Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 33
Capitulo 32 - Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 10/06/2021.
Capítulos de transição são sempre difíceis, ainda mais na reescrita ahahah
Espero que gostem, boa leitura!



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Lágrimas

Tenten não sabia explicar o que tinha acontecido, mas quando dera por si, estava atravessando as portas da mansão Uchiha acompanhada por Neji.

Em um instante ela estava deitada na própria cama e no outro, tinha sido avisada do desaparecimento de Sakura. Neji dera a ela apenas alguns minutos para juntar o que era necessário e a guiou para fora do colégio em direção ao prédio C.

— Nós ficaremos aqui – Neji explicou segurando a porta para que ela passasse. – Temos motivos para achar que você também está em perigo.

E considerando tudo o que havia descoberto acerca da própria mãe, Tenten tinha certeza de que Neji estava certo.

O colar em seu pescoço queimava como se quisesse lhe dizer algo. Tudo o que ela conseguia fazer era pressioná-lo entre seus dedos e torcer para que não fosse um aviso de que coisas ruins aconteceriam à ela.

Tenten tinha uma dúzia de anotações para ler e o aviso de que um novo livro seria entregue à ela em poucas horas por Shikamaru (ela o conhecia, ao menos pelas descrições que Neji e Hinata tinham dado).

Tenten não encontrou nenhum dos Uchihas, mas foi acomodada em um dos quartos mais bem protegidos de toda a mansão.

Ela leu cada uma das anotações sem saber exatamente o que buscar, mas sabia que nada do que estava escrito ali seria de grande ajuda.

A resposta escondida foi revelada apenas quando Neji a deixou sozinha.

O primeiro indício havia sido no colar que parecia pegar fogo em seu pescoço; o segundo, na palpitação do objeto que ritmou-se com seu próprio coração e por fim, lembranças que não eram dela.

A resposta.

X-X-X

Sasuke observava a garota apoiado em uma árvore.

Ela ria deliciada de algo que ele não fizera questão de decifrar, mas os cabelos róseos balançavam conforme Sakura dançava e cantarolava a melodia da música. Ela trajava um vestido branco, repleto de brilhantes rosados por toda a extensão do espartilho e a saia volumosa possuía camadas desiguais que pareciam reluzir conforme ela rodopiava com os braços estendidos.

Ela fechara os olhos no instante em que a música perdeu parte do ritmo, a cabeça pendia de um lado para o outro e o sorriso cresceu.

Para Sasuke, o tempo tinha parado. Só havia Sakura, dançando sozinha como se o mundo fosse acabar a qualquer momento. E antes que percebesse, estava atrás dela, segurando-a pela cintura e inalando o cheiro doce na base do pescoço desnudo.

— Dance comigo. – Sussurrara ela ainda movendo o corpo contra as mãos dele.

E eles rodopiaram juntos.

As mãos de Sasuke na cintura fina de Sakura e os braços dela envoltos no pescoço dele. Quando ela sorriu novamente ele notou as presas e que os olhos esmeraldinos haviam desaparecido, sendo substituídos por um carmesim intenso.

Eles continuaram a rodopiar, mas o sol havia sumido e as folhas das árvores passaram a cair, ricocheteando neles. O céu escureceu e as folhas transformaram-se em flocos de neve. Tudo havia sido tomado pelo branco desconcertante.

A mulher havia adotado uma postura desvairada e o observava com uma caçadora, pronta para atacar quando ele menos esperasse. Sasuke sentiu as garras de Sakura arranhando sua nuca e puxando o seu corpo contra o dela, enquanto a velocidade dos giros aumentava.

Não havia mais olhares gentis.

Não existia mais o sorriso doce.

Ela não era sua Sakura.

Mas eles continuaram a dançar.

X-X-X

Sasuke não gritou ao abrir os olhos, mas a expressão em seu rosto era de confusão.

Viu Mikoto, Donnatela, Itachi e o próprio Naruto ao redor dele, o observando de forma preocupada. Mikoto soltou um suspiro de alívio e colocou ambas as mãos sobre o peito; os olhos negros vasculhando o rosto do filho a procura de qualquer vestígio de dor e em seguida ela o abraçou sem jeito. Sasuke sentiu algo molhado sob seu pescoço e logo percebeu que a mãe chorava.

— Mãe, ele está bem. – Disse Itachi puxando a mãe gentilmente pelos ombros. – O que aconteceu, Sasuke? – Perguntou enquanto Mikoto tentava disfarçar o rosto vermelho.

