Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 39
Capitulo 38 - Extâse


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 16/07/2021.
Espero que gostem!
Boa leitura.



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Extâse

A mochila em minhas costas era pesada. Como sempre, esqueci de consultar meu horário de aulas e por consequência, acabei levando mais livros do que o necessário.

O frio me fazia puxar as mangas do meu moletom vinho até que elas cobrissem minhas mãos; a todo o momento sentia necessidade de arrumar minha touca cinza – que havia ganhado de presente de Ayumi – e o cachecol preto que encontrei em uma das minhas gavetas. Os meus fones de ouvido estavam altos e eu cantarolava partes das músicas, talvez um pouco alto demais.

Apressei o passo, ao mesmo tempo em que uma música mais agitada semelhante à rap começou a tocar. Eu arriscava alguns passinhos, quando tinha certeza de que ninguém me veria. Era a mesma música que eu e Ayumi havíamos escutado enquanto estávamos na casa dela.

O céu já escurecia e eu estava a duas ruas de casa. Teria chegado logo, caso não tivesse passado em uma cafeteria. Segurando uma sacola com muffins em minha mão direita, virei a esquina que daria direto para minha casa. Ela estava escura, como de costume. Eu era a única moradora, uma empregada cuidava da limpeza durante o dia e eu a encontrava pouquíssimas vezes, mal nos falávamos.

Talvez ela não fosse com a minha cara – Pensei enquanto acendia a luz. Larguei a mochila no chão e tirei meus sapatos deixando-os ali, próximos da entrada. Abri o saco que estava carregando e peguei um muffim, mordendo um pedaço em seguida. Sobre a mesa de centro da sala, uma garrafa de vinho e uma taça com a bebida pela metade.

Estranho.

Joguei o muffim mordido dentro da sacola e a coloquei sobre a estante. Meus olhos vasculharam a sala a procura de quem havia deixado a taça de vinho ali. Sem motivo aparentemente, meu corpo estava tenso.

Desliguei a música que ainda estava tocando em meu celular e no mesmo momento me arrependi. A casa estava silenciosa demais. Caminhei até a cozinha e acendi as luzes rapidamente, podia ouvir meu coração batendo desenfreadamente.

Vazio.

Subi as escadas e no corredor que levava até os quartos, estava acesa uma única luz. A do quarto de Sasuke. Meus passos ecoavam alto demais, embora eu fizesse o máximo para que eles fossem silenciosos; minha respiração era pesada e descompassada.

— Sakura?

Parei.

Sasuke surgiu na porta de seu quarto e me olhava de forma animada. Ele usava um blazer preto e uma camiseta azul clara por baixo deste, jeans escuros e meias brancas. Um lado do cabelo estava amassado e a bochecha esquerda tinha marcas de travesseiro.

— Eu cheguei há algumas horas e acabei pegando no sono. – Disse ele passando a mão pelo cabelo, envergonhado. Sasuke olhou para as luzes do corredor que estavam apagadas e deu alguns passos na minha direção, para acendê-las. – Tirei muitas fotos legais. A maioria vai ser usada na nova edição da revista. Se você quiser ver mais tarde, elas estão no computador. – Acrescentou apontando para dentro do quarto com o polegar. Sasuke era estranho, a áurea pesada que o cercava havia sumido. E fotos? Do que ele falava? – Vou ligar para o Naruto e dizer que nós aceitamos ir com ele e Hinata para o cinema, se você não se importar, é claro. Estou morrendo de fome.

— Fotos? – Questionei confusa. Sasuke franziu o cenho. – Do que você está falando?

— Sakura, você está bem? – Sasuke deu um passo em minha direção e eu recuei um. – Amor, eu passei alguns dias fora, você não precisa fingir que não me conhece. – Ele sorriu de canto e antes que eu pudesse reagir, seus braços estavam em minha cintura. Os olhos negros estavam fixos nos meus.

— Você não é o Sasuke que eu conheço... – Murmurei em um tom desesperado. – Não pode ser...

