não conseguia conter as expressões de horror enquanto Naruto narrava tudo o que havia acontecido enquanto ela estava presa em um salão rodeada por guardas, dois vampiros desprezíveis, Mikoto e o Rei Fugaku que ficava a todo o instante questionando os guardas sobre o andamento da confusão que estava ocorrendo do lado de fora. Não haviam deixado que Neji a acompanhasse, mesmo que o Hyuga houvesse insistido com fervor.

Hinata estava sentada sobre a cama e observava Naruto com calma, para Tenten era estranho vê-la tão perto do Uzumaki sem a habitual expressão de irritação.

— Eles fugiram como ratos assustados! – Naruto exclamou socando a palma da própria mão animado. O Uzumaki estava sentado no tapete, suas costas estavam apoiadas na cama e ele gesticulava enquanto contava tudo com detalhes. – Quando Sasuke usou a espada do tal Suigetsu contra ele mesmo... UAU! Foi tão... Tão...

— Tenten já entendeu, Naruto – Hinata o interrompeu enquanto revirava os olhos. Naruto fez uma careta e cruzou os braços emburrado. – Neji me contou sobre a descoberta de vocês.

— É por isso que você está aqui – A Mitsashi concluiu e Hinata aquiesceu concordando com o que ela tinha dito. – Estava começando a achar que você tinha me abandonado.

— Esse não é o único motivo da minha visita, mas sim, é por isso que estou aqui - Hinata entrelaçou os próprios dedos e endireitou a postura. - Tenten, imagino que meu irmão não tenha lhe contado a verdade...

— Qual verdade?

— Você será a responsável - Hinata umedeceu o lábio inferior e suspirou. - Por destruir a Pedra da Lua. Não temos tempo para procurar por outro cigano.

Tenten aquiesceu, mas nada em sua expressão denunciava a surpresa que Hinata esperava. 

— Não está surpresa?

— Pra falar a verdade? Não. – Disse Tenten sentando no chão como Naruto. – Pensei sobre isso durante todos esses dias - Ela murmurou e deu um sorriso sem graça. — Eu e Neji passamos a madrugada revirando a biblioteca. Depois de algumas horas de sono percebi que seria eu, o que me assusta é não saber como — Havia sinceridade e medo nos orbes castanhos da Mitsashi.

— Eu estou aqui pra te ajudar. – Hinata enfatizou. – E Neji também.

— Eu também! – Naruto protestou e Tenten deu risada. – Você só vai ter que passar pela barreira e depois quebrar a pedra, não vai dar tanto trabalho.

— Só vai ter que concentrar sua energia para que a barreira não te destrua.

Tenten e Naruto olharam para Hinata alarmados e ela revirou os olhos, voltando a se escorar na cabeceira da cama. Não era surpresa que Hinata fosse sempre tão direta, porém, ela não media esforços para deixar claro que os riscos eram altos. 

Pouco tempo depois, Neji adentrou o quarto carregando um saquinho preto. Ele parou próximo de Tenten, enfiou a mão dentro do saquinho e de lá retirou uma pedra púrpura, em seguida a jogou para a Mitsashi que a agarrou por puro reflexo.

— Está maluco?! – Gritou largando a pedra no chão. A mão que ela havia usado para agarrar a pedra estava vermelha e formigava. – Essa merda me queimou!

— Eu sei – Respondeu o Hyuga sentando-se na beirada da cama. Ele havia trocado de roupa e o cabelo castanho estava solto. – Vai pegá-la de novo. – Disse ele ao ver que a Mitsashi encarava a pedra com raiva.

— Não mesmo!

— Então você conseguiu uma pedra vulcânica? – Naruto perguntou olhando para a pedra, que naquele momento, parecia inofensiva. – Isso é demais! – Ele olhou para Neji com um sorriso imenso nos lábios.

— Temos os contatos certos. – Hinata respondeu pelo irmão e Naruto a observou por um momento antes de aquiescer. — Pegue a pedra novamente, Tenten.