— É exatamente isso que eu espero que vocês me respondam. - Sasuke franziu o cenho enquanto mantinha os olhos fixos no próprio peito desnudo. Havia uma atadura suja de sangue enrolada sob todo o seu tórax, mas ele já não sentia dor.

— Então sabemos tanto quanto você.  - Naruto disse com esforço, para manter a postura ereta. - Não encontraram resquícios de magia. – Era claro que Hinata tinha feito o favor de verificar aquilo para ele, mas o Uchiha estranhou o fato de não conseguir reconhecer isso sem que o Uzumaki avisasse. Os cheiros na casa estavam lhe confundindo. – Você dormiu por três dias. Acha que isso pode ter tido relação com...

— Sakura, sim. - Mikoto ofegou e murmurou algo com pesar. - Ela não está morta. - Afirmou para si mesmo. Sasuke havia pronunciado tais palavras com a única intenção de fazer com que ele mesmo acreditasse em tal fato. – Vamos encontra-la.

Naruto assentiu, mas seus olhos azuis estavam escuros. Desde quando Sasuke ficara inconsciente que ele estava ao lado do Uchiha, embora seus ferimentos não estivessem fechados plenamente.

— Você consegue senti-la? - Naruto perguntou para Sasuke.

— Sinto que o coração dela bate como nunca. - Sasuke franziu o cenho, observando algum ponto do quarto. — Está diferente.

Naruto entreabriu os lábios para questionar, mas algo na expressão de Sasuke o impediu de prosseguir.

— Donnatela terminou o feitiço de rastreamento? - Perguntou Sasuke enquanto se levantava, ignorando os protestos de Mikoto. - Isso pode ter acontecido com Sakura. - Apontou para o próprio peito.

Naruto observou o ferimento de Sasuke com dúvidas. Mikoto continuava com o rosto coberto e Itachi parecia refletir as mesmas emoções de Naruto. Quando o Uzumaki abriu a boca para revelar em voz alta os pensamentos titubeantes que estavam enevoando sua cabeça, a voz de Itachi fizera-se presente.

— Sakura teve um ferimento assim. – Os olhos de Itachi cruzaram-se com os de Sasuke. – Em Veneza. Havia um corte profundo em sua garganta, o causador da morte. Porém, havia um ferimento em diagonal em todo o tórax, igual o seu.

— Qual o sentido de recriar esses ferimentos? – Mikoto murmurou confusa. – Sakura não se lembra de nada, consecutivamente, não trará nenhuma...

— Eu me lembro. – Sasuke disse pesaroso e soltou um suspiro imperceptível. – O alvo sou eu.

— Não pode levar essa carga com você, Sasuke. – Mikoto ralhou. – Não precisa assumir toda a responsabilidade.

— A responsabilidade é minha. – Sasuke a contradisse enquanto se levantava. – A culpa de todas as vezes que Sakura foi ferida é minha. Eu não fui capaz de protege-la. – Tocou onde antes havia um ferimento. – Orochimaru quer que eu saiba que ele está com ela e esta é a forma mais rápida de sua mensagem chegar até a mim.

— O que vamos fazer?

A pergunta partiu de Naruto.

Sasuke puxou as bandagens sem delicadeza alguma e as jogou no chão; o peito musculoso não possuía nenhuma cicatriz sequer. Vestiu a camisa preta que estava sob uma poltrona, abotoando cada botão com demora.

— Quero que chamem Temari e digam a ela que quero o meu exército pronto para um ataque surpresa. – Sasuke disse voltando-se para os presentes no quarto; os olhos vermelhos mais escuros do que em anos. A expressão impassível, mas a raiva era nítida no vermelho e na tensão nos ombros do Uchiha. – Quero reforços no reino, quero tropas nos pontos onde existem portais na cidade e quero que todos me encontrem em algumas horas para organizarmos a invasão ao esconderijo de Orochimaru.

— Invadir o esconderijo de Orochimaru é loucura! - Mikoto esbravejou revezando o olhar entre os três homens presentes. - Sasuke, é suicídio!

— Nosso pai invadiu o território de Kaguya. - Sasuke respondeu num tom reconfortante, mas Mikoto notou o olhar maldoso que ele tinha. - Ele tinha um terço do exército e da força que temos hoje. - Mikoto não disse nada, endireitou a postura e assentiu, mesmo que achasse a ideia absurda. - Vamos em uma missão suicida assim que o feitiço de rastreamento ficar pronto; Sakura voltará para casa.

Mikoto manteve a expressão desgostosa em seu rosto, mas nada disse. Ela sabia que o filho estava certo e a história de seu próprio povo não o deixava mentir.