— A menos que você conheça outra pessoa com o mesmo nome que o meu – Ele fez uma pausa analisando meu rosto, antes que um sorriso surgisse em seus lábios. – Eu continuo sendo o único Sasuke da sua vida, seu namorado. – Acrescentou em um tom obvio. – Tem certeza de que esta bem?

Não!

Abri meus olhos e me sentei em um rompante. Um sonho, eu havia sonhado depois de tanto tempo sobrevivendo de pesadelos. Olhei ao redor tentando me situar, minha cabeça estava doendo e minha visão escureceu por alguns segundos.

— Você devia voltar a dormir. – A voz de Sasuke soou baixa ao meu lado. Virei o rosto para encará-lo, ele parecia cansado e ao mesmo tempo preocupado. Estava com olheiras escuras, o cabelo parecia desgrenhado e os olhos estavam num tom vermelho escuro. – Você teve ferimentos sérios e...

— Eu sei. – O interrompi mecanicamente. As palavras me fugiram, por um momento, tudo o que pude fazer foi observar as feições de Sasuke. – Você não está bem, Sasuke. Precisa descansar, parece estar aos pedaços.

— Terei tempo o suficiente para descansar depois que esse inferno acabar. – Disse ele ainda mantendo-se imóvel na cadeira ao lado da cama. – Por enquanto, não sou a prioridade.

— Você nunca é a prioridade, Sasuke. – Falei em um tom conformado. Ele estreitou os olhos, porém, permaneceu calado. – Se fosse humano estaria morto. Há quanto tempo não se alimenta?

— Sakura, você não está em posição de me dar sermões – Retrucou rispidamente. – Tínhamos um acordo e logo em seguida o Akasuna aparece com você quase morta. – Apesar de Sasuke aparentemente estar irritado, suas emoções eram confusas. - Não finja que nada aconteceu. É ridículo.

— Não estou fingindo nada. – Respondi contendo um suspiro. Perto dele era ainda mais difícil evitar que suas emoções me influenciassem. – Eu só não quero começar falando da minha experiência de quase morte. – Acrescentei em um tom baixo. Sasuke franziu o cenho e eu mordi meu lábio.

Ele levantou da cadeira e por um momento, achei que iria me deixar sozinha. Os ombros de Sasuke estavam tensos; não pude acreditar que ele estava realmente cogitando a idéia de me deixar sozinha.

— Eu entendo se você quiser ir. – Menti desviando o olhar dele para o lençol branco que estava sobre mim. Meus braços estavam totalmente cobertos por ataduras, elas exalavam o cheiro de ervas.

— Elas estão por todo o seu corpo. – Sasuke disse no instante em que eu levantei o lençol para olhar meu corpo. Ele estava certo, as faixas estavam por todo o meu abdômen, cobriam meus seios e minhas pernas.  – Me incomoda te ver assim...

— Parece pior do que realmente é.

— Não seja ridícula — Sasuke rebateu minhas palavras com frustração. — Havia mais sangue em você do que em um campo de batalha.

— Você está exagerando, Sasuke.

Ele trincou o maxilar e passou a mão pelo cabelo, desviando seus olhos de mim por muito tempo. Devido a nossa ligação, eu pude sentir cada uma das emoções que Sasuke tentou esconder. 

O medo era predominante junto da angústia. Em algum momento Sasuke havia me visto morrer diante de seus olhos mais uma vez.

— Eu não quebrei a nossa promessa. Não de propósito— Enfatizei dando um sorriso fraco. Sasuke continuou parado próximo a cama, a idéia de me abandonar sozinha abandonando seus gestos a cada segundo. – Sasuke, você sente o que eu sinto. Ainda mais agora, não é? – Murmurei e ele não fez menção de me responder. – Eu não estou bloqueando nossa ligação, nem ao menos tentando. Eu sinto o que você sente, consegue me sentir também, Sasuke? – Estendi minha mão para ele; os olhos de Sasuke afastaram-se do meu rosto e pousaram em meus dedos, analisando minha mão meticulosamente.