— Não posso segurar isso, olha o que ela fez com a minha mão – Mostrou a palma da mão avermelhada para que os três pudessem vê-la. – De jeito nenhum! – Gritou para Neji que revirou os olhos. Ele estava começando a se acostumar com a Mitsashi, mas isso não significava que os gritos dela fossem suportáveis.

— Pegue logo essa pedra e concentre sua energia na palma de suas mãos. Quanto mais concentrada você ficar, menos a temperatura da pedra irá te afetar. — Neji explicou. — Não temos tempo, Tenten. Você sabe disso, não posso começar a te ensinar sobre energia, se você está se recusando a aceitar minha ajuda.

— Eu não sei fazer isso. – Murmurou a garota olhando para a pedra com desconfiança. Hinata levantou-se da cama e seu vestido azul marinho arrastou-se no chão, ela caminhou até a pedra, agachou e a segurou sem ao menos hesitar. – Como você fez isso? 

— Esse é o básico, Tenten. – Hinata explicou enquanto girava a pedra em sua mão. Para ela, aquele gesto era como respirar. – Você leu muito sobre poder, encontre o seu e o concentre nas palmas das suas mãos. Precisa querer que esse poder liberte-se e vá para esse local. – Com a mão livre ela virou a mão de Tenten e colocou a palma de sua mão contra a da garota. Tenten sentiu um formigamento que começava da ponta de seus dedos e concentrava-se na palma de sua mão. — Está sentindo?— Tenten assentiu e Hinata deu um sorriso minúsculo. – Concentre-se nela. – A Mitsashi aquiesceu novamente e a Hyuga afastou sua mão da dela.

A sensação continuava lá, um pouco menos intensa do que quando sua mão estava sob a de Hinata, mas definitivamente continuava lá. Tenten desejou que a sensação aumentasse e após alguns segundos a diferença era palpável, intenso. Jurou ter visto algumas faíscas saindo da ponta de seus dedos e indo de encontro a palma da sua mão, elas eram rápidas, azuladas.

De repente, a pedra púrpura estava na palma de sua mão. No principio, ela sequer parecia queimar, mas tão rápido quanto ela surgiu, a sensação de que estava segurando brasas tomou Tenten. Ela jogou a pedra no chão novamente, sua mão mais vermelha do que da outra vez e pode jurar que algumas bolhas estavam surgindo na ponta de seus dedos.

— Merda! – Praguejou antes de soprar a mão e sacudi-la repetidamente. – Eu... – Não conseguiu completar a frase ao ver o olhar de Hinata. Ela não parecia irritada, havia um brilho curioso em seus orbes perolados.

— Tente mais uma vez. – Disse Hinata simplesmente. Ela estava agachada para que ficasse à altura de Tenten, que continuava sentada no chão. – Concentre a energia na palma de sua mão.

— Por que estou fazendo isso? – Perguntou a Mitsashi com o olhar baixo. Ela esperava que quando suas aulas fossem práticas, que se assemelhassem aos filmes de Harry Potter. Ainda sobre a cama, Neji soltou um resmungo indignado e ela o ignorou.

— Você precisa aprender a concentrar energia, antes que consiga usá-la como uma parte essencial do seu corpo. – Hinata explicou pacientemente, Tenten assentiu. – Para a sua sorte, você só precisa concentrar uma grande quantidade de poder em suas mãos para romper as barreiras da Pedra da Lua. E para seu azar, se sua energia oscilar por um momento, a Pedra fará muito mais do que apenas queimar a sua mão como essa pedra vulcânica faz.    

— Bolhas nos seus dedos serão o de menos. – Neji pontuou. Ele não se assustou com o olhar enfezado que Tenten lançou em sua direção. — Você consegue, Tenten. Tenha fé em si mesma e em tudo o que você leu — O Hyuga incentivou a sua maneira.

— Eu li sobre magia, mas é diferente — A Mitsashi murmurou olhando para a palma de suas mãos. — Até fiz uns truques, mas isso...