Kaguya foi a líder de um dos maiores clãs de vampiros. A mulher imortal divertia-se com chacinas e sentia prazer em ver qualquer um sendo torturado diante de seus olhos brancos e sem vida.

 Quando Fugaku a matou, em uma batalha sangrenta por disputa de territórios (Hoje, a atual Konoha), Kaguya sorria de forma desvairada e pela a primeira vez, seus olhos adquiriram uma tonalidade preta que brilhou por breves instantes até que a vida lhe deixou. A guerra entre o Clã Uchiha e o Clã Ootsutsuki, ficara conhecida como Noite Vermelha.

Uma parte de Mikoto temia que quando Sakura voltasse, Sasuke não estaria ao lado dela. E com esse pensamento Mikoto acompanhou silenciosamente o filho para fora do quarto. Não havia nada que ela pudesse fazer para impedi-lo.

E ela não o faria, mesmo que pudesse.

Sakura voltaria para casa.

X-X-X

Tenten saltou do sofá ao ver Sasuke. Ela, que perdera as contas de quantas vezes havia olhado em direção as escadas esperando vê-lo e naquele instante era inevitável não sentir que estava completamente despreparada para aquela conversa.

A Mitsashi sabia que o Uchiha estava desacordado há três noites e apesar da “doença repentina”, ele parecia tão ameaçador quanto da última vez em que ela o viu pela última vez.

— Tenten tem algo a dizer – Hinata anunciou no instante em que a menina abriu a boca. – É do seu interesse – A Hyuga acrescentou para o Uchiha que

Eles continuaram em silêncio.

Hinata manteve a expressão indiferente, com o queixo erguido e os olhos prateados apáticos. Não moveu um músculo sequer desde que pronunciara tais palavras.

Neji estava próximo da irmã, mas observava atentamente os movimentos nervosos da Mitsashi; que o encarou em busca de apoio.

Os olhos de Sasuke eram vermelhos como sangue e davam a sensação de que ele conseguia ver cada mínimo detalhe da alma de Tenten.

— O feitiço... o feitiço ele... - Tenten recuou um passo ao ver que a expressão de Sasuke estava começando a se endurecer. — Como a Sakura consegue lidar com você? - Murmurou resignada.

— Poderá perguntar para ela diretamente se for rápida – A resposta do Uchiha fora baixa. Soava como uma ameaça, embora também desse a impressão de que ele traria Sakura de volta.

Tenten aquiesceu e tentou controlar o ritmo desenfreado de seu coração. Era a primeira vez que precisava lidar com o Uchiha dessa forma.

— O livro está aqui – A voz de Shikamaru foi a desculpa perfeita para que a Mitsashi desviasse os olhos de Sasuke. – O livro de sua mãe.

Ela não tinha nenhuma opinião formada sobre Shikamaru, mas a gratidão em seu peito era o suficiente para que ela o agradecesse por toda a vida. Ele, no entanto, não parecia perceber o desconforto que Tenten sentia por ser foco do olhar de Sasuke, que permanecia imóvel como uma estátua esculpida em mármore.

— O feitiço não está nele – Tenten contou passando as mãos pela capa aveludada do livro. Conseguia sentir a magia que exalava das páginas e parecia tão natural que era inevitável não perguntar a si mesma há quanto tempo estava ignorando tudo aquilo. – Deixar um feitiço em um livro era óbvio demais, Orochimaru o encontraria. Ninguém além delas poderia descobrir sobre os encantamentos.

— Elas...?

— Minha mãe e Sakura. – Tenten olhou para Sasuke esperando alguma reação dele, mas não conseguiu decifrar nada nos orbes escuros. – Orochimaru precisaria de uma decendente de minha mãe e... De uma vampira transcendental.

— Você está falando besteiras, criança.

— Não – Tenten rebateu a observação de Sasuke com seriedade. – Sakura deu seu próprio sangue para que o feitiço fosse concluído. Eu vi – Ela segurou o cordão em seu pescoço e naquele instante, não parecia temer a fúria que tomou os olhos de Sasuke. – Apenas o sangue dela pode revertê-lo...Combinado com as palavras certas.

Todos olharam para Sasuke instintivamente. O Uchiha manteve a postura ereta e não moveu um músculo sequer da face; os olhos revelavam a revolta pela traição. Sakura nunca havia contado aquilo para ele.

Uma traição.

— Uma vampira transcendental. – Neji ecoou pensativo e encarou Sasuke. – Normalmente um vampiro reencarna uma ou duas vezes, seguem como almas humanas e esquecem de toda a natureza vampiresca por falta de contato.

— Sakura não é uma vampira.