O Uchiha ergueu a própria mão e segurou a minha, entrelaçando nossos dedos. Sorri e dei um pequeno puxão em sua mão, em um pedido silencioso para que ele se sentasse próximo a mim. Ele o fez, após um tempo.

— O que está sentindo?– Perguntei tentando ver algo em seu rosto que estava baixo. – Sasuke? – Tentei mover minha mão, mas ele a segurou firmemente.

— Eu estou mergulhado em escuridão, fui devorado por todos os meus demônios e a única coisa que me mantém vivo é a lasca de luz que emana de você. – Tentei libertar minha mão novamente e dessa vez, Sasuke não me impediu. Acariciei sua bochecha e fiz com que ele virasse o rosto para mim, ele colocou sua mão sobre a minha e me encarou.

Eu entendi cada uma de suas palavras. Elas eram sobre o que eu sentia também.

— Então me beije, Sasuke. – Murmurei aproximando-me dele. Senti as dores dos ferimentos que ainda não estavam completamente fechados, mas não me importei. – Eu vou cuidar de você, assim como você cuida de mim.  – Encostei meus lábios na bochecha dele e em seguida o beijei. Não foi nada agressivo, como da última vez que nos beijamos, era singelo e ao mesmo tempo intenso.

Senti como se ondas de eletricidade passassem entre eu e Sasuke mutuamente, tudo o que eu queria era continuar viajando através dos lábios dele. Estava sentindo tanta falta do toque dele, que senti vontade de chorar; admito que me surpreendi ao sentir um gosto salgado em meus lábios.

Sasuke me deu alguns beijos demorados antes que nos separássemos. O rosto dele ainda estava próximo o suficiente para que sua respiração batesse em meu rosto , seus olhos haviam voltado para a cor ônix e tinham perdido toda a amargura de antes. Pude jurar que vi um pequeno resquício de sorriso em seus lábios avermelhados, mas não foi aquilo que me chamou a atenção.

— Você está chorando, Sasuke? – Perguntei não conseguindo conter um sorriso. Ele virou o rosto na mesma hora.

— Não seja ridícula, Uchihas não choram. – Sasuke resmungou passando uma das mãos pelo rosto sem sutileza alguma. Eu poderia comentar alguma coisa, mas preferi abraçá-lo. Sasuke envolveu-me com seus braços e colocou o nariz na base de meu pescoço. – Você precisa descansar. – Murmurou contra minha pele.

— Aposto que o Sasuke dos meus pesadelos me levaria para assistir algum filme. – Sasuke se afastou para poder me encarar com as sobrancelhas arqueadas. Sorri marota e os olhos dele se estreitaram. – Antes de eu acordar, ele estava me falando sobre as fotos que tirou e me propondo uma saída, que no mínimo, seria interessante.

— Por que pesadelo? – Perguntou o Uchiha curioso. Antes que eu respondesse, ele tirou algumas mechas do meu cabelo que estavam caindo em meu rosto. Parte da minha cabeça também estava coberta por ataduras. – Ele era humano?

— Era. – Fiz um bico e tentei fazer minha melhor expressão de pensativa. – Parecia ser um humano magnífico. – Sasuke revirou os olhos e eu não contive o riso. – Sabe por que eu disse que era um pesadelo? – Falei e esperei que ele perguntasse o porque novamente. Ao contrário do que pensei, Sasuke continuou a me encarar como se estivesse entediado. – Porque eu sabia que aquele não era você. – Confessei dando-lhe um selinho demorado.

— Sakura, não me provoque. – Disse-me ele em um tom de aviso. Sasuke segurou-me firmemente e eu não consegui conter um gemido de dor. O divertimento havia transformado-se em preocupação. – Desculpe-me. – Falou apressadamente enquanto me fazia deitar novamente.

— Eu... Estou bem. – Tentei mentir enquanto a dor no meu abdômen crescia; prendi a respiração esperando que ela sumisse. – Eles vão demorar para cicatrizar, você sabe como é, veneno. – Mantive o bom humor, mas Sasuke havia ficado tenso novamente. Concentrei-me em regular minha respiração e em esquecer que todo o meu corpo estava doendo como se Karin estivesse me atacando com aquele maldito bastão novamente.  – Sasuke?