— Não é diferente do que você já fez... Com o livro de sua mãe — Neji disse e cruzou os braços sobre o peito. Os olhos perolados encaravam Tenten com intensidade. — Em algum momento houve conexão entre o seu poder e a matéria. Faça de novo e se concentre.

Ela respirou fundo e fechou os olhos, forçando a aí mesma para lembrar da sensação que tinha tido há pouco.

Aos poucos sentiu a palma da mão direita formigar. Ela queria que a intensidade aumentasse, queria ser forte. Quando se sentiu confiante, pediu para que Hinata colocasse a pedra sobre sua mão. Era incomodo, mas conseguia sentir o calor como se este estivesse crescendo aos poucos em suas mãos.

— Merda – Abriu os olhos e soltou a pedra rapidamente. — O que foi?— Perguntou ao ver um pequeno sorriso nos lábios de Hinata.

— Você segurou a pedra por mais tempo. – Disse a Hyuga satisfeita. – Continue com isso até que não sinta mais o calor.

Tenten aquiesceu e tratou de se concentrar mais uma vez. Ao sentir a pedra sobre sua mão, não demorou muito para que ela a queimasse. Dessa vez Tenten apenas colocou a pedra no chão e soltou um suspiro frustrado. Movimentou os dedos, sentindo um filete de lágrima escorrendo por sua bochecha, a sensação era de que sua pele estava em carne viva.

— Concentre-se, Mitsashi— Neji murmurou mantendo os olhos fixos em todas as ações da garota. Ele sabia que ela conseguiria.

Ela repetiu o processo duas, três vezes. O tempo em que conseguia conter o calor que emanava da pedra vulcânica era instável, Hinata a incentivava sempre que ela se desconcentrava.

Para Tenten, apesar da dor infernal que ela estava sentindo em sua mão, era interessante. Aos poucos estava conseguindo sentir o poder como uma parte que sempre esteve presente dentro de si, embora adormecida. Era seu poder, algo que herdou de uma mãe que ela sequer conheceu.

Ao escutar batidas na porta, Tenten largou a pedra no chão e ergueu o rosto para ver quem estava entrando no quarto.

— Não sabia que estava aqui. – Disse Sakura em um tom de voz baixo ao observar Hinata. A Haruno estava trajando uma calça preta, junto de uma blusa de mangas longas da mesma tonalidade; as botas também pretas iam até a altura de seus joelhos e o cabelo rosado estava solto e molhado. – Olá pessoal – Deu um sorriso fraco e em seguida seus olhos pousaram em Tenten. – Tenten, como está? – Perguntou aproximando-se da garota.

Hinata, que estava agachada perto da Mitsashi levantou-se e olhou para Sakura por um breve momento. Para Tenten, as duas eram como Yin e Yang. O cabelo negro de Hinata contrastava com os róseos de Sakura, os olhos prateados estavam em conflito com os esmeraldinos. 

— Obrigada por salvar o Shikadai — A Haruno foi a primeira a quebrar o silêncio. 

— Era uma criança envolvida em problemas de adultos — Hinata disse em um tom pacífico. — O que te traz aqui, é o que penso? — A Hyuga questionou, recebendo um aceno positivo como resposta. — Com tudo o que aconteceu, não tivemos tempo de conversar.

— Entendo — Sakura suspirou e olhou para Tenten por um momento antes de desviar os olhos. — Eu...

— Deixe que eu falo — Neji pronunciou-se com determinação. Seu tom de voz não dava brechas para contestações. — Com a fuga do prisioneiro, acredito que você não está em posição de ficar aqui por mais do que alguns minutos.

— Fuga?! — Tenten questionou com surpresa. — Do que vocês estão falando?

— Tenten...

— Deixe comigo, Sakura — O Hyuga reafirmou. 

— Tudo bem — A Haruno que agachou-se em frente a Tenten e segurou as mãos da jovem com firmeza. — Estamos juntas nessa. Não vou deixar que nada aconteça a você.

— Por que isso está parecendo com o tipo de promessa que ninguém quer receber? — Tenten questionou desconfiada.