— Você não a deixou viver com o povo de sua própria espécie – Neji continuou ignorando todos os indícios de que deveria ficar quieto. – Sakura se lembrará e inevitavelmente o sangue será despertado.

— Sakura não é vampira. – Sasuke disse convicto. – Ela é humana.

— Sasuke... Os sintomas...

— SAKURA NÃO É VAMPIRA! – Sasuke gritou e todos olharam para o Uchiha que havia perdido a compostura, mas os olhos dele estavam fixos no piso. – Eu saberia, eu... – Colocou a mão sobre o peito e lembrou-se do sonho que teve. Era a sua Sakura, mas ele não sentia a essência que o atraía; tudo o que via era uma casca vazia que sorria para ele convidativa.

— Sakura nunca foi transformada. – Itachi disse em tom cauteloso. – Ela sempre foi uma puro sangue, Sasuke. – O olhar que Itachi recebeu de Sasuke não era agressivo, mas amargurado. – Está escrito nas antigas escrituras que um vampiro pode ter o sangue despertado, ou que este processo pode ser forçado por um ritual. É possível que...

— Eu saberia.

— Não se ela bloquear a ligação entre vocês.

Sasuke olhou para Itachi e levou tempo para absorver as palavras do irmão. Inevitavelmente, Itachi estava certo.

E constatar aquilo fora como tirar todo o resto do coração que ainda lhe restava.

Sasuke não permaneceu na sala.

Pela primeira vez em séculos ele sentiu que não sabia como agir em uma situação. Conhecia esse sentimento, pois já havia sentido isso emanando de Sakura muitas vezes. A amargura queimava em seu peito e sua garganta ardia... Mas não era sede. Algo carnal que fazia com que seus olhos ardessem como se houvessem jogado areia.

Abriu a porta do quarto e ao vislumbrar o ambiente feminino, a penteadeira intocada por tantos anos e a cabeceira da cama com metal contorcido até que formassem flores com pequenos pontos brilhantes.

A porta bateu atrás de si.

E Sasuke sentiu um liquido escorrendo de seus olhos, passando calmamente por suas bochechas e perdendo-se em seus lábios, fazendo com que ele sentisse o gosto salgado.

Da última vez que havia chorado, o motivo tinha sido Sakura.

Agora, quase duzentos anos depois, ele chorava novamente e o motivo continuava sendo Sakura.

X-X-X

A brisa fria bateu contra o rosto pálido e bagunçou os fios de cabelo que estavam soltos.

O cheiro da chuva era forte e não era preciso olhar para as nuvens escuras que tomavam o céu para descobrir que uma tempestade estava cada vez mais perto.

A forma com que a mulher estava não era muito convencional, com os joelhos flexionados e o corpo curvado, ela parecia alguém pronta para se esconder se não fosse a expressão compenetrada que estava em sua face.

Seus olhos eram vermelhos como os de predadores e pareciam capazes de fitar o interior das paredes que cercavam a mansão Uchiha.

A adaga em suas mãos brilhou enquanto a lâmina girou entre seus dedos e ela ergueu-se lentamente. Faziam quase duas horas que estava daquela maneira, observando cada movimento no interior do lugar, esperando a oportunidade certa para mostrar que estava ali.

E então a ideia surgira como um relâmpago.

O corte na palma da mão esquerda era profundo e sangrava o suficiente para marcar o portão de entrada com seu cheiro quando ela o derrubou sem cerimônia alguma. O barulho tinha sido alto, mas fora completamente abafado pelo trovão.

A tempestade que se aproximava espalharia o cheiro dela por toda a cidade e logo, seria impossível que qualquer um dentro daquelas proteções fossem capazes de ignorar sua presença.

— Não podemos entrar – A voz baixa da mulher ao seu lado era repreensora. – As barreiras estão de pé.

— Eu sei – Sakura olhou para o jardim escuro e estendeu as mãos para onde o portão estava há pouco. – Eles ainda não me impedem de entrar – Constatou ao dar um passo na direção do jardim. Ainda não era uma inimiga declarada. – Vamos Cassandra, logo eles sentirão o cheiro do sangue– Ela pressionou a mão que sangrava e algumas gotas mancharam o chão.

— Por que irá leva-los ao nosso rastro, Sakura?

— Eu ainda me lembro como Uchihas são bons caçadores – Sakura contou começando a caminhar para longe da mansão. — É divertido— Acrescentou antes de desaparecer.


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews? Recomendações?
Como a autora não pensou em nenhuma pergunta (pra variar), deixo isso com vocês. Não me façam perguntas comprometedoras, hein! hahah
Até a próxima,
Beijão ♥