Ele havia ficado quieto e me encarava como se estivesse brigando consigo mesmo. Quando finalmente decidiu-se, entreabriu os lábios e os fechou parecendo cogitar a melhor forma de me dizer algo.

— Meu sangue ajudaria na sua recuperação.

— Não quero que nossa relação seja baseada em conceitos de bebedores de sangue. – Falei assim que ele terminou de falar. Sasuke continuou a me encarar com reprovação. – Já que você insiste... – Apesar de estar aparentando relutância, somente a menção da possibilidade de provar do sangue de Sasuke havia me deixado com fome. Minhas presas estavam crescendo e ele sorriu de canto quando as notou.

— Eu me esqueci o quão engraçadinha você é, Sakura. – Sasuke falou dobrando a manga da camisa para me estender seu braço. – O que foi? – Questionou ao ver minha expressão debochada.

— Deite-se aqui, Sasuke. – Falei dando batidinhas no espaço vago ao meu lado. – Se vou beber seu sangue, quero do jeito certo.

— Estou em dúvida entre a Sakura humana ou a Sakura vampira. – Ele comentou enquanto deitava-se ao meu lado, havia um brilho de divertimento em seus olhos. – Uma Sakura que se recusa a beber do meu sangue e outra que quer bebê-lo de forma tradicional.  – Continuou puxando a camisa e a jogando na cadeira em que estava sentado antes.

— Você realmente não tem idéia do quanto é desconfortável rasgar sua carne com dentes comuns. – Ralhei e me virei para ele, antes que eu pudesse me aproximar mais, Sasuke passou um braço por baixo do meu corpo e me puxou com delicadeza para que eu colasse meu corpo ao dele. – Por fora parece relaxado, mas eu consigo perceber que você está tenso, Sasuke. – Murmurei passando o dedo indicador na lateral do pescoço dele.

— Ninguém se aproxima do meu pescoço há séculos, permita-me o direito de ficar cauteloso. – Retrucou ele fechando os olhos. Aproximei meus lábios de seu pescoço e distribui selinhos rápidos até seu maxilar. Eu podia escutar o coração de Sasuke batendo em um ritmo forte, bombeando sangue por todo o seu corpo.

— Você não confia em mim? – Murmurei contra a pele de seu pescoço. Minhas presas o arranharam de leve, Sasuke estava arrepiado.

— Confio minha vida a você. – Sasuke respondeu no mesmo instante em que eu o mordi. Morder um humano era um ato prazeroso, mas não era nada se comparado ao sangue de um pacto. O sangue de Sasuke me trazia sensações indescritíveis, como uma droga que me carregava para o mais puro êxtase. Sasuke sentia-se da mesma forma, era prazeroso como um orgasmo. Para os vampiros, esse tipo de situação era tão intima quanto o sexo.

— Me morda. – Pedi em um sussurro contra a pele dele. Ao invés de atender meu pedido, Sasuke me beijou novamente. – Sasuke... – Murmurei com os lábios colados nos dele.

— Não posso. – Respondeu ele tentando me beijar mais uma vez, porém, eu me afastei. -  O que foi?

— Por que não? – Questionei incrédula. Eu sentia que Sasuke queria meu sangue, tanto quanto eu queria o dele.

 - Você tem veneno correndo por suas veias. – Sasuke falou em um tom óbvio. – Você entende o que isso significa, não é?

— Entendo. – Concordei em um tom desanimado. Deitei-me novamente, dessa vez apoiando minha cabeça no peito desnudo de Sasuke. – Fizeram um belo estrago em mim. – Resmunguei desgostosa.

— Isso me surpreendeu. – Sasuke comentou distraído enquanto passava seu dedo indicador em meu braço. – Depois da nossa luta, achei que nada te derrotaria tão fácil.

— Sasuke, eu sou forte. – Repliquei irritada pelo comentário dele. – Mas não sou a mulher maravilha. Eram três lobos e eles sabiam exatamente o que fazer. Feriram meu corpo o máximo que puderam e deixaram o líder dar cabo do resto do trabalhinho sujo. – Continuei lembrando-me de como os lobos menores agiam junto de Paul. – Não foi uma luta justa.