— Ainda é uma promessa, não é? — Sakura sorriu brevemente e se levantou. — Você tem razão, preciso ir — Acrescentou para Hinata que aquiesceu.

Sakura se despediu dos demais com um aceno e saiu do quarto, sendo acompanhada por Naruto que desde o momento em que a Haruno adentrara o cômodo havia ficado estranhamente silencioso.

Todo o mistério não era pior do que a forma com que os Hyugas encaravam Tenten. Ilegíveis, mas com uma áurea carregada que ela não sabia quando havia começado a sentir. 

A sensação ruim que tomou o peito de Tenten anunciava más notícias.

X-X-X

— O que eles querem com o Sai? — Perguntei em voz alta esperando que algum dos presentes fosse capaz de me respondeu. — Achei que ele estava morto...

— Nós o trouxemos para cá em busca de informações — Itachi disse enquanto apoiava o rosto em uma das mãos. Ele parecia cansado e seus olhos estavam escuros como nunca antes. — Ele não sabia de muita coisa, mas ainda aguardava pelo julgamento — O Uchiha mais velho mordeu o lábio inferior e não disse mais nada.

Apoiei o peso do meu corpo no pé esquerdo e olhei para Sasuke. Ele lia os papéis em sua mão com atenção, sentado confortavelmente sobre a cadeira do escritório do gabinete real. Mal se mexia, imóvel como uma estátua de mármore na mesma posição por horas.

 Estávamos eu, Naruto, Itachi e Shikamaru, esperando qualquer indício de que teríamos algo a fazer naquela privativa reunião.

Ino e Gaara tinham sido dispensados logo após a confusão, reunidos à uma equipe de rastreadores que estavam espalhados pelas redondezas em busca de qualquer rastro que pudesse levá-los até os fugitivos.

Com a sorte que tínhamos e a especialidade de Sai em esconder a própria presença, eu tinha minhas dúvidas se poderíamos capturá-los ainda hoje.

 — E por que estamos aqui? — Naruto perguntou antes que eu pudesse fazê-lo. — Não acredito que é para observarmos você, Sasuke — O Uzumaki que era sempre bem humorado, mantinha o semblante ilegível. 

 — Vamos falar sobre os próximos passos — Sasuke declarou ainda com os olhos nos papéis em suas mãos. — Estive lendo os relatos sobre os ataques que aconteceram.

— Ataques?

— Aqui e no reino das fadas — Sasuke olhou em nossa direção e deixou os papéis sobre a mesa de carvalho. Ele entrelaçou os dedos e apoiou o queixo em suas mãos, os olhos escuros estavam endurecidos. — Tivemos sorte por Orochimaru não vir pessoalmente.

— Você não acredita em sorte — Itachi o corrigiu, levantando-se da cadeira em que esteve sentado por todo esse tempo para andar de um lado ao outro. — Tem alguma coisa que o impediu de vir.

— Medo? — Arrisquei mesmo sem acreditar nessa possibilidade. Pelo olhar de Shikamaru, ele também não acreditava nisso. — Ou ele está ocupado com outras coisas... O armazém estava consumindo todo o tempo livre dele.

— É uma possibilidade — Shikamaru concordou, os olhos castanhos fixos no tapete que estava sob seus pés. — Orochimaru não tem poder de ataque para vir até aqui.

— Então por que mandou Suigetsu?

— Para libertar o prisioneiro — Sasuke me respondeu. Era tão óbvio, mas estranho pensar que algo daquele tipo era apenas por um homem. — Sai faz parte de um clã de vermes, aliados são fundamentais em um período de guerra.

— Orochimaru teria como invocar o próprio exercíto — Murmuro. Olhei para Shikamaru e pude ouvir o estalo em minha mente; as palavras de Orochimaru. — Ele me disse algumas coisas...

— É uma excelente hora para nos contar — Sasuke incentivou. 

— Os guerreiros se escondem e apunhalam pelas costas... Os trasgos rasgam as terras sob seus pés e aqueles que atacarão sob as sombras estão ondem deveriam estar...No escuro. — Um arrepio percorreu meu corpo e eu disfarcei da maneira que pude.