— Quando você estiver em sua capacidade total conversaremos novamente sobre isso. – Decretou Sasuke e eu concordei, embora não houvesse dito nada. – Até lá, descanse Sakura.

X-X-X

— Hey, Tenten.

A Mitsashi fora cutucada diversas vezes até abrir os olhos. O cabelo, que antes estava preso em um coque firme, agora estava solto, embaraçado e caia sobre os olhos dela. Piscou algumas vezes até conseguir se acostumar com a claridade excessiva da biblioteca.

Ela ao menos se lembrava de ter dormido lá.

Donnatela e Shikamaru já não estavam mais lá, eles haviam optado pela pausa antes que ela pegasse no sono. Neji estava agachado em frente a ela, parecia cansado e não era pra menos. Procuravam por respostas há quase três dias e as pausas haviam sido muito poucas.

— Vá para o seu quarto, eu também irei descansar. – Disse o Hyuga ao vê-la bocejar. – Estamos andando em círculos. – Comentou resignado. Tenten não soube se era por causa do sono, mas Neji, mesmo com o cabelo bagunçado e com bolsas escuras sob os olhos, era bonito.  – O que foi? – Questionou intrigado ao vê-la corar.

— Eu... Nada. – Respondeu Tenten rápido demais. – Faz tempo que não vejo Hinata. – Continuou esfregando os olhos, enquanto tentava reprimir mais um bocejo.

— Você está morrendo de sono, Mitsashi. Vá dormir. – Neji disse novamente. Dessa vez, ele colocou a palma da mão na bochecha da garota. O toque de Neji era quente como fogo contra a pele de Tenten, ela não percebeu quando prendeu o fôlego. – Tenten... – Ele murmurou encarando a boca dela que naquele momento parecia extremamente tentadora. Aproximou-se dela e encostou seus lábios, moveu-os sutilmente e Tenten demorou, mas retribuiu.

O coração dela poderia facilmente saltar para fora de seu peito e ela não fazia ideia de onde colocar suas mãos, por isso, deixou que suas mãos ficassem sobre o livro que estava em seu colo.

(...) A Pedra da Lua para algumas tribos é vista como um pedaço da própria deusa Lua. Acredita-se que eles a abrigam dentro de um templo majestoso, onde ela possa ser banhada diretamente pela luz do luar.

Aquele que é possuidor deste objeto, toma uma autoridade superior ao do próprio Alfa dentro de uma alcatéia. Os lobos são totalmente submissos à força exercida pela Pedra da Lua.

É fatal para vampiros e seres que atingem o auge de seus poderes durante à noite – com a exceção de Lycanos; desde queimaduras nas palmas de suas mãos, até o extermínio.

A obliteração pode ser feita por uma alma desprovida de rancores e daquele que livra-se de responsabilidades para com o seu mundo.

Derivados da Pedra da Lua são utilizados em poções...(...).

Tenten rompeu o beijo subitamente e sem ao menos olhar para Neji, começou a folhear o livro a procura do trecho que havia lembrado.

— É fatal para vampiros e seres que atingem o auge de seus poderes durante a noite. – Recitou acompanhando cada uma das palavras com o dedo indicador. – Que atingem o auge de seus poderes durante a noite. É um grupo bem específico, não acha?

— Esse é o tipo de coisa que você pensa quando beija alguém? – Neji resmungou acidamente. — O nosso primeiro beijo... — A última parte fora acrescentada tão baixa que Tenten não o escutou.

— Não, eu apenas me lembrei disso por acaso. – Tenten replicou ainda com a atenção voltada para o livro. Releu o trecho diversas vezes, ignorando os comentários sarcásticos de Neji. – Obliteração é algum tipo de feitiço? – Questionou o Hyuga com o cenho franzido.

— Obliteração? – Neji repetiu pensativo. Puxou o livro das mãos de Tenten e pediu que ela indicasse o trecho que estava lendo. – A obliteração pode ser feita por uma alma desprovida de rancores e daquele que livra-se de responsabilidades para com o seu mundo. – Murmurou o trecho enquanto pensava sobre algum feitiço com tal nome. – É destruir, Tenten! – Exclamou quando finalmente se lembrou do significado da palavra. – Não é nenhum feitiço, você encontrou o que precisávamos!  - Ele sorriu e ela retribuiu animada. Não agüentava mais aquela biblioteca. – Mas o que significa o resto?

— Não o resto, mas o quem. – Tenten respondeu em um murmúrio. – Temos que eliminar todos os seres que ficam fortes durante a noite e depois conferir os restantes com o que está escrito. Só assim vamos saber quem pode destruir essa tal pedra.

Voltaram às pesquisas. Tenten estava cansada, mas a nova descoberta fizera com que tivesse forças para continuar a pesquisar e catalogar todos os seres que não alteravam seus poderes com a noite. Vampiros e demônios foram logo descartados.

Logo, estavam cercados por mais livros novamente. Em uma folha de papel, anotavam os possíveis candidatos. Quando a lista fora completamente preenchida, passaram a conversar sobre cada uma das raças - Tenten citava o nome e Neji dizia tudo o que sabia, usando conhecidos como exemplo. Elfos eram demasiadamente orgulhosos e por isso, guardavam rancor. Fadas jamais abandonariam uns aos outros, eram fracos separados.

— Ciganos. – Tenten citou entediada. Agora ela estava no chão, com a lista próxima dos olhos e Neji estava sentado sobre uma mesa. – Ciganos! – Ela sentou-se em um rompante, derrubando alguns livros que estavam ao seu lado. – São humanos e é possível que existam aqueles que não guardam rancor.

— E são justamente Ciganos por abandonarem suas responsabilidades com sua família. – Neji murmurou pensativo. – Desprendem-se do seu mundo, abdicam. – Ele pronunciava as palavras como se não estivesse acreditando.

— Ótimo! Só precisamos encontrar um Cigano! – Tenten concluiu animada, jogando a lista para longe. – Vou finalmente poder dormir. – Ao dar uma olhada rápida para a janela, ela notou que o sol estava quase nascendo. Ela sorriu satisfeita e levantou-se. – Você não vem, Neji? – Perguntou ao ver que o bruxo mantinha uma expressão indecifrável.

— Pode ir, há algo que eu preciso ver. – Respondeu ele sem encará-la.

Tenten ergueu os ombros em um gesto de descaso e arrastou-se para a saída da biblioteca. Neji esperou que ela saísse para pegar o livro que Tenten tinha encontrado. Releu as informações mais uma vez e com um suspiro frustrado o jogou no chão.

Tenten estava errada quanto a procurar um Cigano. Era um trabalho desnecessário e que só fariam com que eles perdessem tempo. O Hyuga tinha certeza de que ela não dormiria tranqüila caso percebesse que o Cigano que iria destruir a Pedra da lua, seria justamente ela, Tenten.

X-X-X

Karin fingiu prestar atenção em cada palavra que Orochimaru dizia, o homem parecia não se importar que ela não absorvesse suas palavras, porém, exigia que os olhos da Haruno o acompanhassem por todo o cômodo. Ela desviou os olhos do feiticeiro, quando percebeu que ele estava entrando em uma animada discussão sobre sua invasão com Sasori Akasuna; o ruivo de olhos cinzentos remexia um pouco de sangue dentro de uma taça de cristal, Karin sentiu suas presas rasgarem seu lábio inferior.

— Tinha que ver como Konan implorou por piedade. – Repetiu Orochimaru extasiado, ainda usava as roupas sujas de sangue. – Um ataque tão... Magnífico, bolas de fogo voando pelos céus como meteoros, acertando os pobres inocentes...Uma pena que não pude ficar para ver tudo queimar, teria sido um espetáculo magnífico. – Encarou o vazio por um momento.