— Trasgos? Que maldição! — Shikamaru praguejou. — Junte todos os renegados e monte seu próprio exercito. 

— Me parece eficiente se você prometer terras em troca de poder — Sasuke murmurou e seus olhos pousaram sob mim. — Crie uma guerreira que servirá como distração — Acrescentou com seriedade. — Barganhe com o clã de fugitivos em troca de um dos seus membros preciosos.

— Temos que encontrar todos os possíveis aliados de Orochimaru e oferecer uma barganha maior — Sasuke declarou com o maxilar tensionado. — Vamos deixar claro que qualquer um que não aceitar se aliar as nossas tropas, será considerado inimigo.

Ouvi em silencio enquanto eles discutiam sobre os possíveis clãs que se aliariam à Orochimaru. Rixas antigas foram postas em debate, bem como grupos que seriam favorecidos com a queda dos Uchiha...Não eram poucos.

O controle que a família tinha sob o reino era intenso, as regras para que a convivência com outros povos fosse pacífico eram rígidas. Os vampiros eram capazes de ceifar vidas apenas para o bel-prazer e atos de carnificina não eram tolerados perante a corte.

 — Temos que libertar os lobos do leste — Falei atraindo a atenção dos homens para mim. — Eles são aliados, mas estão presos com aquela maldita pedra... — Fechei os punhos e baixei meus olhos enquanto me recordava de Cassandra. — Tenten e Neji descobriram uma forma de destruir a pedra da lua...

Sasuke me encarou e eu interrompi minhas palavras ao notar a forma com que seus olhos me fitavam. Eram sérios, como os de um líder deviam ser, mas havia uma repreensão que eu não conseguia compreender.

 — Por que está me olhando desse jeito?

 — Está ciente dos riscos que aquela garota vai correr?  — Sasuke questionou-me e eu franzi o cenho.  — E que ela pode morrer.  — Não era uma pergunta.

 — Tenten não precisa correr riscos desnecessários. 

 — Todos estamos correndo riscos  — Sasuke rebateu minhas palavras. Os outros ainda mantinham sua atenção em nós.  — Não deixe que o seu sentimento fraterno por aquela garota interfira nas suas percepções.

 — O que está querendo dizer com isso, Sasuke?!

 — Que existem baixas em uma guerra, esteja preparada para isso.

Naruto, Itachi e Shikamaru notaram a tensão que havia entre nós. Eles se levantaram e despediram-se com um murmúrio, fechando a porta em um baque silencioso.

 — Por que está falando como se Tenten fosse um dos seus soldados?  — Mantive meu tom de voz baixo, mas não conseguia conter a incredulidade em minha voz.

 — A partir do momento em que ela entrará em batalha, será um soldado  — Sasuke levantou de sua cadeira e caminhou até o meu lado, apoiando o corpo contra a mesa.  — Todos seremos soldados. 

 — Ela não foi treinada...  — Olhei para Sasuke e tudo o que vi foi um imperador.  — Não pode entrar em uma guerra como essa.

— Eu aprendi a encarar você como um soldado. – Sasuke rebateu friamente e eu apertei minha mandíbula com raiva. – Ela vai ser treinada e vai destruir a Pedra da Lua. – Estava pronta para continuar a discutir quando ele me interrompeu. – Se a garota pode ajudar a salvar o meu reino, farei de tudo para que ela o faça. Não há nada que você possa fazer quanto a isso, Sakura.

 — Você não está entendendo o que estou dizendo...

— O que você quer que eu faça, Sakura? — Sasuke franziu o cenho e inclinou seu corpo na minha direção. — Que pegue aquela maldita pedra com as minhas próprias mãos?

— Isso te mataria.

— E a você também — Sasuke foi ácido. — Somos filhos da maldita noite, mas a lua nos odeia — Um riso ácido, a nostalgia em seus olhos e a tensão em seus ombros demonstravam o quão desgostoso ele estava com aquela situação.

 Desviei meus olhos do Uchiha e mordi a ponta de minha língua para conter qualquer resposta mal criada que pudesse dar. Uma parte minha sabia que ele estava falando como um líder, ignorando todos os nossos vínculos para tomar as decisões adequadas, mas a outra...

— Entendo, majestade.

 — Sakura...

— Há muito mais em jogo do que nós podemos evitar — Falei de maneira mecânica, sendo atingida, mais uma vez, pelo choque de realidade em que nós estávamos. — Todos vamos perder alguma coisa — Olhei para Sasuke e ele fez menção de se aproximar de mim, mas eu o afastei sutilmente, caminhando em direção à porta com um pedido silencioso de que eu queria colocar minha mente no lugar.

 — Não vou deixar que percamos tudo mais uma vez...

— Mas também não pode evitar que percamos nada — Olhei para ele por cima do ombro, minha mão sobre o frio metal da maçaneta. — Nos vemos mais tarde, Sasuke.

X-X-X

Tenten abraçava suas pernas enquanto as lágrimas quentes escorriam por seu rosto. Já fazia horas desde que tinha ficado sozinha e a dor em seu peito continuava a aumentar, era sufocante, parecia espremer seu coração com tamanha força que ela sentia o ar escapando por entre seus lábios, em arfadas fortes, dolorosas.

Neji e Hinata tinham lhe dado a noticia da maneira mais apaziguante que conseguiram. E mesmo que seus olhos perolados brilhassem em compaixão e suas palavras doces de consolo atingissem Tenten, não era o suficiente. 

A família adotiva, por muito tempo, tinha sido a única fonte de conforto para a Mitsashi. Eles a tinham protegido sem fazer ideia do tipo de vida que ela herdaria tantos anos depois. E tinham perdido a própria vida por isso.

 

Ao fechar os olhos conseguia ouvir os risos dos avós, a voz da vó ralhando com ela por sujar o piso da casa e por deixar o banheiro molhado, sentia o cheiro da torta de maçã e o gosto do bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Se demorasse muito, conseguia ver a praça que ficava na esquina de sua casa. O braço quebrado e o gesso cheio de desenhos, da manta puída que ela tinha desde pequena.

Uma parte revoltada de sua mente queria colocar a culpa em Midori.

A mulher que tinha lhe colocado no mundo, a que tinha feito com que ela sofresse as consequências de tudo o que ela tinha plantado.

Após a morte de Sakura, sua mãe ficou destinada a vagar pelo mundo. Orochimaru a caçou como um gato caça um rato, ela conseguiu fugir por anos e Shikamaru por muito tempo foi sua única companhia. Seu pai não foi o homem que a fez desistir de seus poderes, mas foi o segundo que ela amou. Ficava cada vez difícil de esconder e proteger-se dos ataques de Orochimaru. O homem morreu e destroçada, Midori decidiu que seria hora de seguir sozinha por quanto tempo fosse necessário. Deixou Shikamaru que já era um adulto em uma aldeia, mas antes de se despedir do pupilo e com sua ajuda, enviou a pequena Mitsashi para o mundo humano.

Orochimaru a tinha capturado alguns anos depois disso.  

Shikamaru tinha lhe explicado toda a história, pois era o único que tinha acompanhado as coisas de tão perto.

A mãe biológica havia sobrevivido nas sombras por centenas de anos, escondendo-se, lutando e matando por sua própria sobrevivência até o instante em que foi capturada. 

 

 Tinha um turbilhão de emoções que rondavam todos os familiares de sua vida. Todos estavam mortos. Ela estava sozinha no mundo, uma órfã. E o culpado de tudo tinha sido Orochimaru.

O maldito que ela sequer sabia como aparentava.

Dono do nome que incendiava uma fúria que ela sequer sabia que existia em si.

Queria vingança. E era tão esquisita a sensação da fúria correndo por suas veias, semelhante a uma corrente elétrica...Poder.