— Por que não a matou? – Sasori perguntou inclinando a cabeça para a esquerda. – Konan estava relutante em aceitar um acordo com os Uchihas e agora, você simplesmente a enviou para o inimigo.

— As fadas são tão úteis em luta, quanto uma joaninha. – Orochimaru respondeu após um longo minuto de silencio. – Mas são espertas.

— E se as fadas se juntarem aos Uchihas, os arqueiros certamente farão o mesmo. – Continuou o Akasuna, ele bebeu o resto do sangue e limpou os lábios com as costas das mãos.

— E os Elfos me odeiam, não é mesmo? – Orochimaru perguntou para si mesmo, voltando a caminhar de um lado para o outro. – Desde o dia em que eu invadi suas terras a procura de Midori, inimigos mortais, os Elfos. – Concluiu parando; voltou-se para Karin, que levantou o rosto rapidamente. – Infelizmente, consegui capturar Midori. – Orochimaru parecia viajar em suas próprias lembranças. – Ela também não estava em suas melhores condições, tinha abdicado dos próprios poderes, se me lembro bem. – Recomeçou a andar, dessa vez colocando ambas as mãos atrás de suas costas. – Resistiu bravamente, fez um dos meus homens transformar-se em pedra e quase me cegou, quando nos confrontamos. Consegui capturá-la por muito pouco, muito pouco.

— Por que infelizmente? – Karin endireitou-se no sofá, passando a prestar atenção. – Não era seu objetivo? Pega-la?

— Por acaso eu estou com todos os meus poderes, Karin? – Orochimaru rebateu rispidamente. – CLARO QUE NÃO! – Berrou e ao fazer isso, as luzes oscilaram e o lustre balançou violentamente. – Aquela maldita não resistiu aos meus... Métodos sutis de tortura, preferiu morrer a retirar o selo dos meus poderes. – Sussurrou mantendo os dentes cerrados. – Nem mesmo com a morte dela, pude recuperar os meus poderes. Porque aquela desgraçada – Orochimaru gargalhou como se realmente achasse a situação engraçada. – Selou metade com o sangue dela e a outra metade, ah, você não vai acreditar. – Riu de uma maneira insana. – Eu não faço idéia. – O lustre caiu e as janelas quebraram-se, enquanto Orochimaru gargalhava. – Quando ela morreu, metade da maldição se desfez, mas a outra metade... Ah, ela continua intacta e eu não sei o que fazer. – Avançou contra Karin que manteve-se paralisada. – Estou andando em malditos círculos desde então.

Algo que deixava todos tensos era a maneira com que o humor de Orochimaru mudava. Ele era instável como uma tempestade, violento como as chamas e tão turbulento como um furacão. Ao mesmo tempo.

— Quero a garota. – Orochimaru declarou voltando-se para Sasori. — Traga para mim. 

— Que garota?

— A Mitsashi. – Orochimaru respondeu eufórico. – Conseguirei o Reino Uchiha com Sakura e o restante dos meus poderes com... Como ela se chama, ah sim, Tenten. – Karin disfarçou o pavor ao lembrar-se de que Orochimaru não fazia idéia de que Sakura tinha desaparecido. Ele havia sido convencido pela idéia de que Sakura ainda não havia retornado da caçada de duas noites anteriores.

— Ela está protegida pelos Uchihas.

— Então vamos invadir e pega-la. – Orochimaru respondeu ambicioso. – Vamos invadir e capturá-la. E torturá-la, até que ela liberte o restante dos meus poderes. — Os olhos dele faíscaram com empolgação. Era um ótimo plano.

— Quando atacaremos? – Karin questionou sentindo seu sangue pulsar por suas veias com mais força. – O plano...

— Na próxima lua cheia. – Orochimaru a interrompeu voltando a caminhar de um lado para o outro, os cacos de vidro não o incomodavam. – É tempo o suficiente para invocar todo o meu exercito. – Murmurou voltando a um transe inconfundível, seus olhos vagavam para o vazio novamente. – Chamem Sakura, quero conversar com uma das minhas melhores armas. O que estão esperando? Chamem-na!


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews?
Um beijão ❤️