Esfregou as mãos no rosto e levantou da cama, agachou ao lado da mesma e levantou o lençol branco para que pudesse pegar a mochila que estava escondida. Dentro dela, estavam duas calças jeans, três camisetas, um desodorante, uma escova, pasta de dente e o livro de Midori.

Ela tinha folheado as páginas e às vezes encontrava-se completamente absorta enquanto tentava decifrar os feitiços que estavam transcritos nele. Também segurava o colar e o apertava na esperança de que ele lhe indicasse algo, como tinha feito quando ainda estava na mansão Uchiha.

Sentou sobre a cama e com o livro no colo ergueu a mão enfaixada para o colar. Mordeu o lábio inferior e fechou os olhos esperando que alguma coisa acontecesse. Nada. Frustrada, ela folheou as páginas do livro em busca de algo que a ajudasse. Não passavam de palavras que para ela não tinham sentido algum.

— (...) Você leu muito sobre poder, encontre o seu e o concentre nas palmas das suas mãos. Precisa querer que esse poder liberte-se e vá para esse local.

Lembrou-se das palavras de Hinata assim que seus olhos pousaram na pedra púrpura que permanecia no chão. Ela pousou a palma de suas mãos sobre a capa do livro, o coração palpitava enquanto ela concentrava sua energia no livro. Tinha a sensação de que a eletricidade estava passeando por seus dedos. Sentiu que o colar havia começado a pulsar, como tinha feito da outra vez. Era um bom indício.

O livro abriu com violência e as folhas foram passadas até que chegassem na última. Letras douradas surgiam na página como se alguém as estivessem escrevendo naquele momento.

A principio a Mitsashi não conseguiu lê-las, como se algo estivesse embaçando a sua visão por longos minutos. Ela piscou diversas vezes e forçou a vista até que as transcrições se tornassem claras.

O coração batia rápido, tão desenfreado que ela podia ouvir suas pulsações em seus ouvidos. Tenten recitou cada uma das palavras em voz alta, não fazia ideia do que estava dizendo, mas tinha a cada silaba proferida um arrepio percorria por sua pele, as ondas elétricas partiam de seus dedos e espalhavam-se na página. O livro grudou em suas mãos como se fosse um membro de seu corpo.

— Acorde e destrua, Ignis.

O fogo dos candelabros parecia ter crescido e Tenten não soube dizer de onde o incêndio que começara em seu quarto tinha sido iniciado. As labaredas não consumiam nada, no entanto. Ela conseguia ver as chamas, crescendo, espalhando-se, tomando o controle de tudo.

Um grito foi sufocado pela garota quando ela constatou que havia um corpo em meio às chamas. Trajava uma armadura tão escura quanto carvão, um arco estava preso em suas costas e uma espada envolta em chamas era empunhada em suas mãos. O cabelo dele era cumprido e preto, os olhos vermelhos como as chamas que o envolviam.

Olhar para ele era como ter um vislumbre do inferno. A severidade em suas expressões, a presença sufocante e o calor das chamas causaram medo em Tenten, que agarrou o livro de Midori na expectativa de que ali tivesse algo que o afastasse dela.

Ele permaneceu em silêncio por longos instantes e com os olhos fixos na garota encolhida no canto, pronunciou palavras que ela de imediato não compreendeu... Até o instante que a voz trovejante a atingiu, com tamanha intensidade que os olhos dela lacrimejaram e suas mãos abandonaram o livro para tapar seus próprios ouvidos.

As palavras retumbaram em seus ouvidos, a cabeça parecia prestes a explodir e Tenten sentiu que algo queimava em seu braço, embora ela não fosse capaz de ver com clareza naquele instante.

A figura do homem preenchia cada centímetro do quarto, as chamas que o envolviam também ameaçavam destruir a mobília e a própria Tenten enquanto sua voz exigente clamava:

— Onde estão meus cavaleiros?


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews? A opinião de vocês é super importante! haha
Para os curiosos: Ignis em latim significa Fogo. (Joguei no translate mesmo, me julguem hahah)
Até a próxima,
Beijão ♥